A economia é um tema presente todos os dias nas televisões, rádios, jornais, sites e demais meios de comunicação no mundo inteiro. Nesse sentido, um conceito ganha destaque e está entre os mais importantes quando pensamos na atividade econômica de um país: o Produto Interno Bruto (PIB).

No Brasil, esse indicador é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada três meses. Ele serve para avaliar a evolução da economia ano a ano e para compará-la à performance de outras nações. Quanto maior for o PIB, mais aquecida estará a economia nacional; já o indicador em queda é um sinal preocupante pois, dependendo do caso, o país pode entrar em uma recessão. Por isso, costuma-se dizer que o indicador funciona como um termômetro da economia de um país.

Neste conteúdo, você entenderá o que é esse indicador, como ele é calculado e por que ele é tão importante para a análise da economia de um país. Continue a leitura e confira a seguir.

O que é PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) corresponde ao somatório de todos os produtos finais da economia de uma determinada região, seja ela uma cidade, estado ou país.

Um aspecto importante a entender é que o PIB não mostra o estoque de bens e serviços, mas sim o volume desses itens que o país produziu em um determinado período. Ou seja, o indicador não representa a riqueza total que o país possui. 

Para fins de contagem, o valor do PIB zera no início do ano e é feito um novo cálculo que toma o ano anterior como referência. Assim, consegue-se ver como o indicador evoluiu de um período para o outro. Se a produção do ano atual tiver sido menor do que a do ano anterior, dizemos que o PIB do país foi negativo no exercício em questão.

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Como o PIB é calculado

Para calcular o PIB, deve-se considerar somente os bens e serviços que chegam até o consumidor, para evitar contagem em duplicidade e distorção do indicador.

Imagine que uma indústria de massas seja responsável por todas as etapas do processo produtivo, desde o plantio do trigo até a produção dos itens que chegam até o consumidor. Cada etapa do processo (plantio, fabricação de farinha e produção das massas) possui o seu próprio custo. No entanto, para fins de PIB, os custos dos produtos intermediários devem ser deduzidos do preço do produto final.

Por exemplo, em um determinado mês, os custos de produção dessa indústria totalizaram R$ 100.000, e ela repassou as massas aos supermercados a R$ 150.000. Nesse caso, o valor das massas no PIB será de R$ 50.000. 

Ou seja, para o cálculo do indicador, não são considerados os itens intermediários que entram no processo de produção. Essa lógica vale para todos os produtos e serviços que fazem parte da economia.

Podemos calcular o PIB de duas maneiras: sob o aspecto da oferta e da demanda de bens e serviços. Independentemente de qual seja a forma escolhida, o resultado do indicador será o mesmo. Porém, a diferença de metodologia é importante para avaliar a economia sob diferentes pontos de vista. Acompanhe a seguir.

Cálculo a partir da oferta

Quando consideramos a oferta para calcular o indicador, basta somar tudo o que os três setores da economia produziram em determinado período. 

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Dessa forma, temos:

PIB = agropecuária + indústria + serviços 

No caso do Brasil, o setor de serviços é o mais representativo na nossa economia. Isso porque ele corresponde a mais da metade do PIB nacional e a cerca de 75% dos empregos gerados atualmente no País.

Cálculo a partir da demanda

Por sua vez, o cálculo do PIB a partir da demanda utiliza a seguinte fórmula:

PIB = C + I + G + (X-M)

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Veja agora o que cada letra da fórmula significa:

  • C: consumo das famílias
  • I: investimentos das empresas (ampliação de fábricas, compras de equipamentos, entre outros)
  • G: gastos do governo (infraestrutura, previdência, programas sociais, etc.)
  • X – M: balança comercial (diferença entre exportações e importações)

Perceba que as variáveis acima (consumo pessoal, investimentos de empresas e do governo, exportações e importações) abrangem praticamente todos os aspectos da economia. Por isso, o cálculo do indicador é algo bastante complexo.

Itens considerados para o cálculo do PIB

Para calcular o PIB, o IBGE utiliza dados que ele mesmo produz e outros de fontes externas para calcular o indicador. Alguns dos mais importantes são os seguintes:

Balanço de pagamentos

Esse indicador mostra a relação comercial que o Brasil possui com os demais países. No balanço de pagamentos, são consideradas informações referentes a transações internacionais, como compras e vendas de serviços e remessa e recebimento de recursos de fora, por exemplo.

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

O IPCA é o índice que mede a inflação oficial do Brasil. O seu cálculo, feito pelo próprio IBGE,  abrange 90% das famílias que vivem nas áreas urbanas do país e, por isso, é considerado um índice “amplo”.

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Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA)

O IPA  também é um índice de inflação, porém ele registra as variações dos preços de produtos agropecuários e industriais nas transações entre empresas. Ou seja, ele considera os estágios de comercialização que antecedem o produto final.

Quem calcula esse índice é a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF)

Essa pesquisa, realizada pelo IBGE, avalia basicamente os rendimentos das famílias e como são os seus gastos. O objetivo da POF é traçar um perfil das condições econômicas da população a partir da análise dos orçamentos familiares.

Pesquisa Anual de Comércio (PAC)

O objetivo dessa pesquisa é obter informações sobre a estrutura da atividade de comércio brasileira. Para isso, O IBGE levanta diversas informações de organizações formalmente constituídas, como número de empresas, receitas de vendas, margens de lucro, estoques, despesas, entre outros aspectos. 

Pesquisa Anual de serviços (PAS)

Os itens levantados e analisados pela PAS são os mesmos que vimos no item anterior. A diferença é que essa pesquisa considera em seu cálculo somente as empresas formalmente constituídas que atuam exclusivamente no setor de serviços.

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Produção Agrícola Municipal (PAM)

A PAM analisa a produção agrícola brasileira de itens importantes na pauta de exportações. Outro fator considerado na avaliação é a relevância social desses produtos, pois são itens que constam na cesta básica da população. 

PIB per capita

Quando falamos em PIB, outro conceito muito lembrado é o de PIB per capita. Basicamente, esse indicador é obtido quando dividimos o valor do PIB pelo número de habitantes do município, país ou estado em questão.

Como o PIB é um indicador utilizado para classificar as regiões como ricas, pobres ou desenvolvimento, muitos podem pensar que um PIB per capita alto significa que, de forma geral, as pessoas vivem bem. No entanto, utilizar o indicador para avaliar a qualidade de vida da população não é correto, pois mesmo um local com PIB per capita alto pode não ter uma distribuição de renda equilibrada. 

Além disso, é preciso lembrar que o indicador determina o quanto a economia cresceu em um determinado período, e não a riqueza total de uma região. Dessa forma, pode acontecer de o PIB crescer e parte da população ficar mais pobre ao mesmo tempo. E também pode ser que um país com PIB pouco expressivo tenha uma população com melhores condições de vida do que um país com PIB total e per capita maior.

Evolução do PIB brasileiro

De acordo com informações do Banco Mundial, o PIB do Brasil alcançou os seguintes valores nos últimos 10 anos:

AnoValor do PIB (US$ trilhões)
20122,465
20132,473
20142,456
20151,802
20161,796
20172,064
20181,917
20191,873
20201,449
20211,609

Qual a importância do PIB para o país?

Como vimos, o PIB é o principal termômetro da economia de um país, pois, ao analisá-lo, conseguimos ver como a produção nacional variou ao longo dos anos. 

Se o indicador está crescendo, isso significa que a economia do país também está apresentando um bom desempenho. Por outro lado, se o PIB está em queda, é um indicativo de retração da atividade econômica. Nesse caso, é preciso identificar o que está afetando negativamente a produção para que se possa traçar novas estratégias para a economia.

Relação do PIB com o crescimento econômico

Um PIB que evolui positivamente é sinal de atividade econômica aquecida. De forma geral, isso traz geração de empregos, ambiente propício a novos negócios, melhora na renda da população e incentivo ao consumo. 

Além desse cenário favorecer a economia nacional, ele também desperta o interesse de investidores estrangeiros, que se sentem mais seguros em aportar recursos no país. Dessa forma, aumenta o dinheiro em circulação na atividade econômica, o que também fortalece a moeda local e gera ainda mais crescimento. Ou seja, é uma fase positiva que se retroalimenta e deixa a economia do país cada vez mais forte.

Lembrando que o PIB, por si só, não representa a riqueza de um país, mas sim a evolução da atividade produtiva em determinado período. Como vimos, não basta comparar o PIB de dois países para sabermos qual é o mais rico, pois esse indicador não aponta fatores específicos como qualidade de vida, distribuição de renda, e outros igualmente importantes para entendermos as reais condições econômicas de uma população.

PIB nominal e PIB real

Outros dois conceitos que surgem quando falamos no indicador são PIB nominal e PIB real.

O PIB nominal é obtido considerando os preços no momento em que determinado item foi produzido e comercializado. Nesse sentido, ele leva em conta  que ocorreram variações nos preços, seja para cima ou para baixo.

Já o PIB real mede o volume físico dos produtos e serviços e considera os preços constantes em um determinado período. Ou seja, ele despreza os efeitos da inflação ou deflação no seu cálculo. Conhecer essa diferença é importante, pois os efeitos da alta ou da queda dos preços podem distorcer a mensuração do PIB de um período.

Por exemplo, em um determinado ano, um país apresentou PIB de US$ 2 trilhões. No ano seguinte, a atividade econômica permaneceu no mesmo patamar, mas os preços subiram 30%.

Nesse caso, se olharmos o PIB nominal, diremos que houve crescimento de 30% em relação ao ano anterior. Porém, as quantidades produzidas não variaram, pois a economia se manteve constante. É por isso que o PIB real é o indicador mais utilizado para observar a evolução da economia.

Diferença entre PIB e PNB

PNB é a sigla para Produto Nacional Bruto, e representa o somatório de tudo o que foi produzido por um país em determinado período, no território nacional e no exterior. Ou seja, o cálculo do indicador considera também a produção de empresas nacionais que têm filiais no exterior.

Em relação ao PIB, o PNB se diferencia devido à Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLEE), indicador que representa a diferença entre os valores enviados e recebidos do exterior a partir de fatores de produção. 

A sua fórmula é a seguinte:

PNB = PIB – RLEE

Normalmente, países mais desenvolvidos costumam ter o PNB maior do que o PIB, devido à RLEE negativa. Ou seja, de forma geral, esses países recebem mais recursos do exterior do que enviam. Logo, o PNB é um indicador mais eficiente para avaliar como o país se posiciona na economia internacional.

O PIB impacta nos investimentos?

Sim, o PIB impacta nos investimentos, e o motivo é muito simples: como vimos durante todo esse conteúdo, o indicador reflete diretamente o que acontece na economia. Logo, uma atividade econômica robusta e em crescimento proporciona mais oportunidades para as empresas crescerem. Além disso, novos negócios são abertos, mais pessoas são empregadas, os salários aumentam e tudo isso favorece cada vez mais a economia.

Lembrando que empresas mais sólidas têm resultados melhores, distribuem mais dividendos e têm suas ações mais valorizadas. Todo esse cenário favorável acaba atraindo capital estrangeiro, o que contribui para a melhora da percepção de risco do país, seja na bolsa de valores ou na renda fixa.

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Porém, é importante entender que, apesar de o crescimento do PIB ser positivo para a economia, isso não significa que os investimentos irão render na mesma proporção. No Brasil, o mercado de capitais ainda é pequeno se comparado a outros países e representa uma parcela pequena de nossa economia. Por aqui, temos pouco mais de 400 empresas listadas na B3, enquanto NYSE e Nasdaq, por exemplo, possuem juntas mais de seis mil empresas. 

Outro ponto a considerar é que existem diversos fatores que impactam no crescimento das empresas que não estão ligados ao cenário macroeconômico. Nesse sentido, é possível que, mesmo em períodos de PIB em alta, algumas empresas apresentem indicadores financeiros ruins devido a endividamento elevado, problemas de produção ou má gestão, entre outros.

O mesmo vale para a renda fixa, pois o PIB, apesar de ser um componente macroeconômico importante, não é o único determinante da taxa de juros do país. Isso porque fatores como risco fiscal e político, por exemplo, também influenciam os juros e a valorização ou desvalorização da moeda local. Portanto, além do PIB, existem diversos outros aspectos a serem considerados ao se avaliar os investimentos.

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