Et tu, leitor atento?

César não caiu sozinho e não caiu em um único dia. Foram anos amontoando inimigos e mais do que isso, transformando amigos em inimigos. O próprio Brutus, BFF, mais que amigos, friends, brother-from-another-mother, no fim só ficou famoso por fazer parte do complô, mas ele não foi o único. Em menor escala, menos relevante para a história do mundo e de forma bem menos shakespeariana, outro líder vem seguindo o mesmo caminho. Não necessariamente vai cair no final, claro, mas pouco a pouco seus apoiadores viram seus críticos. Quem dava o benefício da dúvida, agora duvida abertamente. Seus aliados começam a usar do humor, o sarcasmo. Respondem com meias palavras, indiretas e uma pitada de rancor. “Esqueci meus livros”, um deles diz. Et tu, Brute?

No século XIX, era comum mineiros de carvão levarem canários vivos para dentro das minas. Caso houvesse presença de gases nocivos, como metano ou monóxido de carbono, as aves paravam de cantar e morriam antes dos homens, alertando para o risco. Haddad, o nosso canário favorito, tossiu aqui. Não parou de cantar, claro, segue lá animado. Mas ouvidos atentos ao canto do Fernando “Canário Brutus” Haddad. Na dúvida, o mercado antecipa. Sempre antecipa. Apareceu nos preços há semanas e agora até no FOCUS, em geral o último a saber. Relatório de ontem mostra – de fato – mais PIB, mas também mais juros, mais inflação e dólar mais caro. Et piu, piu?

Lá fora não tem César, não tem metano (ou pelo menos não tem canário) e não tem tristeza. PMI subiu? Ok, mais atividade, isso é bom! Resultados bons? Ótimo, compre bolsa. Tensão no oriente médio? Ok, então juros vão cair, bora pra cima. É festa da música anglo-saxã que ta rolando aqui na Wall Street. Todo mundo ta presente não tem hora pra acabar. Mas quando acabar, lembre-se de que a saída é estreita. Por enquanto olho no pronunciamento da Yellen, mas é só semana que vem então depois a gente fala nisso. Et tu, Janet?

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