O Ethereum (ETH) está passando por uma grande transformação. A mudança, apelidada de Ethereum 2.0, mudará o mecanismo de consenso (um tipo de algoritmo) do projeto, que será baseado em “proof-of-stake”, e não mais em mineração.

Simplificando, o staking é o processo de bloquear uma quantidade de ETH – a criptomoeda nativa da blockchain Ethereum – por um período de tempo especificado, a fim de contribuir para a segurança da rede e ganhar recompensas.

As pessoas que fazem isso são conhecidas como “validadores” ou “stakers”. A tarefa delas é processar transações, armazenar informações e adicionar blocos. Como “pagamento” pelo envolvimento ativo no sistema, os validadores recebem juros.

Esse método de staking não serve apenas como uma oportunidade de renda passiva para os participantes, mas também ajuda a garantir a atualização da rede.

Toda essa mudança ficará completa quando a blockchain Ethereum se fusionar com a cadeia paralela do projeto, chamada de “Beacon Chain”, que já funciona com o modelo de consenso baseado em staking, chamado de prova de participação (proof-of-stake, ou PoS).

O que é Proof-of-Stake?

Como parte dos planos para permitir um processo de validação de transações mais rápido e ecológico, espera-se que os desenvolvedores do protocolo Ethereum executem uma mudança de um modelo de consenso conhecido como prova de trabalho (proof-of-work, ou PoW) para o PoS.

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A prova de participação é o nome de um algoritmo que exige que os usuários mantenham uma quantidade de criptomoeda na rede para se tornarem validadores, conforme descrito acima. É diferente da prova de trabalho, na qual os usuários precisam comprar equipamentos potentes e competir com outros participantes para validar transações e receber recompensas.

Muitas vezes, um validador em um sistema PoS aumenta as chances de ganhar recompensas na rede guardando mais moedas nela. Dependendo do PoS, os usuários também podem delegar sua participação a outro usuário que pode desempenhar as responsabilidades de ser um validador em seu nome.

Por que o Ethereum está mudando para proof-of-stake?

Uma das principais razões para a mudança de consenso é reduzir drasticamente os requisitos de energia para validar transações e emitir novos ETH. De acordo com a Ethereum Foundation, que lidera o desenvolvimento do projeto, espera-se que o novo sistema PoS reduza o gasto de eletricidade consumida durante o processo de validação em 99,95%.

Uma razão para isso é que os requisitos mínimos de hardware para executar um nó validador de PoS são significativamente mais baratos e fáceis de acessar para o usuário médio do que o hardware de computador avançado necessário para minerar, por exemplo, o Bitcoin (BTC), que usa o PoW.

O staking de Ethereum, ao contrário da mineração de BTC, pode ser feito em computadores ou laptops comuns e, portanto, elimina a necessidade de equipamentos de mineração que consomem muita eletricidade. Por ser mais acessível, também significa que há uma forte possibilidade de que o Ethereum 2.0 atraia mais operadores de nós. Isso, por sua vez, ajudará a impulsionar a descentralização da nova rede.

O PoS do Ethereum também pretende lançar as bases para o “sharding” – uma técnica de particionamento que permite que várias cadeias paralelas compartilhem dados e cargas de transações com eficiência. Essas cadeias paralelas (chamadas também de shards), quando combinadas com “rollups” (soluções de escalabilidade), podem permitir que o Ethereum processe mais de 100 mil transações por segundo. Isso é um grande salto em comparação com as 10 a 15 transações por segundo que o projeto processa atualmente.

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Os rollups envolvem o agrupamento de dezenas de transações fora da cadeia principal, criando uma prova criptográfica (evidência de sua validade) e, em seguida, enviando isso para a rede principal.

Como funciona o staking do Ethereum?

Ao contrário de blockchains baseadas em PoW, aquelas alimentadas por PoS agrupam 32 blocos de transações durante cada rodada de validação, com duração média de 6,4 minutos. Esses “pacotes” de blocos são considerados finalizados – ou seja, as transações contidas são irreversíveis – quando a rede adiciona mais dois pacotes na sequência.

Durante o processo de validação, a rede agrupa aleatoriamente os validadores em “comitês” de 128 membros e atribui a eles um bloco de fragmentos de dados específico para checagem.

Cada comitê de validadores tem um tempo definido para propor um novo bloco checado e validar as transações dentro dele. No total, são necessários 32 conjuntos de comitês para concluir o processo de validação de cada pacote de dados.

Uma vez que um comitê fica a cargo de verificar as transações contidas em um bloco de informações, um membro aleatório do grupo recebe o direito exclusivo de executar a tarefa, enquanto os 127 membros restantes votam na proposta e atestam as transações.

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Uma vez que a maioria do comitê atestou o novo bloco verificado, ele é adicionado a blockchain e um processo de reconciliação chamado de “cross-link” é criado para confirmar sua inserção. Só então o staker de Ethereum que foi escolhido para propor o novo bloco recebe sua recompensa.

Os proponentes e atestadores de blocos têm modelos de recompensa variados. O proponente do bloco recebe 1/8 da recompensa base, enquanto os atestadores recebem os 7/8 restantes, que são ajustados com base em quanto tempo leva para o proponente do bloco enviar o atestado.

O atestador deve enviá-lo o mais rápido possível para ganhar a totalidade da recompensa de 7/8. Para cada conjunto de pacote de dados que passam sem o atestador incluindo o atestado do bloco, a recompensa diminui. Se dois pacotes passarem antes que o atestado seja incluído, a recompensa será reduzida em 7/16 avos, em 7/32 avos para três pacotes, e assim por diante.

Uma recompensa base é o determinante primário fundamental da taxa de emissão do Ethereum 2.0. Quanto mais validadores estiverem conectados, menor será a recompensa base por validador. Isso porque a recompensa base é inversamente proporcional à raiz quadrada do saldo total de todos os validadores ETH 2.0.

Como se envolver com o Ethereum 2.0

Os interessados em fazer staking na nova rede Ethereum precisam configurar um nó de staking por meio da execução de “clientes” Ethereum 1.0 e Ethereum 2.0. Os clientes são softwares que permitem que o computador interaja com a blockchain do projeto.

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Os clientes de software compatíveis para nós de staking incluem:

  • Prysm: É uma variante da linguagem Go do software Ethereum.
  • Nimbus: É uma versão leve de Ethereum 1.0 e Ethereum 2.0 escrita na linguagem de programação Nim.
  • Teku: É um cliente de software Ethereum 2.0  voltado para empresas escrito em Java.
  • Lighthouse: É um software usa a linguagem de programação Rust.
  • Lodestar: É um software criado pela empresa de pesquisa Chaincode Labs que usa JavaScript/Typescript.

Como requisito mínimo, você precisará usar um computador com espaço de memória suficiente para baixar as duas blockchains Ethereum – as antigas e as novas. O Ethereum 1.0, vale informar, contém cerca de 900 gigabytes de dados e se expande a uma taxa de cerca de 1 GB por dia.

Os validadores também devem manter seus nós conectados à blockchain 24 horas por dia, sete dias por semana. Portanto, uma conexão de internet de qualidade é um critério fundamental. Depois de instalar o software validador em seu computador, a próxima etapa é bloquear um mínimo de 32 ETH para o endereço de contrato de staking Ethereum apropriado. A sequência é a seguinte: 0x00000000219ab540356cbb839cbe05303d7705fa.

Para fazer isso, você terá que gerar duas chaves – uma para assinar e validar blocos de transações e outra para sacar seus fundos. No entanto, você não poderá criar sua chave de retirada por até que o Ethereum passe pela atualização da Fusão.

Importante: é preciso primeiro visitar a barra de lançamento do Ethereum 2.0 e seguir as instruções contidas antes de efetuar o pagamento no endereço do contrato de staking.

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Esse pagamento valida o seu pedido para se tornar um validador. Ele também fornece à rede uma maneira de punir validadores desonestos que minam a validade da blockchain intencionalmente ou acidentalmente. Sempre que o sistema perceber discrepâncias nas atividades dos validadores, ela “cortará” (slash, em inglês) os fundos em staking dos culpados.

O “slashing” é o termo usado para identificar quando um validador do Ethereum 2.0 quebra propositalmente as regras e é removido. Uma quantia de seu ETH mantido na rede também é recolhida como penalidade – em alguns casos, o valor total de 32 ETH pode ser retirado.

Da mesma forma, os nós do validador offline também recebem penalidades menores para incentivar a que permaneçam conectados à rede. O protocolo emite penalidades e recompensas aproximadamente a cada seis minutos e meio.

Quão lucrativo é o staking de Ethereum?

A recompensa distribuída a quem “guarda” cripto na rede depende do número total de ETH mantidos e do número de validadores na blockchain. Quando o conjunto de ETH em staking cai, a taxa de juros anual aumenta.

Por exemplo, quando havia apenas cerca de 500.000 ETH em staking em 2021, a taxa anual de juros era de pouco mais de 20%. Poucos meses depois, a quantia bloqueada passou para mais de 6.800.000 ETH na blockchain, o que significa que a taxa caiu para cerca de 6%.

Quando o grupo de stakers é grande o suficiente para promover um ecossistema descentralizado, a taxa de juros cai. Até que a Fusão do Ethereum seja concluída, é impossível para eles retirarem os fundos mantidos e as recompensas acumuladas.

O que é um proof-of-stake do Ethereum?

Nem todos os interessados em staking podem pagar 32 ETH – o equivalente a US$ 50 mil no início de agosto de 2022 – para participar da rede. Por causa disso, algumas plataformas começaram a fornecer produtos de staking que permitem aos investidores combinar seus recursos financeiros para atender aos requisitos mínimos para se tornar um validador.

Essa também é uma opção ideal para indivíduos que não desejam cumprir os requisitos técnicos exigidos pelo staking. Em essência, os usuários precisam apenas depositar e bloquear seu capital em uma plataforma terceirizada e começar a obter retornos.

O staking de Ethereum abre oportunidades para o ecossistema, tornando a blockchain mais ecológica. Além disso, tem o potencial de abrir o caminho para muito mais pessoas participação da tarefa de validação e ganharem ETH.