Conteúdo editorial apoiado por

Vale a pena investir no ETF de Bitcoin?

O regulador dos EUA liberou os primeiros fundos de índice à vista da criptomoeda na quarta-feira (10); veja 8 respostas sobre a novidade

Lucas Gabriel Marins

Publicidade

Depois de dias dramáticos, marcados por invasões virtuais, anúncio falso e críticas de membros do governo, o aguardado ETF (fundo de índice) à vista de Bitcoin (BTC) foi enfim aprovado nos Estados Unidos. Na quarta-feira (10), a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) deu sinal verde para um lote de produtos, assim como era esperado por boa parte dos analistas.

A expectativa é que os ETFs ajudem a popularizar ainda mais o Bitcoin e as demais criptomoedas, que até pouco tempo eram associadas a crimes financeiros e quase não tinham espaço no noticiário econômico.

Confira abaixo como os ETFs da criptomoeda vão funcionar, se faz sentido para o investidor brasileiro, e qual o comportamento esperado para o BTC após a aprovação.

Continua depois da publicidade

O que é um ETF à vista de Bitcoin?

O ETF à vista de Bitcoin, também chamado de spot, é um instrumento que permite aos investidores exposição aos movimentos de preço do ativo, sem precisar negociá-lo diretamente em uma exchange de criptomoedas. Até então, os EUA só tinham ETFs ligados aos contratos de futuros da moeda digital.

Por que o ETF de Bitcoin é importante?

Muitos investidores institucionais não alocavam recursos em Bitcoin por medo da volatilidade da moeda e da falta da regulação do setor. O ETF de Bitcoin, por ser um produto regulado, abre a porta para esse público. Em Wall Street, assessores de investimento já se preparam para recomendar o produto para os clientes.

Quais os efeitos esperados?

O aval regulatório é visto como um selo de maioridade para o Bitcoin, que pode ganhar confiança entre investidores institucionais, deixando para trás a pecha de ativo que não deve ser levado a sério. “Com as maiores gestoras do mundo, como BlackRock e Fidelity, com trilhões de dólares, e com o selo da SEC, é um discurso que combina mais com 2015”, disse Bruno Sousa, que comanda as operações da gestora Hashdex nos EUA.

Publicidade

Fábio Plein, diretor regional da Coinbase para Américas, falou que a aprovação dos produtos sinaliza um marco crucial na transição global criptoativos. “Com os principais gestores de ativos levando o mundo dos ativos digitais a milhões de pessoas por meio de um produto agora regulamentado, esses ETFs deverão catalisar o crescimento da indústria e aumentar significativamente a demanda por Bitcoin”.

Com a chegada dos novos veículos de investimento na carteira dos investidores institucionais, o Standard Chartered Bank estima que os fundos de índice gerem influxos vultosos de US$ 50 a 100 bilhões apenas em 2024.

Brasileiro pode investir no ETF de Bitcoin?

Sim, pode. Para isso, é preciso ter conta internacional em alguma corretora que liste os ETFs disponíveis nos Estados Unidos. Depois de abrir a conta, basta transferir os reais, fazer o câmbio para dólar e adquirir o produto financeiro. Alguns exemplos de corretoras são Nomad, Avenue e Inter Global. A tributação é de 15% em cima da valorização das cotas após o resgate. Não há isenção de imposto para negociações até R$ 35 mil, como ocorre com ganhos de capital em corretoras do Brasil.

Continua depois da publicidade

Vale a pena, já que há ETFs de BTC no Brasil?

É provável que os ETFs dos EUA sejam mais caros para o brasileiro do que os disponíveis no Brasil. Isso porque eles são negociados em dólar e, na hora de converter reais para a moeda norte-americana em corretoras internacionais, há impostos, como IOF. Além disso, as corretoras têm taxas de serviço, que variam entre 0,5% e 2%. Para completar, os ETFs têm suas próprias tarifas. (Veja na figura abaixo).

Fonte: James Seyffart, analista da Bloomberg

O Brasil tem fundos de índice à vista do Bitcoin desde 2021, como o BITH11, da gestora Hashdex, e o QBTC11, da gestora QR Asset. Para Sousa, da Hashdex, não faz sentido para um brasileiro adquirir cota de ETF de Bitcoin lá fora, quando se tem opções locais com regime tributário mais favorável e negociação em reais. Além disso, há mais opções: são 13 ETFs de criptoativos disponíveis na B3, com exposição ao BTC e a outros ativos digitais.

⁠Em quais bolsas o ETF de Bitcoin dos EUA foi listado?

Os veículos de investimento estão listados na Nasdaq, na Bolsa de Nova York (NYSE) e na Chicago Board Options Exchange (CBOE). As negociações estão previstas para serem iniciadas nesta quinta-feira (11).

Publicidade

Além do Bitcoin, o ETF irá replicar outras criptomoedas?

No momento, a SEC aprovou apenas ETFs com exposição direta ao Bitcoin. No entanto, no final do ano passado gestoras como BlackRock e ARK Invest já enviaram para o xerife do mercado de capitais norte-americano pedidos para criação de fundos de índice à vista de Ethereum (ETH), a segunda maior criptomoeda do mundo.

Preço do Bitcoin vai subir?

Projeções de curto prazo passaram a ficar mais negativas após a falta de reação do Bitcoin na quarta-feira, acompanhada de alta de criptomoedas menores. Se antes havia certa expectativa de que o patamar de US$ 50 mil fosse alcançado, agora as chances maiores seriam de realização de lucros.

No entanto, as expectativas mudam no longo prazo. Até o final do ano, o consenso de analistas técnicos e fundamentalistas é de que a moeda digital tenha força para ultrapassar sua máxima história de US$ 69 mil. Para o Standard Chartered, o alvo para o final do ano é o patamar de US$ 100 mil, o que significaria um salto de mais de 100% ante o preço atual. Em 2023, o BTC valorizou mais de 150%.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney