As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no ano: o que esperar para elas em 2022?

Embraer e Braskem se destacaram positivamente, com ganhos acima de 170%, enquanto as empresas ligadas ao e-commerce tiveram forte queda

Lara Rizério

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, se encaminha para ter uma queda superior a 11,92% em 2021 – em um ano marcado por turbulência em meio à percepção de maiores riscos fiscais. Para 2022, porém, o cenário não deverá ser muito diferente. Com eleições presidenciais à frente, além dos altos e baixos do noticiário sobre a pandemia e a inflação, não só aqui como no mundo, o prenúncio é de mais volatilidade.

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Entre os destaques do índice no último ano, o de alta em 2021 ficou para ações de exportadoras, como foi o caso de Embraer (EMBR3) e Braskem (BRKM5), enquanto empresas ligadas ao consumo doméstico, principalmente com exposição ao e-commerce, tiveram um ano bastante negativo, após brilharem em 2020 com um desempenho positivo.

Confira os maiores destaques de alta e baixa em 2021 – e o que esperar para as ações em 2022:

MAIORES ALTAS DO IBOVESPA EM 2021

1. Embraer (EMBR3): +180%

Após amargar a terceira maior queda de 2020, de cerca de 55%, bastante afetada no último ano pela pandemia de coronavírus em meio à redução na carteira de pedidos e sofrendo um baque após a Boeing desistir de joint venture com a companhia, a Embraer conseguiu dar a volta por cima em 2021, encerrando o ano entre as maiores altas.

Com a vacinação avançando pelo mundo e também propiciando a retomada às viagens, ainda que com restrições, os pedidos de aeronaves tiveram uma recuperação, que foram percebidas nos resultados dos últimos trimestres da fabricante de aviões. Porém, as medidas para maior eficiência operacional foram percebidas nos números.

O último resultado da companhia, por exemplo, referente ao terceiro trimestre e divulgado no início de novembro, animou os investidores, com o destaque ficando para as medidas de eficiência operacional, com a Embraer registrando o primeiro período do terceiro trimestre de geração de caixa livre em 10 anos, historicamente com sazonalidade ruim para a Embraer, mesmo com volume de entregas menor. A geração de caixa livre ficou em R$ 123,3 milhões.

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Na ocasião, o Bradesco BBI destacou: “a Embraer tem otimizado com sucesso seu legado de negócios, melhorando sua estrutura de custos e focando na geração de fluxo de caixa. Isso deve posicionar melhor a empresa para se beneficiar da recuperação na aviação comercial. Além disso, a Embraer tem diversas oportunidades de crescimento advindas de seus novos produtos, como as aeronaves eVTOL e turboélice”, apontam os analistas do BBI.

Falando em eVTOLs, ou os chamados “táxis aéreos”, a companhia encerrou o ano com chave de ouro ao anunciar a fusão da Eve, sua subsidiária voltada para a mobilidade urbana e aposta em um novo segmento da companhia, com a empresa de aquisição de propósito específico (SPAC) Zanite Acquisition, avaliando a Eve a um valor implícito de US$ 2,4 bilhões. A cifra é 20% acima do noticiado em junho, quando as negociações se tornaram públicas, enquanto o valor patrimonial é de US$ 2,9 bilhões.

No mesmo dia, a empresa de aeronaves elétricas recebeu até 500 encomendas de eVTOL, totalizando assim ordens de cerca de US$ 5 bilhões de 1.735 aeronaves por 17 clientes. A companhia foi criada em 2017 e é responsável pelos “carros voadores” sendo que, desde então, já recebeu uma série de pedidos ao redor do mundo, o que tem ajudado a impulsionar os papéis da fabricante de aviões.

O Itaú BBA apontou que, o anúncio é extremamente positivo, ressaltando que o atual preço-alvo para o ADR (ação listada em Nova York) da Embraer é de US$ 21 ao fim de 2022. Esse valor é composto por US$ 15,70 proveniente do negócio tradicional da Embraer e US$ 5,70 referente aos negócios da Eve. Com o acordo anunciado, os analistas avaliam que o valor da parte da Eve suba para US$ 12 – um aumento significativo de 110%. A recomendação do BBA para os papéis é outperform (desempenho acima da média do mercado).

O Bradesco BBI também tem recomendação equivalente à compra para os ativos da companhia, com preço-alvo ao final de 2022 de R$ 37 para os ativos EMBR3 negociados na B3, avaliando que a transação pode materializar R$ 18,70 por papel.

“A Embraer tem o maior pipeline de pedidos de eVTOL do setor, apesar do fato de que a nova aeronave provavelmente entrará em serviço em 2026, em teoria, dois anos após Joby e Lilium poderem começar a operar. Entretanto, pensamos que esta linha de 1.735 eVTOLs de 17 clientes diferentes mostra a confiança do mercado nas capacidades da Embraer para desenvolver o eVTOL dentro do prazo, do orçamento e das especificações”, apontam os analistas.

A XP também reiterou sua visão otimista com a Embraer, apoiada por (i) recuperação da aviação comercial, que deve impulsionar a melhoria do desempenho operacional, e (ii) potencial de valor da Eve dando suporte ao prêmio de valuation da Embraer versus o histórico. Ao excluir a participação acionária da Embraer na Eve de US$ 2,4 bilhões, os analistas da casa veem os negócios tradicionais da empresa sendo negociados a múltiplos excessivamente baixos – implicando em maior potencial de valorização à medida que seu segmento de aviação comercial continua a se recuperar. O preço-alvo para os ativos é de R$ 23,70.

2. Braskem (BRKM5): +176%

A Braskem liderou os ganhos do Ibovespa em boa parte do ano em meio aos fortes resultados, impulsionados pela alta do dólar e de commodities, assim como uma notícia positiva no final de ano. A definição de como será a venda de seu controle pela Petrobras (PETR3;PETR4) e Novonor (ex-Odebrecht).

Em meados de dezembro, a Petrobras divulgou comunicado informando que seu conselho de administração aprovou modelo para venda da totalidade de sua participação na Braskem, a ser realizada por um follow-on em conjunto com a Novonor. Desta forma, a operação fica mais perto de ser realizada. No início do mês, a Braskem informou que havia recebido de sua controladora, a Novonor, a informação da possibilidade da realização de uma oferta subsequente de ações (follow-on) para vender a participação de 38,4% que detém da Braskem.

Ainda segundo o comunicado da Petrobras, a companhia informou que celebrou um acordo com a Novonor estabelecendo diretrizes para a migração da Braskem para o Novo Mercado, nível mais alto de governança corporativa da B3.

Cabe destacar que a companhia ainda conseguiu equacionar passivos que estavam no radar, sendo o principal deles o evento geológico no estado de Alagoas que levou a afundamento de bairros na capital, Maceió, devido à exploração das minas de sal-gema muito próximas à região metropolitana.

A Braskem possui cerca de R$ 7,1 bilhões em provisões referentes ao evento geológico no Estado de Alagoas. Os desembolsos relacionados a estas provisões devem totalizar R$ 3 bilhões em 2021, R$ 4,6 bilhões em 2022 e R$ 1,6 bilhão até 2025. A maior destas provisões está relacionada a despesas de realocação e compensação (R$ 4,8 bilhões) e ao fechamento e ao monitoramento de minas de sal (R$ 1,5 bilhão).

Além disso, no final de setembro, a sua subsidiária Idesa assinou aditivo contratual com a mexicana Pemex para quitação de pendências contratuais, o que foi visto como positivo.

Com relação aos resultados, a companhia  teve lucro líquido de R$ 3,54 bilhões no terceiro trimestre, ante prejuízo de R$ 1,41 bilhão em igual etapa de 2020. O lucro foi impulsionado por um salto de 77% da receita líquida ano a ano, para R$ 28,3 bilhões, refletindo aumento dos volumes e dos spreads praticados. Apesar da queda das ações logo após a divulgação do balanço, no começo de novembro, os números foram considerados positivos.

No final de dezembro, a agência de classificação de risco de crédito Fitch elevou a nota atribuída à Braskem, de BB+ para BBB-, colocando a petroquímica na categoria do chamado grau de investimento.  A perspectiva para a nota do rating passou de positiva para estável.

“A elevação reflete a melhoria significativa que a Braskem fez em sua estrutura de capital ao pagar US$ 1,7 bilhão em dívidas com fluxo de caixa excedente gerado durante o pico do ciclo petroquímico”, afirmou a agência. Ela ainda acrescentou que as contingências relacionadas ao evento geológico em Alagoas e seus fluxos de caixa associados permanecem consideráveis, mas administráveis.

O Bank of America, que retomou a cobertura para as ações da Braskem em setembro, reitera visão positiva para a ação da companhia, possuindo preço-alvo de R$ 84 por ativo BRKM5. Os analistas do banco americano recentemente comentaram sobre a venda da fatia da Petrobras e da Novonor na companhia, avaliando que a operação poderá tornar a Braskem mais independente.

Para Frank McGann, analista do banco, a Braskem deve seguir registrando boas margens em suas operações, em níveis atraentes, embora abaixo dos picos recentes. Além disso, destaca a expectativa de recuperação do cenário econômico, a liderança da Braskem em polietileno verde e um valuation favorável da empresa, ainda que após o forte desempenho das ações.

Em novembro, o Safra iniciou cobertura para os papéis BRKM5 também com visão positiva e preço-alvo de R$ 78 destacando que, ainda que em forte alta no ano, as ações acabaram deixando as máximas históricas registradas ao longo do ano, acompanhando a redução dos spreads petroquímicos. Porém, mesmo considerando a redução dos spreads petroquímicos nos próximos anos, veem a Braskem com boa geração de caixa e com potencial para pagar dividendos atrativos.

“Usando o pagamento mínimo de 25%, estimamos rendimentos de dividendos de 10% e 5% em 2021 e 2022, respectivamente. Se considerarmos a empresa mantendo uma dívida líquida abaixo de US$ 5 bilhões ao longo desse período, os rendimentos poderiam chegar a 16% e 8%, com um índice de distribuição de lucros de 40%”, avaliaram.

3. Marfrig (MRFG3): +73%

Com o câmbio favorável em meio à alta do dólar, forte exposição aos EUA e cenário de alta para os produtos fabricados, levando a resultados recordes a cada trimestre as ações de empresas de proteínas registraram forte alta em 2021.

Foi o caso da Marfrig, que fechou como uma das maiores altas do Ibovespa em 2021, ano marcado também pela volta das investidas da companhia na BRF (BRFS3).

O último resultado publicado pela companhia, referente ao terceiro trimestre, mostrou o cenário bastante positivo da companhia.

lucro líquido foi de cerca de R$ 1,7 bilhão no período, um crescimento de 148,7% na base anual. A receita líquida consolidada foi de R$ 23,638 bilhões no trimestre, 40,4% superior à receita na comparação anual e recorde histórico da companhia. Para o Credit, o resultado foi impressionante, com o crescimento sendo explicado pelo maior volume de vendas e melhores preços em todas as operações, reforçando o excelente momento da proteína bovina, que teve seu preço valorizado em todas as regiões do mundo.

“A diversificação geográfica da Marfrig, com sua forte presença na América do Norte, e com uma operação enxuta e focada na América do Sul, fez com que a empresa alcançasse um resultado histórico, com recordes na receita líquida e no Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] ajustado, que foi de R$ 4,7 bilhões”, aponta a Levante Ideias de Investimentos.

Para 2022, grande parte dos analistas segue construtivo a ação mas, depois das fortes em 2021, as expectativas são um pouco mais contidas.

Os analistas do BofA recentemente reiteraram a recomendação de compra para a ação, pois avaliam serem mais construtivos do que o consenso sobre as margens da carne bovina nos Estados Unidos no curto prazo e em 2022.

A XP também possui recomendação de compra para os ativos, mas destaca preferência por JBS (JBSS3) veja mais abaixo. Os analistas apontam que, assim como a JBS, a Marfrig também está aproveitando o bom momento para a indústria de carne bovina nos Estados Unidos, impulsionada sobretudo pela retomada da demanda no país à medida em que a população é vacinada. Adicionalmente, o recente movimento de compra de cerca de um terço da BRF sugeriria um futuro mais diversificado para a Marfrig, tanto em termos de geografias quanto em termos de proteínas, algo que enxergam com bons olhos, ainda que com desafios.

Já o BTG Pactual destaca estar neutro com a ação. Para os analistas do banco, embora a Marfrig esteja posicionada para continuar desfrutando de fortes margens de bovinos nos Estados Unidos no curto prazo, ainda veem a história da ação como um tanto binária e altamente dependente de que o momentum persista por ainda mais tempo.

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“Os resultados devem permanecer acima do histórico, mas vemos alguma normalização de margem tornando o valuation menos atraente com base em 2022 e nas margens do meio do ciclo de 2023”, apontam. Além disso, acrescentam que, com a Marfrig potencialmente colocando muito mais capital para trabalhar aumentando ainda mais sua posição na BRF, a alavancagem é algo para começar a ficar de olho se as margens nos EUA se normalizarem mais rápido do que o esperado.

4. JBS (JBSS3): +70%

A JBS tem se beneficiado do cenário favorável para proteínas, principalmente nos Estados Unidos, com a forte demanda por carne bovina e a recuperação do consumo de frango, tanto no foodservice, como no varejo, que ainda deverá
continuar em 2022.

Na avaliação do BB Investimentos, que coloca a ação na sua lista de preferências de 2022 para o segmento de proteínas, apesar da esperada redução gradual da alta disponibilidade de gado na América do Norte no próximo ano e, consequentemente, dos spreads dos frigoríficos, a empresa ainda deverá registrar margens atrativas nas operações internacionais, proporcionando resultados robustos, potencializados pelo dólar elevado e pelas sinergias das aquisições recentes.

Já no Brasil, o cenário segue desafiador, com custos ainda elevados e consumo no mercado interno pressionado pelas condições macroeconômicas desfavoráveis.

Contudo, os analistas esperam uma gradual melhora no próximo ano diante do: (i) restabelecimento das exportações para a China, que foi retomada em meados de dezembro; e (ii) da melhora do cenário para grãos, com leve redução de custos.

“Em nossa opinião, as vantagens competitivas da JBS, que incluem diversificação de proteínas, diversificação geográfica e escala das operações, aliadas às suas marcas fortes e ao fortalecimento de seu balanço em 2021, fazem com que tenhamos uma perspectiva positiva para os resultados consolidados da empresa em 2022”, apontam.

O BB Investimentos também destacou entender que suas estratégias de longo prazo, que buscam aumentar sua competitividade e relevância em escala global, são diferenciais que deverão manter a empresa bem posicionada para capturar o potencial de crescimento do setor de proteínas nos próximos anos.

A XP também coloca a JBS como sua top pick para 2022 no segmento de proteínas, possuindo recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 51,80 por ação para o ano que vem.

Para os analistas da casa, embora as margens de suas operações nos Estados Unidos devam se acomodar aos níveis históricos, há uma dinâmica positiva de resultados, com a demanda permanecendo forte. A operação da JBS na Austrália também deve se recuperar em 2022, enquanto esperamos que os spreads melhorem no Brasil com redução da pressão de custos e taxa de câmbio favorecendo as exportações.

5. PetroRio (PRIO3): +47%

Um ano para ser lembrado, com a PetroRio sendo cada vez mais levada em conta entre as casas de análise por suas expectativas de produção e também por conta dos bons negócios que foram fechados pela companhia, em continuidade ao processo realizado já em 2020, quando a ação subiu 112%. Assim, ainda que perdendo ímpeto nos últimos meses, a ação da empresa conseguiu fechar 2021 entre as maiores altas do Ibovespa, também beneficiada pela alta do petróleo.

A companhia fez diversas aquisições desde 2014 e atualmente opera os campos de Tubarão Martelo, Polvo e Frade, além de ter participação no bloco exploratório Wahoo, todos na Bacia de Campos. O último teve a declaração de comercialidade e o plano de desenvolvimento da descoberta protocolado na Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis (ANP) em dezembro de 2021.

Uma primeira participação de 35,7% em Wahoo foi adquirida pela PRIO em novembro de 2020 da BP (fazendo a ação saltar quase 30% logo após o anúncio), e outra participação de 28,6% foi adquirida da Total em março de 2021.

“Wahoo é um ativo em desenvolvimento e um dos principais pilares do potencial de crescimento da produção da PRIO nos próximos anos. É também um dos ativos mais complexos do portfólio da PRIO, que ainda exigirá uma profunda amarração e a perfuração de novos poços antes de começar a operar. As realizações operacionais da empresa nos últimos 5 anos devem ajudar os investidores a atribuir algum benefício da dúvida ao projeto”, destaca o BTG Pactual em relatório.

Mas, além de Wahoo, o fato da companhia estar próxima de adquirir os campos de Albacora e Albacora Leste, da Petrobras (PETR3;PETR4), impulsionaram os papéis recentemente. Os campos de Albacora e Albacora Leste possuem uma área total de aproximadamente 960 quilômetros quadrados (km²), localizadas a aproximadamente 120 km da costa com lâminas d’água que variam de 100 metros a 2150 m em seus poços. O potencial é de dobrar a produção da companhia.

Porém, essa compra também pode envolver riscos. O BTG destaca que as ações da companhia ficaram para trás nos últimos dois meses do ano, em queda de cerca de 30% e acreditam que os riscos pendentes de um potencial follow-on para ajudar a financiar as aquisições de Albacora e Albacora Leste explicam parte disso. Porém, reforçam a visão de que, a preços atuais, a ação está oferecendo um bom (e raro) ponto de entrada, oferecendo um potencial de valorização mesmo excluindo esses dois ativos das estimativas. Assim, segue recomendando compra, com preço-alvo de R$ 47 para o ativo.

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O Bank of America iniciou recentemente a cobertura para os ativos PRIO3, também com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28,50. Para a equipe de análise, a companhia deve se beneficiar de um crescimento de lucro no curto prazo, com a alta dos preços do petróleo, além da produção de novos poços no complexo formado pelos campos de Polvo e Frade.

No longo prazo, o analista Frank McGann apontou o potencial do campo de Wahoo e também a conclusão da compra dos campos de Albacora e Albacora Leste, da Petrobras, que seria “transformacional” para a companhia. Já entre os principais riscos, estão os relacionados a Brasil e mercados emergentes, além de preços do petróleo abaixo do esperado.

O Bradesco BBI também tem recomendação equivalente à compra para os ativos, mas coloca o papel como a “escolha menos preferida” do setor de petróleo e gás em um contexto de alta de juros nos Estados Unidos que possa impactar o preço do petróleo.

Porém, aponta que talvez a PetroRio seja a companhia pura de exploração e produção (E&P) com o maior potencial para criar valor por meio de variáveis ​​menos “dependentes do petróleo” : consolidação inorgânica e redução de custos. O banco diz também que a ação tem uma liquidez incrível em comparação com outros nomes puros E&P da América Latina e é um ótimo complemento para carteiras para minimizar a exposição a riscos domésticos no Brasil.

Confira as maiores altas do Ibovespa em 2021 e as recomendações das casas de análise, segundo dados da Refinitiv: 

Empresa Ticker Preço* Desempenho Compra Neutra Venda
Embraer** EMBR3 R$ 24,82 +180,45% 4 1 0
Braskem BRKM5 R$ 57,63 +176,26% 6 3 0
Marfrig MRFG3 R$ 22,07 +73,00% 8 5 0
JBS JBSS3) R$ 37,95 +70,10% 13 1 0
PetroRio  PRIO3 R$ 20,67 +47,24% 8 0 0

*Fechamento 2021; **Recomendações para o ADR ERJ da Embraer:  7 de compra, 5 de manutenção e 0 de venda

MAIORES BAIXAS DO IBOVESPA DE 2021

1. Magazine Luiza (MGLU3): -71%

Enquanto Embraer se recuperou das fortes perdas e PetroRio seguiu como uma das maiores altas, a exemplo de 2020, Magazine Luiza liderou as perdas de 2021 após se destacar positivamente no ano anterior, quando a ação subiu 110%.

Alguns fatores podem ajudar a explicar a queda dos ativos. As projeções mais pessimistas para a economia e a inflação alta levando a um cenário de juros também mais elevados, impactando as expectativas para o consumo, aumentaram a cautela dos analistas com a ação do Magazine Luiza, somados aos números pouco animadores do terceiro trimestre e cenário de maior competição.

Cabe ressaltar ainda que, como as ações de e-commerce são geralmente avaliadas como ações de crescimento, a maior parte do valor vem de anos mais distantes e da perpetuidade (longa duração), que são mais severamente afetados do que as ações de valor quando o custo de capital está em alta em meio ao cenário de alta de juros. Assim, afeta não só as ações do Magalu como do setor em geral.

Em relatório do final de novembro, Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas da XP, destacaram dentre os motivos para a baixa principalmente incertezas de investidores quanto à dinâmica de margens para o quarto trimestre deste ano, além de uma sinalização negativa de alguns investidores frente ao provisionamento de estoques de R$ 350 milhões no período. No terceiro trimestre, a companhia teve uma performance sólida no canal online, mas com margens pressionadas.

Para eles, o resultado do período, que levou a uma queda de 18% dos ativos em apenas uma sessão, deu apenas os primeiros sinais dos efeitos da deterioração econômica.

Já Marcelo Ornelas, gestor de renda variável da Kínitro Capital, apontou ao InfoMoney que o cenário macroeconômico tem um efeito secundário em relação a maior competição, que aumentou de forma muito rápida no Brasil e assimetricamente. Entre 2020 e 2021, cabe lembrar, houve a entrada de players estrangeiros como a Shopee e o AliExpress, que abriu a plataforma para vendedores, enquanto a Amazon tem aumentado os investimentos por aqui.

Por sinal, a visão sobre o impacto do cenário concorrencial para as ações acaba por dividir aqueles mais otimistas e os que estão mais pessimistas com os ativos não só do Magalu, mas do setor em geral. Ornelas ressalta estar bastante cauteloso com o setor, na mesma linha da XP, que possui recomendação neutra para as três principais ações do setor negociadas na B3, que também inclui Via (VIIA3) e Americanas (AMER3).

Os analistas da casa, embora destaquem que o setor foi de longe o que mais sofreu dentro da cobertura de varejistas em 2021, seguem vendo um grande risco para os resultados das companhias, dado que a demanda pode ser mais fraca e a concorrência deve continuar bastante acirrada.

“Além disso, observamos que produtos eletrônicos e de linha branca, que são categorias-chave para o comércio eletrônico, tendem a ser mais cíclicos devido ao tíquete médio mais alto, e acreditamos que a demanda dos consumidores por essas categorias foi de certa forma antecipada durante a pandemia”, apontam.

Eles também observam que os players listados estão mais expostos às classes mais baixas, que também sofrem mais em um ambiente macroeconômico mais difícil. “Finalmente, esperamos que o cenário competitivo permaneça desafiador, o que acaba aumentando a pressão na rentabilidade das companhias”, avaliam os analistas da XP.

Enquanto isso, há quem esteja otimista com a ação, ainda que tenha cortado as suas estimativas para os papéis da companhia, mas ainda vendo um potencial de alta significativo para os papéis.

É o caso do Morgan Stanley, que manteve a recomendação overweight (exposição acima da média do mercado) para Magazine Luiza (MGLU3), ainda que com queda de preço-alvo de R$ 17 para R$ 13.

Os analistas reduziram as previsões de margem de curto prazo, com a improvável monetização de serviços compensando totalmente os ventos contrários de despesas maiores de lojas físicas em 2022. O crescimento das vendas brutas de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) acima dos pares e a transformação digital parecem não estar no preço, avaliam.

2. Via (VIIA3): – 67%

Na sequência entre as maiores baixas, esteve a Via. Além de enfrentar as mesmas questões setoriais que o Magalu, ela  também teve a ação bastante impactada pós-resultado do terceiro trimestre com o aumento inesperado nas provisões trabalhistas, que provavelmente terão um impacto de longa duração nos resultados.

Por sinal, a provisão mais alta levou a diversas revisões, como foi o caso do Credit Suisse, que rebaixou a recomendação para underperform (projeção de desempenho abaixo da média do mercado), uma vez que o revés provavelmente exigirá muito caixa que antes era esperado para ser investido no crescimento. Investimento esse crucial num cenário de maior competição.

No terceiro trimestre, a empresa apresentou crescimento em relação aos canais online (GMV em alta de 33%), mas resultado negativo no varejo físico (baixa de 14%). Houve queda também da receita da companhia (de 6% na base anual).

Assim, mesmo com a reestruturação recente liderada pela nova equipe de gestão da companhia – voltando a dona das Casas Bahia para um modelo de negócio digital, com o número de usuários crescendo no e-commerce e em sua fintech Banqi, melhorando também a satisfação do cliente – a cautela também tem aumentando em relação à companhia.

No fim do ano, o Morgan reduziu a recomendação para a ação da Via de equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda), uma posição similar à do Credit, destacando ver expansão limitada além das principais categorias de eletrônicos. O preço-alvo também foi reduzido de R$ 8 para R$ 5.

3. Pão de Açúcar (PCAR3): -62%

Boa parte do desempenho negativo da ação do Pão de Açúcar em 2021 foi resultado da cisão do Assaí  (ASAI3) do GPA, ocorrida ainda no primeiro trimestre deste ano. No primeiro pregão do mês de março, as ações se “dividiram” em papéis PCAR3 e das ações da Sendas (ASAI3), controladora do atacarejo Assaí, levando a uma disparada de 386% ASAI3 e uma derrocada de PCAR3 em apenas um pregão (veja mais clicando aqui).

Porém, na ocasião, para quem tinha o papel PCAR3 no pregão antes da cisão, o saldo foi positivo. A razão para isso é que todas as ações compradas e detidas de PCAR3 na ocasião tiveram direito de receber ações ASAI3 na mesma proporção. Isso significa que o investidor que detinha, por exemplo, 100 ações PCAR3 na sexta, continuou com essas 100 ações na segunda e ganhou 100 ações ASAI3 também. Assim, quem tinha os papéis PCAR3, ganhou ASAI3 na mesma proporção e manteve os ativos durante a sessão, teve ganho de mais de 14% naquele dia 1 de março.

Desde esse pregão, contudo, a ação PCAR3 depois da cisão ficou praticamente estável. Em 26 de fevereiro a ação estava a R$ 64,58, caiu 65,84% com a operação e foi a R$ 22,06 com ajustes. Ela chegou a superar os R$ 41 em junho mas, no fechamento de quinta-feira 23 de dezembro estava a R$ 22,19, ou seja, praticamente não andou.

Para 2022, os analistas estão divididos sobre as ações, com as projeções mais positivas ficando para as empresas de atacarejo.

A XP tem uma recomendação neutra para PCAR3 com um preço alvo de R$ 38 por ação para o fim de 2022. Apesar dos analistas terem uma visão positiva em relação às iniciativas do GPA e verem os riscos positivos para a companhia, acreditam que parte disso já está refletido nos níveis de valuation atuais.

Com a recente transação anunciada entre GPA e Assaí, os analistas elevaram o preço-alvo, uma vez que incorporaram os recursos líquidos da transação (R​​$ 4 bilhões) e o novo plano de expansão da empresa (mais 100 lojas do Pão de Açúcar e mais 100 de proximidade até 2024).

Em dezembro, o Credit Suisse destacou que, enquanto possuía visão positiva tanto para ASAI3 quanto para GMAT3, possuía recomendação neutra com preço-alvo de R$ 29 para o Pão de Açúcar, destacando que não é um case de investimento facilmente adequado para todos perfis de investidor.

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“Mesmo que sua saída do segmento de hipermercados tenha sido um passo essencial, incertezas acerca da governança corporativa, outros potenciais desinvestimentos e resultados operacionais podem continuar impedindo geração de valor. Portanto, GPA precisa entregar resultados operacionais sólidos e consistentes para diminuir o ceticismo de investidores”, avaliam.

O GPA Brasil é caracterizado por um histórico de baixo crescimento e margens que nunca voltaram ao patamar de antes, avaliam.

Após descontinuar o segmento de hipermercados, a empresa espera voltar aos R$ 30 bilhões de venda bruta até 2024. Porém, para alcançar esse nível de vendas em três anos, a empresa teria que acelerar as vendas nas mesmas lojas para a faixa entre 13% e 19% por ano, uma premissa vista como um tanto agressiva na visão dos analistas.

4. Americanas (AMER3): -58%

Na mesma linha das varejistas com exposição ao e-commerce Via e Magazine Luiza, os papéis da AMER3 da Americanas, em um ano que foi bastante agitado para a companhia em meio à sua reestruturação.

Em julho, surgiu a Americanas S.A., como resultado da fusão entre a B2W Digital e a Lojas Americanas. A companhia possui uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, com quatro marcas online (Submarino, Americanas.com, Shoptime e Sou Barato), bem como uma plataforma nacional de lojas físicas, com mais de 1700 unidades em diversos formatos.  Além disso, controla a fintech Ame Digital, que já conta com mais de 12,5 milhões de downloads e mais de 55 serviços em um único aplicativo, e a LET’s, plataforma logística que opera 20 fulfillment centers.

Porém, logo após a reestruturação, as ações passaram a registrar um forte movimento de queda, também influenciadas pelos fatores que afetaram as outras companhias do segmento.

“Desde o início do ano, as ações da Americanas vem tendo uma performance abaixo do Ibovespa. Atribuímos essa performance principalmente a um movimento macro, uma vez que empresas de alto crescimento acabam sofrendo mais em momentos de volatilidade e incertezas macroeconômicas devido ao aumento da taxa de juros, combinado com um aumento da competição no setor tanto entre as empresas locais como também globais”, apontou a equipe de análise da XP.

Os analistas da XP possuem recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 45 para o final de 2022. “Apesar de vermos a companhia como um ecossistema robusto, estamos cautelosos com a dinâmica de e-commerce frente ao aumento de competição e deterioração macro”, avaliam.

No entanto, destacam que a companhia tem focado mais em conveniência e acreditam que eles podem encontrar seu nicho aqui, porém não sem competição.

5. EzTec (EZTC3): -51%

O cenário de alta de juros, com a Selic saindo de 2% em março para 9,25% em dezembro (com sinalizações de juros a dois dígitos em 2022), abalou as ações de construtoras, sendo que a mais afetada percentualmente foi a EzTec (EZTC3), que caiu forte em 2022.

As construtoras se beneficiam do cenário de juros baixos, uma vez que têm boa parte de suas vendas vinculadas a financiamentos de longuíssimo prazo. Além das baixas taxas de juros tornarem a compra de imóveis mais acessível no Brasil, o nível reduzido da Selic torna ativos imobiliários mais atrativos na comparação com outros tipos de investimento. Assim, a alta dos juros acaba impactando negativamente o setor.  Veja mais clicando aqui.

Além disso, no radar da companhia, a EzTec desistiu no começo de fevereiro de fazer a abertura de capital do seu braço corporativo, a EZ Inc., em decorrência das condições de mercado verificadas desde o protocolo da oferta em 14 de agosto de 2020.

O possível IPO da EZ Inc, subsidiária focada no desenvolvimento de torres corporativas, era visto como podendo adicionar valor para a companhia no longo prazo.

Cabe ressaltar que, em dezembro, a EzTec anunciou que lançou quatro empreendimentos no quarto trimestre de 2021 no valor de R$ 491 milhões, lançando R$ 1,9 bilhão em 2021, 37% abaixo do ponto médio de seu guidance de lançamentos para o ano de R$ 2,8-3,3 bilhões.

O BTG Pactual destacou que isso estava de acordo com a visão da casa de que a maioria das construtoras residenciais não será capaz de atingir suas projeções de lançamento para 2021 em resposta à recente deterioração das condições de mercado. Os analistas do banco têm recomendação de compra para o ativo, destacando o valuation atrativo.

Os riscos para o setor, apontam os analistas, incluem: 1) alto grau de sensibilidade às condições macroeconômicas brasileiras, especialmente taxas de juros e disponibilidade geral de financiamento imobiliário; 2) mudanças no ambiente regulatório; e 3) gestão de um longo ciclo de capital de giro. Os riscos, por sua vez, incluem: 1) concentração no mercado high-end de São Paulo e 2) pouca liquidez das ações.

O Bradesco BBI também possui recomendação outperform para a ação EZTC3, com preço-alvo de R$ 35. Em estudo recente, os analistas apontaram que as ações das construtoras em geral registram queda de 50% no acumulado do ano e a maioria está negociando abaixo do valor patrimonial, com as ações mais líquidas em cerca de 1 vez. Dado o ciclo histórico, é difícil comparar o múltiplo de preço sobre o valor patrimonial, mas o trabalho sugere que as empresas estão atualmente em muito melhor forma em relação ao quadro de 2014, com uma alavancagem muito menor e um backlog de recebíveis e estoques mais saudáveis.

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“Em nossa opinião, isso implica que a probabilidade de as empresas repetirem o baixo desempenho de 2015-2017 é baixa, o que deveria limitar o potencial de queda aos preços atuais (a menos que as condições macro de 2022 se tornem significativamente piores do que as já baixas expectativas atuais)”, apontam os analistas.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em 2021 e as recomendações das casas de análise, segundo dados da Refinitiv: 

Empresa Ticker Preço* Desempenho Compra Neutra Venda
Magalu MGLU3 R$ 7,22 -71,04% 10 6 0
Via VIIA3  R$ 5,25 -67,51% 3 6 4
GPA PCAR3  R$ 21,73 -62,79% 7 7 1
Americanas AMER3  R$ 31,58 -58,23% 9 6 0
EzTec EZTC3  R$ 20,45 -51,71% 7 4 0

*Fechamento 2021

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.