Americanas s.a. (AMER3) e Lojas Americanas (LAME3 e LAME4): 4 pontos que explicam a forte baixa das ações nesta 4ª feira

XP destaca expectativa por prejuízo no 2º tri, preços ainda demorando para se estabilizarem, entre outros fatores; recomendação segue de compra

Lara Rizério

Americanas (Foto: Facebook)

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SÃO PAULO – Os últimos pregões têm sido conturbados para os investidores em Americanas s.a. (AMER3), empresa resultante da fusão de ativos da antiga B2W com a Lojas Americanas, e também para os papéis da agora holding Lojas Americanas ([ativo=LAME3];[ativo=LAME4]).

Na segunda-feira (19) de estreia, houve uma forte queda de 8,94% de AMER3 no pregão, enquanto LAME3 fechou em queda de 10,79% e LAME4 teve baixa de 10,78%, levando em consideração os ajustes; sem os ajustes, a queda nominal dos ativos foi superior a 60%. Já a terça-feira foi mais tranquila para os ativos, com o papel da controlada AMER3 fechando com leve queda de 0,95%, enquanto os da holding tiveram uma sessão de recuperação, com os ativos ON subindo cerca de 6% e os PN em alta de cerca de 5,5%.

Porém, nesta quarta-feira, a pressão voltou a predominar para os ativos. AMER3 fechou em queda de 5,67%, a R$ 57,85, após chegar a atingir uma queda de 8,33% na mínima intradiária; na semana, a baixa acumulada é de cerca de 15%. Para os ativos LAME3, a baixa foi de 6,18%, a R$ 7,74, enquanto LAME4 caiu 5,16%, a R$ 7,90, com ambas acumulando perdas de cerca de 11% em apenas três pregões.

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Em relatório, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, analistas da XP, destacam quatro possíveis motivos para a queda tanto da controlada Americanas s.a. quanto das ações da holding da Lojas Americanas na sessão desta quarta-feira, mas que também ajudam a entender o movimento nas últimas sessões.

Em primeiro lugar, os analistas apontam que as projeções sobre os resultados, a serem divulgados no próximo dia 12 de agosto após o fechamento do mercado, podem ter decepcionado alguns investidores.

Os analistas da casa estimam um prejuízo de R$ 42 milhões no segundo trimestre de 2021, muito explicado por um impacto negativo de Ame (R$ 130 milhões) no resultado.

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“De qualquer forma, destacamos que o crescimento das vendas brutas de mercadoria (GMV) online da companhia deve superar seus pares (com alta de 35% na comparação anual), enquanto esperamos que o varejo físico seja beneficiado pela retomada da economia e aceleração da vacinação”, afirmam os analistas.

No consolidado, a expectativa é de que a alta alavancagem operacional eleve a margem Ebitda, ou relação entre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) sobre a receita líquida, vá de 8,8% no primeiro trimestre para 12,9% no segundo trimestre.

Eles também apontam, sendo este o segundo fator, que os preços devem demorar alguns dias para estabilizarem após a fusão, assim como foi o caso de Pão de Açúcar (PCAR3) após a cisão do Assaí (ASAI3) no final de março, uma vez que muitos investidores estão ainda entendendo o que cada ação representa.

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Com a fusão, o valor de mercado da Lojas Americanas passou por uma forte queda, uma vez que LAME3 e LAME4 não representam mais os ativos físicos da companhia, além da Ame Digital, passando a representar desde segunda um “veículo de investimento” dos acionistas, ou uma “holding” da Americanas s.a. Enquanto isso, a antiga B2W, agora AMER3, teve o valor de mercado “turbinado” uma vez que passa a representar os ativos físicos e digitais com a fusão entre as companhias.

De forma a fazer o ajuste sem prejuízo ao investidor, foram recebidas 18 ações AMER3 para cada 100 papéis de LAME3 ou LAME4 que o investidor possuía na sexta-feira – ou seja, ele passou a contar com um novo ativo na carteira além de LAME, a AMER3.

O terceiro ponto destacado pela XP é que os papéis estão negociando muito em cima do técnico/fluxo e não do fundamento, o que gera distorções. “Além dos rebalanceamentos dos índices (Ibovespa, MSCI, FTSE) houve também um aumento no desconto de holding após a fusão (para algo em torno de cerca de 30% no fechamento de segunda-feira), criando uma possível arbitragem entre os dois papéis (LAME e AMER). Estimamos que esse desconto hoje esteja em torno de cerca de 28%”, destacam Danniela, Senday e Suedt.

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Para os analistas, o desconto de holding justo seria em torno de 20%, ou seja, de LAME3 e LAME4 em relação ao papel AMER3. Essa busca pela diminuição do desconto, por sinal, sinalizaria porque as ações AMER3 fecharam em queda na terça-feira, enquanto LAME3 e LAME4 tiveram uma disparada.

Por fim, estão fatores mais macro, com o aumento das incertezas com a elevação dos casos de Covid-19 em países com a vacinação mais acelerada, levando a uma maior aversão ao risco e volatilidade.

“Vemos esse momento como temporário uma vez que o aumento de mortes tem sido muito motivados por pessoas não vacinadas enquanto a vacinação no Brasil tem acelerado e as mortes/internações reduzidas, indicando que uma tendência favorável da retomada econômica”, ressaltam os analistas.

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Danniela, Suedt e Senday seguem com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 82 por ação para AMER3, ou um potencial de alta de 41,75% em relação ao fechamento desta quarta-feira, e R$ 12,0 por ação para LAME3 e LAME4, correspondendo a um potencial de valorização respectivos de 55% e 52%.

“Seguimos com uma visão positiva por vermos a companhia como um ecossistema robusto, negociando a um valuation atrativo”, destacam. Contudo, avaliam que pode haver alguma volatilidade no curto prazo por conta de movimentos de posicionamento ou notícias relacionadas ao cenário competitivo do setor.

Stefano Spinelli, analista da RB Investimentos, aponta que, depois das ações passarem por uma turbulência com os ajustes das ações, deve haver uma normalização do movimento dos ativos. “A sinergia entre as empresas deve falar mais alto e a empresa deve ter um desempenho melhor [na Bolsa]”, aponta o analista.

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Entenda a união de Lojas Americanas e B2W

A Lojas Americanas e a B2W anunciaram a união de suas operações em abril, sendo que união dos ativos físicos da primeira com os ativos digitais da segunda foi aprovada em junho.

A proposta já havia sido divulgada semanas antes pelos controladores das duas companhias, com os termos de troca e detalhes da operacionalização.

Com a fusão, a ideia é que a Americanas s.a. passe a ser uma plataforma de varejo completo, com físico e digital integrados, enquanto a Lojas Americanas ainda existirá, mas sem mais incluir a participação que tinha até hoje de 62,5% na antiga B2W.

Está em estudo ainda uma possível listagem nos Estados Unidos por meio de uma migração da base acionária da companhia, a ser chamada de Americanas Inc, mas ainda não existe nada concreto sobre isso.

Entre os objetivos da operação, as empresas destacam que a companhia combinada criará “um motor de fusões e aquisições ainda mais poderoso para avaliar, negociar e integrar novas aquisições”.

Juntas, as empresas possuem uma rede de cerca de 1.700 lojas físicas em 750 cidades do país e um marketplace online com mais de 87 mil vendedores e vendas totais de R$ 40 bilhões no ano passado.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.