Os fundos DI são velhos conhecidos dos brasileiros: todos os bancos e corretoras oferecem pelo menos uma opção deles aos investidores. Normalmente, a promessa é de que eles proporcionam uma rentabilidade melhor que a da poupança.

Mas será que isso é suficiente para quem quer ver as economias crescerem e se multiplicarem?

Se você mantém investimentos em fundos DI, esse guia é para você. E se faz isso “no automático”, precisa começar a ler o guia agora mesmo. Conheça todos os detalhes dos fundos DI abaixo:

O que são Fundos DI?

Os fundos DI estão entre os mais populares do mercado, especialmente entre investidores que buscam uma opção para formar uma reserva de emergência. Eles estão incluídos na categoria de fundos de renda fixa, como são classificadas as carteiras que tenham pelo menos 80% do patrimônio aplicado em ativos vinculados à variação da taxa de juros, de índices de preço, ou as duas coisas.

A principal característica dos fundos DI é o seu objetivo: acompanhar a taxa do CDI, seu índice de referência. Os CDIs – ou Certificados de Depósito Interbancário – representam empréstimos de curtíssimo prazo realizados pelos bancos a outros bancos. A taxa do CDI é a média dos juros cobrados nessas operações, calculada pela B3, onde os negócios são registrados.

Para conseguir cumprir essa promessa, os gestores de fundos DI investem principalmente em títulos de renda fixa pós-fixados, indexados à Selic ou ao CDI, que acompanham a variação dos juros brasileiros.

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Não há uma categoria única para concentrar todos os fundos DI na classificação criada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Eles estão espalhados por diferentes subdivisões dos fundos de renda fixa.

Alguns fundos DI disponíveis para os pequenos investidores são classificados, por exemplo, na categoria de “fundos simples”. Essas carteiras devem manter 95% do patrimônio aplicado em títulos públicos federais ou papéis de instituições financeiras com risco de crédito equivalente ao do governo.

Também podem fazer operações compromissadas com títulos públicos federais (acordo, bastante comum, em que uma instituição financeira vende títulos ao investidor com o compromisso de recomprá-los em um determinado prazo e por um determinado preço). São fundos tão básicos que alguns gestores não cobram taxa de administração.

Há também fundos DI enquadrados em outras categorias, como “renda fixa duração baixa grau de investimento”. Essas carteiras devem investir pelo menos 80% da carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco de crédito, com prazo médio de vencimento em até 21 dias úteis. E por aí vai.

Como funcionam os Fundos DI

Embora esteja entre as aplicações mais simples e comuns do mercado, o funcionamento básico de um fundo DI ainda é desconhecido por muitos investidores. Essas carteiras têm características específicas de rentabilidade, liquidez e tributação que devem ser dominadas por quem tem a intenção de aplicar. Confira os detalhes:

Rentabilidade

A rentabilidade dos fundos DI busca acompanhar o desempenho da taxa do CDI. Normalmente, fica um pouco abaixo do indicador, já que alguns custos são descontados do resultado (leia mais sobre taxa de administração a seguir).

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O retorno dos fundos DI se aproxima da remuneração de outros produtos de renda fixa, como os CDBs. Mas, do ponto de vista operacional, eles apresentam uma diferença bastante marcante em relação a outra aplicação muito comum entre os brasileiros: a poupança.

Diferentemente da caderneta, que tem rentabilidade mensal, os fundos DI têm rentabilidade diária. Isso significa que todos os dias os administradores calculam quanto as aplicações da carteira renderam e creditam o valor no patrimônio. Mesmo que o investidor aplique e decida sacar o dinheiro no dia seguinte, receberá a remuneração equivalente ao (curto) período em que manteve o investimento.

Na poupança, a rentabilidade só é creditada a cada mês, na “data de aniversário” da aplicação. Uma aplicação feita hoje e resgatada amanhã não recebe nenhuma remuneração.

Para acompanhar o histórico de desempenho de um fundo DI, basta buscar pela carteira nos sites da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e da Anbima. Alguns documentos publicados pelos gestores e administradores também trazem esses dados – como a lâmina de informações essenciais.

Liquidez

Um dos atrativos dos fundos DI é o fato de que, em geral, eles oferecem liquidez diária – e, muitas vezes, imediata. Significa que é possível solicitar resgates a qualquer momento, sem sofrer uma perda de valor em função da retirada.

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Ao investir em um fundo DI, é importante saber os prazos relacionados aos resgates, para não ser pego de surpresa. No regulamento da carteira, procure informações sobre a data de conversão (quando o cálculo do valor das cotas será feito para o pagamento do resgate) e de pagamento (quando os recursos serão efetivamente disponibilizados ao investidor).

Nos fundos DI, é comum que a data de conversão e de pagamento ocorra em D+1. Nesse caso, o valor das cotas usado como referência para o pagamento do resgate será um dia útil após a data em que o resgate foi pedido. O regulamento também pode prever conversão e resgate em D+0, o que significa que o cálculo e o pagamento ocorrerão no mesmo dia em que a retirada for solicitada.

Uma outra vantagem dos fundos DI é que eles raramente preveem prazo de carência, que é um período mínimo no qual o investidor não pode solicitar o resgate.

Custos

O custo envolvido no investimento em fundos DI é a taxa de administração, que remunera as instituições envolvidas na gestão e na administração da carteira. Esse é um ponto importante para considerar na hora de escolher o investimento, já que as taxas têm um impacto direto sobre o retorno da aplicação. Quanto maior elas forem, menor será a rentabilidade líquida obtida com o investimento.

A taxa de administração incide sobre todo o dinheiro mantido pelo investidor no fundo DI. Ela é divulgada na forma de um percentual anual. A cobrança da taxa de administração, no entanto, é feita diariamente, de maneira proporcional.

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Nas épocas em que juros das aplicações financeiras estão muito baixos, a atenção com a taxa de administração precisa ser ainda maior. Com a Selic (taxa básica de juros da economia brasileira) abaixo de 5% ao ano, um fundo com taxa de administração de 2% ao ano terá um retorno líquido real (descontando impostos e inflação) muito próximo de zero.

Leia mais: Como investir em Fundos Imobiliários?

Tributação

Os fundos DI são tributados assim como os fundos de renda fixa em geral. Incidem dois impostos diferentes: o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e o Imposto de Renda. Mas o IOF é cobrado apenas se o resgate for realizado em menos de 30 dias a partir da aplicação. Nesse caso, a alíquota sobre o rendimento pode variar de 96% a 0%, dependendo do prazo.

O Imposto de Renda, por sua vez, incide sobre a rentabilidade de todos os fundos DI, mantendo ou não a aplicação por muito tempo. Só que o período de permanência na aplicação tem um efeito direto, e é sobre o tamanho da alíquota. Quanto mais tempo o dinheiro permanece investido, menor será a mordida do Leão.

Os fundos DI são divididos em dois grupos, para efeitos de tributação. Os fundos de longo prazo têm a carteira formada por títulos com vencimento médio acima de 365 dias. Já os fundos de curto prazo, como o próprio nome indica, têm papéis com vencimento mais curto – na média, abaixo de 365 dias.

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Mas qual é, afinal, a alíquota de Imposto de Renda que incide sobre os fundos DI? Para esse cálculo, é aplicada uma tabela regressiva. A alíquota é maior para as aplicações mantidas por um período mais curto, e menor para que as ficam mais tempo. Nos fundos DI enquadrados como de curto prazo, a tabela regressiva é a seguinte:

Fundos de curto prazo
Até 180 dias de aplicação22,5%
Acima de 180 dias de aplicação20%

Já se o fundo DI é enquadrado como de longo prazo, a tabela regressiva é a que segue:

Fundos de longo prazo
Até 180 dias de aplicação22,5%
De 180 a 360 dias de aplicação20%
De 361 a 720 dias de aplicação17,5%
Acima de 720 dias de aplicação15%

A cobrança de Imposto de Renda nos fundos DI segue um modelo conhecido como “come-cotas”. A tributação acontece semestralmente – e não somente na hora do resgate, como é o caso em outros tipos de aplicações.

No último dia útil dos meses de maio e novembro, os administradores dos fundos calculam quanto os investidores devem de imposto, considerando a menor alíquota de cada categoria (curto ou longo prazo). Essa cobrança leva o nome de come-cotas justamente porque é feita recolhendo cotas do fundo.

Quando o investidor for resgatar os recursos do fundo, é feito um ajuste para verificar quanto Imposto de Renda ainda é preciso pagar. Imagine que o saque seja feito em menos de um ano, período que pressupõe uma alíquota de 20% de Imposto de Renda. Como o come-cotas é recolhido pela menor alíquota (de 15%), o investidor ainda teria de acertar essa diferença.

Vantagens e Desvantagens

Para os investidores individuais, os fundos DI são opções que embutem algumas vantagens. Uma delas é o baixo risco. Como são formadas basicamente por papéis pós-fixados emitidos pelo governo ou por grandes bancos e empresas, essas carteiras são consideradas seguras em termos de risco de crédito e de mercado.

A possibilidade de resgatar os recursos a qualquer momento sem penalidades também é um ponto a favor dos fundos DI. Por isso, eles costumam ser recomendados para as aplicações que podem ser acionadas no curto prazo – caso da reserva de emergência que todos devem manter para situações inesperadas. Recursos dessa natureza devem estar disponíveis com facilidade.

Além disso, os fundos DI também exigem normalmente investimentos baixos, a partir de R$ 100 ou R$ 200. Assim, são opções viáveis para quem consegue poupar um pouquinho por mês, por exemplo.

A contrapartida disso é a rentabilidade. O retorno proporcionado pelos fundos DI costuma ser baixo porque, em geral, eles não têm uma gestão ativa. O objetivo dessas carteiras é meramente seguir o desempenho da taxa do CDI, que há alguns anos está em queda. Fora isso, as taxas de administração abocanham parte dos ganhos. Taxas maiores do que 1% ao ano são consideradas elevadas demais para o tipo de gestão oferecida pelos fundos.

Quando vale a pena investir em Fundos DI?

Os fundos DI são considerados opções de investimento conservadoras. Como boa parte dos papéis que compõem a sua carteira são pós-fixados, seguindo as variações dos juros da economia, normalmente não apresentam oscilações bruscas de valor. Além disso, eles oferecem liquidez diária na maioria dos casos, o que facilita a movimentação dos recursos pelos investidores.

Quem quer aplicar a reserva de emergência, por exemplo, pode encontrar uma boa alternativa nos fundos DI. Eles são acessíveis e livres de maiores sobressaltos. Recursos que podem ter de ser resgatados a qualquer momento, em casos de imprevistos, estariam seguros neles.

Já do ponto de vista da rentabilidade, muitos especialistas em investimentos têm recomendado atenção a quem mantém recursos de longo prazo aplicados em fundos DI. Com os juros básicos da economia no menor patamar da história, é cada vez mais difícil encontrar opções que ofereçam um retorno líquido acima da inflação.

Isso é um problema para os investidores porque, ao longo do tempo, a inflação corrói o poder de compra do dinheiro. Se o investidor não conseguir uma rentabilidade que multiplique as aplicações em um ritmo acima da escalada dos preços, a tendência é de que suas economias não sejam suficientes para manter o seu padrão de vida no futuro.

Por isso, além dos fundos DI, os amantes da renda fixa devem considerar a possibilidade de investir também em outros produtos. Alguns CDBs de bancos médios, com prazo de vencimento em poucos anos, muitas vezes oferecem uma remuneração atrativa. Também existem as letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), produtos de renda fixa isentos de Imposto de Renda. Para quem já está ambientado no mercado financeiro, há ainda as debêntures, papéis de dívida emitidos por empresas. Muitas dessas alternativas incluem vantagens sobre os fundos DI.

Como investir em Fundos DI

Os fundos DI são opções muito simples e conhecidas de investimento. Mas vale a pena ficar atento aos detalhes de cada carteira antes de escolher uma delas para investir, no lugar de outros tipos de aplicações financeiras. Confira um passo a passo:

1. Verifique se fundo DI é a melhor alternativa para seu dinheiro
Para não se arrepender, pergunte-se por que os fundos DI são a melhor opção para seu dinheiro. Considere a perspectiva de rentabilidade, a liquidez e os custos das alternativas que estiverem disponíveis. Pese também fatores como o nível de complexidade dos produtos e o investimento mínimo necessário em cada um.

2. Compare as opções entre bancos e corretoras
Se estiver certo de que são os fundos DI que você quer, comece a fazer uma pesquisa de opções. Verifique a variedade de fundos disponíveis em cada plataforma de investimentos. Procure responder pelo menos essas quatro perguntas sobre cada carteira que avaliar:

  • Qual é o histórico de rentabilidade?
  • Qual é o tamanho da taxa de administração?
  • Qual é o nível de risco dos papéis incluídos na carteira?

3. Escolha o fundo DI
Será muito mais fácil encontrar um bom fundo DI para as suas necessidades de posse dessas informações. Ao escolher um deles, lembre-se de ler com atenção documentos como a lâmina de informações essenciais e o regulamento, prestando atenção especial à seção que explica a política de investimento adotada pelo gestor.

4. Abra uma conta
Escolhido o fundo DI ideal, é hora de investir. Se o fundo for oferecido pelo seu banco, aplique os recursos diretamente. Ou abra uma conta em uma corretora de valores para ter acesso a mais e melhores opções. Isso costuma ser um procedimento simples: você precisará preencher algumas informações e enviar documentos pessoais, como a cópia do RG e do CPF.