Bitcoin tenta ir a US$ 32 mil enquanto Luna derrete 90% e pode sumir antes de plano de resgate

Criptomoeda da blockchain Terra caminha para o fim em meio a uma "espiral da morte" alimentada pela falência da stablecoin UST

Paulo Barros CoinDesk

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Após dar indícios de que poderia cair novamente para US$ 30 mil na madrugada, o Bitcoin (BTC) amanhece o dia em leve recuperação e, às 7h15, é negociado a US$ 31.807. Embora apresente certa retomada, o nível ainda é apontado por especialistas como frágil demais, o que seguiria deixando a criptomoeda propensa a cair para a faixa dos US$ 28 mil – onde foi registrada a mínima de 2021.

O momento de incerteza, como esperado, afugenta investidores das altcoins, conhecidas por serem mais voláteis e, por isso, mais arriscadas. Entre as 20 criptos com maior valor de mercado, a única exceção é o Ethereum (ETH), que avança 1,9% nas primeiras horas do dia, para US$ 2.426. Na última semana, o ativo que alimenta a principal blockchain para smart contracts cai 12,9%, menos que os 15,6% cedidos pelo Bitcoin.

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O Bitcoin passa no momento pela maior oferta de unidades disponíveis em exchanges desde novembro de 2017, o que acende o alerta do mercado para um novo sell-off. Segundo especialistas, no entanto, o principal responsável é a liquidação promovida pelo projeto Terra (LUNA), que depositou pelo menos US$ 1,5 bilhão em BTC em corretoras para tentar se salvar nos últimos dias.

James Check, analista da Glassnode, aponta que as condições do mercado são muito diferentes e é difícil fazer uma comparação com a situação de cinco anos atrás.

“Não é o mesmo que 2017 de forma alguma, um mecanismo completamente diferente e um conjunto de entidades em jogo. O que estamos observando está mais próximo de uma versão em miniatura de George Soros atacando a libra esterlina, em que a LFG (entidade que controla as reservas do projeto Terra) está desempenhando o papel do Banco da Inglaterra (com resultado semelhante, parece) ”, disse ele em um e-mail ao CoinDesk.

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O principal assunto do dia, portanto, continua sendo a Luna, que já foi uma das 10 maiores criptos, mas vive algo sem precedentes no setor: o token derrete outros 90% em 24 horas e atinge US$ 3,03, em perdas que já chegam a 96% em uma semana – há pouco mais de um mês, a cripto valia quase US$ 120.

O motivo é o mesmo que levou à queda de 50% da criptomoeda ontem: o sistema experimental da stablecoin Terra USD (UST), que usa o token Luna para ser gerada, e que acabou criando o fenômeno conhecido como “espiral da morte”.

Com receio de que a stablecoin perdesse paridade com o dólar, investidores começaram a se desfazer do ativo em massa, aumentando repentinamente a oferta de Luna no mercado e fazendo o preço do ativo desabar. Com medo de queda ainda mais forte, investidores de Luna começaram a liquidar posições, aumentando a pressão de venda que foi então impulsionada pelo recuo do Bitcoin.

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O resultado foi uma queda sistêmica dos dois ativos, que são interligados. A stablecoin que devia valer US$ 1 é negociada hoje a menos de US$ 0,46 e, durante a madrugada, chegou a bater US$ 0,30. Já o projeto Terra, que já foi apontado como um dos mais promissores do mercado cripto, viu seu valor de mercado evaporar de US$ 29 bilhões para apenas US$ 2 bilhões em uma semana.

A queda de quase 90% do token Luna veio antes que o criador do projeto, o sul-coreano Do Kwon, divulgasse um plano de recuperação de última hora que, segundo ele, estaria sendo preparado pelos desenvolvedores. De acordo com fontes ouvidas pelo site The Block, a ideia seria levantar US$ 1 bilhão com investidores para tentar resgatar os criptoativos.

Antigos usuários da UST parecem estar migrando para o protocolo Maker (MKR), um dos pioneiros do DeFi e criador da stablecoin Dai (DAI). O token MKR do projeto dispara quase 40% nesta manhã.

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Na terça-feira (10), a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, mencionou a UST como exemplo do tipo de ameaça que as stablecoins representam para o sistema financeiro global.

“Acho que isso simplesmente ilustra que este é um produto em rápido crescimento e que há riscos para a estabilidade financeira, e precisamos de uma estrutura apropriada”, disse ela. Mais tarde, Yellen afirmou que seria “apropriado” propor uma legislação para lidar com a regulamentação de criptomoedas este ano.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h30:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 31.807,13 +1,1%
Ethereum (ETH) US$ 2.426,22 +1,9%
Binance Coin (BNB) US$ 313,81 -2,2%
XRP (XRP) US$ 0,514772 -0,9%
Cardano (ADA) US$ 0,653424 -2,6%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Maker (MKR) US$ 1.656,02 +37,1%
Flow (FLOW) US$ 4,29 +13,8%
Chain (XCN) US$ 0,084162 +13,1%
Leo Token (LEO) US$ 5,43 +0,8%
Celo (CELO) USUS$ 2,10 +2,2%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Terra (LUNA) US$ 3,03 -89,6%
Terra USD (UST) US$ 0,538375 -40%
Osmosis (OSMO) US$ 2,03 -30,3%
Fantom (FTM) US$ 0,463711 -20,9%
Frax Share (FXS) US$ 14,80 -20%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 29,00 0%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 38,80 +2,31%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 35,41 +2,54%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 28,34 +0,76%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 30,04 +3,08%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 10,29 +2,08%
QR Ether (QETH11) R$ 8,70 +3,81%
QR DeFi (QDFI11) R$ 5,01 +0,8%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quarta-feira (11):

Coinbase não tem risco de falência, afirma CEO

O fundador e CEO da Coinbase, Brian Armstrong, esclareceu em um tweet nesta quarta-feira que a Coinbase não corre risco de falência, ao contrário do que foi levantado por investidores após a empresa submeter um documento à SEC, nos Estados Unidos.

Armstrong disse que a exchange “incluiu um novo fator de risco com base em um requisito da SEC chamado SAB 121, que é uma divulgação recém-exigida para empresas públicas que detêm ativos criptográficos para terceiros”.

O documento diz que “como os criptoativos mantidos sob custódia podem ser considerados propriedade de uma massa falida, em caso de falência, os criptoativos que mantemos sob custódia em nome de nossos clientes podem estar sujeitos a processos de falência e esses clientes podem ser tratados como nossos credores quirografários gerais”, escreveu a Coinbase em seu recente pedido.

FSB quer supervisionar criptos em nível global

O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB) pode liderar a formulação de regulamentos globais para criptoativos, disse seu presidente, Klaas Knot, ontem.

“O FSB está bem posicionado para assumir um papel de liderança no projeto de uma estrutura regulatória global coerente para ativos de criptomoedas”, disse Knot na reunião anual da International Swaps and Derivatives Association, em Madri.

O FSB, que tem sede em Basileia, na Suíça, reporta-se ao Grupo das 20 maiores economias do mundo e desenvolve regras destinadas a impedir crises como as de 2008, envolvendo grandes bancos internacionais considerados grandes demais para falir.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos