A palavra “juros” é tida pelos brasileiros como um palavrão. Na cultura popular, é um indicativo de que algo vai sair mais caro do que deveria. Mas não precisa ser assim. Para milhares de investidores, a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, é sinônimo de rentabilidade, e é nesse contexto que o Tesouro Selic se torna uma opção atrativa de investimento.

Popular entre quem privilegia investimentos de renda fixa, o Tesouro Selic é um dos principais ativos escolhidos quando o assunto são economias para gastos em curto prazo ou para a formação de uma reserva de emergência, necessária a todos para garantir a subsistência em caso de um período de maiores dificuldades.

O Tesouro Selic é um dos títulos da dívida pública brasileira. Também é conhecido como Letra Financeira do Tesouro (LFT), seu nome técnico. Assim como outros papéis disponíveis no Tesouro Direto, o Tesouro Selic também consiste em um empréstimo ao Estado, que utiliza esses recursos para financiar seus gastos e investimentos.

Em troca, o Tesouro Nacional se compromete a devolver os valores corrigidos por uma taxa e em um prazo definidos no momento da aplicação. No caso do Tesouro Selic, o rendimento está indexado à taxa básica de juros. 

Como possui rendimento diário, o investimento no Tesouro Selic preserva o valor investido mesmo em caso de retirada antecipada. Por sinal, o Tesouro garante a recompra diária do título. Assim, essa é uma aplicação com boa liquidez, com os recursos retornando para a conta do investidor no dia útil seguinte ao pedido de resgate, ou em “D+1”, no jargão do mercado.

Neste guia, você vai entender o que é Tesouro Selic, como funciona essa modalidade de título público e como usá-la a seu favor para ter maior segurança e rentabilidade nos seus investimentos.

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O que é Tesouro Selic

A compra de títulos públicos é uma das formas mais comuns e seguras de investir em renda fixa no Brasil. Nesta modalidade, você se torna credor do Tesouro Nacional, emprestando um valor que será devolvido com base em uma rentabilidade e um prazo definidos no momento da aplicação.

Conhecido também como LFT, sigla para Letra Financeira do Tesouro, o Tesouro Selic é uma modalidade do Tesouro Direto em que a rentabilidade é pós-fixada. Ou seja, está definido o critério de remuneração, mas não o percentual exato, que vai depender da oscilação de uma taxa. 

No caso do Tesouro Selic, essa rentabilidade está indexada à taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, mais uma pequena taxa adicional pactuada no momento do investimento. 

A taxa Selic é atualizada periodicamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, que a utiliza como forma de controlar o avanço da inflação dos preços no País. No Tesouro Selic, quando o Copom sobe a taxa, a remuneração sobe; quando o comitê a reduz, a rentabilidade da aplicação também cai.

Como funciona o Tesouro Selic?

A emissão de títulos da dívida é a ferramenta que o Tesouro Nacional usa para se financiar, obtendo recursos para custear seus gastos e investimentos. Quando uma operação como essa é feita, o Tesouro oferece aos investidores um novo conjunto de títulos, arrecada os valores e contrai uma dívida a ser paga posteriormente

A União estabelece um valor unitário, um prazo de devolução e uma taxa proposta para a remuneração desse título. Os investidores que se interessarem deverão ter uma conta aberta em uma corretora, que será a responsável pela custódia do título. 

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A grande vantagem do Tesouro Selic em relação a outras modalidades é que não há risco de perda de rentabilidade, uma vez que o título rende diariamente. Assim, é aplicação recomendada para a formação de reserva de emergência e investimentos de prazo mais curto.

Caso o investidor queira resgatar os valores aplicados antes do vencimento, o que se faz é colocar o título à venda para ser recomprado pelo Tesouro Nacional. Os investimentos no Tesouro Direto não são segurados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), sendo que a garantia da devolução dos recursos é um compromisso da União.

O que influencia o rendimento

O rendimento do Tesouro Selic é influenciado diretamente pela taxa homônima, definida pelo Copom do Banco Central. Em momentos em que a inflação acelera, o comitê aumenta a taxa básica de juros para frear a alta dos preços. Manter a inflação próxima ao centro da meta é a principal tarefa do BC.

O fator de maior impacto sobre a rentabilidade do Tesouro Selic é a cobrança de Imposto de Renda sobre os ganhos obtidos. As alíquotas, recolhidas à Receita Federal, incentivam as aplicações de longo prazo. O imposto parte de 22,5% para aplicações de até 180 dias (seis meses) e vai caindo gradativamente, até chegar a 15% caso o investimento supere 720 dias (dois anos). Confira os detalhes abaixo:

  • 22,5%, em aplicações com prazo de até 180 dias;
  • 20%, em aplicações com prazo de 181 dias até 360 dias;
  • 17,5%, em aplicações com prazo de 361 dias até 720 dias;
  • 15%, em aplicações com prazo acima de 720 dias.
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Os bancos e corretoras que fazem a gestão do investimento também podem cobrar uma taxa de administração, definida por estas instituições e informada ao cliente. 

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Por fim, a taxa de custódia fixa é definida pelo Tesouro Nacional, cobrada semestralmente em janeiro e julho ou no caso de resgate. Há duas boas notícias: são isentas de cobrança da taxa as aplicações de até R$ 10 mil por CPF. Quem tem mais de R$ 10 mil investidos no Tesouro Selic paga a alíquota de 0,25% apenas sobre o valor que exceder essa quantia. A segunda boa notícia é que a taxa cairá para 0,20% ao ano em 1º de janeiro de 2022, conforme anunciado pelo governo federal.

Como investir

O investimento no Tesouro Selic, assim como nas demais modalidades do Tesouro Direto, só pode ser feito através de um banco ou de uma corretora de investimentos habilitada pelo Tesouro Nacional. 

Uma vez criada a conta na instituição financeira, o investimento pode ser feito pela plataforma dessa corretora, pelo portal ou pelo app do Tesouro Direto. A aplicação estará permitida durante o horário de funcionamento do mercado, das 9h30 às 18h00, com o investidor podendo optar pelos títulos ofertados pelo Tesouro naquele momento.

Quanto rende o Tesouro Selic

O rendimento do Tesouro Selic é indexado à taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, durante o período da aplicação, somado a um pequeno percentual adicional definido no momento do investimento.

A Selic é atualizada periodicamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que utiliza a taxa como forma de controle da inflação. Quando os preços aceleram, o BC eleva a Selic e o rendimento do Tesouro Selic também sobe. Quando a inflação está em patamares menores e o Copom enxerga que é possível recuar, a Selic cai e o mesmo acontece com o rendimento do título.

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Leia também: Guia completo sobre IPCA, o principal índice de inflação do Brasil

Qual o valor mínimo para investir

O investimento no Tesouro Direto é permitido a partir de R$ 30, sendo que o valor exato dependerá do preço dos títulos ofertados naquele momento e de suas características específicas. 

Em geral, títulos pré-fixados ou os pós-fixados que estejam indexados à inflação possuem aplicações mínimas mais baixas. No Tesouro Selic, esse valor costuma ser um pouco mais alto, mas ainda acessível, na casa dos R$ 100. 

O investimento máximo que uma pessoa física pode fazer no Tesouro Direto é de R$ 1 milhão por mês. Não existe limite de resgate por investidor.

Investimento de longo, curto ou médio prazo?

O Tesouro Selic é considerado um investimento adequado para o curto prazo, por ter maior liquidez e segurança de rentabilidade no resgate, mesmo após descontados os impostos. É diferente de outros títulos com um potencial de remuneração até maior, mas sem a garantia de lucro no momento do saque.

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O Tesouro Selic ainda conta com alta liquidez, diante da possibilidade de sacar os recursos diariamente e recebê-los em conta corrente em até um dia útil.

Qual é a liquidez do Tesouro Selic

Liquidez é a capacidade de transformar um bem em dinheiro. Por exemplo, ter um imóvel de valor estimado em R$ 500 mil não significa ter R$ 500 mil em dinheiro. Caso você precise do recurso, deverá encontrar alguém interessado em comprar o imóvel. A depender das condições, isso pode demorar, ao menos pelo valor que se espera por este imóvel.

No caso do Tesouro Direto, a grande vantagem é que os títulos possuem liquidez diária – isto é, o investidor pode optar por revender o título adquirido com a garantia de que a União irá recomprá-lo pelo valor de mercado.

Enquanto outras modalidades podem ter oscilações, a depender dos fatores de mercado, para a venda antecipada, no caso do Tesouro Selic o investimento rende diariamente. Assim, mesmo que o rendimento venha a cair, o montante inicial investido fica preservado e pode ser resgatado rapidamente.

Essa combinação, da rentabilidade diária do Tesouro Selic com a facilidade e liquidez do Tesouro Direto faz com que seja uma das modalidades de investimento mais recomendadas para aplicações de curto prazo, com segurança e um rendimento superior ao da poupança.

Fontes: Ministério da Economia, Tesouro Nacional, B3, Anbima e XP Investimentos