Embraer (EMBR3) fecha em alta de mais de 5% após resultado robusto; empresa teme dificuldades na cadeia de suprimentos

Analistas destacaram os ganhos de margem da companhia e um forte fluxo de geração de caixa no período

Augusto Diniz Mitchel Diniz

Reprodução / OGMA

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As ações da Embraer (EMBR3) repercutiram os resultados da fabricante de aeronaves no quarto trimestre de 2022. Analistas destacaram os ganhos de margem da companhia e um forte fluxo de geração de caixa no período. Os papéis fecharam em alta 5,28% e eram negociadas a R$ 18,93.

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Após a divulgação dos resultados, o Bradesco BBI manteve recomendação outperform para os ADRs da Embraer, negociados na Bolsa de Nova York. Mas elevou o preço-alvo do papel de US$ 22 para US$ 24.

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A casa avalia que o balanço trimestral foi sólido e destacou positivamente o trabalho de administração da companhia. O Ebitda de US$ 228 milhões da Embraer no período ficou 20% acima das estimativas do Bradesco BBI.

Os analistas também destacaram a entrega de 80 aeronaves no quarto trimestre de 2022, ante as 50 entregues um ano antes. As vendas contribuíram para um avanço da margem Ebitda, para 11,5%. Outro highlight foi a forte geração de caixa da companhia em 2022, de US$ 540 milhões, ficando acima do guidance da Embraer.

Os projeções conservadoras para o caixa da empresa em 2023 e negociações da empresa na Índia também foram grifados pela equipe de análise do BBI.

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guidance da Embraer para este ano veio em linha com as projeções do JP Morgan, que também destacou a forte geração de caixa que a companhia apresentou e também sua margem Ebitda.

O JP tem recomendação overweight (performance acima da média do mercado) para os ADRs da Embraer e preço-alvo de US$ 16.

Para o Itaú BBA, além da melhora gradual nas operações da Embraer, alguns eventos prometem ser catalisadores para os papéis da companhia. A equipe de análise cita um grande incremento em pedidos comerciais, novos fluxos em potencial da parceria em aviação comercial na Índia e novidades no processo de arbitragem com a Boeing, que poderia resultado em um reembolso generoso.

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O BBA tem recomendação outperform para o ADR da Embraer e preço-alvo de US$ 21.

Embraer ainda teme dificuldades na cadeia de suprimentos em 2023

O problema na cadeia de suprimentos se arrastou ao longo de 2022 e deve perdurar em 2023. O quadro afetou diretamente o guidance de entrega de aeronaves da Embraer no ano passado.

Na teleconferência de resultados do 4T22, analistas de mercado centraram nesse tema já que a própria fabricante reconhece que as dificuldades de obter peças ainda impacta o negócio, embora a empresa tenha divulgado projeções maiores de fabricação de aviões para 2023.

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“A Embraer tem capacidade de produzir muito mais de 70 jatos comerciais por ano. É que a gente está limitada pela cadeia de suprimentos. A gente está com o slot (de produção) preenchido considerando as condições da cadeia de suprimentos”, disse o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto.

A Embraer estima entregar de 65 a 70 aeronaves de aviação comercial em 2023, e na aviação executiva, de 120 a 130 aeronaves. Em 2022, a empresa não atingiu o guidance na aviação comercial – foram entregues 57 aeronaves (a estimativa estava entre 60 a 70). Na aviação executiva, foram 102 aeronaves (a estimativa era entre 100 a 110).

“Em 2022, poderíamos ter entregue mais na aviação comercial, mas fomos limitados principalmente pela cadeia de suprimentos, mas também do final do ano um pouco da logística de inspeção de aviões”, comentou o CEO.

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Escassez também de pilotos

Ainda ocorreu no ano passado na linha de aeronaves comerciais E1 a escassez de pilotos nos Estados Unidos, limitando entregas. No caso do E2, a outra linha de aeronaves comerciais da Embraer, o problema foi o recebimento de motores.

Gomes Filho acrescentou que essas limitações influenciaram desse certa forma o guidance de 2022. “Poderia ter sido melhor (o número de entregas)”, disse.

Em 2022, na aviação comercial, a companhia entregou 67% de aeronaves E1 e 33% de E2. Já esse ano, 60% será da linha de E2 e 40% da E1. “É o primeiro ano que a gente vai entregar mais aviões E2 do que E1”, ressaltou o CEO.

Francisco Gomes Neto explicou ainda que 2021 e 2022 foram dedicados à recuperação do negócio após duas crises simultâneas: a pandemia e o fim do acordo da Embraer com a Boeing.

“A partir de 2023 o foco seria voltar a crescer. O turn around do negócio foi concluído em 2022. Estamos preparados para iniciar nova fase de crescimento. Ainda vamos enfrentar desafios na cadeia de fornecimento esse ano”, disse.

Ele comentou ainda na tele que os slots para entrega de aeronaves tanto para 2023 como 2024 estão praticamente preenchidos com a produção de jatos comerciais e executivos. “Carteira de pedidos firmes voltou ao patamar pré-pandemia”, destacou.

“Esse ano vai ser um ano desafiador com a cadeia (de suprimentos). Melhor do que o ano passado, mas ainda recebendo uma quantidade menor do que a gente gostaria e atrasos na chegada. Então, a gente vai ter que continuar com toda aquela flexibilidade com a logística e produção da aeronave. Mas 2024 a gente prevê avanço importante na cadeia”, finalizou.