O que esperar da temporada de resultados do 1º trimestre? Confira ações e setores para ficar de olho

Analistas não esperam por uma temporada muito diferente do desafiador 4T22, mas algumas empresas devem se destacar

Lara Rizério

Publicidade

O cenário macro segue como um fator de peso para as empresas brasileiras no primeiro trimestre de 2023 (1T23), após um quarto trimestre de 2022 bastante marcado  por preocupações crescentes com uma recessão econômica em meio ao aumento das taxas de juros pelos bancos centrais ao redor do mundo.

Para este início de temporada de balanços do 1T23, que já trouxe os números de Usiminas (USIM5) e Indústrias Romi (ROMI3), a expectativa, de acordo com o JPMorgan, é de uma continuidade de ajuste residual dos lucros para baixo. Porém, o banco reiterou recentemente sua visão overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações do Brasil por conta do valuation, o que também indica que essa temporada pode ser uma oportunidade para os destaques de balanços na Bolsa.

Temas como endividamento das famílias, alta alavancagem das empresas com cenário de Selic alta e temores sobre a atividade global devem seguir como destaque nas teleconferências dos mais diferentes setores.

Ebook Gratuito

Como analisar ações

Cadastre-se e receba um ebook que explica o que todo investidor precisa saber para fazer suas próprias análises

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O Morgan Stanley espera que as empresas brasileiras apresentarão um aumento anual de 5% na receita em dólares, queda anual de 8% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) e de 28% nos lucros.

Olhando para os setores, transporte e lazer devem ficar à frente em termos de crescimento anual do Ebitda, enquanto Siderurgia e Mineração devem registrar queda.

Seguindo em commodities, o Itaú BBA projeta bons resultados para as “Juniors”, companhias produtoras de petróleo e gás especializadas na recuperação de campos maduros. Por outro lado, para as distribuidoras de combustível, as reduções de preço do diesel, do combustível de aviação e do óleo combustível devem afetar o valor dos estoques, levando a resultados ainda desafiadores para as companhias no trimestre.

Continua depois da publicidade

Ainda entre os destaques, o Morgan espera resultados fracos para o setor agrícola e empresas de educação ainda pressionadas pela alta alavancagem.

No setor de varejo, a projeção do banco é de continuidade de um melhor desempenho relativo para o segmento de consumo básico. Em todo o varejo multicanal do Brasil, os primeiros impactos da mudança de participação da Americanas (AMER3) no mercados estarão em foco, com os ganhos do primeiro trimestre dos pares fornecendo a primeira leitura concreta.

Confira o calendário de resultados do 1º trimestre de 2023 da Bolsa brasileira

Continua depois da publicidade

Para os bancos, analistas de mercado seguem com uma visão de números relativamente mais fortes para o Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4), enquanto Bradesco (BBDC4) e Santander Brasil (SANB11) devem seguir com números “desafiadores”.

Veja as empresas que devem se destacar no 1º tri:

Setor financeiro

O Itaú BBA apontou, no setor financeiro, seguir mais construtivo com Banco do Brasil e BB Seguridade (BBSE3), ainda com chance de surpresas positivas. Para o BTG Pactual (BPAC11), os analistas do BBA acreditam que a instituição terá um trimestre “decente”, potencialmente marcando um piso para o resultado do ano. Ainda seguem “evitando” Bradesco, Santander e Banco Pan (BPAN4).

Publicidade

Para B3 (B3SA3), esperam resultados em linha, enquanto as adquirentes devem trazer melhorias, mas ainda com volumes fracos. Já o Nubank (NUBR33) também deve trazer resultados mistos, com forte receita, mas altos níveis de índices de inadimplência (NPL) e provisões, com o teto dos cartões de crédito se tornando uma discussão cada vez mais relevante.

De maneira geral, a XP espera que os resultados do 1T23 dos bancos brasileiros sejam mistos. O BB e o Itaú permanecem resilientes, com um sólido crescimento de carteira de crédito e um aumento marginal nas taxas de inadimplência. Por outro lado, antecipa um trimestre decepcionante para o Santander e o Bradesco. Ambos ainda estão sendo afetados por maiores provisões e uma Margem financeira (NII) com o mercado menor.

“Para as empresas de mercado de capitais, vemos poucos negócios de Renda Variável (ECM), volumes de negociação mais fracos e uma pressão nos negócios de emissão de dívidas (DCM) devido aos eventos adversos de crédito ocorridos no trimestre”, afirmam os analistas da casa.

Continua depois da publicidade

Um primeiro trimestre barulhento afetou as atividades do mercado de capitais (ADTV, operações de ECM e DCM). Portanto, embora deva ter impactos assimétricos em suas receitas, B3, BTG e BR Partners (BRBI11) devem apresentar margens pressionadas.

Em geral, acreditam que os resultados do primeiro trimestre estarão em linha com as suas preferências no setor, com o Itaú e o Banco do Brasil sendo os destaques positivos da temporada.

Para o Bradesco BBI, embora acredite que o 1T23 deva mostrar tendências semelhantes aos últimos trimestres, algumas
discussões devem ser levantadas neste trimestre.

Publicidade

“De fato, acreditamos que (i) qualidade de ativos para empresas, (ii) orientação para crescimento de empréstimos e (iii)
regulamentação e taxas de juros para cartões de crédito devam ser as novas discussões do 1T23”, afirmam.

Em relação ao 1T23, esperam tendências semelhantes ao 4T22, com crescimento ainda sólido da margem financeira líquida, enquanto as provisões devem cair dadas as bases de comparação devido às provisões relacionadas ao caso Americanas no 4T22.

Enquanto isso, a qualidade dos ativos deve continuar se deteriorando em pessoas físicas, enquanto algumas reservas
deve ser construído para enfrentar a deterioração potencial nas empresas. Santander deve seguir pressionado, enquanto BB, Itaú e BTG devem registrar fortes ganhos.

“Por fim, esperamos que os bancos médios enfrentem um 1T23 desafiador, com riscos na evolução da NII, qualidade e receitas de comissões”, apontam.

Commodities

Papel e celulose

O setor de papel e celulose deve registrar resultados mistos no 1T23, avalia a XP. Para a celulose, esperam preços realizados e volumes de vendas menores, com custo caixa por tonelada estável. Para papéis e embalagens, esperamos um melhor desempenho de preços relativos e volumes/custos caixa estáveis. Ainda esperam bom Ebitda para Klabin (KLBN11) e Irani (RANI3), enquanto a Suzano (SUZB3) deve ser a empresa mais impactada pela queda nos preços da celulose.

“No geral, acreditamos que as discussões para as mineradoras e siderúrgicas serão sobre a normalização da inflação de custos e das expectativas sobre a demanda por commodities”, apontam.

Para as empresas de papel e celulose, veem as preocupações dos investidores com a queda nos preços da celulose como o principal tema discutido. Os analistas acreditam que: (i) o reabastecimento dos estoques; e (ii) os preços atuais próximos ao custo marginal podem dar algum suporte aos preços da celulose no curto prazo.

Para o Bradesco BBI, os resultados devem refletir apenas parcialmente a atual dinâmica desafiadora do mercado, ainda um pouco sustentado por preços mais altos na Europa e preços relativamente altos na China em janeiro e fevereiro (preços da celulose de fibra curta mais próximos de US$ 600 a tonelada em março, contra mais de US$ 800 no início de janeiro).

O BBI espera que o Ebitda do primeiro trimestre da Suzano fique em R$ 6,27 bilhões, queda de 27% no trimestre. Os volumes de celulose devem cair cerca de 10% na base trimestral, enquanto esperam preços de exportação realizados cerca de 10% mais baixos no trimestre.

Para a Klabin, a expectativa é de um Ebitda em R$ 1,84 bilhão (-4% na base trimestral e +6% na comparação anual), que deve ser impactado por kraftliner e preços de celulose mais fracos, parcialmente compensados pela maior realização de preços de papelão, papelão ondulado e custos ligeiramente mais baixos.

Os analistas esperam que a Dexco (DXCO3) registre um trimestre sequencialmente mais fraco (Ebitda em R$ 308 milhões versus R$ 367 milhões no 4T), devido a volumes significativamente mais fracos e custos mais elevados em Deca e Ceramic Tiles, enquanto os resultados dos painéis de madeira devem subir no trimestre (margem Ebitda em 25% contra 23% no quarto trimestre).

O Itaú BBA espera que a Suzano reporte resultados mais fracos no trimestre principalmente diante de menores volumes e preços no segmento de celulose. Assim, estima uma queda no Ebitda de 26% na comparação trimestral.

Para Klabin, projeta que a empresa apresente resultados mais resilientes no primeiro trimestre, uma vez que os segmentos de papel e de embalagem devem apresentar uma performance mais saudável no período, enquanto o segmento de celulose deve sofrer devido a menores preços e volumes. Tudo considerado, estima queda de 3% em base trimestral para o Ebitda consolidado da companhia.

Mineração e siderurgia

A temporada de resultados do segmento já teve início com a Usiminas (USIM5), que apresentou resultado operacional (Ebitda) de R$ 783 milhões no primeiro trimestre, alta de 35% na comparação trimestral e 4% acima das nossas expectativas. A empresa reportou números melhores no período diante de resultados mais fortes em siderurgia, dado melhor volume e menores custos, e na mineração, devido a melhores preços de minério de ferro. Além disso, a companhia publicou a projeção de vendas de aço para o segundo trimestre, que devem crescer em torno de 8% na comparação trimestral.

O 1T23 deve apresentar resultados mais fortes para siderurgia e resultados mais fracos para mineração quando comparado ao último trimestre, avalia a XP.

Para a Vale (VALE3), espera que as discussões sobre a demanda de aço na China, EUA e Europa continuem em destaque; já para a Gerdau, as discussões sobre a normalização das margens na unidade da América do Norte devem chamar a atenção dos investidores a partir dos resultados do 1T23. Para as mineradoras de minério de ferro, projeta um Ebitda menor para a Vale, com melhor desempenho relativo para a CSN Mineração (CMIN3). Para as siderúrgicas, projeta aumento do Ebitda trimestralmente.

Apesar dos altos preços de energia e baixos estoques de alumínio, os preços da commodity continuaram caindo ao longo do trimestre, com algum alívio no final do 1T23. Para a CBA (CBAV3), a XP espera resultados mais fracos devido aos preços ainda fracos do alumínio, com custos caixa impactados pelo aumento dos custos dos insumos (soda e coque). Para a Aura (AURA33), prevê preços mais altos, embora volumes menores possam impactar negativamente os resultados da empresa.

Na avaliação do BBA, a Gerdau (GGBR4) deve se beneficiar de resultados melhores no Brasil e na América do Norte. Para a CSN (CSNA3), estima números levemente melhores, uma vez que o forte resultado em mineração deve ser parcialmente pressionado pelo desempenho pior em siderurgia.

Enquanto isso, a Vale deve apresentar resultados piores no trimestre, com menores volumes e maiores custos ofuscando melhores preços. Em CBA, também antecipa resultados mais fracos no trimestre, principalmente diante de custos ainda persistentes na companhia.

O Credit Suisse aponta que, no segmento de aços planos, espera que a CSN reporte resultados fracos na siderurgia, enquanto os resultados da mineração devem ser mais fortes, seguindo os preços mais altos do minério de ferro. A Gerdau deve manter o bom momento, já que os maiores embarques no Brasil e nos Estados Unidos devem ajudar a diluir os custos. Já em relação a Vale, o time comenta que os fracos embarques de minério de ferro apontam para maiores custos caixa nas comparações trimestrais e anuais.

Petróleo 

O Morgan Stanley aponta que, entre as petroleiras, a Petrobras (PETR4) deve sofrer com a queda dos preços do petróleo, embora os fluxos de caixa sigam saudáveis. Os dividendos devem seguir como o grande foco do trimestre (o consenso mudou para expectativas mais positivas, provavelmente acima da projeção de dividend yield do Morgan de 32,5%).

Para as empresas juniores, os analistas do Morgan esperam um trimestre robusto para a maioria dos players. Com exceção da Enauta (ENAT3), que teve uma parada de produção em Atlanta (agora normalizada), PRIO (PRIO3), 3R (RRRP3) e Petroreconcavo (RECV3) entregaram dados de produção sólidos, na visão do banco.

O destaque do trimestre será a PRIO, pois a empresa vendeu todo o estoque acumulado do 4T22, para evitar os grandes descontos observados no trimestre anterior.

A PRIO também deve se destacar na visão do Itaú BBA, com resultados recordes devido à venda de todo o óleo armazenado nas Ilhas Virgens Americanas, após os resultados do 4T22 serem pressionados por vendas menores.

“Prevemos um bom trimestre em geral para as empresas independentes de petróleo, com preços de petróleo e gás ainda altos e níveis de produção diários geralmente mais altos compensando parcial ou totalmente a queda do preço do petróleo.

Para as distribuidoras de combustíveis, o Itaú BBA projeta que a Ultrapar (UGPA3) tenha um Ebitda total consolidado de R$ 866 milhões no 1T23, com margem Ebitda da Ipiranga em torno de R$ 92/m³, refletindo perdas de estoque principalmente devido aos cortes no preço do diesel durante o trimestre. “Esperamos resultados trimestrais em linha para a Ultracargo, enquanto os volumes da Ultragaz devem cair 7%, principalmente devido à sazonalidade”, afirmam.

Para a Vibra (VBBR3), esperam Ebitda de R$ 861 milhões no 1T23, resultando em uma margem de R$ 94/m³. A redução de preço de combustível para diesel, querosene de aviação e óleo combustível no trimestre, combinada com os efeitos remanescentes dos cortes de preços em dezembro, deve ter um impacto significativo nas perdas de estoque. “Não esperamos um grande impacto de hedge ou venda de ativos em o trimestre. Do lado positivo, esperamos uma forte liberação de capital de giro como resultado da otimização de estoque e redução de preços”, aponta.

O Morgan espera melhora ante o 4T22, mas ainda com os números não normalizados. “Em nossas conversas com empresas de distribuição de combustível, a mensagem consensual foi de que as condições de negócios e comerciais melhoraram significativamente no trimestre, o que é uma boa notícia. Ainda assim, como os impostos sobre a gasolina não foram totalmente restabelecidos e a Petrobras cortou os preços do diesel no final do trimestre, as margens ainda sofrerão com o estoque mensal negativo”, apontam.

Varejo

O Morgan Stanley vê resultados mistos a depender do segmento, projetando números melhores no varejo de consumo básico ante o discricionário nos resultados do 1T. “Em todo o varejo multicanal do Brasil, os primeiros impactos da mudança de participação da Americanas estarão em foco, com os ganhos do primeiro trimestre dos pares fornecendo a primeira leitura concreta”, aponta o banco.

O BTG Pactual destaca que os resultados das varejistas devem seguir fracos. O setor é altamente correlacionado com o cenário macroeconômico e esse vínculo foi particularmente forte nos últimos trimestres, pois as empresas estão lidando não apenas com pressões de alavancagem financeira (e resultados financeiros), mas também com desaceleração da demanda, levando à desalavancagem operacional, apesar dos esforços bem-vindos para otimizar custos em um cenário mais difícil.

“De certa forma, o 1T23 deve se parecer muito com os trimestres anteriores, mas com deterioração nos fundamentos das empresas (com algumas exceções, como sempre)”, aponta o BTG.

De forma geral, a receita consolidada do setor deve aumentar 21% ao ano, com Ebitda crescendo 14% ao ano (com esforços para otimizar custos e adotar preços mais racionais), enquanto custos de captação mais altos devem prejudicar o lucro líquido (-73% ao ano).

Segundo o banco, no lado do comércio eletrônico, as preocupações (e a volatilidade) permanecem semelhantes aos trimestres anteriores, mas com bases de comparação mais fracas após um 2022 desafiador. juntamente com iniciativas bem-vindas de otimização de custos devem gerar melhorias de margem.

Os analistas esperam que o GMV (volume bruto de mercadorias) online cresça 12% ao ano no Magazine Luiza (MGLU3) (GMV consolidado em alta de 11% ao ano), semelhante aos trimestres anteriores (+R$ 1,2 bilhão de adição de GMV online), queda de 4% ao ano da Via (VIIA30  (GMV total aumenta 3% ao ano) e aumento de 22% ao ano nas operações brasileiras do Mercado Livre (MELI34) (+R$ 3,9 bilhões de adição de GMV) – o BTG espera que o GMV online combinado dos 3 principais players cresça 15% ao ano (versus +16% ao ano no 4T22).

“Ainda vemos uma tendência secular de crescimento para o comércio eletrônico brasileiro nos próximos anos, mas, ao contrário dos mercados mais maduros, com GMV (e participação nas vendas do varejo) muito maior do que os níveis pré-pandemia”, afirmam os analistas. No entanto, para preservar o caixa em meio a um cenário incerto, empresas como Via, Magalu, Enjoei (ENJU3) e Westwing (WEST3) já cortaram investimentos para melhorar a rentabilidade (com trade-off de crescimento), tendência que esperamos que seja mantida no curto/médio prazo.

Os varejistas de vestuário/calçados expostos a famílias de alta renda – Grupo Soma (SOMA3), Track&Field (TFCO4) e Arezzo (ARZZ3) –  devem ser destaque positivo novamente no primeiro trimestre, apesar da desaceleração da receita, semelhante aos últimos 2 trimestres (Arezzo e Saoma devem crescer 18% e 14% ao ano; no Grupo Soma, esperam que as vendas da Hering (independente) cresçam 12% ao ano).

A Arezzo deve reportar uma queda de 55 pontos-base na margem Ebitda no período, enquanto a margem Ebitda consolidada do Grupo Soma deve crescer 100 pontos-base ao ano.

Para eles, Renner (LREN3) e C&A (CEAB3) devem ser os destaques negativos. A receita da Renner deve crescer 4% ao ano, desacelerando em relação aos trimestres anteriores, com margem Ebitda do varejo caindo 150 pontos-base ao ano, enquanto sua divisão de financiamento ao consumo deve registrar números semelhantes (e fracos) em relação ao final de 2022 (-R$ 32 milhões no lucro operacional).

Enquanto isso, veem as vendas brutas da Petz (PETZ3) aumentando 19% ao ano (+20% ex-Zee.Dog), com margem Ebitda caindo 40 pontos-base ano a ano (-20bps ex-Zee.Dog) devido à expansão agressiva de lojas, forte penetração de comércio eletrônico e alta inflação.

Já Lojas Quero-Quero (LJQQ3) deve apresentar um desempenho fraco (receita bruta cresce 6% ao ano), com margens impactadas por maior inadimplência em sua divisão de financiamento ao consumo (margem Ebitda -380 pontos-base ao ano), enquanto esperam que o Burger King (ZAMP3) continue se recuperando quando comparam com os últimos trimestres (receita deve crescer 10% ao ano).

O crescimento deve desacelerar para varejistas de alimentos com menor inflação de alimentos nos últimos meses: vendas nas mesmas lojas (SSS) deve subir 7,5% ao ano no Assaí (ASAI3), 7,1% ao ano no Carrefour (CRFB3) (SSS em alta de 7,1% no Atacadão e 6,9% em sua operação de varejo), e 11,2% ao ano no Grupo Mateus (GMAT3).

No entanto, o Carrefour deve ser um destaque negativo, com margem Ebitda consolidada em queda, impactado por um fraco desempenho em sua operação de financiamento ao consumo (afetada por maiores provisões) e pela integração do Grupo Big.

Enquanto isso, o BTG espera que a Smartfit (SMFT3) divulgue uma grande expansão de vendas no trimestre (receita aumenta 52% ao ano mediante uma base de compensação mais favorável), com sua tendência de margem melhorando em relação aos trimestres anteriores.

No setor farmacêutico, a RaiaDrogasil (RADL3) deve crescer 23% ao ano (SSS consolidado +13,5%), com margem Ebitda estável  (ganhos de preço parcialmente compensados pela inflação no período). O banco espera que a Panvel (PNVL3) reporte números sólidos (SSS +9,5% ao ano), enquanto a Hypera (HYPE3) deve crescer 12% na base anual.

Construtoras e shoppings

As prévias operacionais das construtoras já deram algumas indicações do que esperar no trimestre. Conforme aponta o Itaú BBA, houve uma bem-vinda redução de estoque entre os players de média renda para 19 meses de vendas no período (de 20 meses no 4T22), com menos lançamentos (-10% na base anual) e maiores vendas (+25% ano a ano).

“Esses bons resultados sustentam nossa visão cada vez mais positiva do setor como uma boa maneira de investir no ciclo de flexibilização monetária) que se aproxima (EzTec EZTC3 é a top pick do banco)”, avalia.

No espaço de baixa renda, as vendas permaneceram fortes (+27% no ano), como esperado, confirmando a visão do segmento como uma alternativa mais defensiva.

Olhando para os shoppings, o Credit Suisse projeta uma temporada positiva para o segmento, com as vendas nas carteiras mais dominantes continuando a ter um bom desempenho e mantendo um nível de crescimento semelhante ao reportado anteriormente. Sendo assim, as receitas de locação devem continuar com sólidos incrementos, enquanto a ocupação pode ter um ligeiro decréscimo, explicado pelos efeitos da sazonalidade e pela resistência de algumas empresas frente aos spreads de locação. A inadimplência líquida, que foi uma forte alavanca de resultados na temporada passada, pode ter um pequeno incremento, o que ainda não é uma preocupação.

A Multiplan (MULT3) deve liderar essa temporada, reportando vendas fortes, embora seja provável que a empresa reporte maior vacância e inadimplência líquida na base trimestral. As vendas do empreendimento Golden Lake podem sofrer uma leve desaceleração, o que já é esperado dadas as perspectivas macroeconômicas atuais. O banco espera que a Multiplan reporte receita líquida de R$ 427 milhões, Ebitda de R$ 306 milhões e fluxo de caixa de operações (FFO, na sigla em inglês) de R$ 220 milhões.

O Credit aponta que o Iguatemi (IGTI11) também deve reportar vendas fortes, potencialmente ganhando tração ao longo do trimestre, dada a resiliência de seu público-alvo. As receitas de leasing devem crescer aproximadamente 10% ao ano, o que deve sustentar um balanço sólido. Do lado negativo, assim como a MULT, a empresa deve ter ligeira deterioração do nível de ocupação e aumento da inadimplência, embora em níveis ainda saudáveis. “Esperamos receita líquida de R$ 278 milhões, Ebitda de R$ 191 milhões e FFO de R$ 105 milhões”, projetam.

Já a Aliansce Sonae (ALSO3) deve reportar boa expansão de vendas, mas ainda abaixo de seus pares. A taxa de ocupação pode diminuir ligeiramente, o que ainda não é uma preocupação, e atingir um nível ainda próximo de cerca de 97%. As receitas de locação devem continuar crescendo, impulsionadas pela retirada dos descontos dos contratos de locação e pelos leasing spreads positivos. A empresa ainda deve registrar custos e despesas relacionados a fusão com a brMalls, que podem totalizar cerca de R$ 50 milhões no trimestre (inclui plano de retenção e demissões). O banco espera uma receita liquida de R$ 614 milhões, Ebitda de R$ 371 milhões e FFO de R$ 187 milhões.

Agro, alimentos e bebidas

O Morgan Stanley espera resultados fracos para as empresas agro no trimestre, com SLC (SLCE3) impactada por menores vendas de algodão e as empresas de açúcar e etanol refletindo um trimestre sazonalmente lento.

A XP destaca que os preços das commodities agrícolas permaneceram altos até o final de 2022, especialmente milho, soja e açúcar, permitindo que as empresas fizessem hedge de suas posições para as safras de 22/23 e 23/24. Entretanto, no 4T22 os custos permaneceram altos e as margens foram inferiores ao esperado.

Olhando para o ano como um todo, as perspectivas para 2023 estão melhorando, com os preços dos fertilizantes em baixa, juntamente com outras despesas, o que deverá levar a melhores margens. Devido às incertezas políticas, o setor sucroalcooleiro esteve fora do foco até o início de 2023, quando a retomada dos impostos federais à gasolina ajudou a recuperar a competitividade do etanol. Para os produtores, o clima foi desafiador com produtividade mais baixa em 2022, portanto, espera-se uma recuperação para esta temporada, aponta.

No setor de bebidas, as casas de análise voltam suas atenções para Ambev (ABEV3), com as prévias não vendo os números como um grande catalisador para a ação. A gigante de bebidas divulga seu balanço 4 de maio, antes da abertura do mercado.

“Esperamos um trimestre sem mudanças significativas nas tendências atuais: o desempenho da receita deve permanecer sólido, impulsionado por um aumento positivo da receita líquida por hectolitro devido à premiumização, melhor mix e iniciativas de gerenciamento de receita”, avaliam os analistas da XP.

Apesar de um carnaval cheio, o clima foi menos favorável e, portanto, esperam um crescimento tímido de volumes, com uma base de comparação difícil quando comparado ao 1T22. A pressão de custos deve ser maior na primeira metade do ano devido ao timing do hedge, com a projeção de queda na margem Ebitda ajustada de 175 pontos-base em relação ao ano anterior.

Confira o calendário de resultados do 1º trimestre de 2023 da Bolsa brasileira

No entanto, o Ebitda ajustado deve continuar crescendo com base no sólido crescimento da receita, para o qual esperam em R$ 5,7 bilhões (+5% na base anual).

Piores resultados financeiros devido à inflação na Argentina e maior taxa Selic devem levar o lucro líquido para R$ 2,5 bilhões (-29% na base anual), segundo as estimativas da casa.

Para o Itaú BBA, a divisão Cerveja Brasil não deverá ter intercorrências, justamente por uma questão de concorrência. Isso porque os ganhos de participação (market share) sobre a Petrópolis (que entrou em recuperação judicial) devem compensar a dinâmica do clima desfavorável, ambos amplamente esperadas pelo mercado.

“É provável que a divisão América Latina Sul (LAS) continue lutando com o cenário macroeconômico desafiador, enquanto a América Central e Caribe (CAC) sustente melhora sequencial”, aponta.

Para os frigoríficos, a XP destaca que, no fim de 2022, os players de aves se estocaram esperando exportações maiores para o México, levando a um excesso de oferta doméstica quando isso não aconteceu. Com o aumento da produção das três principais proteínas e a demanda abaixo do esperado, os preços seguiram em tendência de queda até o início de 2023. Outras empresas de alimentos também foram impactadas por custos mais altos e margens pressionadas, uma vez que o repasse das altas para os preços não foi totalmente eficaz devido à demanda mais fraca.

O Goldman Sachs aponta que, apesar de um início de ano difícil, a longo prazo, vê que a JBS (JBSS3) tem um dos melhores portfólios para navegar pelos ciclos e entregar menor volatilidade de lucros e geração de fluxo de caixa livre sustentado.

“Esperamos que o 1T23 seja potencialmente mais fraco do que o 4T22 e provavelmente o pior do ano (prevemos margem Ebitda de carne bovina dos EUA + Austrália atingindo 0,7% em US GAAP, com crescimento negativo de 5,0% na comparação anual devido à desaceleração da demanda doméstica) , mas acreditamos que o impulso positivo pode voltar parcialmente a partir do 2T23, impulsionado pelo PPC (melhor oferta-demanda global), China (reabertura e febre suína por lá)”, apontam os analistas da casa.

Já para a BRF (BRFS3), que reportou resultados amplamente fracos no 4T22, queimando R$ 91 milhões em caixa (no que se esperava ser um trimestre sazonalmente forte), já que um aparente excesso de oferta de frango no mundo pressionou os preços realizados em várias geografias, o cenário segue desafiador.

“Embora reconheçamos as melhorias de eficiência implementadas pela atual administração (a gestão atual falou sobre economias no 4T22), continuamos esperando geração de fluxo de caixa livre negativo para 2023 (em -R$ 117 milhões, na definição do Goldman), pressionado por margens menores nas operações internacionais e crescente concorrência da Seara no Brasil (+20% na capacidade incremental esperada para entrar em operação nos próximos anos)”, avaliam.

Para a Camil (CAML3), que divulgará os resultados do 1T23 (ano safra 4T22) em  9 de maio, o BBI estima que o Ebitda fique aproximadamente 20% abaixo do consenso, a R$ 149 milhões, mas entende que isso já está precificado devido ao pior desempenho da ação no acumulado do ano, em comparação ao Ibovespa. Além disso, as estimativas de consenso não parecem muito robustas, com base nas premissas provenientes de apenas duas casas de análise.

“Continuamos otimistas com a Camil, pois prevemos um cenário de alta para os preços do arroz, graças à produção mais fraca em duas décadas no Brasil, e a empresa historicamente tem conseguido repassar preços mais altos aos clientes devido à diluição de custos fixos e aumento das margens”, avalia o BBI.

Também para a M.Dias Branco (MDIA3), o banco prevê um Ebitda 20% abaixo do consenso no 1T23, a R$ 151 milhões, impulsionado principalmente por custos mais elevados em hedges e óleo de trigo/vegetais que foram mantidos em armazenagem (há um atraso de 6 meses para que os preços à vista sejam refletidos nos resultados da empresa).

Entretanto, as margens Ebitda devem melhorar cerca de 1,9 ponto percentual (p.p.) no trimestre no 1T23, e esperam que continue melhorando ao longo do ano, à medida que os preços mais baixos do trigo e do óleo vegetal começarem a se refletir nos resultados da empresa.

Bens de capital

A temporada de resultados do 1T23 para o setor de bens de capital começará com a WEG (WEGE3) divulgando seus resultados no próximo dia 26 de abril. De forma geral, o Bradesco BBI espera que a Marcopolo (POMO4) entregue um forte Ebitda no 1T23, enquanto a Randon (RAPT4) deve melhorar suas margens e a WEG deve manter a rentabilidade.

Alternativamente, Iochpe-Maxion (MYPK3) e Tupy (TUPY3) podem ser impactadas negativamente por uma produção de veículos pesados mais fraca no Brasil–as montadoras produziram os caminhões Euro 5 até o final de 2022 e pararam suas fábricas para fazer os ajustes necessários para os caminhões e ônibus Euro 6 no 1T23. Em uma pesquisa junto aos principais gestores de ações no Brasil feita pelo BBI, os resultados sugerem que o mercado espera que a Marcopolo seja o destaque positivo desta temporada de resultados.

A XP, por sua vez, espera que a Randon seja uma surpresa positiva no 1T23, com resultados mais resilientes do que o esperado apesar de um mercado desfavorável, com receita de R$ 2,5 bilhões, alta anual de 2%, sustentada por: (i) impactos mais suaves do que o esperado do Euro 6 no 1T23; (ii) crescimento do volume externo (e incorporação da Hercules); e (iii) sólido desempenho da Fras-le (FRAS3).

Ainda do lado positivo, também projeta resultados sólidos da Marcopolo, com recuperação contínua de receita favorecida por ônibus rodoviários e melhores níveis de margem, e da WEG, registrando forte crescimento de vendas em geração, transmissão e distribuição (GTD) externo e sólido desempenho de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI).

Do lado negativo, esperam que Embraer (EMBR3) e Kepler Weber (KEPL3) apresentem resultados fracos, com entregas de aeronaves e investimentos de produtores agrícolas impactados por uma sazonalidade mais fraca no 1T. Para a Aeris, prevê resultados pressionados, mas melhorando (com os problemas de produção começando a diminuir).

“Por fim, esperamos resultados pressionados da Tupy e da Iochpe-Maxion, refletindo o desempenho desfavorável do mercado de veículos, bem como margens pressionadas em ambas as empresas”, apontam.

Transportes

A Genial espera que o 1T23 seja um trimestre positivo paras as companhias do setor aéreo. Além de uma sazonalidade favorável, houve o primeiro efeito integral da isenção de PIS/COFINS (MP. 1147/22), extensão da isenção de ICMS do querosene de aviação (QAV), uma queda significativa no preço do barril de petróleo ao final de 2022 e um dólar relativamente inferior ao 4T22.

“O cenário de retomada fez com que o bom nível de demanda persiste ao longo dos 3 primeiros meses de 2023, isso ajudou a manter o nível de tarifa/km voado em patamar elevado. A combinação desses fatores deve fazer com que as companhias divulguem dados operacionais e margens sólidas”, aponta a casa.

Na figura do trimestre, a Genial está mais otimista com a Gol (GOLL4), que deve reportar um operacional forte com margens operacionais melhores. Lembrando que Gol segue abaixo dos níveis pre-pandemia. Na visão de longo prazo, ainda acha a Azul (AZUL4) uma posição mais resiliente. Ao longo do semestre, ambas as companhias podem se beneficiar do ritmo de recuperação do corporativo.

Sobre locadoras, o BBI espera que a Vamos (VAMO3) seja o destaque positivo no 1T23, reduzindo o estoque de caminhões Euro 5 no 1T23, com uma taxa de aluguel mensal atraente de 2,9%, ajustando para a sazonalidade do 1T relacionada a uma maior participação dos contratos de açúcar-etanol.

A Movida (MOVI3) pode reduzir sua frota em 4% no trimestre para 215,3 mil veículos como parte do plano para aumentar a eficiência operacional e reduzir a alavancagem.

Localiza deve apresentar expansão de margem Ebitda nas três unidades de negócios, como parte da integração de fusões e aquisições (M&A). Seminovos deve recuperar para 8% no 1T23, após ser atingido por perdas pontuais no 4T22 (margem ajustada de 5,2%), aponta o banco.

Saúde

Na avaliação do Itaú BBA, hospitais e planos de saúde devem apresentar tendências melhores de receita no 1T23.

Entre as farmacêuticas, como já esperado, a Hypera (HYPE3) deve ter um crescimento de receita mais fraco nesse trimestre devido à forte base de comparação no primeiro trimestre de 2022. Ainda, a Blau deve ser o destaque negativo no trimestre como consequência da fraca demanda por imunoglobulina e pelo adiamento da aceleração no segmento de Especialidades.

Já entre os segmentos de hospitais, diagnósticos e oncologia, após um quarto trimestre com crescimento modesto, devemos ver um maior crescimento de volume no primeiro trimestre, combinado com maior participação de procedimentos complexos.

“Recomendamos que os investidores acompanhem as tendências de ticket (preço) médio e capital de giro, visto a situação financeira delicada das fontes pagadoras”, aponta.

Entre os planos de saúde, o primeiro trimestre do ano costuma ter uma adição líquida de vidas mais fraca, mas isso deve ser compensado pelo reajuste de preços implementado no setor, assim levando a melhores tendências de receita. Por outro lado, a frequência ainda alta deve continuar a pressionar a rentabilidade das empresas.

Especificamente sobre Hapvida (HAPV3), que teve uma forte queda após o resultado do 4T22, após muitas discussões sobre a alavancagem e solvência, a empresa conseguiu fortalecer sua posição de caixa ao concluir o aumento de capital e a transação de sales & leaseback (venda seguida pelo aluguel desses imóveis pela própria empresa) nas últimas semanas. Com isso, imaginam que as preocupações dos investidores nesse sentido devam diminuir.

“No curto prazo, esperamos um início de ano fraco em relação ao crescimento na base de beneficiários, uma vez que projetamos que a empresa reporte uma perda de vidas líquidas de 50 mil beneficiários”, avalia. Além disso, aponta que o primeiro trimestre ainda seja cedo para vermos o reflexo dos reajustes de preço na sinistralidade, com a expectativa de uma sinistralidade de 73,1% e receita líquida de R$ 6,754 bilhões, alta de 4% em relação ao trimestre anterior.

Para a XP, os laboratórios podem mostrar alguma recuperação em relação aos números do 4T22 – quando a temporada de férias e a Copa do Mundo da Fifa reduziram a demanda – mas uma deterioração anual, principalmente devido a menos testes de Covid-19.

As farmacêuticas devem apresentar quadros diferentes, com (i) a Hypera mostrando alguma desaceleração, mas em linha com o guidance de 2023, e (ii) a Blau (BLAU3) ainda enfrentando um mercado desafiador de imunoglobulina, que pode ser o grande responsável por uma queda de receita tanto anual quanto trimestralmente. “Ainda não vemos nenhuma empresa se destacando nesta temporada de resultados”, aponta.

Tecnologia e telecom

Para as teles, o Credit Suisse aponta que espera um trimestre de continuidade, sem grandes novidades. “Esperamos que a Vivo (VIVT3) e a TIM (TIMS3) reportem resultados neutros no primeiro trimestre com uma continuação das tendências recentes. Esperamos que a Vivo mantenha um sólido crescimento de receita de serviço móvel (MSR) acima da inflação enquanto o crescimento do MSR da TIM deve continuar desacelerando”, apontam.

Por outro lado, a margem Ebitda da TIM deve aumentar na base anual, enquanto a margem da Vivo deve continuar pressionada. Assim, esperam que o Ebitda da TIM cresça 24% ao ano e o Ebitda da Vivo expanda 7%. Em termos de investimentos em capital (capex), o banco espera sinais iniciais de queda como percentual da receita em 2023. Por fim, projeções do lucro líquido indicam um crescimento de 8% ano a ano para a Vivo e uma queda de 32% ano a ano para a TIM, principalmente devido ao ausência de pagamentos de juros sobre o capital próprio no primeiro trimestre, em linha com o consenso da Reuters.

Para a TIM, estimam um crescimento de MSR de 21,3% ao ano (ante 22,7% no 4T22), com crescimento proforma desacelerando para 5,6% no ano (7,1% no 4º trimestre), puxado pela perda de clientes recebidos da Oi (OIBR3). Os analistas esperam que o crescimento da receita total da TIM desacelere para 20,4%, de 22,4% no quarto trimestre.

No primeiro trimestre, Vivo, TIM e Claro começaram a aumentar seus preços de telefonia móvel e esperam que essa dinâmica de preços benigna contribua positivamente para o crescimento.

A XP acredita que as companhias de tecnologia com melhor desempenho neste trimestre serão Totvs (TOTS3) e Locaweb (LWSA3). Mesmo em um cenário mais volátil, a Totvs deverá refletir uma dinâmica positiva marcada pela geração de caixa e resiliência dos negócios (principalmente no segmento de gestão).

Por outro lado, o segmento de Techfin ainda pode enfrentar impactos negativos devido às incertezas macro atuais. “Do lado positivo, também destacamos a Locaweb, mesmo com sua nova marca “Wake”, as margens devem ser praticamente estáveis trimestre a trimestre, e estimamos um crescimento anual de receita de aproximadamente 23%, impulsionado principalmente pela sua operação de commerce”, aponta.

A casa projeta resultados mistos da Intelbras (INTB3) no 1º trimestre de 2023, com uma queda de receita líquida de 13% frente o 4T22, impulsionada principalmente pela fraca demanda no segmento de energia solar. No entanto, estima uma expansão de margem de 1,0 ponto-base no ano e estável no trimestre, refletindo a capacidade da empresa de aumentar as margens em suas principais linhas de negócios.

Apesar da sazonalidade da Eletromidia (ELMD3) (já que o 1º trimestre representa cerca de 15% da receita anual), espera que a empresa apresente resultados sólidos no 1º trimestre de 2023, com crescimento na receita e aumento da lucratividade. Isso é apoiado não apenas pela aquisição da Ótima, mas também pelo crescimento orgânico e expansão de margem em suas principais linhas de negócios, afirma.

Educacionais

O Morgan Stanley aponta que os números razoáveis de matrículas e o crescimento de receita devem ser fatores positivos para players de educação superior, mas tendências de margem plana para a maioria deles e resultados ainda pressionados por alta alavancagem “jogam contra”, com algum suporte de cursos de medicina (Afya) e ensino à distância (Vitru).

Os sistemas de ensino básico devem reconhecer uma receita menor no 1T23, e o custo de impressão penalizará as margens.

Em recente conversa com a XP, a Yduqs (YDUQ3) apontou que as suas iniciativas de eficiência devem fazer efeito este ano. A empresa fez ajustes de capacidade – principalmente em termos de redução de número de imóveis e de mão de obra – que pesaram nos resultados ao longo do ano passado, mas que devem render frutos neste ano. Segundo os executivos da companhia, a empresa deve começar a apresentar normalização dos resultados ao longo de 2023.

A Cogna (COGN3) também apontou em conversa com a XP que a captação do primeiro semestre parece caminhar para um resultado positivo, principalmente em relação aos volumes.

Energia e Saneamento

Sobre energia e saneamento, os investidores ficam de olho no impacto dos reajustes tarifários para as empresas dos setores nos últimos meses, além das notícias sobre privatização, principalmente para a elétrica paranaense Copel (CPLE6), com um processo mais avançado, e para a companhia de saneamento paulista Sabesp (SBSP3).

O JPMorgan destacou que o início de 2023 foi turbulento para as concessionárias de serviços públicos brasileiras com preços de energia em queda, riscos regulatórios e políticos elevados, expectativas de inflação desancoradas e um Banco Central “hawkish” (altistas sobre os juros).

Olhando para as empresas de sua cobertura, o JP rebaixou recentemente as ações da AES Brasil (AESB3) para underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) de olho nos resultados do ano, valuation esticado e alta alavancagem.

“Ajustamos nossas estimativas antes dos resultados do 1T23, levando a uma redução de 5% e 3% em nossas estimativas de Ebitda para 2023 2 2024, respectivamente. Embora o Ebitda aumente significativamente este ano em comparação com 2022 devido a adições de capacidade e melhores margens de contribuição, estamos abaixo das estimativas de consenso para Ebitda e lucros nos próximos dois anos e, portanto, vemos risco de queda para o consenso”, apontam.

Já a empresa de saneamento mineira Copasa (CSMG3), em recente conversa com o Morgan, destacou algumas tendências do 1T23. Segundo a companhia, o 1T23 foi positivamente impactado por: i) aumento dos volumes distribuídos; ii) reajuste tarifário de +15,7% aplicado desde janeiro de 2023; e iii) redução das provisões para devedores duvidosos, que se mantêm sob controle.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.