No início dos anos 80, o termo ‘sustentabilidade’ começou a ganhar destaque internacional. Mais precisamente em 1983, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com o objetivo de desenvolver estratégias que possibilitassem o desenvolvimento sustentável em todo o mundo.
Desde então, diversas iniciativas globais com esse foco surgiram ao longo dos anos, como a ECO-92 (1992), o Protocolo de Kyoto (1997) e o Acordo de Paris (2015), entre outras. No entanto, ainda há muito a ser feito para que o conceito de sustentabilidade seja realmente compreendido e aplicado no dia a dia das pessoas e nas empresas de forma geral.
A seguir, você encontrará mais informações sobre os pilares, tipos e exemplos de sustentabilidade, além de conhecer algumas empresas brasileiras que já são referências no tema.
Definição
O conceito de sustentabilidade, como o utilizamos hoje, foi introduzido pelo Relatório Brundtland, publicado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, durante um evento promovido pela organização.
Segundo o documento, ‘desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades.’
Em outras palavras, o desafio proposto é encontrar um equilíbrio entre as necessidades atuais para viver em sociedade e a utilização dos recursos naturais do planeta, de modo que as próximas gerações não enfrentem escassez ou condições inadequadas de vida.
Para que isso seja alcançado, segundo a ONU, é fundamental atender primeiro às necessidades básicas das pessoas, como alimentação, saúde, moradia e educação. Esse é o objetivo das diversas conferências que a entidade promove ao longo dos anos sobre o tema.
Tripé da sustentabilidade
Existem três pilares principais sobre os quais a sustentabilidade se fundamenta: o ambiental, o social e o econômico. Esses pilares representam as três esferas que devem interagir de forma harmônica para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado.
Ambiental
Na esfera ambiental, o objetivo é a preservação do meio ambiente. A principal preocupação aqui é a maneira como a sociedade utiliza os recursos naturais do planeta.
Social
Na esfera social, avaliam-se as condições de vida da população em relação aos recursos básicos de sobrevivência, às oportunidades de desenvolvimento e à elaboração de políticas sociais, entre outros aspectos. Além disso, busca-se estimular a participação das pessoas em ações voltadas para o tema.
Econômico
Por fim, na esfera econômica, é fundamental considerar os aspectos social e ambiental para desenvolver um modelo econômico sustentável. Isso significa criar um formato que equilibre a utilização dos recursos naturais e o atendimento às necessidades da população, sem comprometer o desenvolvimento econômico.
Exemplos de sustentabilidade
Há inúmeras maneiras de promover a sustentabilidade em todas as esferas, que incluem ações individuais, coletivas e globais.
Veja alguns exemplos:
Ações individuais | Ações coletivas | Ações globais |
– separar o lixo para coleta seletiva; – reutilizar e reciclar materiais, sempre que possível; – controlar o consumo de água e luz; – dar preferência para deslocamentos a pé, sempre que possível; – ao consumir, dar preferência a produtores locais e a marcas comprometidas com a sustentabilidade. | – fazer hortas coletivas; – utilizar transporte coletivo ou caronas; – cuidar do reflorestamento de locais comunitários (cuidar de uma praça ou parque, por exemplo); – ao construir escolas, shoppings centers ou outros locais públicos, aproveitar bem a luz solar. | – incentivo a tecnologias que promovam o uso de fontes renováveis; – preservação da biodiversidade dos ecossistemas; – políticas de segurança alimentar; – criação e desenvolvimento de áreas de preservação; – desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis. |
Sustentabilidade nas empresas
No Brasil, existem diversas empresas que se destacam por práticas de sustentabilidade. Veja alguns exemplos:
Klabin
Além de ser a maior exportadora de papéis e embalagens do mercado nacional, a Klabin também é uma referência mundial em desenvolvimento sustentável.
Historicamente, a empresa tem um forte compromisso com o meio ambiente, que inicia já no manejo florestal. Cerca de 40% de suas florestas se destinam à conservação da vegetação nativa e da biodiversidade.
A empresa também investe constantemente em tecnologia e aprimora seus processos para minimizar o impacto ambiental de sua produção.
Natura
Desde sua fundação, em 1969, a Natura sempre associou sua imagem a práticas de ESG. No entanto, em 2020, a empresa decidiu fortalecer seu engajamento ao lançar o ‘Visão 2030’, um projeto que aborda diversos aspectos relacionados à sustentabilidade.
O detalhamento das ações pode ser encontrado no próprio site da Natura. Entre os pontos contemplados pelo projeto, estão a redução dos gases de efeito estufa, o aumento da produção de biodegradáveis, a ampliação das compras de insumos da região amazônica e a intensificação de uma série de políticas afirmativas que já estão em prática na empresa.
Grupo Boticário
Em 1990, o Grupo Boticário criou uma fundação dedicada à preservação ambiental. Posteriormente, lançou ações voltadas para a sustentabilidade, sendo uma das mais conhecidas o projeto ‘Boti Recicla’, que visa a reciclagem de resíduos em algumas de suas lojas.
Alguns produtos da empresa são vendidos em refis, e também há uma linha vegana que abrange cerca de 500 itens.
Banco do Brasil
Em janeiro de 2025, o Banco do Brasil (BB) foi eleito, pelo sexto ano na última década, o banco mais sustentável do mundo pelo ranking Global 100, da empresa canadense de pesquisa Corporate Knights.
De acordo com a empresa, o destaque do banco foi a carteira de negócios sustentáveis, que financia projetos voltados ao retorno socioambiental. Na data da premiação, o saldo dessa carteira era de R$ 370 bilhões, representando 30% do total de crédito do BB. O objetivo do banco é alcançar R$ 500 bilhões nesse tipo de financiamento até 2030.
Raízen
Outra empresa brasileira que se tornou uma referência global em desenvolvimento sustentável é a Raízen, especialmente nas áreas de bioenergia e transição energética.
Uma das ações da companhia é o programa ReduZa, iniciado em 2015, com o objetivo de reutilizar a água no processo produtivo. Com essa medida, a Raízen conseguiu economizar dois bilhões de litros de água, o equivalente a 870 piscinas olímpicas, na safra de cana-de-açúcar 2023/2024.
Lojas Renner
Em 2008, a Renner criou um comitê específico para discutir questões relacionadas à sustentabilidade em suas operações. No mesmo ano, fundou o Instituto Lojas Renner, uma entidade que reúne todas as iniciativas do grupo voltadas para o tema.
Desde então, várias ações foram implementadas em busca do desenvolvimento sustentável. Em 2011, foi iniciado o programa de logística reversa Ecoestilo, e, dois anos depois, foi criada a área de sustentabilidade na empresa, o que impulsionou as iniciativas nos anos seguintes.
Em entrevista à IstoÉ Dinheiro de outubro de 2024, o CEO da Renner, Fabio Faccio, destacou a importância de ser uma referência em moda responsável, considerando que o setor é o segundo mais poluente do mundo. Entre as principais práticas adotadas pela empresa estão a redução das emissões de CO2, o aumento da produção de roupas sustentáveis e o fomento à diversidade nos cargos de chefia.