Quem investe na bolsa está sempre em busca das melhores oportunidades – ou seja, as ações mais promissoras. E é com esse objetivo em mente que muitos investidores chegam às small caps, empresas de menor capitalização de mercado.

Mas como investir em small caps? Vale mesmo a pena? Quais as formas mais vantajosas? Como mitigar os riscos?

Para responder perguntas como essas, o InfoMoney preparou esse guia completo sobre small caps. Nele, você vai entender desde o conceito e saber que companhias podem ser chamadas dessa forma. Também vai aprender as formas mais e menos simples de investir nessas ações, além dos riscos envolvidos na aplicação.

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O que são Small Caps?

O conceito de small cap não é absoluto e definitivo. Normalmente, recebem essa alcunha as ações de empresas que têm uma capitalização de mercado menor do que a dos nomes mais tradicionais da bolsa de valores, conhecidas como “blue chips”.

Capitalização de mercado é o mesmo que valor de mercado, calculado a partir da cotação das ações da empresa no pregão multiplicada pelo número de ações que compõem o seu capital. Ela é um dos indicadores que permitem avaliar o tamanho da companhia, relativamente a outras listadas na bolsa ou a outras referências.

Até que valor de capitalização uma empresa é considerada small cap? Não há um consenso a esse respeito. Cada instituição financeira ou investidor adota uma referência própria para definir os limites. Nas suas análises, algumas corretoras estabelecem que são as empresas com até R$ 3 bilhões de valor de mercado. Outras trabalham com um intervalo entre algumas centenas de milhões até R$ 2 bilhões. Em outros casos, os limites são estendidos até R$ 6 bilhões.

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Talvez esses valores pareçam grandiosos demais para empresas que, supostamente, teriam uma capitalização de mercado baixa. Mas basta comparar com o tamanho das companhias tradicionais para perceber a diferença. O valor de mercado da Ambev (ABEV3), por exemplo, era de mais de R$ 230 bilhões no início de junho de 2020. Percebe a diferença?

Além de terem uma capitalização menor, as small caps também costumam ter menos liquidez – ou seja, são menos negociadas no mercado. Fora da bolsa, no mundo real, também é comum que tenham receitas inferiores, já que não são grandes empresas. Não é uma regra, mas seus serviços e produtos podem ser menos tradicionais, e muitas vezes as empresas estão fora do setor industrial.

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A variedade de conceitos é tão grande que algumas instituições, em vez de se concentrar no que é uma small cap, optam por se focar no que não é uma. A indústria de fundos de investimentos é um caso desses. Um fundo de small caps, por exemplo, só pode classificado dessa maneira quando pelo menos 85% das ações da sua carteira não estiverem incluídas entre os 25 principais papéis do IBrX, índice formado pelas ações com maior liquidez e valor de mercado da bolsa.

Mesmo sendo empresas menores, considerando alguns aspectos de mercado, as small caps podem ter um potencial de crescimento e valorização superior ao das companhias tradicionais. Por isso, os investidores parecem estar cada vez mais interessados por esse tipo de ação. É comum que essas empresas atuem em segmentos ainda não tão saturados de concorrentes, ou em áreas que ainda estão se consolidando – como a tecnologia, por exemplo.

Quais ações são Small Caps?

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Justamente por conta da variedade de conceitos, listar todas as ações que são consideradas small caps é um desafio. Esse conjunto pode mudar bastante dependendo dos critérios que estiverem sendo considerados.

Uma referência pode ser o Índice Small Cap, criado nos anos 2000 e acompanhado diariamente pela B3. O objetivo do SMLL (seu código no pregão) é ser um indicador do desempenho médio das ações de empresas de menor capitalização. A carteira é revisada a cada quatro meses. Para entrar no índice, é preciso que os papéis:

  • sejam ações ou units (de ações)
  • estejam fora da lista das ações que representam 85% do valor de mercado de todas as empresas na B3. Ao mesmo tempo, devem estar entre os 99% mais negociados no pregão
  • tenham presença em 95% dos pregões
  • não sejam classificados como “penny stocks”, ou seja, não podem ter cotação abaixo de R$ 1

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Clique aqui para verificar a composição da carteira do Índice Small Cap (SMLL)

Vantagens e riscos

Uma das principais vantagens de investir em ações de small caps é o fato de que elas costumam ser empresas com um potencial de crescimento elevado – o que pode se refletir em uma valorização importante dos papéis na bolsa. Muitas vezes elas estão inseridas em setores promissores e ainda não totalmente explorados.

Quando conseguem deslanchar um novo produto ou atingir um mercado consumidor grande, é mais fácil que as small caps apresentem um crescimento percentual bem maior que o das empresas tradicionais. Afinal, quem fatura 100 e passa a faturar 200 conseguiu dobrar a sua receita. Já quem fatura 1.000 e acrescenta 100 a essa conta cresceu apenas 10%.

Outro ponto positivo é o fato de que, nominalmente, as ações de small caps costumam custar menos do que as das grandes empresas, que muitas vezes têm um valor unitário mais alto. Assim, normalmente, com um mesmo volume de dinheiro é possível comprar mais papéis de uma small cap do que de uma blue chip.

Essas vantagens, no entanto, vêm acompanhadas de alguns riscos. Um dos principais é o de liquidez. Significa que elas são menos negociadas no pregão do que as grandes empresas.

Há algumas implicações por conta disso. Na situação em que um investidor, por alguma razão, precise se desfazer dos seus papéis, talvez encontre alguma dificuldade para encontrar compradores dispostos a adquiri-los pelo preço esperado. Pode ser preciso conceder descontos ou então esperar mais tempo até conseguir vendê-los.

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Além disso, papéis com menor liquidez estão mais sujeitos às oscilações do mercado. Por isso, é mais comum que grandes variações em curtos períodos aconteçam nas ações de small caps, em relação às das grandes empresas. Elas são mais voláteis.

Outra desvantagem está na quantidade de informações que é possível encontrar sobre essas empresas. Grandes companhias costumam despertar maior atenção tanto da mídia quanto dos analistas de investimentos, já que muitas pessoas detêm os papéis delas. Já as small caps normalmente estão em menor evidência.

Fora isso, é comum que as small caps sejam empresas jovens, especialmente no pregão da bolsa. Assim, o histórico de informações financeiras disponíveis é mais curto, o que dificulta a realização análises aprofundadas. Também não é raro que as ações sejam as únicas do seu segmento listadas na B3, o que impede uma avaliação comparativa com os concorrentes mais precisa.

Por essas razões, investidores interessados em comprar ações de small caps devem estar preparados para fazer uma boa parte do trabalho de coleta de informações e análises por conta própria. É o tipo de aplicação que exige uma dose adicional de dedicação.

Leia Também: Como escolher as melhores small caps para o seu portfólio de investimentos

Formas de investir em Small Caps

Existem três principais maneiras de investir em ações de small caps: diretamente no pregão da B3, por meio de fundos de índices (ETFs) e por meio de fundos de investimento tradicionais. Confira qual é a mais indicada para seu caso:

Ações de Small Caps

Uma das alternativas é comprar os papéis diretamente no pregão da B3. Tecnicamente, o procedimento é absolutamente igual ao da compra de qualquer outro tipo de ação.

É preciso, antes de tudo, ter uma conta aberta em uma corretora de valores, instituição que executa as ordens de compra e venda repassadas pelos investidores. Para escolher uma delas, é necessário levar em consideração fatores como os custos (taxa de corretagem e custódia), a eficiência dos sistemas de negociação (home broker) e a qualidade do time de análise.

Especialmente no caso do investimento em small caps, vale a pena conferir se os analistas da corretora acompanham as ações de empresas do tipo. Como muitas vezes essas companhias não estão sob os holofotes, ter uma fonte de informação segura, confiável e recorrente sobre elas pode ser um diferencial.

Com a corretora escolhida e a compra aberta, os passos seguintes são escolher uma estratégia de investimento e as small caps que façam sentido dentro dela. Com os recursos transferidos, basta começar a enviar as ordens de compra e venda de ações e acompanhar o desempenho delas periodicamente.

ETF de SMLL

Uma outra forma de investir em small caps é comprar fundos de índices, os famosos ETFs. Esses fundos replicam a carteira de índices como o Ibovespa e o IBrX, e suas cotas são negociadas no próprio pregão da bolsa como se fossem, elas mesmas, ações.

Na B3, existem dois ETFs referenciados no Índice Small Cap. Um é o iShares BM&FBovespa Small Cap Fundo de Índice, sob a gestão da BlackRock e negociado com o código SMAL11. O outro é o It Now Small Fundo de Índice, do banco Itaú e negociado sob o código SMAC11.

Na prática, cada um desses ETFs compra as mesmas ações que compõem a carteira do Índice Small Cap, na mesma proporção, ajustando o portfólio conforme as mudanças que eventualmente aconteçam no índice. Para investir neles, é necessário comprar as cotas na bolsa.

A vantagem é que um fundo representa um conjunto de ativos, enquanto a compra direta exige que o investidor adquira papel por papel. O ETF, portanto, facilita o trabalho do investidor de manter uma carteira diversificada.

Outra vantagem é o custo. A taxa de administração dos dois ETFs de small caps disponíveis na B3 é de 0,50% ao ano, considerada baixa se comparada com a média dos fundos de ações.

Fundos de Small Caps

Uma terceira alternativa para investidores interessados em ações de small caps são os fundos de investimentos tradicionais. Existem fundos de ações focados especificamente nesse tipo de empresa. Eles são agrupados em uma categoria específica que, em junho de 2020, somava um patrimônio de cerca de R$ 6,5 bilhões.

Esses fundos são administrados por gestores especializados, o que é uma vantagem para os investidores. Em vez de ele próprio ter de decidir que small caps comprar, quem investe por meio de fundos conta com o trabalho de um profissional dedicado exatamente a essa tarefa.

Os fundos são oferecidos nas corretoras de valores e não exigem que o investidor se cadastre para operar na bolsa, porque suas cotas são vendidas fora desse ambiente. As taxas de administração normalmente são mais altas que as dos ETFs, mas a comodidade de fazer o investimento dessa forma também é bem maior.