9 ações que pagam bons dividendos para investir em abril: Copel e BB Seguridade entram; Isa Cteep sai

Pela primeira vez, transmissoras de energia "puras" não integram lista de ações mais recomendadas; BB Seguridade tem espaço para dividendos extraordinários

Katherine Rivas

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A rotação do setor elétrico ficou nítida no mês de abril. Ações de companhias elétricas transmissoras perderam espaço nas carteiras recomendadas de corretoras, enquanto companhias integradas – que atuam na transmissão, geração e distribuição – ganham destaque como preferidas dos agentes de mercado.

Segundo um levantamento realizado pelo InfoMoney, no mês de abril nove ações são as mais recomendadas como boas pagadoras de proventos.

Pela primeira vez desde que o InfoMoney deu início à compilação, em outubro de 2021, nenhuma empresa que seja exclusivamente transmissora integra a lista. Em março, a transmissora Taesa (TAEE11), que tinha permanecido por meses na liderança do ranking, deixou a lista das ações mais recomendadas para dividendos. Já agora em abril, a Isa Cteep (TRPL4) seguiu os mesmos passos e também saiu do levantamento.

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Na contramão, a empresa integrada Copel (CPLE6), que atua na distribuição, geração e transmissão de energia, entrou na seleção.

A Engie (EGIE3), outra elétrica integrada, conquistou a liderança isolada em abril. A companhia entrou na lista em fevereiro e no mês seguinte chegou a dividir o pódio com a mineradora Vale (VALE3).

Ainda entre as mudanças, a BB Seguridade (BBSE3) também entrou na seleção, com recomendação de quatro corretoras.

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O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações de ações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco papéis mais citados. O número de indicações pode ser maior, se houver empate – como foi o caso neste mês.

São consideradas as carteiras recomendadas de dividendos de dez corretoras. Confira as ações mais citadas em abril:

Empresa  Ticker Nº de recomendações Dividend Yield em 12 meses (%) Retorno em março de 2022 (%) Retorno em 2022 (%) Retorno em 12 meses (%)
Engie EGIE3 6 5,95% 8,45% 14,76% 10,38%
Vale VALE3 5 14,74% 7,58% 27,34% 14,05%
BB Seguridade BBSE3 4 5,66% 10,94% 28,05% 12,27%
Copel CPLE6 4 17,32% 9,09% 19,38% 28,43%
CPFL Energia CPFE3 4 11,47% 6,64% 20,28% 21%
Itaúsa ITSA4 4 5,12% 8,41% 23,34% 15,62%
Petrobras PETR4 4 16,90% -1,62% 17,57% 70,76%
Telefônica Brasil VIVT3 4 6,48% 7,25% 11,65% 31,02%
Vibra VBBR3 4 8,66% -0,89% 9,25% 15,64%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica.

Obs: Dados até 31/03/22

Engie (EGIE3), a líder absoluta

Pela primeira vez na história do levantamento, a elétrica Engie conquistou a liderança isolada, após destronar a Vale, com quem tinha dividido o pódio no mês passado. A Engie obteve seis recomendações entre as dez corretoras consultadas.

Segundo a XP Investimentos, no mês de março, as ações EGIE3 acompanharam o movimento positivo do setor elétrico e do Ibovespa, principal índice da B3.

Os estrategistas Fernando Ferreira, Jennie Li e a analista Rebecca Nossig, da XP, apontam em relatório que a companhia deve continuar distribuindo 100% dos seus lucros em dividendos durante 2022, dada a forte liquidez da companhia. A XP projeta um dividend yield (retorno em dividendos) de 9,3% para Engie neste ano.

A Engie é uma empresa integrada, focada principalmente na geração de energia renovável, seja hidroelétrica, eólica, solar ou de biomassa, mas também atua na comercialização, transmissão e distribuição de energia. Outra das suas fontes de receita é o transporte de gás natural – por dez estados e 191 municípios.

Além de ter uma das melhores estratégias de comercialização de energia, os analistas da XP destacam a diversificação da sua receita que favorece o pagamento de bons dividendos. Na sua política de dividendos, a Engie estabelece pagar um dividendo obrigatório mínimo de 30% do lucro líquido. Porém, na maioria das vezes, o mínimo observado tem sido 50%.

A corretora Órama – que também incluiu a Engie na sua carteira – destaca em relatório que a companhia é uma excelente alocadora de capital, sempre em busca de projetos atípicos com alta taxa de retorno.

Entre as avenidas de crescimento, a corretora citou as iniciativas recentes no mercado de gás e geração eólica. Já entre os pontos de atenção, a Órama aponta o baixo crescimento da empresa.

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Vale (VALE3)

A Vale ocupa a segunda posição do levantamento, com cinco recomendações entre as dez corretoras.

Com o minério de ferro em alta, a Vale se beneficia. Atualmente a commodity é negociada no patamar de US$ 145 a tonelada, puxada pelas preocupações do mercado em relação a uma oferta menor.

Segundo Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, o preço do minério de ferro deve permanecer em um patamar elevado este ano, por conta da produção de aços planos na China e o crescimento da demanda em outros mercados. Por este motivo, a Santander Corretora elevou a sua projeção do preço da commodity de US$ 105 para US$ 120 a tonelada.

De acordo com o analista, a Vale – que está bem posicionada no mercado interno e externo – acaba se beneficiando dessa retomada mais forte da atividade industrial da China e a manutenção dos preços do minério de ferro, o que permite uma maior distribuição de dividendos.

A Santander Corretora projeta um dividend yield de 10,52% para a Vale em 2022.

Contudo, a companhia também apresenta alguns riscos que devem ser observados pelo investidor. Um deles é o aumento do endividamento.

A dívida líquida expandida da Vale alcançou US$ 15,1 bilhões no quarto trimestre de 2021, frente aos US$ 13,9 bilhões do trimestre anterior. Isso por conta de provisões para pagamentos a Fundação Renova, ligada aos programas na cidade de Mariana (MG), além de provisões para o desastre de Brumadinho (MG).

Peretti destaca que o aumento dessa dívida pode limitar a distribuição de dividendos extraordinários. O aumento significativo de passivos relacionados à barragem de Brumadinho também poderia pressionar o caixa da companhia.

Já o analista Rodrigo Crespi, da Guide, afirma em relatório que os principais riscos para a Vale seriam a desaceleração da demanda mundial do minério de ferro, com arrefecimento de planos de desenvolvimento como aconteceu nos Estados Unidos. Ele cita também a variação da taxa de câmbio entre o dólar e o real e possíveis riscos de paralização por conta das chuvas.

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BB Seguridade (BBSE3) e Copel (CPLE6)

Dividindo a terceira posição com outras cinco companhias, BB Seguridade e Copel entraram na lista de ações mais recomendadas para dividendos em abril. Ambas reúnem quatro recomendações das dez corretoras consultadas pelo levantamento.

Segundo relatório dos analistas do BTG Pactual, a BB Seguridade sofre por ser uma subsidiária do Banco do Brasil, o que aumenta a percepção de risco por parte dos investidores. Contudo, eles destacam que com a normalização dos sinistros e do IGP-M, somado a uma taxa Selic mais elevada, fortes ganhos são esperados para 2022.

O BTG projeta um dividend yield de 10,2% para BB Seguridade neste ano, com espaço para pagamento de dividendos extraordinários.

Já a Copel – companhia elétrica que atua na geração, transmissão e distribuição de energia – está descontada em relação a seus pares por causa de ineficiências do passado, destaca a XP Investimentos.

Segundo a corretora, há oportunidades para a companhia por conta da venda da Copel Telecom, subsidiária que fugia da atividade principal do grupo. A operação ajudou a reduzir o endividamento. Além dos custos da empresa, que se encontram 23% acima dos pares do setor, e devem sofrer cortes no futuro.

A companhia tem uma política de dividendos que acompanha o seu nível de endividamento. Para 2022, a projeção da XP é de um dividend yield de 6,10%.

Petrobras (PETR4) e Vibra Energia (VBBR3)

A Petrobras e Vibra Energia também tiveram quatro recomendações cada.

Rodrigo Crespi, analista da Guide, afirma que a Petrobras segue apresentando bons níveis de produção e reduzindo seu custo de extração, com maior participação de operações pré-sal no portfólio. “Esperamos a entrada de novos poços a médio prazo, contribuindo para o aumento na produção”, destaca ele em relatório.

O analista cita alguns fatores que podem desencadear a alta do ativo no curto prazo: a continuidade da venda de ativos não estratégicos; o avanço do projeto de desinvestimentos das refinarias e a perspectiva de novos anúncios de dividendos.

Embora a ação PETR4 esteja muito barata para ser ignorada, o risco político deve lembrado pelo investidor, destaca a XP.
Segundo analistas da corretora, por se tratar de uma empresa estatal, as eleições devem trazer volatilidade às ações, por conta de dúvidas sobre a governança corporativa da empresa a partir de 2023.

Contudo, a companhia já enfrenta incertezas antes mesmo das eleições, com a recente indicação do economista Adriano Pires para presidência da Petrobras. Segundo informações do jornal O Globo, nesta segunda-feira (4), ele teria desistido de assumir o cargo. O governo nega a informação.

Segundo o analista Ilan Arbetman, da Ativa, com a proximidade da assembleia marcada para o dia 13 de abril, a necessidade de buscar um novo nome com perfil técnico e bom trânsito perante o executivo acaba gerando uma volatilidade maior para as ações da Petrobras.

A Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, trouxe dados positivos no seu balanço do quarto trimestre. Segundo relatório da corretora Elite, a companhia teve um aumento no volume de vendas de diesel, combustíveis de aviação e óleo, além de experimentar um crescimento forte na sua rede de postos de gasolina.

Contudo, a Elite Investimentos destaca que a Vibra vai se beneficiar com a diversificação de receita, apostando também na transição energética e nas práticas ESG (ambiental, social e governança).

“A Vibra deve manter também neste ano os passos para se transformar em referência na economia de baixo carbono”, afirmam os analistas da Elite em relatório. Segundo eles, o passo mais recente foi a entrada no mercado livre de energia elétrica com a compra de 50% da Comerc, com opção de assumir o controle a partir de 2026.

Itaúsa (ITSA4) e Telefônica (VIVT3)

A Itaúsa e Telefônica também integram a seleção de boas pagadoras de dividendos em abril.

Segundo relatório da corretora Ágora, para quem busca dividendos a Itaúsa pode ser uma boa alternativa ao Itaú, dado que a holding tem uma grande exposição ao banco e também está investindo na diversificação de ativos.

Os analistas da casa destacam que a Itaúsa vem estudando investir em distribuição de energia e agronegócio. “A ação permanece com um desconto atraente”, citam.

Já a Telefônica, também conhecida como Vivo, deve se beneficiar da consolidação do setor de telecomunicações, por conta do leilão de 5G e aquisição da Oi Móvel, avalia o BTG Pactual em relatório.

Embora a empresa precise desembolsar recursos, os analistas não enxergam mudanças na distribuição de proventos, dado que a companhia está bem capitalizada.

CPFL Energia (CPFE3)

Ainda na lista de ações recomendadas para abril, a CPFL Energia também recebeu quatro recomendações.

A companhia elétrica também atua nos segmentos de geração, transmissão e distribuição. Segundo Ricardo Peretti, da Santander Corretora, em 2022 a CPFL deve ganhar força no segmento de transmissão e buscar oportunidades inorgânicas na geração.

“A CPFL anunciou um pagamento total de dividendos de R$ 3,376 bilhões (dividend yield de 10,2%) ainda sujeito à aprovação, o que deve sustentar a performance das ações no curto prazo”, destaca o analista em relatório.

Ele aponta como fatores positivos o valuation descontado da ação, forte geração de caixa, proteção contratual contra a inflação e baixa exposição ao déficit hídrico, além do baixo risco regulatório no segmento de distribuição.

“Acreditamos que há espaço para forte distribuição de dividendos nos próximos anos”, aponta, projetando um dividend yield médio de 12% ao ano até 2024.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.