Petz (PETZ3) teve resultado forte, mas ação chega a cair até 15%: queda é exagerada?

Analistas apontam alguma pressão de margens e temor sobre não repasse de preços, mas seguem com visão positiva; para analista da Levante, baixa é exagerada

Lara Rizério

Petz Reprodução Site

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A Petz (PETZ3) divulgou seus resultados na noite da última quinta-feira, registrando um lucro líquido ajustado de R$ 21,1 milhões no primeiro trimestre de 2022 (1T22), o que representa um crescimento de 57,7% em relação ao mesmo trimestre de 2021.

Analistas de mercado destacaram como positivos os números da companhia. Segundo a Levante, os números vieram fortes novamente, mostrando a execução de alto nível da companhia em seu plano de expansão. Além disso, a Petz entregou margens saudáveis, apesar de um cenário macroeconômico adverso.

A equipe de análise da casa de research aponta que o 1T22 da empresa foi marcado por avanços nas principais frentes
estratégicas. Dentre eles, destacam-se: (i) o anúncio da aquisição da Petix; (ii) o início do processo de integração da Zee.Dog, que tem avançado conforme as expectativas, com foco na criação de valor no médio/longo prazo; (iii) a aceleração do processo de análise da frente de laboratórios na vertical de saúde pet (através de uma consultoria estratégica especializada, e também de oportunidades inorgânicas); e (iv) a aceleração do plano de expansão de lojas Petz, a qual atingiu um
patamar recorde de 42 inaugurações em 16 estados brasileiros nos últimos 12 meses.

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Para a XP, a Petz apresentou resultados sólidos, com lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) 5% acima das suas estimativas. A receita líquida cresceu 29% na base anual, sustentada por um forte desempenho de vendas mesmas lojas (14%) além da forte abertura de lojas da companhia (mais 42 unidades abertas nos últimos 12 meses). O desempenho do canal digital foi outro destaque, com crescimento de 41,5% na comparação ano a ano e penetração recorde de 31,7% no faturamento consolidado da companhia.

Porém, a sessão como um todo pós-balanço é bastante negativa para os ativos. Os papéis PETZ3 chegaram a cair 15,10% na mínima do dia, a R$ 12,88, fechando com baixa de 12,72%, a R$ 13,24. O que explica essa forte desvalorização?

Em nota, a equipe de análise de varejo da XP, apesar de seguir bastante construtiva com a tese de Petz, ressaltou que  empresas no setor de varejo e com forte perfil de crescimento (como é o caso da companhia) são mais suscetíveis a movimentos de alocação de aversão de risco, como o visto na sessão. “Entretanto, nós vemos potencial para esse movimento ser revertido frente a uma normalização do humor de mercado e entrega de resultados do lado da companhia”, avaliam.

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Além disso, os investidores mostram receio sobre o impacto da inflação e o poder de repasse dos preços da companhia, ainda que analistas destaquem o bom poder de reprecificação da companhia.

Olhando para a rentabilidade, a empresa entregou uma margem bruta em níveis estáveis (queda de 0,3 ponto percentual na base anual), explicada pelo repasse bem sucedido que a empresa fez de inflação de custos para preços, mas que ainda não foi suficiente para compensar a maior participação da categoria de alimentos e de vendas vindas do canal digital.

A XP destacou em relatório ainda ser “interessante notar que este foi o primeiro trimestre em que o Zee.Dog foi totalmente refletido nos resultados da empresa, com vendas crescendo 50% na base anual, enquanto o Ebitda ainda foi negativo em R$ 3 milhões. Contudo, avaliam os analistas, os números devem melhorar nos próximos trimestres à medida que a companhia comece a se beneficiar das sinergias entre as operações a partir do segundo trimestre, sendo a totalidade das mesmas a serem refletidas até o fim do primeiro semestre de 2023.

O Bradesco BBI avaliou que o crescimento e lucratividade fortes e resilientes. Segundo os analistas, houve alguma pressão sobre a margem Ebitda [Ebitda sobre receita líquida] excluindo IFRS16, que contraiu 0,60 ponto percentual em base anual – ressaltando também que parte disso se deve à consolidação da Zee.Dog (cuja rentabilidade é baixa, talvez um pouco negativa) e parte é consequência da aceleração da abertura de novas lojas, bem como da inflação. Já o lucro líquido ajustado de R$ 11 milhões ficou um pouco abaixo da sua estimativa devido a resultados financeiros líquidos e depreciação e amortização ligeiramente maiores.

Queda exagerada? 

Para Luis Nuin, analista da Levante Ideias de Investimentos, é difícil achar um número tão catastrófico que justifique a derrocada da companhia de até 15% no dia. “O único senão é que boa parte do lucro líquido do trimestre foi resultado financeiro, em função do caixa do follow-on [oferta de ações]”. Para o analista, este é um ótimo momento de compra para quem visa um call de consolidação para os próximos.

No geral, avalia, os números foram bons, com uma execução muito boa no plano de expansão, além de margens saudáveis, apesar de um cenário macroeconômico bastante complicado.

Para o BBI, embora haja alguma pressão sobre a margem Ebitda, os principais fatores adversos são a aceleração das aberturas de lojas e a aquisição da Zee.Dog, ambos os quais consideramos “bons” ventos contrários, uma vez que contribuirão significativamente para o crescimento da receita futura e diluição de custos.

“Achamos que existem algumas preocupações entre os investidores de que o ambiente macro difícil no Brasil possa levar a um downtrading [com mudanças para marcas mais baratas] dentro da categoria de pet food, pressionando assim o crescimento das vendas e a margem bruta, mas notamos que esses resultados não mostram evidências disso (um ponto que a administração enfatizou em seu comentário)”, avaliam os analistas.

Na mesma linha, Nuin, da Levante, avalia que um problema de todo o setor, a inflação, vem sendo muito bem manobrado pela empresa. “Nesse aspecto, a companhia reforçou que tem conseguido repassar as altas de preços, de forma integral, para o consumidor final. O consumidor final sempre pensa duas vezes quando o assunto é troca da alimentação de seus animais. Não é raro ver tutores mudando seus hábitos de consumo para baixo, na ideia de manter os hábitos de seus animais. Com isso, fica ‘facilitado’ o repasse dos aumentos”, avalia.

Assim, os resultados são consistentes com a visão otimista sobre a Petz, conforme também aponta o BBI, vendo a empresa bem posicionada para capitalizar a oportunidade de crescimento oferecida por um mercado altamente fragmentado (através de aberturas de lojas). O modelo omni (multicanal) da categoria permite que a Petz ofereça os melhores níveis de serviço de comércio eletrônico do segmento, protegendo assim a empresa da concorrência dos mercados.

Os analistas do BBI preveem um CAGR (taxa média ponderada de crescimento anual) das vendas de cerca de 33%, no período de 2021-24 subindo para acima de 40% em relação aos lucros. Portanto, embora as ações sejam negociadas em um múltiplo de preço sobre o lucro forte de 51 vezes o esperado em 2022, este cai acentuadamente para cerca de 36 vezes em 2023. “Assim, mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 25 com apenas pequenas alterações nas estimativas”, avaliam. O preço-alvo corresponde a um potencial de valorização (upside) de 89% frente o fechamento desta sexta-feira.

A XP também reiterou sua recomendação de compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 26 (upside de 96%), vendo a Petz como uma combinação de uma história de crescimento em um setor resiliente.

Isso uma vez que o mercado brasileiro pet tem fortes perspectivas de crescimento, já que ainda é pouco desenvolvido quando comparado a outros países, mesmo contando com a terceira maior população pet no mundo. Neste cenário, a Petz está bem posicionada para liderar a consolidação de mercado, dado que as pet mega stores devem continuar a ganhar participação, e a companhia continua a adicionar mais produtos e serviços ao seu ecossistema.

Além da expansão orgânica, a XP vê muitas alavancas de crescimento das empresas adquiridas, com a Zee.Dog sendo transformacional na nossa visão; a iniciativa de saúde da Petz (Seres) e outras potenciais fusões e aquisições.

A Levante também reforça que a empresa conseguiu manter a rentabilidade enquanto busca alternativas para mitigar os efeitos da inflação.

“Nesse contexto, estar capitalizada e fazer bom uso dos recursos financeiros constitui uma vantagem competitiva para ela, garantindo a disponibilidade de produtos recorrentes superior à concorrência (gestão eficiente dos níveis de ruptura) e a execução (e aceleração) do plano de expansão de lojas Petz, que contribui para acelerar o processo de captura de market share em um segmento Pet com potencial de crescimento elevado, ainda altamente fragmentado”, aponta.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.