Lojas Americanas e B2W não animam com resultado do 4º tri, mas dão sinalizações positivas sobre 2021

Aumento tímido de vendas no online desanimou, mas dados de janeiro e fevereiro mostram melhora; analistas monitoram concorrência

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um dia de ganhos para o Ibovespa, as ações da Lojas Americanas (LAME4) e da sua controlada B2W (BTOW3) registram quedas expressivas nesta sexta-feira (5), que chegam a ser de cerca de 4% no início da tarde. Além de um dia negativo para as companhias do e-commerce em geral com a forte queda do Nasdaq, nos EUA, que concentra as ações do setor de tecnologia por lá, os papéis repercutem os resultados do quarto trimestre, visto como mistos pelos analistas de mercado.

A Lojas Americanas (LAME4 registrou lucro líquido de R$ 400,4 milhões no quarto trimestre de 2020, valor muito próximo aos R$ 398 milhões apurados no mesmo período de 2019. A receita líquida da Controladora chegou a R$ 4,112 bilhões nos três últimos meses de 2020, recuo de 4,8%. No Consolidado, as receitas foram a R$ 7,433 bilhões, avanço de 15%. A venda bruta de mercadorias (GMV, na sigla em inglês) foi de R$ 13,499 bilhões, avanço de 18,4%.

Enquanto isso, a B2W (BTOW3registrou lucro líquido de R$ 15,6 milhões no quarto trimestre de 2020. No mesmo período do ano anterior, a companhia havia registrado prejuízo de R$ 22,3 milhões.

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As vendas totais (GMV) da empresa somaram R$ 9,18 bilhões de outubro a dezembro do ano passado, o que configura um crescimento de 38,2% na comparação anual, abaixo da alta de 50% esperada pelo consenso Bloomberg. No ano, o crescimento do GMV foi de 47,6%, chegando a R$ 27,7 bilhões.

A B2W viu sua receita líquida subir em 50%, para R$ 3,33 bilhões. Já o Ebitda ajustado ficou em R$ 385,7 milhões no período, uma alta de 51,7% frente ao registrado de outubro a dezembro de 2019.

Conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, o resultado da B2W veio um pouco abaixo do esperado, mas a empresa voltou a apresentar lucro líquido no trimestre, ainda que modesto, puxado pela forte alta das vendas e melhora na eficiência operacional.

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Os analistas da casa de research apontam que a companhia ainda encontra dificuldades em rentabilizar sua base grande de vendas no segmento 3P (marketplace – produtos de terceiros), que possui margens maiores, enquanto ainda consome boa parte da estrutura logística, além da estratégia adotada em períodos anteriores que visava o aumento de GMV em detrimento do Take-Rate (taxa de serviço pelo uso da estrutura de marketplace).

Ao falar tanto de Americanas quanto de B2W, a XP Investimentos apontou que o resultado foi um pouco acima do que estava esperando, ainda que fraco, por conta de uma margem bruta um pouco acima na B2W e menores despesas operacionais na LASA.

Contudo, a B2W ainda teve crescimento relativamente baixo de vendas, enquanto a Americanas foi negativamente impactada pelas restrições de Covid no fim do ano. No mesmo sentido, o Bradesco BBI ressalta que a B2W adicionou apenas R$ 2,5 bilhões em valor bruto de vendas on-line no quarto trimestre de 2020, levemente acima dos R$ 2,4 bilhões da Via Varejo, que o banco define como a plataforma menos avançada atualmente.

2021 será melhor?

Porém, há sinais positivos para a B2W e para a Lojas Americanas, conforme apontam os analistas. A B2W também divulgou os números de crescimento de GMV em janeiro e fevereiro de 2021, tendo acelerado de forma relevante versus o quarto trimestre para 83% e 90% na comparação anual, respectivamente, mostrando evolução na estratégia das companhias.

“Vemos a aceleração do ritmo de crescimento do GMV de B2W nos primeiros meses do ano como positiva e está em linha com nossa expectativa de que a B2W se destaque em 2021 em termos de ganhos de participação de mercado devido a uma base de comparação “mais fácil” (já que seu marketplace foi mais prejudicado em 2020) aliada a melhores condições oferecidas aos seus vendedores parceiros do marketplace e consumidores”, apontam os analistas da XP. No entanto, avaliam, é importante monitorar como será a performance das demais companhias no setor no primeiro trimestre de 2021 para haver uma melhor interpretação desse resultado.

Na mesma linha, a Levante ressalta que a virada para o lucro líquido no trimestre e melhorias mais concretas da estratégia iniciada em 2020 começando a dar frutos, com o bom desempenho operacional em janeiro e fevereiro de 2021, são sinais positivos.

Além disso, também está no radar o anúncio feito pelas companhias no final do mês passado dos estudos para uma fusão. Através dessa operação, será possível finalmente integrar as operações online robustas da B2W com as mais de 1.700 lojas da Americanas, criando um sistema multicanal completo (Via Varejo e Magazine Luiza já possuem estrutura consolidada). Outro fator positivo é impulsionar as margens pela maior participação do segmento 1P (Estoque Próprio) e com a possibilidade de ganho de escala na etapa last mile (última milha) das entregas.

Também em destaque, os analistas apontam outras iniciativas, como a melhora gradual de sua relação com os lojistas do marketplace, as melhorias da estrutura da loja virtual, comissionamento e ampliação do alcance do fullfilment (quando o lojista tem acesso e utiliza a estrutura logística da B2W – em termos simplificados) e abertura de mais 5 centros de distribuição. Já a entrega rápida, em até 24 horas, representou 40% das vendas no quarto trimestre de 2020, enquanto houve crescimento das entregas em até 3 horas (11,5% das vendas). A Ame Digital também teve crescimento, contando com 17 milhões de usuários enquanto que, em fusões e aquisições, as compras de Bit Capital e Parati devem acelerar a frente de inovação, abrindo novas frentes de melhora na eficiência operacional e monetização.

Assim, aponta a Levante, a B2W parece acelerar os passos para alcançar seus principais concorrentes. O ponto de observação principal agora é se a empresa será capaz de realizar a virada para o positivo na geração líquida de caixa das suas operações, avalia.

A XP mantém recomendação de compra para os papéis das duas companhias, com preço alvo de R$ 121 e de R$ 36 por ação para o fim de 2021 para BTOW3 e LAME4, respectivamente. Para a Lojas Americanas, os analistas destacam maior capilaridade, forte presença no online (com a B2W) e uma instituição de serviços financeiros em crescimento por meio da Ame. Na avaliação dos analistas, a empresa está bem posicionada para crescer em 2021, pois enfrenta uma base de comparação mais fraca em relação aos seus pares, oferece um portfólio de produtos mais diversificado em seu marketplace e por conta das novas medidas para melhorar a experiência de vendedores e clientes.

O Bradesco BBI, por sua vez, mantém recomendação neutra para ambos os papéis. Apesar de celebrar as iniciativas para tornar a B2W mais competitiva, o banco também aponta que, provavelmente, isso tornará o mercado como um todo mais
agressivo em várias frentes, como em questões de frete, precificação e aquisições no segmento logístico. Assim, a preocupação em torno  do acirramento da disputa entre as maiores do setor (o que inclui Mercado Livre, Magalu e Via Varejo) segue levando a estimativas mais conservadoras por parte dos analistas.

“Nossa preferência entre as companhias de e-commerce continua a ser de empresas menores, de nicho como a Enjoei  (ENJU3), com menos exposição às categorias de eletrônicos e eletrodomésticos e pelo fato de atuar em uma categoria com baixa penetração do e-commerce com alto potencial de crescimento”, avaliam.

De acordo com compilação da Refinitiv com projeções de quem cobre os papéis, de 15 casas que cobrem LAME4, 14 recomendam compra, enquanto só 1 tem recomendação neutra; já para a B2W, há uma divisão maior, mas a visão ainda é majoritariamente positiva. De 15 casas que cobrem o ativo, 10 recomendam compra e 5 têm recomendação neutra. As iniciativas das companhias são positivas, mas os analistas monitoram de perto o cenário concorrencial.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.