As 5 maiores baixas e as 5 maiores altas do Ibovespa no 1º trimestre de 2023

Em um trimestre negativo para o Ibovespa, com queda acumulado de 7,16%, Hapvida se destacou na baixa, enquanto Embraer foi destaque positivo

Lara Rizério

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O primeiro trimestre do ano – marcado pelas primeiras sinalizações do novo governo, recuperação judicial da Americanas (AMER3), crises bancárias no exterior e temores com inflação – foi de queda para o Ibovespa de 7,16%, após um mês de março negativo para o índice, com baixa de 2,91%.

Entre as maiores baixas do acumulado do ano do benchmark da Bolsa, estiveram as ações da Hapvida (HAPV3), que também se destacaram como a maior queda do mês (de 41,65%) . Em março, Qualicorp (QUAL3), 3R (RRRP3), Rede D’Or (RDOR3) e Arezzo (ARZZ3) completaram o rol das maiores quedas, com desvalorizações respectivas de 21,20%, 19,06%, 16,87% e 14,87%.

Já a maior alta entre janeiro e março foi a Embraer (EMBR3), que foi também a terceira maior alta do mês, com avanço de 25,32% em março. Os maiores avanços de março foram de Azul (AZUL4), com a reestruturação de suas dívidas e resultados considerados robustos, Ecorodovias (ECOR3), Gol (GOLL4) e CCR (CCRO3). Os avanços respectivos para esses ativos foram de 68,72%, 26,34%, 20,80% e 16,47%.

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Confira abaixo as maiores altas e baixas do trimestre e os motivos para o desempenho dos ativos:

Maiores baixas

Hapvida (HAPV3): queda de 48,43%

O mês de março foi agitado para a Hapvida e encerrou um trimestre bastante negativo para a companhia, cuja ação se credenciou como a maior queda do trimestre.

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Analistas de mercado já vinham apontando um cenário desafiador para a companhia, assim como para o setor de saúde como um todo, além de revisarem constantemente os números para baixo com as dificuldades de sinergias da Hapvida com a NotreDame se evidenciando. Porém, logo após a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022, os papéis passaram a ter uma verdadeira derrocada, que se estendeu pelo mês de março.

Somente no pregão do dia 1, os ativos caíram 33%. A operadora de planos de saúde reportou resultados negativos no 4T22. O índice de sinistralidade piorou mais de 8 pontos percentuais na base de comparação anual e provisões para perdas com inadimplência mais do que dobraram.

Mesmo com alguns analistas vendo a queda como exagerada, os papéis não encontraram força para subir em boa parte do trimestre em meio a temores até sobre a solvência da companhia e só voltaram a ter ganhos mais fortes na última semana de março.

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O catalisador foi o comunicado feito pela companhia no fim do mês de um acordo de sale-and-leaseback bem avaliado pelo mercado. A empresa vai transferir 10 hospitais recém-adquiridos para a LPAR, veículo de investimento da Família Pinheiro, controlada da companhia. Além disso, a companhia destacou uma possível oferta subsequente primária, que pode chegar a mais de 395 milhões de novas ações.

Após os anúncios, bancos como o JPMorgan e o Bradesco BBI elevaram a recomendação para a ação para equivalente à compra, vendo a queda como muito exagerada e os anúncios endereçando bem as preocupações de liquidez, ainda que vejam um cenário de dificuldades para a companhia.

Alpargatas (ALPA4): baixa de quase 46%

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Cenário de juros altos e economia em desaceleração com impacto no consumo têm afetado as ações da Alpargatas. Mas, mais do que isso, o ambiente micro para a companhia nos últimos trimestres também evidencia os motivos para a forte queda das ações da dona da Havaianas.

Os resultados nada positivos da Alpargatas do quarto trimestre chancelaram as ações da companhia para o ranking das maiores quedas do trimestre. Apenas no dia 10 de fevereiro, sessão pós-resultado do quarto trimestre, as ações desabaram 18,68%, após chegarem a cair mais de 20% no intraday.

A empresa divulgou prejuízo líquido de R$ 21 milhões para o quarto trimestre de 2022, após lucro de R$ 303,1 milhões um ano antes. A base, no entanto, é pouco comparável, diante de efeitos extraordinários, como compra de fatia na norte-americana Rothy’s e a venda da Osklen, ambas anunciadas no final de 2021.

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Analistas do JPMorgan disseram que os resultados vieram “materialmente abaixo das expectativas”, prejudicados por fracos volumes no Brasil, o que levou a menor alavancagem operacional, e perdas extraordinárias relacionadas à provisão de estoques. Além disso, citou custos de reestruturação, em especial nas operações internacionais.

A equipe da XP viu “resultados fracos” no trimestre, abaixo de suas estimativas “que já eram conservadoras”. “Embora a companhia tenha divulgado algumas iniciativas para enfrentar os desafios operacionais e macroeconômicos, os efeitos positivos mais materiais devem ser vistos somente a partir do segundo trimestre”. A XP tem recomendação “neutra” para o papel.

Qualicorp (QUAL3): em queda de 37,3%

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Outra empresa do setor de saúde que registrou forte queda no trimestre foi a Qualicorp, após já ter registrado um fraco desempenho em 2022, quando fechou em baixa de 65%.

A companhia tem mostrado resultados fracos nos últimos trimestres sendo que, no ano passado, o destaque negativo foi o churn (taxa de cancelamento) bastante alto, com dados de adições brutas de vidas desafiadores diante de um repasse de preço maior nesse período.

No início do ano, a companhia anunciou mudança de gestão, o que aliviou parte das preocupações do mercado sobre governança corporativa, mas as preocupações sobre os números da companhia seguiram no radar.

A companhia divulgou seus resultados no fim de março, com um prejuízo líquido de R$ 79,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), ante lucro de R$ 50,6 milhões do 4T21.

O Credit Suisse destacou a perda líquida de beneficiários (de 58 mil no trimestre e 154 mil no ano), a redução das receitas relacionadas à medicina e a deterioração da rentabilidade da companhia.

Os analistas do Credit também observaram que a ajuste de aproximadamente 20% nos preços dos planos de saúde em 2022 continuaram a promover cancelamentos (churn), ainda que em menor ritmo do que em 2021. Contudo, mesmo com os ajustes, a receita por beneficiário continuou estável. Para o Credit, isso sugere uma continuidade do downtrading de planos de saúde – ou seja, beneficiários estão trocando planos mais caros por mais baratos.

Na avaliação do banco, a Qualicorp adotou uma bem-vinda mudança em seu direcionamento estratégico, mais focada em geração de caixa do que em crescimento. O Credit vê com bons olhos a tática da companhia, mas acredita que essa guinada de estratégia pode provocar uma redução da escala da Qualicorp, sem, necessariamente, traçar caminhos de crescimento no curto prazo.

A companhia adotou uma postura de maior controle de gastos e despesas. Na teleconferência de resultados do 4T22, o CEO Elton Carluci, admitiu que o segmento na qual a empresa está inserida vive um momento desafiador.

Locaweb (LWSA3): desvalorização de 31,77%

As ações da Locaweb, além de sofrerem com o cenário de alta de juros que afeta empresas “techs”, também enfrentam desconfiança com relação à recuperação de suas operações, com o crescimento da receita em um ritmo mais lento do que seus pares.

Na semana passada, a companhia de serviços de tecnologia anunciou ter registrado lucro líquido de R$ 18,9 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), revertendo prejuízo líquido de R$ 7,2 milhões no mesmo intervalo de 2021.  Já em termos ajustados, o lucro passou para R$ 60,9 milhões, alta de 123,9%. O lucro sem ajustes inclui despesas com plano de opções de ações e efeitos de aquisições.

Apesar do lucro, a XP avalia que a Locaweb reportou resultados fracos no quarto trimestre, abaixo de suas estimativas. A receita líquida cresceu 23% ao ano, mas ficou 6% abaixo da sua projeção, impulsionada principalmente pelo crescimento de 46% no segmento Commerce, enquanto a margem Ebitda ajustada consolidada caiu 0,5 ponto no trimestre e ficou 0,6 ponto abaixo da projeção da casa, refletindo majoritariamente um impacto negativo no segmento Be Online/SaaS.

“Na nossa visão, essa queda trimestral é um sinal de alerta em relação ao discurso da empresa sobre a recuperação da margem daqui para frente. Além disso, a conversão de caixa caiu 3,5 pontos na base trimestral, para 45,3%”, diz a casa, que manteve recomendação neutra e preço alvo de R$ 7,50 para a ação para o final de 2023.

Para o Credit Suisse, agora que o crescimento das receitas está ocorrendo em um ritmo mais lento do que seus pares e que o aumento de margem esperado em 2023 parece mais desafiador, o valuation premium da empresa parece totalmente injustificado. Assim, reforça visão mais cautelosa para o case.

Na mesma linha, após o resultado do 4T22,  o Bradesco BBI apontou que, embora LWSA3 tenha tido um desempenho significativamente inferior ao Ibovespa no acumulado do ano, acredita que ainda há riscos para as expectativas de consenso para 2023 e, portanto, mantém visão mais cautelosa sobre o nome, com recomendação underperform (desempenho abaixo da média, equivalente à venda).

CVC (CVCB3): baixa de 30,73%

O trimestre foi bastante movimentado para a CVC. As ações da companhia de turismo passaram a registrar queda forte impactada pelo “caso Americanas”, que evidenciou a crise de crédito em outras empresas endividadas, como é o caso da companhia.

No fim de janeiro, a CVC anunciou a contratação do banco BR Partners para “assessorar a companhia no reperfilamento de sua dívida a mercado”.

Nesta linha, no começo de março, informou ter alcançado acordo com a maioria dos debenturistas da quarta emissão e com todos os detentores de títulos de dívida da empresa de quinta emissão, num acerto que envolve até R$ 900 milhões em débitos.

A companhia disse em fato relevante ao mercado que 75% dos debenturistas da quarta emissão aceitaram o acordo, que permitirá redução do endividamento bruto da empresa. Segundo a CVC, o reperfilamento envolve adiamento de prazos de vencimento dos títulos para 3 anos e 6 meses e amortização de 10% a 20% do saldo devedor, além de pagamento de juros.

Apesar de aliviar restrições de liquidez, o JPMorgan rebaixou logo na sequência as ações da companhia de neutra para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e deixou de ter um preço-alvo para os papéis CVCB3.

Leia também: “Não tenho dúvida que 2023 será um ano de vendas agressivas e crescentes, com redução de custos”, diz CEO da CVC

Os analistas destacaram que, apesar da reestruturação oferecer um alívio para o fluxo de caixa da CVC, as tendências de crescimento de receita estão aquém das expectativas, refletindo um ambiente de consumo mais desafiador, bem como menor aprovação de crédito ao consumo, especialmente para um segmento de viagens de “maior risco”.

Enquanto isso, mesmo após o reperfilamento da dívida, o banco ainda vê a necessidade de cerca de R$ 1 bilhão em caixa para sustentar o crescimento, enquanto a empresa já se comprometeu com outro aumento de capital de pelo menos R$ 125 milhões até 23 de novembro.

Dias depois, a empresa divulgou seus resultados, considerados fracos. “No geral, foi outro trimestre difícil para a CVC. As métricas de volume doméstico cresceram em relação ao ano anterior, em uma base de comparação fraca, mas ficaram abaixo dos níveis do quarto trimestre de 2019 e abaixo de nossas expectativas”, disse a equipe de analistas do Bradesco BBI após o 4T22.

As reservas confirmadas da companhia entre outubro e dezembro recuaram 26% frente a 2019, ano ainda sem o impacto da pandemia, para 3.455, e ficaram 21% abaixo do consenso do BBI. No Brasil, os agendamentos continuam 36% abaixo do pré-pandemia. Na Argentina, eles cresceram 27%.

Confira as maiores quedas do Ibovespa no trimestre:

Empresa Ticker Preço Variação percentual
Hapvida HAPV3 R$ 2,62 -48,43%
Alpargatas ALPA4 R$ 8,15 -45,95%
Qualicorp QUAL3 R$ 3,68 -37,31%
Locaweb LWSA3 R$ 4,79 -31,77%
CVC CVCB3 R$ 3,11 -30,73%

Maiores altas

Embraer (EMBR3): alta de mais de 45%

As ações da Embraer foram de longe o maior destaque do primeiro trimestre de 2023, com os analistas vendo perspectivas de crescimento positivas para a empresa.

No fim de fevereiro, a XP atualizou suas estimativas para a companhia, reiterando recomendação de compra para as ações.

Na ocasião, os analistas avaliaram que o mercado não estava precificando adequadamente as expectativas de crescimento da Embraer, com as tendências de recuperação da divisão comercial implicando em um múltiplo justo mais alto para a empresa consolidada versus os níveis de valuation negociados na ocasião.

“Nesse sentido, esperamos que 2023 continue refletindo uma melhoria operacional à medida que as entregas forem retomadas e a lucratividade aumente, com espaço limitado para um não atingimento do guidance este ano, em nossa opinião. Finalmente, vemos opcionalidades promissoras, como Eve e uma eventual conclusão bem-sucedida no processo de arbitragem contra a Boeing”, apontaram os analistas da XP.

A companhia divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2022 no último dia 10 de março, reforçando visão positiva, com os analistas reforçando os ganhos de margem da companhia e um forte fluxo de geração de caixa no período.

Após a divulgação dos resultados, o Bradesco BBI manteve recomendação outperform para os ADRs da Embraer, negociados na Bolsa de Nova York, e elevou o preço-alvo do papel de US$ 22 para US$ 24. A casa avalia que o balanço trimestral foi sólido e destacou positivamente o trabalho de administração da companhia. O Ebitda de US$ 228 milhões da Embraer no período ficou 20% acima das estimativas do Bradesco BBI.

Os analistas também destacaram a entrega de 80 aeronaves no quarto trimestre de 2022, ante as 50 entregues um ano antes. As vendas contribuíram para um avanço da margem Ebitda, para 11,5%. Outro highlight foi a forte geração de caixa da companhia em 2022, de US$ 540 milhões, ficando acima do guidance da Embraer.

Magazine Luiza (MGLU3): avanço de 20,8%

Depois de seguidos períodos de pressão, as ações do Magazine Luiza tiveram ganhos no trimestre na esteira da crise da Americanas (AMER3), com diversos analistas apontando-a como beneficiária da situação difícil da rival, em recuperação judicial (RJ).

Na sequência da abertura do processo de RJ, no dia 19 de janeiro, o Citi destacou que o Magalu seria o maior beneficiado com incremento de tráfego online e volume bruto de mercadorias (GMV), na hipótese de que todas as operações da Americanas ficassem interrompidas por causa do seu processo de recuperação judicial.

O Magazine Luiza teria um aumento no seu volume de 18% neste ano. Na sequência, seria a Via (VIIA3), com aumento de 15%, e Mercado Livre, com 11%.

Na avaliação do banco, o Magalu “herdaria” uma parcela de 14% das vendas online diretas da Americanas e 25% das vendas de marketplace (3P), enquanto a Via receberia 12% e 24%, respectivamente. Já o Mercado Livre receberia 11% das vendas de marketplace.

Já o impacto na dissipação da Americanas em vendas de lojas físicas é mais difícil de ser mensurado, por conta da fragmentação do setor, aponta o banco, o que envolve empresas menores e de setores diversos.

Contudo, as perspectivas macro permanecem como um vento contrário para histórias de crescimento e demanda de bens duráveis, apesar das melhoras das operações da companhia, apontam analistas que estão mais conservadores com o case da companhia.

Cabe ressaltar que o Magalu divulgou seus resultados no começo de março que, segundo analistas de mercado, mostraram progressos de margens. O Credit Suisse ressaltou que o Magalu registrou vendas totais recorde de R$ 18 bilhões (+15,5% na base anual), impulsionadas pelo comércio eletrônico (+15,9%) e lojas físicas (+14,7%).

O mix de serviços, comissões de mercado e repasse de inflação aos preços sustentaram uma expansão de margem bruta de 250 pontos-base na comparação anual, para atingir 27,8% das vendas.

Além disso, apesar dos maiores investimentos por conta da Black Friday e da Copa do Mundo, as despesas operacionais melhoraram 100 pontos-base na comparação anual, para 21,6% das vendas, atribuídas a despesas otimizadas de marketing e logística, bem como menores despesas fixas.

“Em suma, o Magazine Luiza conseguiu remar contra a maré e apresentar um forte conjunto de resultados, com crescimento acelerado, melhoria dos níveis de rentabilidade, geração de caixa operacional e ganhos de market share [participação de mercado]”, apontou o Credit Suisse na ocasião.

CSN Mineração (CMIN3): variação positiva de 18,63%

As ações de CSN Mineração foram destaque do trimestre em meio ao cenário positivo do minério de ferro com as perspectivas para a  reabertura da economia da China após um longo período de restrições severas para conter a Covid-19.

O contrato de minério mais negociado para maio na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas desta sexta-feira a 907 iuanes (US$ 132,13) a tonelada, e ampliou seu ganho trimestral para mais de 6%.

O ingrediente siderúrgico se recuperou das baixas registradas em outubro passado, conforme o alívio da política de zero-Covid e medidas de apoio para o setor imobiliário em dificuldades na China iluminaram a recuperação econômica e as perspectivas de demanda de aço no maior consumidor mundial de minério de ferro.

As expectativas de uma melhora na demanda chinesa, especialmente para aço de construção durante a primavera, e a queda no estoque de minério de ferro no porto também impulsionaram os preços. Contudo, vale ressaltar que as incertezas econômicas globais e as restrições à produção de aço na China, juntamente com os alertas dos reguladores chineses contra a especulação excessiva de preços, acabam por limitar os ganhos do minério de ferro no período.

Além disso, no início de março, a companhia divulgou um resultado que foi considerado positivo por alguns analistas. A companhia obteve lucro líquido de R$ 871,3 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), montante 23,8% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2021, impactado principalmente pela melhora operacional da operação que mais do que compensou o maior volume de despesas financeiras no trimestre.

Os resultados do quarto trimestre da CSN Mineração ficaram acima das expectativas do BBI devido a custos abaixo do esperado e preços realizados melhores do que o esperado, enquanto o desempenho do volume foi decepcionante.

“Olhando para o futuro, esperamos que o impulso dos lucros permaneça saudável devido a uma forte perspectiva para os preços do minério de ferro, enquanto a empresa deve distribuir dividendos robustos (calculamos um rendimento de dividendos de 13% para 2023)”, apontou o banco, que manteve recomendação outperform para os ativos.

CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3): altas de 18,30% e 16,40%

Entre mudanças de gestão e bons resultados, as ações das duas companhias de concessão registraram ganhos na B3 neste primeiro trimestre.

Em meados de março, a CCR anunciou Miguel Setas como seu novo CEO. A XP Investimentos classificou o anúncio como positivo, afirmando que Setas tem extensa e positiva experiência global em segmentos de infraestrutura regulada (mais de 25 anos, incluindo 13 no Brasil), além de ser um bom presságio para as recentes melhorias nos padrões de governança corporativa e gestão da CCR.

Analistas da XP também destacaram que o anúncio marcou o fim de uma busca de sete meses por um novo CEO, desde que Marco Cauduro surpreendeu o mercado ao deixar a empresa, e deve permitir a continuidade dos recentes desenvolvimentos corporativos positivos da CCR.

O Bradesco BBI também avaliou a chegada do novo CEO como positiva, pois encerra o processo de sucessão. No entanto, o banco não espera mudança significativa na estratégia da CCR daqui para frente. “A empresa deve manter sua disciplina financeira em termos de novos leilões, devido às taxas de juros mais altas e às incertezas macroeconômicas, mantendo a alavancagem financeira sob controle, abaixo de 3,5 vezes”, diz o BBI.

Também recentemente, a Ecorodovias anunciou resultados que foram gatilhos para a ação. Os papéis ECOR3 saltaram 8,86% no dia 17 (pós-balanço), após chegarem a subir 18,78% na máxima do dia.

A companhia teve lucro recorrente de R$ 194,5 milhões no quarto trimestre de 2022, alta de 180,6% frente ao mesmo período do ano anterior, em desempenho puxado pelo resultado operacional, ainda que os custos tenham mostrado elevação. O lucro líquido contábil foi de R$ 114,1 milhões. Analistas compilados pelo consenso Refinitiv, em média, projetavam lucro de R$ 112,8 milhões de outubro ao fim de dezembro.

O Ebitda foi de R$ 719,2 milhões , avanço de 36,8%. O Ebitda ajustado ficou em R$ 809,2 milhões. Analistas esperavam Ebitda de R$ 639,1 milhões.

O Itaú BBA destacou que os números mais altos no que o esperado foram puxados por um sólido Ebitda ajustado de R$ 809 milhões (16%-20% acima das estimativas do banco e do mercado), que foi impulsionado por um efeito extraordinário não caixa de R$ 78 milhões na Ecosul. Excluindo isso, o Ebitda teria sido 7 % melhor do que o esperado, devido ao aumento do tráfego, aumento das tarifas e entrada em operação de novas praças de pedágio nas concessões recém-incorporadas.

Recentemente, os analistas do Bank of America reiteraram recomendação de compra para a ação da Ecorodovias, projetando uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de patrimônio implícita de 17,5% (em termos reais). Já para a CCR, reiteraram recomendação neutra, com TIR implícita de 10,8%.

Confira as maiores altas do Ibovespa no trimestre:

Empresa Ticker Preço Variação percentual
Embraer EMBR3 R$ 20,79 +45,28%
Magazine Luiza MGLU3 R$ 3,31 +20,80%
CSN Mineração CMIN3 R$ 4,84 +18,63%
CCR CCRO3 R$ 12,80 +18,30%
Ecorodovias ECOR3 R$ 5,18 +16,40%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.