A queda da Celsius: o caminho da plataforma de empréstimos de cripto até a insolvência

Entenda a batalha de Celsius contra a insolvência durante o crash das criptomoedas, desde a decisão de limitar serviços até o pedido de falência

CoinDesk

(Crédito: Gettyimages)

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Após uma batalha de meses com problemas de insolvência, a problemática plataforma de empréstimos de criptomoedas Celsius Network iniciou um processo de falência.

A Celsius é a terceira grande empresa de cripto a declarar falência nas últimas duas semanas em meio à queda dos preços das moedas digitais, atingidas pelas fortes pressões inflacionárias e pelas condições de mercado voláteis, que levaram investidores a fugirem de ativos de risco.

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O primeiro sinal de angústia da Celsius veio em 12 de abril, quando a plataforma anunciou que começaria a manter moedas de investidores não credenciados em custódia nos Estados Unidos, e que os investidores não poderiam mais adicionar novos ativos nem ganhar recompensas em sua plataforma “Earn” (ganho, em tradução livre).

Em uma publicação no blog da plataforma, a Celsius disse que estava trabalhando “em estreita colaboração com reguladores de todo o mundo” e que estava em discussões contínuas com os reguladores dos EUA sobre o produto “Earn”. “Como resultado, haverá mudanças na maneira como nosso produto Earn funcionará para usuários baseados nos Estados Unidos”, escreveu na época.

Foi em maio, contudo, que o mercado começou a azedar. A stablecoin algorítmica TerraUST (UST) e a moeda irmã Terra (LUNA) implodiram em um colapso de US$ 40 bilhões, interrompendo o mercado de criptomoedas e levando a US$ 300 bilhões em perdas no universo cripto.

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O colapso da LUNA e da UST prejudicou a confiança dos investidores no mercado de criptomoedas, acelerando o início de um “inverno cripto” e uma liquidação em toda a classe que estimulou uma série de saques por usuários da Celsius.

Mais tarde, em seus pedidos de falência, a Celsius atribuiu seus problemas de liquidez ao “efeito dominó” do colapso da LUNA.

Congelamentos, reestruturação

Dois meses após o primeiro sinal, a Celsius anunciou em 12 de junho o congelamento de saques, swaps e transferências em resposta a “condições extremas de mercado”, contribuindo para rumores de que a plataforma se tornou profundamente insolvente.

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Na data, a empresa não relevou nenhum cronograma para restaurar os serviços dos usuários, alimentando o medo entre os 1,7 milhão de usuários da plataforma de que seus ativos ficariam congelados indefinidamente.

Foi apenas no dia 30 do mesmo mês que a Celsius contratou a consultoria norte-americana especializada em reestruturação Alvarez & Marsal, para explorar as opções da empresa para mitigar as consequências de sua queda.

“Estamos focados e trabalhando o mais rápido possível para estabilizar a liquidez e as operações, a fim de estarmos posicionados para compartilhar mais informações com a comunidade”, escreveu a empresa no blog, na época.

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Demissões e acusações

Em meio aos problemas de liquidez, a Celsius anunciou, em 3 de julho, a demissão de cerca de 23% do quadro de funcionários. “Estamos operando com toda a comunidade e todos os clientes em mente enquanto trabalhamos nesses tempos desafiadores”, escreveu a plataforma, no blog.

Poucos dias depois, a plataforma de finanças descentralizadas (DeFi) KeyFi entrou com uma ação judicial na Suprema Corte do estado de Nova York (EUA), alegando que a Celsius está envolvida em manipulação de mercado e que não implementou controles contábeis básicos para proteger os depósitos dos usuários.

Nesse mesmo dia (7 de julho), o CEO da KeyFi, Jason Stone, foi ao Twitter acusar a Celsius de mentir sobre sua falta de estratégia de investimento e supervisão. “Eles não estavam protegendo nossas atividades, nem as flutuações nos preços dos criptoativos”, twittou Stone. “Todo o portfólio da empresa teve exposição nua ao mercado.”

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Stone também acusou a empresa de operar como um esquema ponzi e enganá-lo com potencialmente centenas de milhões de dólares em pagamento.

Empréstimos e falência

Na última terça-feira (12), a Celsius disse que pagou totalmente sua dívida no protocolo de finanças descentralizadas (DeFi) Aave, liberando US$ 26 milhões em tokens como parte de sua mais recente manobra de reestruturação.

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Com isso, a dívida da plataforma no protocolo Aave foi reduzida em US$ 95 milhões, liberando o restante dos tokens prometidos como garantia contra a dívida da Celsius, incluindo cerca de US$ 10 milhões em stETH, um derivado do Ethereum (ETH) que paga recompensas de staking (depósito com rendimento em um smart contract); US$ 13 milhões em tokens LINK da blockchain Chainlink; e US$ 3 milhões no token SNX do protocolo Synthetix.

No dia seguinte, contudo, a Celsius Network solicitou proteção contra falência por meio do “Chapter 11″ (Capítulo 11, em tradução livre) no Tribunal de Falências dos EUA para o Distrito Sul de Nova York.

“O arquivamento de hoje segue a difícil, mas necessária decisão da Celsius no mês passado de pausar saques, swaps e transferências em sua plataforma para estabilizar seus negócios e proteger seus clientes”, escreveu a empresa em comunicado.

“Sem uma pausa, a aceleração dos saques teria permitido que certos clientes – aqueles que foram os primeiros a retirar os ativos – fossem pagos integralmente, deixando outros para trás, esperando a Celsius conseguir retornos com ativos ilíquidos ou de longo prazo antes de receberem o montante investido.”

Na quinta-feira (15), um pedido judicial da parceira consultiva da Celsius, a Kirkland & Ellis, revelou que a plataforma possui um rombo de US$ 1,2 bilhão em seu balanço – a primeira vez que a Celsius reconhece tal buraco no balanço.

O mercado segue agora acompanhando os novos desdobramentos. Na sexta-feira (15), o jornal Financial Times revelou que a Celsius Network deve US$ 439 milhões para a empresa de investimento institucional EquitiesFirst, com sede em Indianápolis, nos EUA.

A Celsius começou a emprestar da EquitiesFirst em 2019. Dois anos depois, a empresa solicitou a devolução do valor de um empréstimo e, em troca, devolveria as criptomoedas usadas como garantida. A Celsius informou, no entanto, que não conseguiria restituir os valores em “tempo hábil”, segundo a reportagem.

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