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O pacote de corte de gastos do executivo federal, anunciado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) na noite da quarta-feira (27), respingou no mercado. O Ibovespa caiu, os títulos de inflação do Tesouro Direto subiram para o maior patamar do ano e o dólar ultrapassou a marca dos R$ 6 pela primeira vez na história.
Apesar da promessa do governo de uma economia de R$ 70 bilhões com as medidas, a reação dos gestores foi de ceticismo. Muitos avaliam que o pacote não ataca o principal problema percebido pelo mercado: a elevada dívida pública bruta do Brasil, que atingiu 78,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em setembro.
Diante desse cenário duvidoso, o InfoMoney pediu para especialistas elaborarem carteiras de investimentos voltadas a diferentes perfis de risco – conservador, moderado e arrojado. A simulação foi baseada em um montante de R$ 200 mil.
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Carteira conservadora
Ativo | Composição da carteira |
Tesouro Selic | 60% |
CDBs de liquidez diária | 30% |
FIDCs multicedentes e multissacados | 10% |
Peterson Rizzo, especialista em investimentos da Multiplike, disse que o principal objetivo de uma carteira conservadora é preservar o capital, mas com rendimentos superiores à poupança e baixa exposição a riscos. “A orientação é sempre diversificar as aplicações, reduzindo riscos e também tendo uma maior previsibilidade dos rendimentos”.
Segundo o especialista, o Tesouro Selic tem maior peso porque é o título público mais seguro do país, tem liquidez diária e protege contra as variações na taxa de juros. O IR do Tesouro Direto segue uma tabela progressiva, que vai de 22,5% a 15%, conforme o prazo. A mesma regra de imposto vale para os CDBs, que compõem 30% da carteira sugerida pelo especialista. O CDB é protegido pelo FGC até R$ 250 mil por CPF e instituição.
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Por fim, o especialista recomenou também os FIDCs multicedente/multissacado. “O risco aqui é a exposição ao inadimplemento dos devedores, mas no segmento multicedente e multissacado, isso fica bem diluído”, falou. A regra do IR para esse tipo de produto é igual ao do CDB e doTesouro Direto.
Carteira moderada
Ativo | Composição da carteira |
CDB (Certificados de Depósito Bancário) | 35% |
LCI e LCA (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio) | 20% |
LFT (Letra Financeira do Tesouro) | 10% |
Fundos de renda fixa pós-fixados | 10% |
CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebimento do Agronegócio) | 10% |
Renda Variável (ETFs, ações ou FIIs) ou alternativos | 10% |
NTN-B | 5% |
Rafael Leuzinger, especialista em Investimentos do Grupo Fractal, disse que os CDBs (que compõem a maior parte de sua carteira) costumam ser mais atrativos do que títulos públicos em termos de rentabilidade e complementam o portfólio com maior retorno potencial. Em relação às LCIs e LCAs, falou, “optou-se por esses ativos devido à isenção fiscal que oferecem para pessoas físicas, aumentando sua atratividade, especialmente no curto prazo”. Como os CDBs, as LCIs e LCAs também são protegidas pelo FGC.
As LFTs foram incluídas, segundo o especialista, porque desempenham papel como reserva para eventualidades e como um recurso estratégico para aproveitar oportunidades de mercado. Já os fundos de renda fixa pós-fixados, falou, proporcionam previsibilidade nos resgates e um acesso facilitado a uma variedade de ativos
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Os CRIs e CRAS foram incorporados à carteira para compor a parcela de maior risco, buscando uma maior rentabilidade, segundo Leuzinger. Esses dois produtos financeiros, vale lembrar, são isentos de IR. Em relação às NTN-Bs, elas são “recomendadas para estratégias de carregamento, oferecendo ganhos reais ao superar a inflação”.
Dentro dos 10% de renda variável ou alternativos, ele citou ações, fundos imobiliários (FIIs) e fundos de índices (ETFs) por causa do potencial de valorização desses ativos e o pagamento de dividendos. Já sobre os alternativos, ele sugeriu ouro e criptoativos “para diversificar e melhorar o potencial de rentabilidade da carteira, equilibrando o risco e a recompensa de acordo com o perfil de investidor”.
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Carteira arrojada
Ativo | Composição da carteira |
CRIs e CRAs high grade | 30% |
CDBs | 15% |
Fundos de renda fixa pós-fixados | 10% |
LFT (Letra Financeira do Tesouro) | 10% |
ETF, ações ou Fiis | 10% |
Ativos internacionais | 10% |
NTN-B | 5% |
Alternativos | 5% |
Fundos multimercado | 5% |
A carteira arrojada de Leuzinger, diferente da moderada, tem 30% dos recursos em CRIs e CRAs high grade. Em resumo, esses certificados são títulos de empresas de maior reconhecimento e menor risco de crédito, “o que garante maior segurança dentro de uma classe naturalmente mais arriscada”, afirmou. Ele falou que diversificar entre diferentes emissores e setores é uma estratégia essencial para mitigar riscos específicos.
“Esses instrumentos, embora apresentem maior volatilidade, são fundamentais para quem busca diversificar sua carteira com ativos que aliam potencial de ganho elevado e incentivos fiscais”.
Outra diferença em relação à carteira moderada foi a inclusão de ativos internacionais. De acordo com o especialista, eles são essenciais para proteger o portfólio contra desvalorização cambial, já que os investimentos em outras moedas podem agir como uma reserva de valor quando a moeda local perde poder de compra.
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É importante lembrar que, ao investir, você deve levar em conta o seu perfil, que pode ser mais conservador ou mais arrojado, a depender do quanto de risco está disposto a correr. Vale considerar ainda que o melhor jeito de construir um plano sustentável de investimentos é diversificando as aplicações da sua carteira.