Resultado da Gerdau supera projeções e reforça visão positiva dos analistas para setor siderúrgico

Analistas destacaram lucro e Ebtida acima do esperado, puxados principalmente pelo desempenho do mercado brasileiro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A Gerdau (GGBR4) encerrou nesta quarta-feira (24) a temporada de resultados do quarto trimestre para as companhias siderúrgicas. E assim como aconteceu com CSN (CSNA3) – cujo lucro saltou de R$ 1,1 bilhão para R$ 3,9 bilhões – e Usiminas (USIM5) – que teve recorde de receita -, a empresa apresentou bons números e reforçou a perspectiva positiva para o setor.

A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,057 bilhão nos últimos três meses de 2020, um salto de 939% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em termos ajustados, o lucro ficou em R$ 1,2 bilhão, ante R$ 61 milhões um ano antes.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 169% ano a ano, para R$ 3,056 bilhões, com margem Ebitda ajustada em 22,4%, de 11,9% um ano antes. Projeções compiladas pela Refinitiv apontavam lucro líquido de R$ 851,41 milhões e Ebitda de R$ 1,981 bilhão para o período.

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A receita líquida da Gerdau, por sua vez, saltou 43%, indo de R$ 9,5 bilhões para R$ 13,6 bilhões. No acumulado do ano, esse número ficou em R$ 43,8 bilhões, ante R$ 39,6 bilhões em 2019.

De acordo com a empresa, a receita, os lucros e o Ebtida foram influenciados pela depreciação do real, que caiu 31% na comparação com o dólar ao longo do ano, tendo impacto positivo na conversão do que é produzido pela empresa na América do Norte, que representa 38,7% da receita da companhia e também pelo melhor desempenho das vendas no mercado interno.

Houve ainda, segundo a Gerdau, uma “recomposição das margens”, em razão do aumento dos custos da matéria-prima, com o minério de ferro avançando 69% na base anual e a sucata avançando 69%.

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Segundo analistas, o bom resultado foi puxado principalmente pelo mercado brasileiro, onde, segundo destacou o Itaú BBA, os preços sobre o volume interno aumentaram 25% no trimestre e levaram as margens a 31%, o melhor resultado na divisão dos últimos 12 anos.

A XP Investimentos aponta que o resultado ficou acima do esperado e os principais destaques foram exatamente os preços mais fortes nas unidades do Brasil e também dos EUA, o que resultou em margens saudáveis em praticamente todas as linhas do balanço.

“O fluxo de caixa livre foi de R$ 2,4 bilhões com o forte resultado operacional e redução do capital de giro. A dívida líquida atingiu R$ 9,9 bilhões (contra R$ 12,3 bilhões no terceiro trimestre), enquanto a alavancagem, medida pela razão Dívida Líquida/Ebitda, caiu para 1,25x, contra 2,07x no 3T20”, destacaram os analistas, mantendo uma recomendação de compra para as ações.

Já a equipe do Bradesco BBI espera que a Gerdau se beneficie do forte ambiente de precificação do aço em todas as regiões, além da sólida demanda de aços longos no Brasil e das margens saudáveis nos EUA.

“Embora seja cedo para definir o preço de qualquer recuperação da demanda impulsionada por infraestrutura nos EUA, acreditamos que a probabilidade de um programa de infraestrutura substancial ser aprovado pelo novo governo Biden é alta”, afirmam os analistas indicando que as ações da companhia poderiam ser mais beneficiadas se esse assunto seguir em pauta.

Em comunicado, a Gerdau ainda informou que pretende investir em 2021 os recursos que estavam previstos para 2020 e que acabaram não acontecendo por conta da pandemia da Covid-19. Com isso, a projeção de investimentos para este ano passou de R$ 2,6 bilhões para R$ 3,5 bilhões.

“Uma vez que a capacidade da companhia investir está diretamente relacionada à sua geração de fluxo de caixa livre, que tem tido um desempenho bastante favorável, a companhia aprovou uma revisão de seu plano”, disse a empresa.

Sobre o futuro, o Credit Suisse destaca que, como os prêmios de paridade de importação para aços longos no Brasil estão próximos de zero e a demanda continua forte, é possível que aumentos adicionais de preços possam ocorrer nos próximos meses. “Este cenário deve ajudar a Gerdau a manter um nível saudável de lucratividade e compensar os custos mais altos de matéria-prima”, afirma o banco.

Apesar do bom resultado e das projeções positivas, os analistas mantiveram uma recomendação neutra para os papéis da empresa. “Em contraste com 2020, acreditamos que em 2021 o mercado brasileiro de aços planos deve superar os longos com um crescimento de 10% na comparação anual (contra 7% de crescimento para longos), e nossos números mostram que o mercado já precificou amplamente a grande recuperação dos resultados da Gerdau em 2021”, explicam os analistas.

De acordo com o Credit, hoje a ação da Gerdau é negociada a 6,0 vezes EV/Ebitda (múltiplo que divide o valor da empresa pelo seu Ebitda), o que está em linha com sua média histórica entre 6 e 6,5 vezes. Além disso, os analistas apontam que a empresa entrega um rendimento de fluxo de caixa de cerca de 8%, valor abaixo de seus pares.

Por outro lado, entre as recomendações, a Gerdau segue próxima de CSN e Usiminas. Segundo dados compilados pela Refinitiv, a empresa tem 5 recomendações de compra, cinco de manutenção (ou neutra) e apenas uma de venda.

Cenário parecido com a Usiminas, que conta com seis recomendações de compra atualmente, quatro neutras e uma de venda. Já a CSN possui apenas três “compra” e duas recomendações de manutenção, sem nenhuma de venda.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.