As empresas e os setores que se destacaram entre os balanços do 4º tri – e no que ficar de olho para os próximos meses

Temporada de resultados mostrou recuperação com reabertura da economia no período, mas volta das restrições deve impactar números do 1º trimestre

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A temporada de resultados do quarto trimestre e do consolidado difícil ano de 2020, marcada pela pandemia do coronavírus, teve seu encerramento na última semana.

Os números, no geral, mostraram continuidade do movimento de recuperação registrado na última temporada, mas alguns sinais do fim do ano trouxeram cautela, principalmente com os números partir de dezembro com o aumento das restrições à mobilidade em meio à piora da pandemia.

A recuperação foi impulsionada pela retomada gradual da economia (o PIB do quarto trimestre cresceu 3,2% versus o terceiro trimestre) e pela injeção de capital por meio dos incentivos fiscais e monetários, aumentando a liquidez no mercado. Além disso, os resultados foram beneficiados pelo retorno dos investidores estrangeiros para a Bolsa, e uma onda de IPOs e ofertas (follow-ons) no Brasil, fazendo com que as empresas conseguissem um maior caixa, melhorando seus balanços.

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Conforme destacam os gráficos abaixo, 49% dos balanços foram acima das expectativas e 24% em linha com o que o consenso de mercado esperava, segundo compilação feita pela Bloomberg. Já em relação às projeções da XP, 55% dos resultados foram acima das expectativas e 33% em linha com os números da equipe de análise, conforme destaca relatório assinado por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research, Jennie Li, estrategista de ações, e Marcela Ungaretti, analista focada em ESG (melhores práticas ambientais, sociais e de governança).

No trimestre, um tema que chamou a atenção e que vem ganhando cada vez mais espaço nos relatórios e teleconferências de resultados de diferentes empresas é o ESG, com as companhias buscando se posicionar incluindo nos relatórios e apresentações de resultados tanto iniciativas implementadas durante o trimestre, quanto o anúncio de novos objetivos e metas para os meses adiante, avalia a XP.

A expectativa é de evolução neste quesito, com algumas empresas já mostrando resultados, com atenção para: (i) o setor de varejo, com o Grupo Mateus (GMAT3), Grupo Soma (SOMA3) e Via Varejo (VVAR3); (ii) as incorporadoras, com destaque para Lavvi (LAVV3), Tenda (TEND3) e MRV (MRVE3); e para  (iii) a Ambev (ABEV3), destacando sua iniciativa de relatar seus indicadores com metas em termos ESG.

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Fortes resultados para commodities

Olhando para os números por setor, mais uma vez o destaque ficou para as commodities, principalmente pelo aumento dos preços do minério de ferro e do aço, com destaque para Vale (VALE3) e siderúrgicas já tradicionais na B3. Mas outras novatas da Bolsa, como a Aura Minerals (AURA33) também se destacaram.

A Vale divulgou mais um balanço elogiado pelos investidores e analistas de mercado, apoiado pela alta do preço do minério de ferro e uma forte geração de caixa no período (veja mais clicando aqui). O Ebitda ajustado foi de US$ 9,1 bilhões (excluindo o Acordo Global de Brumadinho de, US$4,9 bilhões). O principal destaque foi a realização de preços acima do esperado em minério de ferro, com alta de 17% no trimestre. A geração de caixa operacional também chamou a atenção, aponta a XP, de US$4,9 bilhões, com o Ebitda mais forte. Já a dívida líquida sobre o Ebitda caiu para 0,1 vez, ante 0,3 vez no terceiro trimestre.

Entre as siderúrgicas, a Gerdau (GGBR4) registrou um salto de 939% no lucro na comparação anual, indo para R$ 1,057 bilhão, a CSN (CSNA3) viu seu lucro ir de R$ 1,1 bilhão para R$ 3,9 bilhões, enquanto a Usiminas (USIM5) teve recorde de receita, reforçando a perspectiva otimista para o setor. 

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Para o Credit Suisse, a tendência positiva deve se manter em 2021, com alta dos preços do aço. Apesar de altas dos custos, os bons preços devem compensar, levando a aumento das margens.

Levando em conta as companhias que apresentaram os seus primeiros resultados após a entrada na Bolsa, a Aura Minerals atingiu uma produção recorde de 69 mil GEO (mil onças equivalentes de ouro, GEO na sigla em inglês) no quarto trimestre de 2020, alta de 20% na base anual, totalizando 204 kGEO em 2020, alta de 15% frente 2019. Fortes níveis de produção e preços de commodities levaram a um aumento na receita líquida para US$ 101 milhões, 44% acima na base de comparação anual.

Enquanto isso, seguindo esse mesmo movimento, houve aumento do preço de petróleo (de 26,50% no quarto trimestre para o brent em dólar), mas o resultado da Petrobras (PETR3; PETR4) foi visto de formas distintas por analistas de mercado (veja mais clicando aqui). Porém, a grande dúvida para a estatal é outra: o que esperar da nova gestão – de Joaquim Luna e Silva – que substituirá Roberto Castello Branco no comando da estatal.

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Também no radar das commodities, duas grandes produtoras de celulose e papel do país, Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3) apresentaram resultados fortes, mas com a segunda brilhando ainda mais aos olhos do mercado.

Conforme destacou a Levante Ideias de Investimentos sobre a Suzano, o resultado veio forte e acima do esperado em termos de volume vendido de celulose e Ebitda, com redução do nível de endividamento e ganhos de sinergia com a fusão com a Fibria. Os analistas apontaram que os resultados foram fortes tanto no lado operacional, com a produção crescendo 10% em relação a 2019, quanto nas vendas, que avançaram 12% em volume total no ano, somando-se celulose e papel.

Fora do índice, a XP destacou que a Irani (RANI3) também surpreendeu positivamente, com Ebitda de R$ 62,5 milhões no quarto trimestre, com o preço realizado mais forte compensando parcialmente a alta no preço das aparas, além do volume de papelão ondulado de 42 mil toneladas. No segmento de papelão ondulado, os volumes de vendas foram 2% abaixo das expectativas e, como resultado, a receita líquida do segmento ficou 2% acima do esperado, em R$ 154 milhões. Já no segmento de papéis para embalagem, os preços realizados aumentaram cerca de 30% na comparação anual, enquanto a receita foi de R$113 milhões, alta de 28%, no mesmo período.

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No setor de alimentos, resultados também bastante positivos. Somente no quarto trimestre de 2020, o lucro líquido da Marfrig (MRFG3) foi de R$ 1,171 bilhão, cerca de 43 vezes superior ao desempenho do mesmo período de 2019. O Ebitda ajustado cresceu 30,3% no comparativo anual, para chegando a 2,1 bilhões de reais e o fluxo de caixa operacional livre cresceu saltou 165% em bases anualizadas, ao atingir 1,5 bilhão de reais.

A JBS  (JBSS3) também se destacou, superando as estimativas de lucro com fluxo de caixa recorde no ano passado, o que anima a produtora de carne a propor pagamentos de dividendos sem precedentes e se expandir com mais aquisições. Os números da BRF (BRFS3) também foram considerados promissores, mas há uma preocupação sobre o futuro das operações da BRF diante do cenário de preços mais altos de grãos, o que impacta muito especialmente o negócio de frangos.

Setor financeiro: resiliência em 2020, pontos de atenção em 2021

Os primeiros a divulgarem os seus números do quarto trimestre foram as empresas do setor financeiro. Em destaque, a Cielo (CIEL3) viu as suas ações saltarem mais de 13% na sessão pós-balanço, após apresentar resultados acima das expectativas no quarto trimestre de 2020, com lucro de R$ 298,2 milhões (versus R$ 202,6 milhões das estimativas de mercado) expandindo 34,7% na comparação trimestral e 197% no período devido aos maiores volumes e controle de gastos. De qualquer forma, os desafios, como a maior competição no setor de maquininhas, seguiu no radar, fazendo com que os analistas mantivessem a cautela com as ações CIEL3.

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Já entre os grandes bancos, o destaque positivo entre os resultados ficou para o Bradesco (BBDC3;BBDC4), com um lucro líquido no quarto trimestre de R$ 6,8 bilhões nos últimos três meses de 2020, o maior resultado trimestral da história do banco, 2,3% superior ao que foi identificado um ano antes e com aumento de 35,2% em relação aos três meses anteriores, além de 23% acima do consenso do mercado. O banco, contudo, terminou 2020 com lucro acumulado de R$ 19,458 bilhões, retração de 24,8% em relação a 2019.

Entre os resultados considerados positivos, mas que não empolgaram tanto o mercado, estiveram os do Santander (SANB11), com lucro de R$ 4 bilhões, implicando em ROE de 20,4%. O resultado foi impulsionado positivamente pelas menores despesas com pessoal, que vieram 8% abaixo das expectativas da XP de R$ 2,2 bilhões, uma vez que o banco vem reduzindo seu quadro de funcionários de forma consistente. Além disso, menores provisões também impactaram positivamente os lucros, porém devem ser vistas com cautela pelos investidores. O banco consumiu 10 pontos percentuais em índice de cobertura de 90 dias para 290%, embora o índice de inadimplência tenha permanecido estável em 2,1%.

Itaú (ITUB4), por sua vez, entre os bancos privados, foi o que mais decepcionou, apesar dos números não terem sido exatamente ruins. O maior banco da América Latina em número de ativos registrou lucro líquido ajustado de R$ 5,388 bilhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 26% na base anual, ficando 1% abaixo do consenso de mercado, mas aumento de 7,1% na base de comparação com o terceiro trimestre de 2020. A deterioração da linha de seguros e os custos acima do esperado impactaram o trimestre.

Já o  Banco do Brasil (BBAS3), conforme destaca a XP, apresentou resultado regular, com ganhos em linha com as expectativas de R$ 3,7 bilhões, implicando em um pequeno ROE de 12%. O resultado foi ajudado pelos impostos, que vieram positivos devido à maior distribuição de juros sob capital próprio no trimestre, mas compensados por maiores provisões operacionais, “um problema antigo que pensávamos que estaria resolvido”, destaca a equipe de análise.  Veja mais sobre os resultados dos grandes bancos clicando aqui.

Após um ano de 2020 bastante complicado, algumas temas seguirão no radar dos investidores do setor bancário, com os investidores de olho nos índices de inadimplência, levando em conta o cenário ainda incerto para a economia e com o fim dos programas de parcelamento de crédito adotados pelos bancos e com os programas governamentais ao menos mais enxutos. Mais a longo prazo, temas que já estavam em destaque antes mesmo da pandemia, como a necessidade de maior digitalização e corte de custos para lidar com a maior concorrência, além dos efeitos da agenda do Banco Central com o Pix e o open banking, seguem no radar.

E-commerce e varejistas: os destaques

Em meio à pandemia do coronavírus que levou a maiores restrições de mobilidade e impulsionou as atividades online, no geral, as empresas com grande exposição ao e-commerce se destacaram em 2020, mas o último trimestre do ano passado já trouxe alguns sinais de que 2021 poderia ser mais desafiador para as companhias, principalmente em meio ao aumento da concorrência.

No quarto trimestre, as vendas do e-commerce tiveram crescimento, com o Magazine Luiza (MGLU3) se destacando, em alta de 120,7% das vendas brutas de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) na comparação anual, enquanto Via Varejo (VVAR3) , dona das Casas Bahia e Ponto Frio, teve alta de 106% e  B2W (BTOW3) mostrou crescimento de 38,2%.

Na avaliação da XP Investimentos, o Magalu reportou sólidos resultados referentes ao quarto trimestre de 2020, levemente acima dos números esperados pelos analistas, explicado tanto por um crescimento de GMV online acima das estimativas e dos pares, como também por uma performance de varejo físico bastante resiliente, com crescimento de vendas mesmas lojas em 10,9% na base anual.

A Via Varejo registrou lucro líquido de R$ 336 milhões no quatro trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 875 milhões visto no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado por uma “transformação digital” acelerada pela pandemia de coronavírus, segundo a companhia. Vale destacar que os resultados do trimestre foram ajustados a diversos efeitos não recorrentes, como créditos fiscais e previdenciários, que somaram R$ 127 milhões no período. Ao desconsiderar o montante, os ganhos são de R$ 209 milhões.

No caso da B2W e Lojas Americanas, os resultados foram vistos como mistos pelo mercado. Contudo, para 2021, apontaram para um cenário mais promissor. Conforme destaca a Levante, o resultado da B2W veio um pouco abaixo do esperado, mas a empresa voltou a apresentar lucro líquido no trimestre, ainda que modesto, puxado pela forte alta das vendas e melhora na eficiência operacional. Os analistas da casa de research apontam que a companhia ainda encontra dificuldades em rentabilizar sua base grande de vendas no segmento 3P (marketplace – produtos de terceiros), que possui margens maiores, enquanto ainda consome boa parte da estrutura logística, além da estratégia adotada em períodos anteriores que visava o aumento de GMV em detrimento do Take-Rate (taxa de serviço pelo uso da estrutura de marketplace).

O Bradesco BBI destacou as iniciativas para tornar a B2W mais competitiva, mas apontou que, provavelmente, isso tornará o mercado como um todo mais agressivo em várias frentes, como em questões de frete, precificação e aquisições no segmento logístico. Assim, a preocupação em torno  do acirramento da disputa entre as maiores do setor (o que inclui Mercado Livre, Magalu e Via Varejo) segue levando a estimativas mais conservadoras por parte dos analistas.

“Nossa preferência entre as companhias de e-commerce continua a ser de empresas menores, de nicho como a Enjoei  (ENJU3), com menos exposição às categorias de eletrônicos e eletrodomésticos e pelo fato de atuar em uma categoria com baixa penetração do e-commerce com alto potencial de crescimento”, afirmaram na ocasião.

Entre as companhias de varejo de moda, a XP destacou que a Lojas Renner (LREN3) reportou resultados levemente acima das estimativas, decorrente de uma receita mais forte na operação de varejo e uma rentabilidade melhor na Realize (Serviços Financeiros). A companhia entregou uma receita estável (alta de 1,6% na base anual) na operação de varejo apesar da dinâmica de consumo mais fraca no fim do trimestre enquanto o varejo físico teve crescimento de receita na semana do Natal, mesmo em meio ao aumento de casos de Covid-19 e restrições mais severas.

A C&A (CEAB3), por sua vez, reportou resultados em linha com o esperado, vistos como sólidos devido ao forte desempenho do canal digital e uma receita estável na base anual, apesar de um cenário mais desafiador em dezembro, no principal mês do ano para o segmento. Para o segmento em geral, a XP ressalta que o momento de curto prazo deve seguir difícil, devido às incertezas em relação à velocidade da campanha de vacinação combinado ao aumento recente de casos da Covid-19 e seu impacto na confiança do consumidor. Porém, o setor de vestuário desponta como um dos principais beneficiários em um cenário dea recuperação econômica e da retomada da normalidade.

No varejo, a XP também aponta que o destaque ficou para o segmento de supermercados, uma vez que o consumo em casa continuou sendo uma realidade e o início da reabertura (que depois foi revertida em meio ao aumento dos casos de coronavírus) contribuiu para a gradual recuperação do consumo fora de casa, beneficiando o atacarejo. Com isso, Carrefour (CRFB3) e Pão de Açúcar (PCAR3) apresentaram resultados fortes. O cenário beneficiou também o setor de bebidas, representado pela Ambev, que teve um maior volume de vendas (alta de 7,6% na base anual) e também conseguiu repassar custos pelo aumento dos preços (alta de 5,3% na comparação anual).

Melhoras, mas atenção às restrições

Olhando para o setor imobiliário como um todo, a XP destaca que o afrouxamento da quarentena acabou beneficiando os shopping centers, à medida as restrições com o horário de operação e de capacidade máxima foram flexibilizadas.

Já do lado da construção civil, o bom resultado foi puxado pelas incorporadoras de baixa renda, devido aos lançamentos e melhores performances de venda.

Esse cenário de redução das restrições de mobilidade afetou positivamente também as empresas do setor de saúde, uma vez que tratamentos e procedimentos eletivos, adiados e/ou cancelados no primeiro semestre, voltaram a ser realizados. Porém, com a volta das restrições em meio à piora da pandemia, esses segmentos também são afetados.

O setor aéreo, um dos mais impactados negativamente pela pandemia, também teve as suas expectativas para o começo de 2021 reduzidas em meio às novas restrições.

A Gol (GOLL4) relatou  um lucro modesto de R$ 16,8 milhões no quarto trimestre, que é parte da alta temporada do Brasil. Mesmo assim, a registrou prejuízo em todo o ano de 2020 de R$ 6 bilhões, em grande parte devido à pandemia de Covid-19. Mas, além disso, revisou para baixo perspectivas para o começo de 2021. A companhia, que esperava receita do primeiro trimestre chegasse a R$ 2,4 bilhões, estima atualmente em R$ 1,7 bilhão. A nova projeção representa apenas 52% dos níveis pré-pandemia.

A Azul (AZUL4), no acumulado de 2020, viu uma grande piora do resultado por conta da pandemia do coronavírus. Diante disso, seu prejuízo aumentou mais de quatro vezes, passando de R$ 2,40 bilhões em 2019 para R$ 10,83 bilhões no ano passado. Com o cenário mais complicado para o setor, o Morgan Stanley rebaixou, no final de março, a recomendação das ações de  equal-weight (exposição em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda).

Outro setor que apresentou fracos resultados foi o de educação. Se o 4º trimestre já é sazonalmente mais fraco, o cenário fica ainda mais agravado pela Covid-19. O grupo de educação Yduqs (YDUQ3) teve prejuízo de R$ 102,6 milhões no quarto trimestre, ante lucro de R$ 58,1 milhões em igual etapa de 2019, também refletindo efeitos da gradual descontinuidade do Fies.

Na visão da XP, o ciclo de captação de 2021 provavelmente será impactado pela segunda onda da Covid no Brasil; mesmo assim, as expectativas para o longo prazo são mais otimistas, avaliando positivamente os sinais de aumento da participação do ensino à distância (com a base de alunos crescendo 64% na comparação anual, acima das estimativas) e com uma melhora em termos de evasão em relação ao quarto trimestre de 2019 . Já com relação à Cogna (COGN3), apesar da companhia promover uma verdadeira “limpeza” no seu balanço no quarto trimestre, o ambiente é de maior cautela, ressaltando que o grande números de efeitos não-recorrentes isso não elimina o risco de mais efeitos negativos com provisões ou impairments à frente.

Entre demais empresas da bolsa, outros destaques negativos ficaram para a Ultrapar (UGPA3) e a SulAmérica (SULA11). O resultado da Ultrapar refletiu resultados abaixo do esperado nas subsidiárias Ipiranga e Ultragaz, que foram parcialmente compensados por melhores resultados na Oxiteno e Extrafarma e resultados em linha na Ultracargo.

Já a SulAmérica viu seu lucro caindo 91% anualmente para R$ 43 milhões (versus consenso de R$ 316 milhões), implicando um retorno sob patrimônio líquido de 12% no trimestre (versus 18% no quarto trimestre de 2019). As principais áreas que impactaram o resultado foram a sinistralidade, que aumentou 4,4 pontos percentuais no trimestre para 80% devido a uma combinação de aumento de internações por COVID-19 e a volta dos procedimentos eletivos por usuários, o resultado financeiro, que caiu 76% no trimestre para R$ 33 milhões e, por fim, o índice de despesas administrativas piorou 0,9 ponto percentual anualmente e 3,3 pontos percentuais no trimestre para 10,7%.

Desta forma, no geral, o quarto trimestre de 2020 foi visto como positivo com a recuperação da economia, mas o ambiente que se desenha com a piora da pandemia deve impactar os números do primeiro trimestre de 2021, principalmente em segmentos ligados à economia doméstica. Enquanto isso, para as commodities no geral, as expectativas seguem positivas

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.