As 5 maiores altas e as 5 maiores baixas do Ibovespa no mês de janeiro

Enquanto B3 e Hapvida se destacaram entre as altas, tech Locaweb e empresa do setor de consumo Alpargatas tiveram forte baixa no primeiro mês do ano

Lara Rizério

(Getty Images)

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O primeiro mês de 2022 foi positivo para o Ibovespa, que registrou o seu melhor desempenho mensal desde dezembro de 2020, com alta de 6,98%.

As ações de commodities se destacaram com petroleiras como Petrobras (PETR3;PETR4) e PetroRio (PRIO3) em alta. Mas o grande destaque mesmo de ganhos ficou com os ativos da B3 (B3SA3) – e também para as ações de grandes bancos.

Já entre as baixas, mais uma vez as “techs” registraram queda, com destaque para a Locaweb (LWSA3). Confira quais foram os destaques de alta e baixa do período.

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Confira as maiores altas e baixas do benchmark da Bolsa no primeiro mês do ano:

Maiores altas do Ibovespa

B3 (B3SA3): maior destaque de ganhos do mês

Em um mês positivo para o Ibovespa e com uma grande entrada de fluxo estrangeiro, favorecido ainda pelo cenário mais positivo para as commodities, que encontra no Brasil grandes representantes, a ação da Bolsa brasileira também foi favorecida. O ativo da B3 fechou com ganhos de 31,83%. O movimento foi ainda mais forte levando em conta a visão de que seu valuation é considerado barato por muitos bancos e casas de análise.

Para algumas casas, ainda que haja fatores negativos a serem considerados pela frente, a ação da companhia segue a níveis atrativos.

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Em relatório, o Bradesco BBI destacou que vê alguns riscos potenciais de queda para o volume financeiro médio diário negociado na B3, considerando que o giro de mercado está atualmente acima da média de seus pares, agora como um dos níveis mais altos entre as bolsas globais.

Além disso, os volumes de varejo vêm desacelerando, provavelmente impactados pelo aumento das taxas de juros, que podem continuar sob pressão com taxas de juros de dois dígitos no Brasil.

Como análise de sensibilidade, para cada queda de 10% no Volume Financeiro Médio Diário, haveria um impacto de 3% no lucro da B3, indicando que pode ser necessário um cenário muito severo para haver uma queda muito pronunciada no lucro líquido em 2022.

“Apesar dos riscos de resultados de curto prazo, a avaliação nos impede de ter uma visão mais negativa da B3, tendo em vista o desconto de 40% para pares globais e a atraente dividend yield de 7%. Mantemos nossa visão otimista de longo prazo sobre o nome e nossa recomendação de compra”, apontam os analistas do BBI, com preço-alvo de R$ 15 para o ativo.

Hapvida (HAPV3): valuation atrativo com avanço da fusão

A Hapvida contou com uma decisão bastante favorável no início do ano. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão entre Hapvida e NotreDame Intermédica (GNDI3de forma definitiva no início de janeiro. Os papéis HAPV3 avançaram 21,97%, enquanto os ativos GNDI3 também tiveram ganhos, de 17,98%.

Mais detalhes sobre a fusão foram divulgados na sequência: a Hapvida e a Notre Dame anunciaram, após a decisão do Cade, que o fechamento da fusão das companhias vai acontecer no próximo dia 11 de fevereiro. No mesmo dia, as ações da Notre Dame deixam de ser negociadas na Bolsa. No dia 14 de fevereiro, as ações das empresas combinadas começam a ser negociadas sob o código “HAPV3”.

A fusão entre Hapvida e Intermédica resultará na criação de uma das maiores empresas provedoras de soluções de saúde verticalizadas do mundo.

“A combinação de negócios entre elas baseia-se em fundamentos estratégicos como a possibilidade de (i) integração da vasta gama de produtos e estruturas hospitalares; (ii) redução dos custos operacionais; e (iii) aproveitamento de potenciais sinergias decorrentes da complementariedade geográfica de atuação das duas companhias”, destaca em relatório a Levante Ideias de Investimentos.

O Itaú BBA destaca que, passadas as aprovações dos órgãos competentes, a Hapvida deve, nas próximas semanas, divulgar as expectativas de sinergias a serem geradas na transação.

De acordo com o time de saúde do Itaú BBA, a transação tem potencial de geração de valor presente líquido próximo de R$ 26 bilhões – o que representa um potencial de valorização de aproximadamente 30% para a empresa combinada. A equipe de análise de saúde do Itaú BBA tem classificação de “outperform” para HAPV3, com preço alvo de R$ 18 por ação para 2022.

Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4): bancos têm recuperação em janeiro

Também entre as maiores altas do mês, estiveram os ativos de dois grandes bancos: o Itaú e o Bradesco, com altas respectivas de 21,02% e 18,81%.

Em relatório em que elevou a recomendação para as ações do Bradesco, o Itaú BBA apontou que o ano de 2022 promete ser desafiador para todos, mas vê os grandes bancos bem-posicionados para surfar este ambiente mais volátil.

“A preferência pelos incumbentes aumenta quando os comparamos com os bancos digitais, que devem mostrar neste ano uma desaceleração no ritmo de crescimento e focar em questões internas”, avaliam os analistas da casa.

Para o BBA, entre os principais desafios que o setor bancário deve enfrentar ao longo de 2022 estão o aumento do custo de funding (a fonte de recursos utilizados pelos bancos) e a deterioração dos níveis de inadimplência em um contexto de atividade fraca. No caso dos bancos digitais, esse cenário deve motivá-los em direção à consolidação. Isso deve resultar em desaceleração na adição de clientes, com foco na base existente, e na segmentação.

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Para os analistas, o crescimento mais fraco e/ou a dinâmica de lucros mais branda devem colocar pressão sobre as ações dos bancos digitais ao longo de 2022. “Já os grandes bancos, em contraste, estão em um cenário muito mais favorável por
estarem menos expostos às mudanças na dinâmica de inadimplência, e por apresentarem valuations mais descontados e melhores perspectivas de spreads”, apontam.

Os motivos destacados para a elevação da recomendação do Bradesco é de que, além de considerarem o valuation dos papéis como atrativo, veem uma boa perspectiva de resultados para o ano, sobretudo com melhora nos spreads – a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e quanto ele cobra nas operações de crédito. “Avaliamos que a recuperação dos spreads parece estar vindo de forma mais rápida e mais forte do que era anteriormente esperado. Aliado
a isso, nossas estimativas conservadoras para inadimplência não devem apresentar deterioração significativa”, apontam.

Os analistas do Goldman Sachs também seguem com recomendação de compra para o Bradesco, já que os lucros devem se beneficiar de uma recuperação no negócio de seguros e o papel é negociado a um desconto de 12% para seus pares do setor privado.

Por outro lado, o Goldman tem recomendação equivalente à neutra para o Itaú, destacando o prêmio em relação aos seus pares. O Bradesco BBI, por sua vez, tem recomendação equivalente à compra para os ativos ITUB4, com preço-alvo de R$ 31, destacando também as perspectivas para o resultado do banco do quarto trimestre de 2021, a ser divulgado em 10 de fevereiro, após o fechamento do mercado.

“Acreditamos que o Itaú deva mostrar uma ligeira expansão dos lucros na variação trimestral no quarto trimestre e pode superar as expectativas do BBI e do consenso (R$ 6,7 bilhões)”, avaliam os analistas.

Para os analistas do banco, o Itaú pode reportar resultado com intermediação financeira acima da expectativa (+0,8% na variação trimestral, +11,9% na variação anual), principalmente impulsionado pelas margens com clientes, pois o banco se beneficia de uma sólida expansão da carteira, especialmente considerando produtos mais rentáveis, enquanto os ganhos de tesouraria devem desacelerar em 13,0% na variação trimestral (+7,0% na variação anual). Também esperam que as provisões aumentem 14,9% no trimestre (-0,4% na variação anual), refletindo o crescimento da carteira, mas seu índice de inadimplência deve ficar  estável em 2,6%.

Eles veem riscos de alta para a estimativa de crescimento de receita de tarifas de +0,5% no trimestre (+2,7% na variação anual), uma vez que o banco se beneficia de maiores receitas de cartões e transacionalidade. Mas ponderam que há potenciais riscos negativos para as estimativas de crescimento de despesas operacionais, de +2,9% na variação
trimestral (-1,0% na variação anual), uma vez que o banco é impactado por reajustes salariais, inflação mais alta e
despesas de marketing.

Azul (AZUL4): aérea avança quase 20% no mês

Apesar da ômicron elevar os temores do mercado sobre a recuperação das companhias do setor aéreo, a Azul teve um mês de alta de suas ações em janeiro, com alta de 19,91% dos ativos.

O surgimento da variante da Covid-19, assim como o problema do 5G nos Estados Unidos, voltaram a colocar uma nuvem sobre os resultados das companhias que trabalham com aviação civil comercial. Contudo, segundo análise publicada pelo InfoMoney, as expectativas são de que a Azul, assim como a Gol, não tragam grandes marcas desses dois eventos em seus documentos trimestrais, sejam eles do quarto trimestre de 2021 ou do primeiro de 2022.

“As companhias não têm notado impactos da ômicron como aconteceu nas ondas anteriores. Não há cancelamentos de voos. Também há pouco impacto na busca de passagens. As pessoas, por agora, continuam querendo viajar”, destacou ao InfoMoney Alexandre Kogak, analista da Eleven Investimentos.

A XP possui recomendação neutra para as duas companhias. Os analistas têm preço-alvo de R$ 30 para as ações da Azul (preferida da casa) e de R$ 22 para a Gol.  Apesar de as duas empresas terem potencial para melhorar no futuro – a primeira com pouca concorrência em suas rotas e a segunda com as sinergias proveniente da implementação da Smiles, por exemplo -, os preços das ações já estariam seguindo valuations justos no momento, avaliam.

Confira as maiores altas do Ibovespa em janeiro:

Empresa Ticker Cotação Variação
B3 (B3SA3) R$ 14,62 +31,83%
Hapvida (HAPV3) R$ 12,66 +21,97%
Itaú (ITUB4) R$ 25,33 +21,02%
Azul (AZUL4) R$ 29,21 +19,91%
Bradesco (BBDC4) R$ 22,80 +18,81%

Maiores baixas

Locaweb (LWSA3): techs em queda no mês

A ação da Locaweb foi a maior queda do Ibovespa de janeiro, com baixa de 26,29%, também sendo uma das ações mais voláteis do período.

A volatilidade da empresa de hospedagem de sites e soluções para e-commerce tem sido comum às chamadas techs, impactadas pela perspectiva de aumento dos juros globais.

Isso acontece porque essas companhias fazem mais dívida para financiar sua expansão do que empresas já consolidadas (ações de valor). Se os juros sobem, o custo dessa dívida aumenta, impactando o resultado operacional da empresa ao longo do tempo. Essa conta faz toda a diferença para as techs, que têm o seu valor presente calculado de acordo com a expectativa de fluxo de caixa para o futuro.

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Ao InfoMoney, Bernardo Guttman, analista da XP, aponta que, apesar da forte queda dos ativos, a empresa tem bons fundamentos. “A Locaweb entregou resultado no terceiro trimestre de 2021 com margens comprimidas e desacelerou crescimento, mas a maior parte da perda de valor é por causa do cenário macroeconômico”, afirma.

A XP tem recomendação de compra para as ações da empresa, com preço-alvo de R$ 30.

Alpargatas (ALPA4): expectativa de margens pressionadas

As ações da Alpargatas também foram afetadas pelo cenário de alta de juros, levando a uma perspectiva mais negativa para o varejo. Os papéis ALPA4 tiveram queda de 21,11% no período.

Além disso, analistas de mercado também projetam um quarto trimestre não tão positivo para a Alpargatas. A companhia divulga seus números para os últimos três meses do ano passado em 10 de fevereiro.

Na avaliação do BBI, a pressão de margem provavelmente será um tema em todo o setor de varejo impulsionada pela inflação de preços de matérias-primas. Nesse cenário, Alpargatas deve ser uma das companhias com provavelmente o maior impacto.

Para os analistas do banco, as margens devem continuar pressionadas não somente para a Alpargatas, mas também para a Natura & Co (NTCO3), que também teve queda expressiva no mês. Ambas as empresas tiveram uma temporada de resultados difícil no 3º trimestre, e o BBI espera que isso continue no quarto trimestre de 2021. “Não achamos que isso seja uma surpresa, já que ambas as empresas sinalizaram que as pressões de custo provavelmente continuariam a se arrastar”, avaliam.

No caso da Alpargatas, o BBI espera que os volumes se mantenham relativamente bem, mas a pressão de margem pode
se espalhar do Brasil para o segmento internacional, significando uma queda considerável nos lucros na comparação anual
(excluindo Osklen) e menos visibilidade nas margens no curto prazo. “Portanto, também removemos a Alpargatas das
nossas principais opções por enquanto”, ressaltam os analistas.

IRB (IRBR3): ceticismo ainda ronda companhia

Por mais um mês, as ações do IRB tiveram um desempenho negativo na Bolsa brasileira, com queda de 18,66%, mostrando que o caminho para a recuperação, ainda que continue, deva seguir bastante atribulado para a companhia de resseguros.

Uma prova disso foram os dados divulgados na semana passada pela companhia.

O IRB registrou prejuízo líquido de R$ 113,8 milhões no mês de novembro de 2021, baixa de 15,5% frente a perdas de R$ 134,8 milhões em novembro de 2020. No acumulado do ano, o resultado foi negativo em R$ 510,4 milhões, frente a perdas no mesmo período de 2020 de R$ 1,006 bilhão, redução de perdas de 49,3%.

Já a despesa de sinistro em novembro foi de R$ 413,3 milhões, 13,5% superior aos R$ 364,0 milhões reportados em novembro de 2020.

Na ocasião, Citi e Credit Suisse destacaram os números divulgados como negativos. O Citi reiterou recomendação de venda para a ação do IRB, destacando que, no mês, o prejuízo líquido foi menor, mas as despesas com sinistros cresceram (13,5%).

“A falta de visibilidade e entrega constante de baixos níveis de rentabilidade sustentam nossa visão negativa sobre o IRB por enquanto”, diz a análise. O preço-alvo é R$ 3,70. Naquela sessão, os papéis fecharam em queda de 5,39%.

Embraer (EMBR3) e Braskem (BRKM5): depois das altas em 2021, as baixas em janeiro…

Duas das maiores altas do Ibovespa em 2021 registraram forte queda no primeiro mês de 2021, tanto com os investidores à procura de pechinchas na Bolsa – os papéis saltaram mais de 170% ano passado – quanto por fatores pontuais dessas duas companhias. Os ativos EMBR3 tiveram queda de 18,17%, enquanto BRKM5 teve baixa de 14,68%.

No caso da Embraer, questões sobre a ômicron impactando o mercado de aviação estiveram no radar da companhia. Contudo, analistas seguem positivos com a ação, destacando os contratos fechados recentemente, a reintegração do seu negócio de aviação comercial e a evolução do eVTOL (aeronaves elétricas de pouso e decolagem verticais, ou os chamados “carros voadores”.

No dia 20 de janeiro deste mês, o Morgan Stanley elevou a recomendação para os ADRs da Embraer de equalweight (exposição em linha com a média do mercado) para overweight (exposição acima da média do mercado), elevando o preço-alvo de US$ 20 para US$ 23.

O aumento reflete em grande parte a atribuição de um valor mais alto à participação que a Embraer manterá em seu negócio eVTOL Eve, conforme acordo anunciado em dezembro. “A atualização de hoje também é apoiada por previsões de EBIT estáveis para as operações legadas e nossa percepção de que, ex-Eve, a ação não está cara hoje”, explica o Morgan Stanley.

Já no caso da Braskem (BRKM5), as expectativas no primeiro mês do ano ficaram centradas para o pedido de registro de oferta pública secundária (follow-on) na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e na SEC, para a saída dos acionistas Petrobras (PETR3;PETR4) e Novonor, ex-Odebrecht.

A expectativa divulgada em meados do mês era de que a oferta ocorresse simultaneamente no Brasil e nos EUA para a venda de até 154.886.547 ações preferenciais classe A da companhia, com o potencial de movimentar mais de R$ 8 bilhões.

Essa operação levaria a uma pressão vendedora que normalmente afeta os papéis antes de um follow-on, mas era vista como positiva uma vez que a a conclusão da operação eliminaria a pressão vendedora sobre seus papéis. Além disso, a migração para o Novo Mercado também seria um ponto positivo.

Contudo, a operação foi cancelada na última sexta-feira (28). Para a XP Investimentos, o passo atrás ocorreu justamente por conta da queda das ações da Braskem. “Desde o anúncio do follow-on, em 17 de janeiro, as ações caíram 18%, o que provavelmente motivou o adiamento. No dia 28 [dia do anúncio do cancelamento da oferta], os papéis subiram 7%”, destacaram os analistas.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em janeiro:

Empresa Ticker Cotação Variação
Locaweb LWSA3 R$ 9,70 -21,66%
Alpargatas ALPA4 R$ 29,08 -21,11%
IRB IRBR3 R$ 3,27 -18,66%
Embraer EMBR3 R$ 20,31 -18,17%
Braskem BRKM5 R$ 49,17 -14,68%

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.