No mundo todo, a utilização de energia solar está crescendo de forma significativa, tanto para reduzir os custos da conta de luz quanto para contribuir com a preservação ambiental.

No Brasil, a energia solar foi a fonte que mais cresceu em 2024, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esse crescimento representa a adição de 5,62 gigawatts (GW) de capacidade nas usinas de geração centralizada, em comparação com um total de 10,85 GW gerados no ano anterior.

Os investimentos no setor de energia solar também impulsionam a economia brasileira. Em 2024, o país atraiu R$ 54,9 bilhões para financiar projetos de geração de energia solar, resultando na criação de mais de 429 mil empregos relacionados, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Apesar do aumento contínuo da demanda por essa fonte de energia, o tema ainda gera muitas dúvidas. Para entender melhor como funciona a energia solar e conhecer as principais vantagens e desvantagens dessa tecnologia, continue a leitura a seguir.

O que é energia solar?

Como o próprio nome indica, a energia solar é a energia gerada a partir da luz e do calor do sol.

É comum associar o conceito de energia solar à sustentabilidade, pois trata-se de uma fonte energética limpa. Isso se deve ao fato de que sua geração não libera gases de efeito estufa ou outros poluentes, uma vez que depende exclusivamente da luz solar e de sistemas específicos de captação, como veremos a seguir.

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Para que serve?

A energia proveniente do sol pode ser utilizada como substituta para diversas fontes de energia fósseis e poluentes. Entre suas aplicações, podemos destacar:

  • Aquecimento de água e ambientes
  • Recarga de aparelhos eletrônicos
  • Recarga de carros elétricos
  • Geração de eletricidade
  • Geração de energia para indústrias
  • Bombeamento de poços artesianos
  • Produção de hidrogênio, que pode ser utilizado para armazenar energia e como matéria-prima em diversas indústrias

Como funciona?

Para utilizar a energia solar, é necessário convertê-la em energia elétrica, o que ocorre por meio do efeito fotovoltaico.

As placas solares contêm células fotovoltaicas, cujo principal componente é o silício, um semicondutor responsável pelo fenômeno. Quando a luz solar atinge essas placas, os fótons (partículas que transportam a luz do sol) deslocam os elétrons presentes no material, gerando, assim, eletricidade.

A corrente elétrica gerada pelo movimento dos elétrons nas placas solares é do tipo contínua. No entanto, as tomadas, eletrodomésticos, máquinas e outros dispositivos que utilizam eletricidade operam em corrente alternada.

Nesse momento, entra em cena outro componente importante na geração de energia solar: o inversor. A função desse equipamento é converter a corrente contínua em corrente alternada e enviá-la para o quadro de distribuição, permitindo que a energia gerada no processo fotovoltaico seja utilizada.

Resumidamente, é assim que a energia solar funciona em residências, empresas, espaços públicos e outros locais que a utilizam.

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Outro aspecto importante a considerar é que os painéis solares não captam energia à noite. Durante o dia, mesmo em dias nublados ou chuvosos, há incidência de raios ultravioletas, embora em menor quantidade do que em dias ensolarados. Nessa situação, os painéis operam com menos intensidade, mas a energia continua sendo gerada.

Sistemas

Os sistemas fotovoltaicos podem ser classificados em dois tipos: on-grid e off-grid. A principal diferença entre eles está no armazenamento da energia excedente, como veremos a seguir.

On-grid

No sistema on-grid (o mais utilizado), a energia no quadro de distribuição está conectada à rede elétrica da concessionária.

Nesse processo, o usuário possui um medidor que indica a quantidade de energia que consome e o quanto é enviado para a rede. Durante a noite e em momentos de baixa produção de energia, a rede da distribuidora fornece eletricidade ao local.

Quando a produção de energia solar é superior ao consumo, o excedente é enviado para a rede pública e retorna ao usuário na forma de créditos. Dependendo do caso, esses créditos podem até mesmo isentar a conta de luz, mantendo apenas a cobrança mínima do poder público.

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Off-grid

Normalmente, o sistema off-grid é utilizado em locais remotos que não têm acesso às redes de distribuição, pois ele opera desconectado da rede externa.

Nesse caso, existem baterias que armazenam a energia gerada, garantindo que o usuário não seja afetado por interrupções ou oscilações de energia na região.

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Embora a autonomia seja um ponto forte desse tipo de sistema, o alto custo de instalação das baterias o torna mais caro do que o sistema on-grid.

Quanto custa?

Embora a autonomia seja um ponto forte desse tipo de sistema, o alto custo de instalação das baterias o torna mais caro do que o sistema on-grid.

Além dos painéis solares, os custos envolvidos incluem mão de obra, cabeamento e outros gastos relacionados à instalação do sistema. A quantidade de painéis necessária depende da demanda dos moradores e da localização da residência.

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Por exemplo, uma família que precisa de ar-condicionado em todos os quartos precisará de mais painéis do que uma pessoa que vive sozinha, mesmo que ambas as casas tenham o mesmo tamanho. Além disso, quem reside em regiões com maior incidência solar necessita de menos sistemas fotovoltaicos do que aqueles que vivem em locais menos ensolarados, e assim por diante.

Nos últimos três anos, o preço dos painéis solares caiu cerca de 60%, de acordo com um levantamento da plataforma Meu Financiamento Solar. O estudo, que comparou os valores cobrados por mais de 3 mil empresas, revelou que o retorno para quem investiu em sistemas fotovoltaicos instalados em telhados variou entre 35% e 45%, dependendo do projeto e da região de instalação.

Veja a seguir uma simulação de financiamento e retorno de sistemas de energia solar:

Tipo de consumidorPotência do sistemaPreço médio Economia na conta de luzEconomia anual Taxa de retorno anual
Residencial5kWpR$ 12.906R$ 400R$ 4.80037%
Residencial6,6kWpR$ 16.988R$ 500R$ 6.00035%
Residencial7,6kWpR$ 18.165R$ 600R$ 7.20040%
Residencial8,8kWpR$ 20.518R$ 700R$ 8.40041%
Residencial10kWpR$ 22.692R$ 800 R$ 9.60042%
Residencial12,2kWpR$ 26.318R$ 1.000R$ 12.00046%
Comercial25,5kWpR$ 54.500R$ 2.000R$ 24.00044%
Comercial50,5kWpR$ 122.900R$ 4.000R$ 48.00039%

(Fonte: Meu Financiamento Solar – janeiro/2025)

Vantagens

Algumas das principais vantagens de investir em sistemas fotovoltaicos incluem:

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Conta de luz mais barata

O sistema de créditos pode resultar em uma significativa redução na conta de luz.

Segundo o Portal Solar, os usuários com um sistema fotovoltaico pagam entre 50% e 95% a menos na fatura das concessionárias. Além disso, se o sistema for off-grid, ele pode cobrir 100% do consumo local.

Perspectivas de retorno alto

Segundo Carolina Reis, CEO do Meu Financiamento Solar, as perspectivas para o mercado brasileiro de geração distribuída (GD) solar são bastante positivas.

Em entrevista ao Portal Solar, a executiva afirmou que uma das razões para esse otimismo é a singularidade do Brasil, que o torna quase “blindado” da instabilidade econômica local. Para a instalação de sistemas fotovoltaicos, o país depende de equipamentos importados, especialmente da China, e o preço desses equipamentos tem caído expressivamente nas últimas décadas.

“Além de se tornarem mais baratos, os equipamentos fotovoltaicos estão cada vez mais eficientes, o que aumenta a atratividade e reduz ainda mais o tempo de retorno do investimento para o consumidor”, disse a CEO ao portal.

Baixo impacto ambiental

A energia solar é uma grande aliada dos princípios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança). Sua adoção ajuda a minimizar as emissões de gases de efeito estufa e fortalece o uso de matrizes sustentáveis, contribuindo para a preservação ambiental.

Autonomia

Sistemas fotovoltaicos proporcionam mais autonomia aos usuários, pois reduzem a dependência das redes elétricas. Isso é particularmente vantajoso quando o fornecimento é instável em determinadas localidades, ou os preços são muito elevados.

Valorização do imóvel

Todos os benefícios mencionados anteriormente contribuem para a valorização do imóvel que possui geração de energia solar. Segundo a Absolar, o aumento no valor de mercado pode chegar a 10% com a instalação de painéis fotovoltaicos.

Desvantagens

Por outro lado, alguns fatores contribuem para que esse tipo de energia não seja tão popular. Entre eles, podemos destacar:

Alto custo inicial

Apesar de haver linhas de crédito voltadas para o financiamento de sistemas fotovoltaicos, o custo inicial ainda é considerado alto no Brasil. Estudos indicam que, dependendo do padrão de consumo, pode ser necessário de 3 a 7 anos para que o usuário perceba os benefícios financeiros do investimento.

Dependência climática

Embora os painéis solares funcionem em dias sem sol, sua eficiência diminui consideravelmente em dias chuvosos ou nublados. Isso pode resultar em instabilidade na oferta de energia solar, especialmente em localidades com essas condições climáticas.

Limitações de armazenamento 

Nos últimos anos, os bancos de baterias que armazenam energia solar evoluíram significativamente em termos de tecnologia. No entanto, quando comparados a outras fontes de energia, sua eficiência ainda deixa a desejar.