Agenda de dividendos de outubro: VIVT3 paga até R$ 1,21 por ação; lista inclui ITSA4, B3SA3 e ABCB4

** Este conteúdo será atualizado ao longo do mês para inserir novas empresas, conforme forem anunciando os seus proventos.

O último trimestre de 2022 está prestes a começar com dinheiro pingando na conta dos investidores focados em dividendos. Segundo levantamento do InfoMoney, 30 empresas vão pagar dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) em outubro.

Empresas como Telefônica Brasil, Itaúsa, Banco ABC e B3 são algumas das que remuneram os acionistas ao longo do mês.

O maior valor de outubro é da Telefônica Brasil (VIVT3), que fará dois pagamentos no dia 18 de outubro: um de R$ 1,21 por ação, para quem tinha os papéis em carteira no dia 26 de abril, e outro de R$ 0,895, para os investidores com posição na empresa no dia 27 de dezembro de 2021.

No seu estatuto, a Telefônica estabelece distribuir no mínimo 25% do seu lucro líquido na forma de proventos (payout) aos seus acionistas. Contudo, segundo o site de Relações com Investidores da empresa, a companhia pagou entre 78% e 115% desde 2011. Pelo seu histórico, a companhia poderia ainda anunciar mais proventos em dezembro.

Na próxima segunda-feira (3), a holding Itaúsa (ITSA4; ITSA3) remunera seus acionistas com juros sobre capital próprio de R$ 0,02. O valor corresponde ao tradicional provento trimestral pago pela companhia. Já na sexta (7), a B3 (B3SA3) paga dividendos e JCP de até R$ 0,055 para os investidores com posição acionária em 22 de setembro.

Destaque ainda para o Banco ABC (ABCB4), que paga JCP no dia 13 de R$ 0,36 por ação para os investidores que possuíam papéis nesta sexta-feira (30). O banco tem como clientes as pessoas jurídicas do segmento middle – empresas com faturamento anual entre R$ 30 e R$ 250 milhões.

Lembrando que os dividendos não sofrem tributação do Imposto de Renda. Já no caso de JCP, é descontada alíquota de 15% sobre o valor bruto pago pelas empresas.

Proventos previstos para a primeira quinzena de outubro de 2022

Fonte: InfoMoney com Quantum Axis e RI das empresas. JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber os proventos.

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 ITSA4: dividendos e crescimento

A holding Itaúsa (ITSA4;ITSA3) tem como política distribuir dividendos trimestralmente no valor de R$ 0,02 por ação. Os pagamentos geralmente entram na conta dos investidores no primeiro dia útil de janeiro, abril, junho e outubro. Além disso, pelo menos desde 2017, a empresa também distribuiu JCPs ou dividendos adicionais nos meses de março e agosto.

Segundo Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, a Itaúsa ainda pode ser considerada para uma estratégia de dividendos, embora seu dividend yield não seja muito elevado no curto prazo. Ele destaca a recorrência como uma boa característica.

Na visão do analista, com o passar do tempo, as empresas que integram o portfólio da Itaúsa devem aumentar a sua geração de caixa possibilitando maiores distribuições de dividendos.

A holding investe em empresas líderes nos segmentos financeiro (como Itaú Unibanco e XP ), bens de consumo (Alpargatas), materiais de construção civil (Dexco), saneamento (Aegea), energia (Copa Energia) e infraestrutura (NTS). Em setembro, concluiu a aquisição de 10,33% da concessionária de infraestrutura CCR.

“Embora a empresa talvez não apareça no topo do ranking das maiores pagadoras de dividendos em 2023, deverá manter o dividend yield em 6% neste e no próximo ano, o que já é um patamar aceitável para uma holding com essas características”, destaca Biz.

O analista projeta um dividend yield de 6,1% para ITSA4 nos próximos 12 meses e um preço-teto de compra de R$ 10,90 para garantir bom retorno. “O ideal seria comprar o papel abaixo de R$ 9”, reforça Biz.

Em agosto, o CEO da Itaúsa (ITSA4), Alfredo Setúbal afirmou que o payout só deve voltar ao patamar histórico de 40% nos próximos três anos. O atual momento da companhia, segundo o executivo, é uma combinação de crescimento com dividendos. Por dois a quatro anos, a holding deve viver um “vale” de proventos menores, perto do mínimo estatutário de 25% do lucro líquido.

Dividendos da B3SA3 valem a pena?

Empresas do segmento financeiro, como bancos, costumam ser reconhecidas como boas pagadoras de dividendos. No caso da B3, a Bolsa brasileira, os analistas enxergam uma oportunidade de o investido obter proventos aliados ao crescimento.

Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, explica que nos últimos anos o payout da B3 ultrapassou 60%, por conta da boa geração de caixa da companhia. Ele destaca que apesar da empresa estar mais focada no mercado de capitais do que em serviços financeiros em si, o monopólio que detém como bolsa de valores no País contribui com seus resultados.

Tahara acredita que a B3 é uma empresa interessante para uma estratégia de dividendos no longo prazo – mas não no preço de tela atual, próximo a R$ 12. Para o analista, o ideal seria a compra da ação até o preço-teto de R$ 8. Ele estima um dividend yield de 6% para os próximos 12 meses, favorecido pela recuperação do mercado de capitais e movimentação da renda variável.

José Eduardo Daronco, analista da Suno Research, cita alguns desafios da companhia. Com os juros elevados ainda por alguns meses – o mercado espera que cortes aconteçam apenas em 2023 para a Selic – a B3 pode ver seus resultados afetados.

Por outro lado, Daronco destaca que a B3 oferece ao investidor a possibilidade de receber bons dividendos sem que isso impacte no crescimento da companhia. “Isso ocorre pela baixa necessidade de Capex (investimentos em ativos para a companhia), assim como a alta despesa com amortização de ágio, decorrente das aquisições passadas que acabam reduzindo a base tributável do lucro da companhia”, afirma. A Suno projeta dividend yield de 6,4% nos próximos 12 meses, considerado “interessante”, dado o baixo risco da operação.

Raízen (RAIZ4) pode ser uma boa pagadora de proventos?

A Raízen aprovou recentemente a distribuição de dividendos intermediários no valor bruto de R$ 326 milhões, correspondente a R$ 0,032 por ação, que devem pingar na conta dos investidores no dia 13 de outubro.

Apesar do dividendo milionário, sua falta de histórico na Bolsa ainda a impede de ser considerada uma boa pagadora, explica Raphaela Oliveira especialista em investimentos da Simples Multi Family Office. A companhia abriu capital em agosto de 2021.

“A Raízen está distribuindo dividendos de maneira atípica, devido aos seus últimos resultados, mas ainda precisamos acompanhar a evolução da empresa nos próximos meses”, afirma Raphaela.

A companhia chegou a pagar juros sobre capital próprio em março e abril, além deste de outubro, mas pode oferecer mais proventos ainda em dezembro. Contudo, a sua política de dividendos não é um grande destaque – o payout mínimo é de 1% do lucro líquido ajustado.

A especialista em investimentos destaca que a Raízen reúne algumas características mais favoráveis a uma estratégia de crescimento com ações, como parcerias recentes com Shell e Uber, que podem trazer bons retornos no médio e longo prazo. Entre os riscos, Raphaela cita a flutuação dos preços das commodities, que pode prejudicar a empresa em períodos de queda.

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Proventos previstos para a segunda quinzena de outubro de 2022

Fonte: InfoMoney com Quantum Axis e RI das empresas. JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber os proventos.

Dividendos da VIVT3

Por se encontrar em um setor resiliente e consolidado, a Telefônica Brasil (VIVT3) é vista pelos investidores como uma opção perene para garantir dividendos no longo prazo. Nos últimos anos, o payout (parcela do lucro líquido destinada a proventos) foi de 95%, segundo Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me.

A companhia teve um dividend yield (taxa de retorno em dividendos) de 9,5% nos últimos 12 meses, enquanto a média da última década está em torno de 7,5%, cita Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research. Segundo o analista, tudo indica que a companhia deve continuar com um bom patamar de dividendos no futuro. “É uma empresa que remunera o seu acionista, geralmente, duas vezes no ano”, diz.

Segundo Tiglia, mesmo na pandemia, o dividend yield da Telefônica ficou na casa dos 7% ao ano. O analista destaca que a companhia tem forte geração de caixa e está bem posicionada em seu setor, além de ter pouca dívida. Sua alavancagem financeira, medida pelo indicador Dívida/Ebitda (múltiplo que permite entender a capacidade de uma empresa de honrar suas dívidas a partir da geração de caixa que consegue obter), é de apenas 0,7 vezes.

Tiglia destaca que além de ser líder na telefonia móvel, a Telefônica tem uma marca reconhecida, está focada em produtos de maior valor agregado e, com a recente aquisição da Oi Móvel, deve apresentar boas oportunidades de crescimento e consolidação.

Gentile, da Dividendos.me, afirma que o mercado já estimou uma redução no lucro da Telefônica em 2022 de cerca de 30% em relação a 2021, por conta dos recursos destinados para a compra dos ativos da Oi Móvel. Na visão dele, embora isso possa pressionar a distribuição de dividendos no curto prazo, a partir de 2023 lucro e proventos devem ser normalizados.

Gentile cita a companhia pode ainda anunciar mais proventos em dezembro, dado seu histórico, contudo em valor pouco relevante. Ele projeta dividend yield de 7% para 2023, assumindo um lucro da companhia de R$ 4,7 bilhões, conforme estimado pelo mercado, e um payout de 95%. Tiglia recomenda a compra dos papéis VIVT3, com dividend yield de 7% nos próximos 12 meses.