C&A (CEAB3) despenca quase 14%, Alpargatas salta 7,4%: os “dois mundos” das ações de consumo após os balanços

Além de Alpargatas, Renner teve forte alta após balanço; já entre as quedas, Carrefour, Natura, Petz e Arezzo tiveram fortes baixas

Lara Rizério

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A noite da última quinta-feira (5) foi movimentada para a divulgação de resultados também para o setor de varejo e consumo, com diversas empresas divulgando seus números do primeiro trimestre de 2022.

Os desempenhos após os balanços também foram bastante diversos, com Alpargatas (ALPA4) e Lojas Renner (LREN3) vendo suas ações saltarem mais de 7%, respectivamente 7,44% (R$ 21,23) e 5,99% (R$ 24,24).

Enquanto isso, C&A (CEAB3) se destacou como a maior queda entre os papéis do segmento entre as que soltaram balanço, fechando com baixa de 13,97% (R$ 3,51), seguida pela Petz (PETZ3, R$ 13,24, -12,72%), Carrefour (CRFB3, R$ 18,87, -7,04%), Natura & Co. (NTCO3, R$ 16,38, -4,55%) e Arezzo (ARZZ3, R$ 82,20, -3,32%).

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Confira abaixo as análises dos resultados de varejistas e empresas de consumo, em meio a esse movimento bastante divergente para as ações das companhias:

C&A (CEAB3), maior destaque de queda após o balanço

A C&A (CEAB3registrou um prejuízo líquido de R$ 152,7 milhões no primeiro trimestre de 2022, alta de 10,3% na comparação com aquilo registrado em igual período do ano passado.

A queda se deu mesmo com a receita líquida da varejista avançando 54,2% na mesma base, chegando a R$ 1,19 bilhão – sendo R$ 910,8 milhões provindos do segmento de vestuários, R$ 214,3 milhões do segmento de “fashiontronics” (celulares, beleza e relógios) e R$ 66,3 milhões de serviços financeiros.

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Os números da C&A não agradaram os analistas de mercado.

A XP avaliou que o cenário macro ainda é desafio para números da companhia. Os resultados foram em linha, com receita acima do nível de 2019, mas com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) negativo.

A receita líquida cresceu na base anual, impulsionada pelas vendas mesmas lojas, diante de uma base de comparação mais fácil, recuperação do fluxo de clientes ao longo do trimestre e flexibilização das restrições relacionadas ao Covid.

O Bradesco BBI avaliou que os resultados do 1T22 foram dentro do esperado, mas com margens ainda fracas. Já o  prejuízo reportado foi 22% maior do que a sua estimativa, devido a maiores despesas.

Enquanto o progresso está sendo feito na receita e em iniciativas estratégicas, como comércio eletrônico, distribuição (menor falta de estoque de produtos que operam via push & pull) e serviços financeiros (quase 1 milhão de contas C&A Pay abertas em trimestre), o resultado está sob forte pressão da inflação e do investimento em despesas operacionais. Isso – juntamente com um plano de investimentos em capital considerável – está pressionando o fluxo de caixa e o balanço, com maior dívida líquida e despesas financeiras.

Apesar de achar que a C&A está investindo nas áreas certas, a falta de visibilidade em torno da recuperação da margem Ebitda do varejo deixa analistas do BBI um pouco preocupados com essa dinâmica, pois acham que pode levar alguns anos para voltar à geração de caixa sustentável. Assim, o Bradesco BBI reitera recomendação neutra para C&A e preço-alvo de R$ 7.

“Entre as varejistas de vestuário listadas, preferimos a Renner (LREN3), cuja ação está negociando sob um atraente múltiplo de preço sobre o lucro em cerca de 14 vezes o esperado para 2023 (acreditamos que a C&A ainda pode ser deficitária no resultado final) e, embora enfrente o mesmo problema de recuperação de margem que a C&A, a Renner não enfrenta a mesma pressão no fluxo de caixa, uma vez que seu ponto de partida foi uma margem Ebitda em cerca de 19% (em 2019), contra 10% da C&A (também em 2019)”, avaliam os analistas.

Alpargatas (ALPA4): destaque de alta após o resultado

A Alpargatas registrou lucro líquido de R$ 20,8 milhões no primeiro trimestre de 2022, o que representa uma redução de 83,5% em relação ao mesmo trimestre de 2021.

Contudo, a companhia reportou seus resultados mostrando volumes e receita resilientes e, embora os lucros estejam ainda pressionados pelo aumento dos custos das matérias-primas, as margens foram melhores do que o esperado, avalia o Bradesco BBI.

Para a XP, a companhia registrou uma forte evolução do Ebitda, impulsionado principalmente por melhores margens nas operações internacionais. A receita líquida cresceu 9% na base anual, impulsionada pela estratégia de RGM da empresa no Brasil que foi capaz de compensar a queda de 4% nos volumes frente a uma base de comparação difícil, além de os volumes da operação internacional terem apresentado um crescimento de 11% ao ano, principalmente puxados por EMEA (+20%) e China (+40%).

“Embora a rentabilidade continue pressionada pela inflação de custos, a recuperação das operações internacionais em relação ao 4T21 nos surpreendeu positivamente, com a empresa mencionando que os aumentos de preços do 1T só foram refletidos nos resultados a partir de março e, portanto, deveria ser um vento a favor de rentabilidade a partir do 2T”, avaliou a XP.

O BBI apontou que a empresa “claramente” puxou “todas as alavancas que pôde encontrar para proteger as margens” e, segundo a análise, “é provável que isso traga algum alívio para as ações no curto prazo, devido à preocupação generalizada com o impacto dos preços mais altos das commodities”.

“No futuro, esperamos que a pressão da margem diminua ainda mais, com os aumentos de preços e ticket médio mais alto de um mix mais rico; e um estreitamento do gap entre o custo das matérias-primas na base anual”. O BBI mantém a recomendação outperform, embora reconheça “que a ação carece de catalisadores de curto prazo”. O preço-alvo é de R$ 45,00, com upside de 128% em relação ao fechamento de quinta.

Mais destaques entre os balanços

Lojas Renner (LREN3): acima das expectativas

A Lojas Renner (LREN3registrou lucro de R$ R$ 191,6 milhões no 1º trimestre deste ano, revertendo prejuízo de R$ 147,7 milhões de um ano antes.

O Bradesco BBI destaca que a Renner apresentou resultados do 1T22 que ficaram acima das expectativas do consenso de mercado e das estimativas do BBI sobre Ebitda e lucro líquido.

As vendas do trimestre atingiram R$ 2,230 bilhões, um pouco abaixo do estimado pelo BBI, mas em linha com o consenso. Já as vendas cresceram 35% em relação a 2019, mostrando aceleração em relação à taxa de crescimento de 24% no 4T21, e as vendas online cresceram quase 40% em base anual, apesar da base de comparação mais forte.

A administração também observou que as tendências de vendas aceleraram em abril. A margem bruta de varejo de 55,1% ficou apenas 0,20 ponto percentual (p.p.) menor em relação a 2019 (e alta de 0,40 p.p. versus o estimado pelo BBI) e Ebitda de varejo excluindo o IFRS16 ficou cerca de 4% acima do esperado pelo BBI, impulsionado por uma margem bruta ligeiramente melhor.

A receita de Serviços Financeiros apresentou um crescimento significativo de cerca de 55% vs. 2019, uma vez que a carteira de crédito se recuperou para R$ 4,9 bilhões versus R$ 2,6 bilhões no 1T19 e R$ 4,0 bilhões no 4T21, e o EBITDA de R$ 85 milhões veio ligeiramente superior à nossa estimativa de R$ 80 milhões. O lucro líquido de R$ 191 milhões foi superior à
nossa estimativa de R$ 132 milhões devido ao maior EBITDA e uma contribuição positiva do resultado financeiro
líquido. O capital de giro melhorou, com o estoque voltando aos níveis do 1T19.

A XP, por sua vez, ressaltou que a companhia apresentou resultados do 1T22 em linha, com sólido crescimento de receita, mas com rentabilidade ainda pressionada. A receita líquida consolidada cresceu 38% versus 2019, impulsionadas pela recuperação do varejo (alta de 35% versus 2019) e pelo crescimento de receitas da Realize de 72% no ano, suportadas pela expansão de seu portfólio combinada a maiores gastos no Meu Cartão.

Leia também: Lojas Renner (LREN3) viu ganho de mercado no 1º tri e vendas aceleraram em abril; ações sobem

“Destacamos que a empresa forneceu uma atualização de todas as suas iniciativas estratégicas, e mencionou que o crescimento de receitas acelerou em abril e está acima das expectativas, deixando-os otimistas quanto a dinâmica de resultados no curto prazo”, apontam. No entanto, também enxergamos o aumento dos níveis de inadimplência na Realize como um ponto de atenção, uma vez que ele está acima dos níveis de 2019, o que pode ser parcialmente explicado pela estratégia de cartões próprios da empresa. Com isso, os analistas mantêm a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 42 por ativo.

Para o Bradesco BBI, o forte crescimento de receita no 1T22 é a principal questão para os investidores focarem, uma vez que maior receita e diluição de custos nos próximos trimestres (e alguns anos) é a principal ferramenta que permitirá a empresa expandir as margens de volta aos níveis históricos. A diferença de 7 pontos percentuais na margem EBITDA entre o 1T22 e o 1T19 ficou em linha com sua expectativa e não deve ser uma surpresa para o mercado. A margem bruta continua se recuperando em relação a 2019, o que é claramente positivo, então a questão final a ser “consertada” é o opex (com a maior pressão dos investimentos que a gestão tem feito para apoiar a estratégia do ecossistema), e a solução para isso é o crescimento da receita e a diluição de custos.

“Apesar de acharmos que a Renner ainda tem muito o que percorrer antes de ser considerada uma vencedora em e-commerce na categoria Vestuário e Calçados, achamos que a empresa está no caminho certo e investindo nas áreas certas. Nossa recente pesquisa com consumidores indicou que a Renner está entregando maior GMV por usuário do que seus pares omni (multicanais) mais diretos, o que sugere maior frequência e/ou ticket. Esta é uma questão mais difícil de resolver do que o tráfego, que pode ser adquirido. Como tal, parece que a Renner está fazendo um bom progresso com seus clientes de comércio eletrônico existentes”, avaliam.

Além disso, apontam  que a rede de lojas é uma vantagem competitiva (em relação aos players puramente online), pois permite um processo de devolução mais fácil e econômico (um dos principais impulsionadores da maior penetração online na categoria nos próximos anos, em nossa opinião). Dessa forma, mantém  recomendação de Compra e preço-alvo
de R$ 37,00 ao final de 2022.

Arezzo (ARZZ3): ação fecha em queda, apesar de números fortes

A Arezzo (ARZZ3) registrou lucro líquido ajustado de R$ 57,548 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), o que representa um crescimento de 94,4% em relação ao mesmo trimestre de 2021. Em termos não ajustados, o lucro líquido foi de R$ 97 milhões, avanço de 229% na comparação anual.

Analistas destacaram que a Arezzo divulgou números fortes no trimestre, apesar da ação ter registrado queda após o balanço.

Analistas do BBI destacam o crescimento de 51% no sell-out versus 2019, com aceleração ao longo do trimestre, significando que a “taxa de saída” de crescimento em março foi 60%. Isso é um bom presságio para o crescimento das vendas no segundo trimestre, apontaram.

Eles também ressaltam que a marca Arezzo apresentou um crescimento de receita de 38% em relação a 2019, e a marca Schutz apresentou um crescimento de vendas de 82% em relação a 2019. Portanto, embora as aquisições – Reserva em particular – tenham contribuído significativamente para a A&Co. com o crescimento da receita, as marcas “existentes” estão tendo um desempenho muito bom.

O comércio eletrônico já responde por um quarto das vendas no mercado interno, e o aumento da base de clientes ativos é um bom indicador antecedente de crescimento daqui para frente. O banco mantém classificação outperform para o papel, e preço-alvo de R$ 110 frente a cotação de quinta-feira (05) de R$ 85,02.

A XP também ressaltou que Arezzo&Co. reportou resultados sólidos no trimestre, em linha com o esperado, com perspectivas positivas para o segundo trimestre, pontua XP

A receita líquida cresceu 125% em relação ao 1T19, impulsionadas pelo crescimento orgânico e inorgânico.

A Schutz se manteve como destaque, impulsionada principalmente pela Shutz EUA, embora a Arezzo também tenha reportado um sólido desempenho, mesmo sendo uma marca mais madura. A Reserva também continuou apresentando sólidos resultados, mesmo diante de uma base de comparação difícil, com várias iniciativas de crescimento ao longo do trimestre e tendências positivas para o 2T.

Natura (NTCO3): resultado fraco, como esperado

O Itaú BBA aponta que a companhia reportou resultados amplamente alinhados com as expectativas (após a companhia divulgar dados prévios no final do mês passado) , exceto pela rentabilidade operacional em The Body Shop (TBS) que caiu 8,3 pontos percentuais na base anual e o prejuízo consolidado que atingiu R$ 643 milhões, ambos aquém de suas projeções.

“Os destaques negativos a nosso ver foram a rentabilidade do TBS e a postergação da projeção (guidance) para receita líquida consolidada e alavancagem (endividamento) de 2023 para 2024. Já o destaque positivo ficou com a participação (market share) da marca Natura no Brasil, que permanece acima dos níveis pré-pandemia. Em suma, um trimestre difícil para a empresa, mas de acordo com o esperado”, avalia o BBA, que mantém recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 40.

A XP aponta que, diferentemente do quarto trimestre de 2021, a rentabilidade foi um dos principais destaques negativos do resultado, com a margem Ebitda consolidada em 7,2% (queda de 3 pontos percentuais na base anual), impactada pela rentabilidade da Natura&Co, América Latina e TBS.

Os principais detratores de margem foram i) aumento dos custos de matéria-prima e frete; e ii) desalavancagem operacional, principalmente na Avon e TBS, que foram parcialmente compensados ​​por ganhos de eficiência e sinergia.

O prejuízo líquido maior que o esperado foi explicado principalmente por impostos de renda mais altos. Por fim, do lado operacional, destacaram i) o crescimento da produtividade da Natura Brasil (alta de 10,5% na base anual), parcialmente compensado por uma queda de 7,5% na base de consultoras e ii) indicações positivas sobre o novo modelo comercial da Avon no Brasil, com a categoria de beleza apresentando melhoras de produtividade, atingindo crescimento de dois dígitos em março, e com crescimento total de produtividade em território positivo em março.

Outros pontos também foram destacados: iii) O conflito entre Russia e Ucrânia impactando a performance da Avon Internacional e The Body Shop, o que deve continuar no curto prazo; iv) expectativas de recuperação de rentabilidade da TBS no segundo semestre, com a recuperação das lojas físicas; e v) continuidade da performance sólida da Aesop (com crescimento de duplo dígitos em todos os mercados), com a expansão na China caminhando bem.

Carrefour (CRFB3): atacarejo segue resiliente, varejo segue pressionado

O Carrefour Brasil registrou lucro líquido ajustado controlador de R$ 421 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), o que representa um crescimento de 0,2% em relação ao mesmo trimestre de 2021.

O Bradesco BBI apontou que os resultados foram mais fracos do que as estimativas do banco na linha de Ebitda, enquanto ressaltou que o Atacadão continua resiliente, com vendas em alta de 19% na base anual e Ebitda com aumento de 25%. Este é o principal motor de crescimento e geração de caixa, e o negócio continua com bom desempenho, com a divulgação dos resultados observando que as fortes tendências continuaram em abril.

Analistas destacam que as fracas vendas de produtos não alimentícios estão atrapalhando o crescimento do Carrefour Varejo, enquanto o crescimento de vendas mesmas lojas (SSS) na categoria de Alimentos teve aumento de 8% na base anual. De qualquer forma, analistas acreditam que o ambiente macro mais fraco está sendo sentido nos hiper e se reflete também nas provisões do Banco Carrefour. O forte desempenho do Atacadão compensou esses dois ventos contrários, portanto, o Ebitda consolidado aumentou 13% na base anual. A recomendação segue outperform para o ativo, com preço-alvo de R$ 23.

A XP também ressaltou que o atacarejo foi o destaque do 1T22, enquanto margens do varejo seguem pressionadas.

A companhia varejista reportou resultados mistos no 1T22, com Ebitda 6% abaixo do esperado, impactado pelo Banco Carrefour.

Mais uma vez, segundo analistas, o destaque do resultado foi o Atacadão, com crescimento de 0,3 ponto percentual de margem Ebitda devido à compras estratégicas de estoque para proteção da margem bruta, enquanto ganhos de eficiência e alavancagem operacional compensaram parcialmente pressões inflacionárias e despesas pré-operacionais do plano de expansão.

A XP comenta que foi surpreendida pela rentabilidade das lojas maduras, de 8,2% (alta de 0,5 ponto na base anual). Já o segmento de varejo do Carrefour continua sendo um detrator em termos de rentabilidade, com uma margem Ebitda de 4,4% (+1,1 p.p), o menor nível desde o 2T18.

Petz (PETZ3): queda exagerada?

Apesar da derrocada das ações na sessão, analistas de mercado destacaram como positivos os números da Petz. Para Luis Nuin, analista da Levante Ideias de Investimentos, é difícil achar um número tão catastrófico que justificasse a queda de até 15% no dia. “O único senão é que boa parte do lucro líquido do trimestre foi resultado financeiro, em função do caixa do follow-on [oferta de ações]”.

Segundo a Levante, os números vieram fortes novamente, mostrando a execução de alto nível da companhia em seu
plano de expansão. Além disso, ela entregou margens saudáveis, apesar de um cenário macroeconômico adverso.

A equipe de análise da casa de research aponta que o 1T22 da empresa foi marcado por avanços nas principais frentes
estratégicas. Dentre eles, destacam-se: (i) o anúncio da aquisição da Petix; (ii) o início do processo de integração da Zee.Dog, que tem avançado conforme as expectativas, com foco na criação de valor no médio/longo prazo; (iii) a aceleração do processo de análise da frente de laboratórios na vertical de saúde pet (através de uma consultoria estratégica especializada, e também de oportunidades inorgânicas); e (iv) a aceleração do plano de expansão de lojas Petz, a qual atingiu um
patamar recorde de 42 inaugurações em 16 estados brasileiros nos últimos 12 meses.

Para a XP, a Petz apresentou resultados sólidos, com Ebitda 5% acima das suas estimativas. A receita líquida cresceu 29% na base anual, sustentada por um forte desempenho de vendas mesmas lojas (14%) além da forte abertura de lojas da companhia (+42 unidades abertas nos últimos 12 meses). O desempenho do canal digital foi outro destaque, com crescimento de 41,5% na comparação ano a ano e penetração recorde de 31,7% no faturamento consolidado da companhia.

Olhando para a rentabilidade, a empresa entregou uma margem bruta em níveis estáveis (queda de 0,3 ponto percentual na base anual), explicada pelo repasse bem sucedido que a empresa fez de inflação de custos para preços, mas que ainda não foi suficiente para compensar a maior participação da categoria de alimentos e de vendas vindas do canal digital.

“Interessante notar que este foi o primeiro trimestre em que o Zee.Dog foi totalmente refletida nos resultados da empresa, com vendas crescendo 50% na base anual, enquanto o Ebitda ainda foi negativo em R$ 3 milhões, devendo melhorar nos próximos trimestres à medida que a companhia comece a se beneficiar das sinergias entre as operações a partir do segundo trimestre, sendo a totalidade das mesmas a serem refletidas até o fim do primeiro semestre de 2023”.

O Bradesco BBI avaliou que o crescimento e lucratividade fortes e resilientes no 1T22. Os analistas apontam que houve alguma pressão sobre a margem Ebitda excluindo IFRS16, que contraiu 0,60 ponto percentual em base anual – parte disso se deve à consolidação da Zee.Dog (cuja rentabilidade é baixa, talvez um pouco negativa) e parte é consequência da
aceleração da abertura de novas lojas, bem como da inflação. Por fim, o lucro líquido ajustado de R$ 11 milhões
ficou um pouco abaixo da sua estimativa devido a resultados financeiros líquidos e depreciação e amortização
ligeiramente maiores.

Para o BBI, este foi outro resultado forte da Petz, com crescimento sustentado e margens brutas estáveis. Embora haja
alguma pressão sobre a margem EBITDA, os principais fatores adversos são a aceleração das aberturas de lojas e a aquisição da Zee.Dog, ambos os quais consideramos “bons” ventos contrários, uma vez que contribuirão significativamente para o crescimento da receita futura e diluição de custos.

“Achamos que existem algumas preocupações entre os investidores de que o ambiente macro difícil no Brasil possa levar a um downtrading dentro da categoria de pet food, pressionando assim o crescimento das vendas e a margem bruta, mas
notamos que esses resultados não mostram evidências disso (um ponto que a administração enfatizou em seu
comentário)”, avaliam os analistas.

Esses resultados são consistentes com a visão otimista do BBI sobre a Petz, vendo a empresa bem posicionada para capitalizar a oportunidade de crescimento oferecida por um mercado altamente fragmentado (através de aberturas de lojas) e o modelo omni (multicanal) da categoria permite que a Petz ofereça os melhores níveis de serviço de comércio eletrônico do segmento, protegendo assim a empresa da concorrência dos mercados.

Os analistas preveem um CAGR (taxa média ponderada de crescimento anual) das vendas de cerca de 33%, no período de
2021-24 subindo para acima de 40% em relação aos lucros. Portanto, embora as ações sejam negociadas em um múltiplo de preço sobre o lucro forte de 51 vezes o esperado em 2022, este cai acentuadamente para cerca de 36 vezes em 2023. “Assim, mantemos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 25,00 com apenas pequenas alterações nas estimativas”, avaliam.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.