Retorno de CDBs de liquidez imediata alcança 110% do CDI após última alta da Selic; vale a pena investir?

Bancos Sofisa, bmg, Daycoval e Pagbank estão entre as casas com as maiores taxas brutas; opções podem ser interessantes como reserva de emergência

Bruna Furlani

(Rmcarvalho/Getty Images)

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A subida progressiva da Selic no último ano – ao avançar de 2% para 12,75% – deixou a prateleira de renda fixa das corretoras mais robusta e forçou para cima o retorno oferecido pelos papéis, especialmente as ofertas de produtos com liquidez diária.

Levantamento do InfoMoney entre segunda (16) e quarta-feira (18) na plataforma da Yubb, que compila dados de várias corretoras, e em sites de instituições independentes, apontou que a taxa máxima oferecida por Certificados de Depósito Bancário (CDBs), de liquidez diária, chegava até 110% do CDI nesta semana. Esse é o rendimento bruto, sem considera o desconto do Imposto de Renda (IR) que incide na aplicação.

Os bancos Sofisa, bmg, Daycoval e Pagbank estão entre os que oferecem CDBs de liquidez diária com retornos na casa dos 110% do CDI.

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Os três primeiros apresentam classificações de risco de crédito (rating) de AA até A, considerando a escala nacional de longo prazo da agência Fitch Ratings. Ou seja: os papéis são vistos como de qualidade alta ou muito alta, com baixo risco de crédito. O PagBank, por outro lado, é o único que não possui classificação de risco avaliada por nenhuma agência.

Taxas brutas mais altas oferecidas por CDBs de liquidez diária

Instituição Taxa bruta Valor inicial de aplicação
Daycoval 110% do CDI R$ 1 mil
Banco Bmg 110% do CDI R$ 50
Banco Sofisa 110% do CDI R$ 1
PagBank 110% do CDI R$ 1
Banco Bari 105% do CDI R$ 50
BTG Pactual 103% do CDI R$ 100
Banco Pine 103% do CDI R$ 500
Santander 102,5% do CDI R$ 1 mil
Paraná Banco 102% do CDI R$ 100
Itaú 100% do CDI R$ 1
Banco Inter 100% do CDI R$ 100

Fonte: Yubb e InfoMoney. As taxas apresentadas são brutas, sem o desconto do Imposto de Renda.

Pouco tempo atrás, o retorno bruto máximo que era pago por CDBs em corretoras independentes era de 100% do CDI.

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O maior apetite dos investidores por aplicações de renda fixa também levou algumas casas a flexibilizar os resgates em CDBs que possuem carência. Alguns CDBs do Banco Bari, por exemplo, oferecem taxas mais altas para os investidores que deixarem o dinheiro rendendo por mais tempo – mas depois de seis meses, eles passam a ter liquidez diária. A taxa bruta máxima chegava também a 110% do CDI, nesse caso.

As ofertas analisadas no levantamento não consideram promoções de curto prazo feitas por corretoras para atrair novos clientes. Há papéis muito atrativos com essa característica: uma opção de CDB da Genial, por exemplo, com vencimento em três meses, oferecia até 220% do CDI, com liquidez diária.

Para adquirir o produto, no entanto, era preciso respeitar algumas condições: ser cliente novo, realizar aporte mínimo de R$ 10 e máximo de R$ 10 mil e fazer apenas uma única aplicação no CDB. O banco emissor era a própria Genial.

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Opção para diversificar a reserva de emergência?

Se o assunto é liquidez diária, alguns investidores podem já estar se perguntando se os papéis com retorno de até 110% do CDI são uma opção para alocar aquele dinheiro que pode ser acionado a qualquer momento, caso haja algum imprevisto. Em outras palavras, a reserva de emergência.

Na prática, esse tipo de reserva funciona como uma economia que o investidor deve fazer ao longo do tempo para bancar suas despesas mensais fixas por um determinado período, diante de situações inesperadas – a perda do emprego, por exemplo. Regina Prataviera, planejadora financeira CFP, recomenda que o investidor tenha um caixa equivalente aos seus gastos usuais de seis e 12 meses.

Para Regina, os CDBs que oferecem até 110% do CDI podem ser boas opções para quem está de olho em montar sua própria reserva de emergência. Porém, como os produtos que oferecem os juros mais atrativos são de bancos médios ou pequenos, ela sugere que o investidor diversifique as aplicações.

“Geralmente, falo para o cliente diversificar entre três e quatro instituições. Isso porque se ele precisar do dinheiro, a diversidade vai lhe dar mais tranquilidade”, observa. “Também é importante respeitar o teto do FGC”.

Os CDBs possuam a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devolve até R$ 250 mil por investidor (CPF) e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão renovado a quatro anos, em caso de problemas como uma intervenção do Banco Central na instituição. Mesmo assim, é preciso ter atenção.

A restituição do valor pelo FGC pode não ser tão rápida, o que pode prejudicar o investidor caso ele precise do dinheiro imediatamente. Por essa razão, Patrícia Palomo, conselheira da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), sugere que o investidor vá além dos CDBs na reserva de emergência.

Leia mais: Como declarar CDB, LCs e RDBs no Imposto de Renda 2022

Há outras opções, observa Patrícia, como títulos públicos – caso do Tesouro Selic (LFTs) – e fundos DI do tipo “Simples”, que aplicam 95% do patrimônio em títulos públicos federais.

“Você tem que acessar a reserva no momento da necessidade. O ideal é manter seis meses em uma reserva com liquidez diária e colocar outra parte do dinheiro em CDBs que vencem em três ou seis meses”, afirma Patrícia, sobre a vantagem de buscar prazos diferentes de liquidez.

A explicação é que o momento atual – com a aproximação das eleições e a piora do cenário geopolítico com a guerra na Ucrânia – também é bom para montar o que Patrícia chama de “reserva de oportunidade”.

“Ter uma reserva de oportunidade é interessante para se posicionar quando houver uma clareza interna e um desfecho para o conflito”, diz a especialista.

Regina concorda, e destaca que agora há ofertas de papéis isentos de Imposto de Renda, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), com taxas bastante atrativas para quem consegue esperar mais um tempo para obter o recurso.

Segundo dados coletados pelo InfoMoney na Yubb na quarta-feira (18), a taxa máxima oferecida por uma LCI, com vencimento em três meses, chegava a 92% do CDI. O produto era emitido pelo Banco Inter.

Nesse caso, o investidor precisa ter em mente que terá que resgatar o investimento apenas após a carência mínima de 90 dias – ou seja, não há como usar o dinheiro como reserva de emergência. nesse período. Produtos desse tipo, por outro lado, podem compor a “reserva de oportunidade”.

Para entender qual opção vale mais a pena, a dica de Regina é que o investidor faça uma comparação entre o valor oferecido pelo CDB e o praticado pelas LCIs e LCAs, já que o primeiro não possui a isenção tributária disponível nos últimos.

Na prática, o rendimento de uma LCA que oferece 92% do CDI, com vencimento em três meses, seria equivalente ao de um CDB com rentabilidade por volta de 119% do CDI.