11 ações caem mais de 15% e 6 sobem mais de 6%: as maiores altas e baixas do Ibovespa em janeiro

Enquanto BHIA3 voltou a figurar entre as maiores quedas, Petrobras se destacou com fortes ganhos

Lara Rizério Camille Bocanegra

Publicidade

O primeiro mês de 2024 foi bastante negativo para o Ibovespa após um 2023 bastante de fortes ganhos, com o mercado se ajustando às novas projeções de que o corte de juros pelo Federal Reserve pode não acontecer tão cedo como os agentes esperavam no fim do ano passado.

Assim, muitas empresas que se animam com cenário de queda de juros, como de varejo e consumo, acabaram sofrendo também com os ajustes de cenário (e por fatores micro). Do benchmark da Bolsa, 11 ações caíram mais de 15% no período, enquanto só 6 ações subiram mais de 6%, muitas delas por conta da alta também de 6% do petróleo em janeiro.

Maiores Quedas

Casas Bahia (BHIA3)

As ações das Casas Bahia (BHIA3) lideraram as perdas do Ibovespa neste mês, com queda de 30,67%, após encerrarem 2023 como a maior baixa do índice. O movimento ocorreu com a continuidade da maior cautela para as ações da companhia, com analistas ainda vendo um cenário desafiador e reiterando recomendação equivalente à venda ou neutra para os papéis.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Em meados do mês, o Morgan Stanley cortou o preço-alvo dos ativos BHIA3 de R$ 11,40 para R$ 10 com recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado) mantida, enquanto o Citi cortou o target de R$ 17,50 para R$ 10, mantendo recomendação neutra. Para os analistas do Citi, o plano de reestruturação será fundamental para melhorar a estrutura de capital, uma vez que a procura por produtos eletrônicos/linha branca permanece fraca e afetando os resultados.

MRV (MRVE3)

O mês de janeiro também foi movimentado para a MRV (MRVE3), com baixa de 29,83%. A ação chegou a desabar quase 12% apenas no pregão de 11 de janeiro com rumores sobre revisão de guidance e de prévia operacional do quarto trimestre. A prévia foi divulgada naquele mesmo dia e trouxe alguns sinais positivos, mas não trouxe tanto alívio para os ativos, em meio a uma onda de corte de projeções de analistas para o lucro da companhia entre 2024 e 2025. No fim do mês, o Citi cortou a recomendação de MRVE3 para neutra dadas as revisões para cima nas despesas financeiras e exposição a riscos de inadimplência, enquanto algumas outras casas cortaram preço-alvo, mas seguem vendo uma assimetria positiva para a ação.

Vamos (VAMO3)

As ações da Vamos (VAMO3), por sua vez, foram pressionadas para uma queda de 18,87% no período em meio às projeções de desaceleração nos resultados, tema abordado desde o ano passado. Em pesquisa com o buy side realizada no fim de 2023, o Bradesco BBI apontou que para o 4T23, em média, os investidores esperam que a empresa entregue R$ 167 milhões de lucro líquido, 8% acima da estimativa da casa de R$ 155 milhões, mas 27% abaixo do consenso. A visão é de que, apesar do sólido desempenho operacional de aluguel de caminhões e equipamentos, o negócio de concessionárias pode continuar decepcionando, impulsionado pelas incertezas no setor agrícola.

Continua depois da publicidade

Braskem (BRKM5)

Enquanto isso, as ações da Braskem (BRKM5) caíram 18,53%; elas continuam sendo afetadas pelos desdobramentos sobre as investigações dos danos causados em Maceió (AL) pela empresa petroquímica. No fim do ano passado, o Senado instalou a CPI sobre a companhia, destinada a apurar a responsabilidade no acidente ambiental que levou ao afundamento de áreas urbanas e afetou 200 mil pessoas. Os investidores seguem de olho nas possíveis consequências, como dificuldades para a venda da fatia da Novonor na petroquímica e possíveis novos processos que podem levar a uma maior deterioração financeira.

Cogna (COGN3), EzTec (EZTC3), Petz (PETZ3)

Entre as ações que caíram na casa dos 15% a 17%, estão empresas que também sofrem em meio a um cenário de alta dos juros futuros, caso da Cogna (COGN3; -16,33%), que é afetada ainda pelas discussões de maior regulação do ensino a distância pelo Ministério da Educação, enquanto EzTec (EZTC3; -17,43%) também apresentou uma prévia operacional considerada fraca, com queda nas vendas. Petz (PETZ3; -16,96%) também teve forte baixa; o BBA retomou a cobertura com recomendação neutra, vendo cenário competitivo forte e falta de sinais de melhora concreta operacional no curto prazo.

CVC (CVCB3)

CVC (CVCB3; -16,86%), por sua vez, passou a ser vista como uma oportunidade de compra pelo Itaú BBA, mas também sofreu com os possíveis desdobramentos da recuperação judicial da Gol nos EUA (Chapter 11). O Bradesco BBI ressalta que a Gol é uma das principais companhias aéreas brasileiras, com participação de mercado em torno de 34%. Embora a empresa afirme que as operações continuarão normalmente durante o processo, o cenário traz incertezas. Como resultado, isto poderá ter um impacto negativo nas empresas do setor do turismo, como a CVC, que reservam lugares em viagens e voos com a empresa.

Continua depois da publicidade

Azul (AZUL4), Alpargatas (ALPA4), Carrefour (CRFB3)

Assim como a CVC, a Azul (AZUL4; -16,30%) também acompanhou parte da queda das ações da Gol em meio à RJ nos EUA, apesar de algumas casas verem AZUL4 como uma possível beneficiária da possível maior restrição das operações da rival. Alpargatas (ALPA4; -15,22%) e Carrefour (CRFB3; -16,39%) completam a lista dos ativos que caíram mais de 15% em janeiro.

Confira as 5 maiores baixas do Ibovespa em janeiro:

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
Casas BahiaBHIA3R$ 7,89-30,67%
MRVMRVE3R$ 7,88-29,83%
VamosVAMO3R$ 8,17-18,87%
BraskemBRKM5R$ 17,81-18,53%
EzTecEZTC3R$ 15,44-17,43%

Maiores Altas

Petrobras (PETR3; PETR4)

Acompanhando a alta do petróleo, que fechou a primeira sessão de janeiro em US$ 75,91 e encerra o mês em US$ 81,71, as ações de petrolíferas e distribuidoras lideraram as altas no mês. A Petrobras apresentou alta de 8,62% para PETR4 e 8,16% para PETR3. O bom desempenho se deu mesmo com o anúncio da retomada de investimentos na refinaria Abreu e Lima, que não foi bem recebida pelo mercado, mas não trouxe maior impacto para os papéis. Analistas têm reforçado visão positiva e apontado a empresa ainda como um bom player de dividendos.

Publicidade

PetroReconcavo (RECV3), 3R Petroleum (RRRP3) e Ultrapar (UGPA3)

Na mesma linha, PetroReconcavo (RECV3) acompanhou a alta da commodity, com avanço de 6,12%, também repercutindo a proposta de uma união de forças com a 3R Petroleum (RRRP3) para a criação de uma gigante onshore: os papéis RRRP3 subiram 4,19% no período. A distribuidora Ultrapar (UGPA3), por sua vez, teve alta de 6,26% no mês. O setor é visto com otimismo pela XP, que iniciou cobertura da Vibra (VBBR3) recomendando compra para a distribuidora.

Grupo Soma (SOMA3) e Arezzo (ARZZ3)

Além disso, no setor de varejo, o Grupo Soma (SOMA3) se destacou, com alta de 6,31% em janeiro, muito por conta de um movimento no último dia do mês. O papel SOMA3 teve uma disparada em meio à expectativa por uma fusão com a Arezzo (ARZZ3).

Cielo (CIEL3)

A Cielo (CIEL3) também se destacou entre as maiores altas do mês, com valorização de 7,34%; em relatório do fim de janeiro, o Goldman Sachs manteve recomendação neutra para a ação, mas destacou que a companhia poderia elevar os proventos no curto prazo. A companhia, por sinal, pagou R$ 179,3 milhões em dividendos nesta quarta.

Continua depois da publicidade

Confira as maiores altas do Ibovespa em janeiro:

EmpresaTicker PreçoVariação percentual
Petrobras PN*PETR4R$ 40,45+8,62%
Petrobras ON*PETR3R$ 42,16+8,16%
Cielo CIEL3R$ 4,97+7,34%
SomaSOMA3R$ 7,92+6,31%
UltraparUGPA3R$ 28,17+6,26%
PetroReconcavoRECV3R$ 23,05+6,12%
*inclusão de 6 ações de 5 companhias diferentes, já que as primeiras duas altas são dos ativos de Petrobras

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.