Os dividendos são a parcela do lucro da empresa que é distribuída aos acionistas. Dependem do desempenho do negócio, da geração de caixa, dos ganhos e da estratégia da companhia. São fonte de renda para o investidor, mesmo que as ações desvalorizem, e não pagam Imposto de Renda.

“A vantagem mais clara da estratégia de dividendos é que eles proporcionam um fluxo de renda ao investidor”, comenta Ivens Gasparotto, head de Análise da Suno Research. Sim, investir em empresas que pagam dividendos é uma estratégia de operação na Bolsa.

Muita gente monta carteiras norteadas por este critério. “As ações que distribuem mais dividendos tendem a oscilar menos e a desempenhar melhor no longo prazo”, observa Gasparotto. Ou seja, o investidor pode se beneficiar em duas frentes: dos proventos e da valorização dos papéis.

Empresas que pagam bons dividendos geralmente são consolidadas, têm domínio sobre seu mercado, grande geração de caixa e não precisam reinvestir muitos lucros para financiar seu crescimento, sobrando espaço para a distribuição de proventos.

“Uma carteira de dividendos é também defensiva”, afirma Gasparotto. Isto porque empresas que pagam regularmente atuam geralmente em setores que estão na base da economia, cuja demanda é constante e os investimentos para entrar são enormes. Concessionárias de serviços públicos, como energia e saneamento, são sempre citadas como boas pagadoras. Além disso, os proventos compensam eventual queda na cotação das ações da companhia.

Existem outros investimentos que pagam dividendos, além das ações. O InfoMoney preparou um guia que mostra o funcionamento deste mecanismo e como ganhar com ele.

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• O que são dividendos?
• Quais investimentos pagam dividendos?
• Quais ações pagam dividendos?
• Como calcular dividendos
• Quais são as maiores pagadoras de dividendos no Brasil?
• Como montar uma carteira de dividendos
• É possível viver de renda com dividendos?

O que são dividendos?

Os dividendos são a parcela do lucro líquido que uma empresa de capital aberto ou fechado distribui para seus acionistas. São chamados também de dividendos os rendimentos distribuídos periodicamente pelos fundos imobiliários aos seus cotistas.

“Dividendo é uma forma de remuneração que as empresas fazem aos seus acionistas de tempos em tempos”, explica Guilherme Dultra, diretor de Finanças Pessoais da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

“Os fundos imobiliários são pessoas jurídicas que também têm lucro e distribuem dividendos”, acrescenta o vice-coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, Ricardo Rochman. Tanto ações de companhias de capital aberto quanto cotas de fundos imobiliários são negociadas na B3, a Bolsa brasileira.

Dividendos são um dos tipos de proventos distribuídos por empresas. Outros são juros sobre capital próprio, bonificações e direitos de subscrição.

Os dividendos que o investidor recebe são proporcionais ao número de ações ou cotas que ele tem. Quanto maior o volume, maior o valor recebido.

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Quais investimentos pagam dividendos?

Investimentos em ações de empresas e em cotas de fundos imobiliários. Alguns fundos de investimentos em ações também pagam dividendos aos seus cotistas, pois recebem proventos das companhias em que têm participação. “Mas isso não é comum no Brasil, embora a possibilidade exista. Geralmente os fundos reinvestem os dividendos”, observa Rochman.

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) também podem pagar dividendos. Trata-se de recibos negociados na B3 que representam ações ou outros papéis listados em bolsas estrangeiras. Se o investidor brasileiro tem BDRs de uma empresa estrangeira que paga proventos, ele irá receber.

Leia mais: o que é renda passiva e como conseguir uma?

Quais ações pagam dividendos?

Via de regra, todas as empresas listadas na bolsa são obrigadas a pagar dividendos a cada ano fiscal, se houver lucro. Segundo a Lei 6.404/76, a Lei das S/A (sociedades por ações), o acionista tem direito a receber em cada exercício a parcela de lucros estabelecida no estatuto da companhia.

O dividendo mínimo obrigatório é definido no estatuto das empresas, que são livres para determinar o porcentual do lucro líquido que será distribuído. Em tese, pode variar de 1% a 100%.

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No entanto, se o estatuto for omisso sobre o percentual, a norma estabelece o pagamento de 50% do lucro líquido anual ajustado, ou seja, deduzido de reservas previstas na própria lei.

Quando o estatuto for omisso e assembleia geral de acionistas decidir alterá-lo para introduzir um porcentual, este não poderá ser inferior a 25% do lucro líquido ajustado.

Cabe à assembleia geral ordinária deliberar sobre a destinação do lucro líquido e a distribuição de dividendos. É possível que a administração avalie que o pagamento de dividendos obrigatórios é incompatível com a situação financeira da empresa, caso em que os proventos podem ser reduzidos ou não distribuídos.

Nesse caso, os recursos vão para uma reserva especial. Se esse dinheiro não for usado para cobrir prejuízos nos exercícios seguintes, deve ser distribuído ente os acionistas assim que a situação da empresa permitir.

“A assembleia pode votar por não distribuir dividendos também para a empresa reinvestir o lucro num grande projeto”, comenta Rochman. Ou seja, a companhia tem a possibilidade de usar os recursos para crescer. É por isso que, grosso modo, as empresas que costumam pagar mais dividendos são aquelas já consolidadas, com ampla presença em seus mercados e sem muita necessidade de expansão.

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“De modo geral, as ações que pagam os maiores dividendos são de empresas estáveis e sólidas, com um histórico de lucros consistente, que buscam atrair mais acionistas com essa vantagem”, destaca Dultra.

Os dividendos são um incentivo para a atração de investidores, pois representam uma possibilidade de ganho mesmo se as ações da companhia desvalorizarem, e muitos analistas dizem que os papéis de boas pagadoras de proventos tendem a valorizar no longo prazo.

Isso não quer dizer que empresas em crescimento não paguem dividendos. Geralmente, estas companhias são procuradas por investidores de olho em seu potencial de expansão – e de valorização das ações. Mas elas podem pagar proventos por motivos pontuais, como a venda de um ativo, ou conseguem aliar distribuição de parte dos lucros com reinvestimento de outra parte.

Vale lembrar que tanto ações como cotas de fundos imobiliários são negociadas em Bolsa, então o investidor tem a possibilidade de ganhar tanto com dividendos como com a eventual alta dos papéis.

Como calcular dividendos

Os dividendos são uma parte do lucro líquido da empresa definida em estatuto, ou fixada em lei ou determinada pela assembleia de acionistas. Assim, o valor vai depender do tamanho do lucro. Se em determinado período a companhia não tem ganhos, não há o que distribuir.

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Cada acionista recebe um valor proporcional ao tipo de ação (preferencial ou ordinária) e à quantidade que detém. Neste sentido, os dividendos são representados por um determinado valor por ação. Se o investidor tiver 300 ações de uma empresa que paga R$ 3,00 por ação, ele irá receber R$ 900 em dividendos (300 x 3 = 900).

Da mesma forma, nos fundos imobiliários, o investidor tem direito a um valor proporcional por cota. A diferença é que a Lei 8.668/93, que rege estes FIIs, estabelece as distribuição de, no mínimo, 95% dos lucros semestrais.

Segundo a norma, o resultado deve ser apurado “segundo o regime de caixa”, mas recentemente a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) decidiu que os fundos imobiliários só podem distribuir dividendos se tiverem lucro contábil. O caso diz respeito especificamente ao fundo Maxi Renda (MXRF11) e foi temporariamente suspenso pela própria CVM. O setor, no entanto, teme que a decisão – se for confirmada – venha a afetar os demais fundos.

O que é dividend yield?

Dividend yield (DY) é um termo em inglês que, em tradução livre, significa “rendimentos de dividendos”. É um indicador que mede a taxa de retorno de uma ação na forma de dividendos, e é utilizado para verificar se o provento é atrativo ou não em relação ao preço do papel. Trata-se de uma das métricas usadas para avaliar se uma empresa é interessante ou não para estratégias de dividendos.

O DY é expresso como uma porcentagem do preço da ação. O cálculo é feito pela divisão do valor nominal do dividendo por ação pelo preço no papel no período relativo ao pagamento do provento. O resultado é multiplicado por 100 para se chegar a uma taxa percentual.

Por exemplo: uma empresa anuncia que irá distribuir dividendos de R$ 2,00 por ação, e o valor do papel está em R$ 40,00. Então, 2/40 = 0,05. E 0,05 x 100 = 5%. O DY dessa ação, portanto, será de 5%. Quanto maior for o DY, maior o retorno do papel com dividendos.

“Não há um percentual ideal, mas quanto maior, melhor”, declara Rochman. Não é raro que o DY seja comparado com a taxa básica de juros, a Selic, como um parâmetro.

A mesma métrica é usada para mensurar a taxa de retorno de fundos imobiliários com dividendos, em relação ao valor das cotas.

O que é a data ex-dividendos?

É a data limite para que alguém compre ações de determinada empresa e tenha direito a receber os dividendos já anunciados. A companhia informa, por exemplo, que a data ex-dividendos é 14 de fevereiro. Quem adquirir papeis antes deste dia, receberá os proventos. Quem comprar depois, não. Isso ocorre todas as vezes que a empresa anunciar uma distribuição.

A ideia por trás da data limite é privilegiar quem era acionista da companhia na época em que ela obteve os lucros que serão distribuídos.

Com qual frequência são distribuídos dividendos?

Por lei, as sociedades por ações têm que distribuir dividendo pelo menos uma vez por ano, se houver lucro, mas a companhia pode optar por pagamentos mensais, trimestrais, semestrais ou anuais. São mais comuns proventos trimestrais, semestrais e anuais. “Depende da regularidade do caixa da empresa”, diz Rochman.

Os fundos imobiliários são obrigados a pagar rendimentos aos cotistas semestralmente, mas muitos pagam mensalmente como forma de atrair investidores em busca de uma fonte de renda regular.

Onde os dividendos são depositados?

Os dividendos são depositados na conta do investidor em sua corretora ou em conta corrente no banco.

Incide Imposto de Renda sobre dividendos? É necessário declará-los?

Não incidem impostos sobre os dividendos recebidos de companhias. “Isso porque a distribuição é feita em cima do lucro líquido, ou seja, depois que os impostos já foram recolhidos pela empresa”, observa Dultra.

No entanto, é necessário incluí-los na declaração anual de Imposto de Renda. No programa da Receita Federal, o local para anotar a informação é a ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, no campo “09 – Lucros e dividendos recebidos”. Você confere o processo passo a passo no guia Como declarar dividendos no Imposto de Renda 2022, do InfoMoney.

Reforma tributária

Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei de Reforma Tributária que institui alíquota de 15% de IR sobre dividendos pagos pelas empresas. A proposta foi aprovada na Câmara, mas ainda precisa passar pelo Senado.

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Os rendimentos dos fundos imobiliários são isentos também, mas há limites. O fundo precisa ter no mínimo 50 cotistas, o participante deve ter menos de 10% das cotas e não pode ter direito a receber mais de 10% dos rendimentos do fundo. Além disso, as cotas precisam ser negociadas exclusivamente em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado.

Na declaração de IR, os ganhos com fundos imobiliários devem ser relatados na ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, no campo “26 – Outros”. Os detalhes também constam no guia Como declarar dividendos no Imposto de Renda 2022, do InfoMoney.

Vale lembrar que a isenção vale para dividendos. Juros sobre capital próprio, outra forma de distribuição de proventos pelas empresas, por exemplo, pagam alíquota de 15% de IR na fonte.

Além disso, o ganho de capital é tributado. Se você comprou ações a determinado preço e depois vendeu por um valor maior, há ganho de capital. Esse lucro será isento se as vendas de ações realizadas pelo investidor não ultrapassarem R$ 20 mil por mês. Acima disso, incide alíquota de 15% nas operações comuns e de 20% no day trade, compra e venda de ações realizadas no mesmo dia.

O ganho de capital na venda de cotas de fundos imobiliários paga alíquota de 20% de IR, independentemente do valor da operação. O próprio investidor tem que calcular e pagar o imposto sobre ganhos de capital, pois não há desconto na fonte.

Um detalhe: dividendos pagos por BDRs são tributados. Os proventos podem ser taxados no país da empresa pagadora, o que varia de acordo com a origem, e no Brasil. Há, no entanto, possibilidade de compensar o valor desembolsado lá fora com o cobrado aqui, caso o Brasil tenha acordo para evitar bitributação ou de reciprocidade de tratamento tributário com a outra nação.

Os Estados Unidos são um exemplo. Lá, os dividendos são taxados em 30% e é possível compensar esse gasto com o IR cobrado aqui, pois há reciprocidade de tratamento tributário entre o Brasil e os EUA.

A cobrança sobre dividendos de BDRs segue as faixas da tabela do IR válidas para outros rendimentos: isenção até o valor mensal de R$ 1.903,98; alíquota de 7,5% de R$ 1.903,99 a R$ 2.826,65; 15% de R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05; 22,5% de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68; e 27,5% para valores acima de R$ 4.664,68. O pagamento ocorre por meio do carnê-leão.

Na declaração de IR, os dividendos de BDRs devem ser declarados na ficha “Rendimentos tributáveis recebidos de PF/exterior”. Para o ganho de capital, a tributação de BDRs segue a mesma lógica das ações de empresas brasileiras, mas não há isenção para vendas mensais até R$ 20 mil.

Como saber se uma ação paga dividendos

A primeira coisa a fazer é pesquisar o histórico da empresa para saber se ela distribui proventos regularmente. Essa é uma boa maneira de verificar se os pagamentos são um hábito ou se são apenas eventuais, em situações específicas.

Lembre-se, companhias em expansão podem usar lucros para financiar seu crescimento. Negócios que dão prejuízo não pagam proventos e empresas pouco lucrativas distribuem baixos valores, se distribuírem.

No estudo de histórico, além da regularidade, é importante verificar o dividend yield ao longo do tempo para saber se a ação costuma ter boa rentabilidade no que diz respeito aos dividendos, se o retorno geralmente compensa o preço do papel. Analistas fazem projeções de dividend yield futuro. É importante estar atento a estas expectativas também.

Dividend yield baixo não indica obrigatoriamente pouca lucratividade. Mesmo se a empresa for extremamente lucrativa e distribuir 100% do que ganha, se a ação estiver muito “cara”, o indicador vai lá para baixo. É sinal de que o retorno pode não compensar o tamanho do investimento.

“Olhar o passado não é garantia de futuro”, alerta Gasparotto. De fato, a companhia ter distribuído dividendos em anos anteriores não quer dizer que ela vai continuar a pagar. É um indicativo, mas existem outros.

Saber qual é a política de dividendos da empresa é importante. As empresas de capital aberto têm sites de relações com investidores. Procure pela política de remuneração aos acionistas para saber o padrão de distribuição da companhia. O estatuto também pode ter informações nesse sentido, mas também é possível que o documento seja omisso.

Existem companhias que apresentam planejamento de longo prazo sobre o tema. A Petrobras, por exemplo, lançou em novembro de 2021 seu plano estratégico até 2026, com o compromisso de pagar dividendos mínimos de US$ 4 bilhões em exercícios em que o preço do barril de petróleo Brent ficar acima de US$ 40. A expectativa é distribuir de US$ 60 milhões a US$ 70 bilhões no período em proventos.

Nem todas as empresas têm um padrão definido e, mesmo que tenha, recomenda-se estudar o desempenho da companhia. “O ideal é olhar relatórios e demonstrativos da empresa”, diz Gasparotto. “Eu acredito na análise da empresa”.

Isto quer dizer que, além de verificar se a companhia tem um padrão de distribuição, o investidor deve se debruçar sobre os balanços da companhia, saber sobre a saúde do negócio, lucratividade, geração de caixa, as expectativas do mercado e se a conjuntura econômica é favorável àquele empreendimento.

Há profissionais que fazem isso. As corretoras, por exemplo, costumam divulgar regularmente carteiras recomendadas de ações que pagam dividendos. O mesmo vale para fundos imobiliários. Fora isso, a B3 tem um índice de papéis que costumam pagar proventos, o IDIV, composto por algumas dezenas de companhias.

Quais são as maiores pagadoras de dividendos no Brasil?

As maiores pagadoras variam. Em 2021, por exemplo, foram: a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Unipar (UNIP6), Vale (VALE3), Portobello (PTBL3), Copel (CPLE6), JBS (JBSS3), siderúrgica Gerdau (GGBR4), Transmissão Paulista (TRPL4), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3), todas com dividend yield acima de 11%.

Algumas destas companhias são pagadoras recorrentes de bons dividendos. Outras são eventuais. A distribuição de proventos pode ser influenciada por acontecimentos pontuais, como um ano especialmente positivo para determinado setor, ou uma operação específica que gerou ganhos significativos para a companhia. Estas ocorrências podem não se repetir.

Alguns segmentos são conhecidos pelo pagamento regular de dividendos, como energia elétrica, saneamento, telecomunicações, bancos e seguradoras. Para 2022, commodities são também uma aposta forte. “Mas o investidor tem que olhar ativo por ativo”, observa Gasparotto.

O setor de utilities, prestadoras de serviços públicos como energia e saneamento, é sempre citado como bom e constante pagador. São serviços perenes, que as pessoas precisam contratar independentemente da situação econômica, então as empresas têm um fluxo de caixa constante e previsível.

O que é carteira de dividendos?

Carteira de dividendos é uma carteira com ações de empresas que pagam ou têm potencial de pagar bons proventos. É um portfólio que, mais do que valorização, tem por objetivo gerar renda ao investidor, embora as duas metas não sejam excludentes.

Como montar uma carteira de dividendos

Para montar uma carteira de dividendos, é necessário escolher ações de empresas que se enquadrem nos critérios do item Como saber se uma ação paga dividendos. É preciso estudar.

Como nem todo mundo tem tempo, conhecimento ou disposição para fazer isso, os analistas do mercado de capitais avaliam os papéis e fazem recomendações, divulgando regularmente carteiras recomendadas de dividendos.

Todo mês, o InfoMoney compila as ações mais citadas nas carteiras recomendadas de dividendos de uma dezena de instituições financeiras.

Recomendações de “compra”, “neutra” ou “manutenção” e “venda” são alguns dos termos mais usados por analistas. Embora as próprias palavras já indiquem qual é a orientação, recomenda-se ler os relatórios produzidos por estes profissionais para saber quais são os motivos das recomendações e só depois tomar uma decisão. Vale lembrar que as avaliações variam de acordo com o especialista.

É possível viver de renda com dividendos?

Sim. É possível, mas demanda muito estudo e disciplina. Depende do volume de seus gastos e do tamanho de sua carteira. É necessário ter um volume suficiente para investir em papéis que paguem proventos, o bastante para cobrir seus gastos. “Dá para viver, mas depende de quanto a pessoa precisa e do patrimônio que ela tem”, afirma Gasparotto.

Em novembro de 2021, por exemplo, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) pagou R$ 1,44 por ação em dividendos relativos ao terceiro trimestre. Numa conta rápida, para receber R$ 10 mil, você teria que dispor de quase 7 mil ações da companhia. Ao preço de R$ 12 por papel, seu investimento teria de ser de R$ 84 mil. Vale destacar que, nos trimestres anteriores, a companhia não pagou tanto. Ela teve um dos maiores dividend yields de 2021.

Para montar uma carteira de renda os analistas recomendam diversificação. Além de ações, investir em outros produtos que paguem rendimentos regulares, como títulos de divida pública ou privada, que remuneram com juros, e fundos imobiliários.

“É preciso escolher bem empresas e fundos e é recomendável diversificar”, ressalta Rochman. Ele lembra que com a pandemia de Covid-19 negócios que eram lucrativos deixaram de ser, e outros que não eram, passaram a ser.

O mercado imobiliário é um exemplo. Shopping centers ficaram praticamente fechados durante meses, assim como outros imóveis comerciais, e fundos centrados nestes empreendimentos perderam renda de aluguéis. O comércio eletrônico e outras atividades online, por outro lado, explodiram no período.

Além da diversificação de papéis, é recomendável também variar os setores para onde vão os recursos investidos.

Para montar uma carteira de renda, Gasparotto sugere seguir a regra do perfil do investidor: conservador, moderado ou arrojado. Alguém com perfil mais agressivo pode ter mais ações em seu portfólio. Já um investidor conservador, deve ter mais renda fixa, como títulos púbicos. “E os fundos imobiliários ficam no meio”, orienta.

Os especialistas ressaltam que, fora fundos imobiliários que pagam proventos mensais, ações e renda fixa não distribuem rendimentos com a mesma regularidade. Podem ser trimestrais, semestrais e anuais, ou só no vencimento, no caso de alguns títulos de dívidas. O investidor pode ficar meses sem receber valores mais significativos e precisa programar seu orçamento.

Gasparotto avalia que fundos imobiliários são importantes para garantir um fluxo mensal de recursos. O interessado pode optar em seguida por títulos públicos que paguem juros semestrais, debêntures com desembolsos semestrais, ou anuais, caso incentivadas, e ações. A porcentagem de cada vai depender do perfil da pessoa.

Embora a renda fixa esteja em evidência com o avanço da inflação e dos juros, o analista da Suno destaca que as ações são o elemento que guarda surpresas, pois podem valorizar e distribuir proventos acima do esperado. A carteira pode ainda incluir BDRs, pois a diversificação internacional é sempre recomendada pelos profissionais.

A XP publica periodicamente a carteira Viva de Renda, com debêntures, fundos imobiliários e renda variável. As porcentagens variam de acordo com o perfil, moderado ou agressivo. Para se ter uma ideia, o portfólio moderado de janeiro projetava uma renda mensal média de R$ 10 mil para um patrimônio investido de quase R$ 1,9 milhão.

Agenda de dividendos 2022

As empresas divulgam trimestralmente seus resultados e agendas de distribuição, se houver. O InfoMoney publica mensalmente uma compilação dos pagamentos previstos.