Dividendos no primeiro trimestre: Vale (VALE3) liderou distribuições; confira os maiores pagadores

Santander, Banco do Brasil e BB Seguridade integram lista

Katherine Rivas

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Noventa empresas, entre as mais de quatrocentas listadas na bolsa de valores, distribuíram dividendos aos seus acionistas no primeiro trimestre de 2022, segundo um levantamento da Comdinheiro feito a pedido do InfoMoney.

Entre as dez companhias que mais distribuíram dividendos aos investidores no primeiro trimestre estão: Vale, Santander, Banco do Brasil, Itaúsa, Klabin, BB Seguridade, BTG, B3, Weg e Suzano.

O levantamento considera as companhias que já distribuíram o seu lucro as acionistas no primeiro trimestre, o que significa que o recurso já saiu do caixa da empresa, foi anunciado, distribuído e até impactou o preço da ação. No entanto, em alguns casos o dividendo ou JCP pode ainda não ter entrado na conta do investidor. É o chamado provento em trânsito.

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O ranking também compara os dividendos distribuídos neste ano com os pagos no primeiro trimestre de 2021. Lembrando que os proventos distribuídos pelas companhias no primeiro trimestre geralmente correspondem ao lucro no exercício do ano anterior. Por exemplo, quem tinha ações da companhia no final de 2021, teve direito as distribuições feitas no primeiro trimestre de 2022. Veja a seguir:

10 ações que mais distribuíram proventos aos acionistas no 1º trimestre de 2022

Empresa Proventos por Ação 1TRI21 Total Distribuído 1TRI21 Proventos por Ação 1TRI22 Total Distribuído 1TRI22
Vale (VALE3) R$ 4,26 R$ 21,86 bilhões R$ 3,72 R$ 17,99 bilhões
Santander (SANB11) R$ 0,32 R$ 2,36 bilhões R$ 0,87 R$ 6,50 bilhões
Banco do Brasil (BBAS3) R$ 0,58 R$ 1,66 bilhão R$ 1,03 R$ 2,94 bilhões
Itaúsa (ITSA4) R$ 0,08 R$ 633,64 milhões R$ 0,25 R$ 2,18 bilhões
Klabin (KLBN11) R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,34 R$ 1,88 bilhão
BB Seguridade (BBSE3) R$ 0,48 R$ 950,08 milhões R$ 0,93 R$ 1,85 bilhão
BTG (BPAC11) R$ 0,62 R$ 1,74 bilhão R$ 0,15 R$ 1,69 bilhão
B3 (B3SA3) R$ 1,09 R$ 2,22 bilhões R$ 0,18 R$ 1,10 bilhão
Weg (WEGE3) R$ 0,38 R$ 803,90 milhões R$ 0,24 R$ 1,01 bilhão
Suzano (SUZB3) R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,74 R$ 1 bilhão

Fonte: Comdinheiro 

Vale (VALE3) lidera distribuições

Nos últimos anos, a Vale foi a companhia que mais distribuiu dividendos para um primeiro trimestre.

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No primeiro trimestre de 2022, a mineradora distribuiu R$ 17,99 bilhões em proventos, um total de R$ 3,72 por ação. Enquanto no primeiro trimestre de 2021, o valor foi um pouco maior e também liderou as distribuições no capital aberto – de R$ 21,86 bilhões e R$ 4,26 por ação.

Segundo Filipe Ferreira, diretor financeiro da Comdinheiro, a Vale é uma empresa madura que se encontra em uma boa fase acompanhando a alta nos preços das commodities, por este motivo faz todo sentido ela ser considerada atualmente uma boa pagadora de dividendos.

No entanto, ele lembra que o preço das commodities é cíclico e não dá para prever como será a rotina nos próximos anos. “Não deixa de ser uma boa pagadora, a questão é se vai manter o mesmo nível de proventos ou não”, avalia.

Para Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Ivest Consultoria de Investimentos, a Vale pagou dividendos elevados e continua dando bom retorno aos acionistas. Ele calcula que o investidor que comprou a ação no final do ano passado a R$ 77, e recebeu o dividendo neste primeiro trimestre, acabou tendo um dividend yield (retorno em dividendos) de em média 4,5%.

Já quem optar por comprar a ação a preços atuais, acima de R$ 90, terá uma redução no dividend yield para 3,91%, estima Sobreira. O analista destaca, no entanto, que um retorno em dividendos de 3,91% para um trimestre ainda é interessante.

Na visão de Felipe Ruiz, sócio do Ações Garantem o Futuro, a capacidade de pagamento de dividendos da Vale segue intacta, com uma gestão muito disciplinada na alocação de capital e comprometida com a geração de retorno aos acionistas. “São altas as probabilidades de um yield de dois dígitos em 2022”, afirma.

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Santander (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG (BPAC11)

O Santander e o Banco do Brasil ocupam a segunda e terceira posição no ranking. Os bancos aumentaram exponencialmente a distribuição de dividendos aos acionistas no primeiro trimestre de 2022 , comparado ao mesmo período do ano anterior.

O Santander distribuiu R$ 6,50 bilhões até março, valor superior aos R$ 2,36 bilhões do primeiro trimestre de 2021. O valor por ação também aumentou de R$ 0,32 para R$ 0,87.

Segundo Sobreira, da Ivest, o Santander aumentou a sua distribuição de dividendos em 175%.

Já o Banco do Brasil pagou R$ 1,66 bilhão no primeiro trimestre do ano anterior e em 2022 passou a distribuir R$ 2,94 bilhões no mesmo período – um salto de quase 77% de acordo com Sobreira.

O valor por ação também acabou subindo de R$ 0,58 para R$ 1,03.

Sobreira destaca que o dividend yield também evoluiu. No Banco do Brasil, o dividend yield saltou de 1,50% para 3,58% do primeiro trimestre de 2021 para o primeiro trimestre de 2022. Enquanto no Santander, o dividend yield evoluiu de 0,73% para 2,91%.

“Outra empresa que acompanhou essa evolução foi Itaúsa, com o dividend yield subindo de 0,67% para 2,76%” reforça o analista.

Na contramão, os bancos Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) reduziram o valor distribuído em dividendos e o montante pago por ação, na comparação do primeiro trimestre de 2021 com o mesmo período em 2022. Outro que acabou pressionando a sua distribuição foi o Banco BTG que pagou R$ 1,74 bilhão no primeiro trimestre de 2021 e distribuiu R$ 1,69 bilhão no mesmo período deste ano.

Felipe Ruiz, do Ações Garantem o Futuro, explica que o aumento nas distribuições de alguns bancos se justifica no fim das incertezas da pandemia. Ele comenta que no primeiro trimestre de 2022, com o avanço da vacinação, a qualidade dos balanços dos bancos também melhorou. Ruiz cita crescimento na margem financeira dos bancos, expansão no volume de crédito e uma inadimplência mais controlada, como fatores que deixaram estes mais confortáveis para pagar dividendos generosos.

Ruiz aponta que o Santander, Banco do Brasil e até mesmo Banrisul, apresentaram nos últimos meses retornos em dividendos melhores do que seus pares, por conta da sua política de dividendos, payout e, em alguns casos, como o do Santander, abordagem menos conservadora sobre provisionamentos para devedores duvidosos.

Segundo Ruiz, o Banco do Brasil manteve tanto em 2021 como 2022 um payout (parcela do lucro líquido da companhia destinada a distribuição de dividendos) de 40%.

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Em relação aos que reduziram as distribuições, Ruiz explica que o Bradesco, apesar de não ter um yield elevado atualmente, contempla outras formas de remunerar os acionistas, por meio de bonificação de ações. Em 22 de abril, por exemplo, os acionistas devem receber uma nova ação para cada 10 possuídas.

Sobre o Itaú, ele destaca a postura conservadora do banco, que estipula um payout de 25%. O BTG também costuma adorar como prática a distribuição de 25% em cada exercício, embora possua uma obrigação estatutária de distribuir apenas 1% do seu lucro.

Para além de se tratar de empresas maduras, Ferreira, da Comdinheiro, cita que os bancões costumam receber o fluxo de investidores estrangeiros e acabam se beneficiando com a entrada de dólares no país.

Segundo Ruiz, para uma estratégia de renda passiva, grandes bancos como Santander e Banco do Brasil são boas alternativas, mas também é possível encontrar oportunidades em bancos de médio porte como Banrisul, ou menores como Mercantil do Brasil ou Banco Alfa. Nos caso de instituições financeiras menores, contudo, o investidor deve ficar atento a baixa liquidez das ações.

Ações que mais distribuíram proventos aos acionistas no 1º trimestre de 2022

Empresa Posição no ranking Proventos por Ação 1TRI21 Total Distribuído 1TRI21 Proventos por Ação 1TRI22 Total Distribuído 1TRI22
Comgás (CGAS5) 11º R$ 1,22 R$ 161,51 milhões R$ 5,69 R$ 753,70 milhões
Engie (EGIE3) 12º R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,78 R$ 638,67 milhões
M. Dias Branco (MDIA3) 13º R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 1,80 R$ 606,64 milhões
Americanas (AMER3) 14º R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,62 R$ 570,63 milhões
Bradesco (BBDC4) 15º R$ 0,08 R$ 730,47 milhões R$ 0,06 R$ 551,57 milhões
Itaú (ITUB4) 16º R$ 0,29 R$ 2.86 bilhões R$ 0,05 R$ 478,82 milhões
Energias do Brasil (ENBR3) 17º R$ 0,27 R$ 157,75 milhões R$ 0,79 R$ 454,81 milhões
Gerdau (GGBR4) 18º R$ 0,13 R$ 221.69 milhões R$ 0,20 R$ 341,15 milhões
BRB Banco (BSLI4) 18º R$ 0,05 R$ 18,24 milhões R$ 0,94 R$ 340,13 milhões
Getnet (GETT11) 20º R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,32 R$ 292,72 milhões

Fonte: Comdinheiro

BB Seguridade (BBSE3) e Weg (WEGE3)

Ocupando a sexta posição no ranking, o BB Seguridade também teve um aumento no montante de dividendos distribuídos. A empresa de seguros pagou R$ 1,85 bilhão aos acionistas no primeiro trimestre deste ano, um valor de R$ 0,93 por ação, superior aos R$ 950,08 milhões do primeiro trimestre de 2021, com um valor de R$ 0,48 por ação.

Sobreira, da Ivest, destaca que a ação do BB Seguridade caiu cerca de 30%, com isso o retorno em dividendos chegou a 4,47% para o primeiro trimestre.

Ruiz, do Ações Garantem o Futuro, afirma que a distribuição do BB Seguridade foi duramente impactada pela alta sinistralidade gerada pela pandemia.  No entanto, em 2022 e de acordo com as projeções da companhia é possível esperar um payout de 85%, acompanhando uma melhora expressiva nos resultados da empresa.

“Os principais drivers dessa melhora são uma diminuição na sinistralidade ocasionadas pela covid-19, redução no descasamento entre IGP-M e IPCA, e aumento na Selic”, afirma ele.

Já a Weg ocupa a nona posição entre as que mais distribuíram dividendos no primeiro trimestre. A companhia também elevou o montante pago em dividendos, mas apesar disso não é vista pelos especialistas como uma companhia para uma estratégia de renda passiva. Eles avaliam que o dividend yield da Weg é baixo.

Sobreira atribuiu o baixo retorno em dividendos a relação preço/lucro da Weg que é elevada, o que não permite pagar dividendos “gordos”. Segundo o analista, o dividend yield da empresa geralmente não supera os 2%.

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Elétricas presentes

Olhando para as 20 maiores distribuidoras de dividendos, é possível encontrar também companhias do setor elétrico. A Engie (EGIE3), por exemplo, não pagou dividendos no primeiro trimestre do ano passado, mas em 2022 distribuiu até março, a soma de R$ 638,67 milhões.

Segundo Felipe Ruiz, a Engie tem como obrigação distribuir 30% do seu lucro líquido em proventos, mas geralmente tem pagado acima de 50%. Ele afirma que a geração de caixa da companhia foi impactada pela crise hídrica em 2021, já em 2022 com um cenário hidrológico mais favorável, a expectativa é ter dividendos ainda melhores.

Já Energias do Brasil (ENBR3) teve um salto expressivo na sua distribuição na comparação anual, passando de R$ 157,75 milhões para R$ 454,81 milhões. O valor por ação também subiu de R$ 0,27 para R$ 0,79.

Sobreira, da Ivest, destaca ainda o crescimento do dividend yield da Energias do Brasil, que passou de 1,38% para 3,77%.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.