O índice Dow Jones, formalmente Dow Jones Industrial Average (DJIA), ou simplesmente “The Dow”, é o mais tradicional índice do mercado americano de ações. Embora não seja o mais antigo, sua história se confunde com a das bolsas dos Estados Unidos.

O indicador foi criado em 1896 pelo jornalista Charles Dow, cofundador da Dow Jones & Company e do Wall Street Journal, para acompanhar as tendências do mercado. Ele reflete o desempenho das ações de 30 empresas de grande porte dos EUA de quase todos os setores, exceto transportes e serviços de utilidade pública. O peso de uma companhia é definido pelo preço de seus papéis.

Anos antes, em 1884, Dow e seu sócio, Edward Jones, tinham criado o primeiro índice de ações do país, o Dow Jones Railroad Average – hoje Dow Jones Transportation Average -, que evidenciava a importância das estradas de ferro para a economia norte-americana da época.

“Mas Charles Dow achava que a indústria teria papel crucial no crescimento econômico dos Estados Unidos”, disse Hamish Preston, diretor de Índices de Ações dos EUA da S&P Dow Jones, empresa responsável pelos indicadores que levam a marca Dow Jones. Daí a criação do DJIA.

A previsão estava correta. A indústria cresceu cada vez mais em importância para a economia do país e o mercado se capitais. Ao longo do tempo, a composição do índice foi mudando para melhor refletir a realidade dos negócios. Recentemente, por exemplo, os setores de tecnologia e de saúde estão empatados como principais do DJIA, com 21,1% de participação cada.

A longevidade faz do Dow Jones uma ferramenta importante para estudar a evolução do mercado de ações dos EUA nos últimos 126 anos, e para comparar o desempenho das bolsas em diferentes momentos históricos.

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É também um termômetro dos segmentos mais tradicionais da economia americana, pois as empresas que o compõem são grandes, consolidadas e líderes em suas áreas de atuação.

“O Dow Jones tem a característica de refletir mais as empresas de valor”, afirmou Pietra Guerra, analista da área de Research da XP Investimentos. Embora as companhias de tecnologia tenham participação relevante no DJIA, outros índices como o S&P 500 e o Nasdaq Composite têm mais exposição à “nova economia”.

O que é Dow Jones

O Dow Jones é, assim, o índice mais tradicional do mercado acionário dos Estados Unidos. A designação oficial é Dow Jones Industrial Average (DJIA), ou “Média Industrial Dow Jones”, em tradução livre. Informalmente, é conhecido como “The Dow”.

O nome remete aos já citados fundadores da Dow Jones & Company, os jornalistas Charles Henry Dow e Edward Davis Jones, que também era estatístico. A dupla tinha ainda como sócio o jornalista Charles Milford Bergstresser. Eles fundaram o diário nova-iorquino The Wall Street Journal e Dow foi seu primeiro editor.

O índice Dow Jones não pertence atualmente à Dow Jones & Company, empresa de mídia proprietária da agência de notícias Dow Jones Newswire e do WSJ. A companhia é controlada pelo magnata australiano Rupert Murdoch, dono da News Corp. O indicador hoje é de responsabilidade da S&P Dow Jones Indices, divisão da S&P Global.

O DJIA reúne as ações de 30 empresas norte-americanas de grande porte, “large caps”, em inglês, ou “blue chips”. São companhias com alto peso nas bolsas, líderes em suas áreas e cujos papéis têm grande liquidez.

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Os segmentos de transportes e serviços de utilidade pública, não contemplados no DJIA, têm seus próprios índices com a marca Dow Jones, o Dow Jones Transportation Average (DJTA) e o Dow Jones Utility Average. Há ainda o Dow Jones Composite Average, que reúne as companhias integrantes dos outros três.

O indicador mede em tempo real uma média ponderada do desempenho das ações que o compõem. O peso dos papéis no índice é definido por seu preço.

Qual o horário de abertura do Dow Jones

É mesmo das bolsas de Nova York (NYSE e Nasdaq), às 09h30, horário local, uma hora atrás de Brasília. O fechamento ocorre às 16 horas.

Quando surgiu o índice Dow Jones

O DJIA foi lançado em maio de 1896, 12 anos depois do primeiro do gênero, criado em 1884, o Dow Jones Railroad Average, hoje Dow Jones Transportation Average.

O Railroad Average refletia a importância das ferrovias para a economia norte-americana da época, sendo que nove das 11 empresas do índice eram ferroviárias. A Western Union, de telégrafos e transferência de dinheiro, e a Pacific Mail Steamship Company, de navegação, eram as únicas de outros segmentos.

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De acordo com Hamish Preston, apesar do peso das estradas de ferro na economia no final do século 19, Charles Dow avaliava que as indústrias passariam a ter relevância cada vez maior no crescimento do país.

Neste contexto que o DJIA foi criado. Inicialmente, o índice incluía 12 empresas. Em 1916, o número subiu para 20 e, em 1928, para 30, como permanece até hoje.

Qual a importância do índice Dow Jones para o mercado financeiro

Ao lado do S&P 500, o DJIA é um dos índices mais acompanhados do mercado americano. Ele é especialmente importante por causa de seu tempo de existência. “Permite ver como o mercado evoluiu ao longo do tempo”, observou Preston.

O indicador reflete a relevância de cada setor em diferentes períodos históricos. Hoje, por exemplo, as empresas de tecnologia têm grande peso, mas elas sequer existiam durante boa parte da trajetória do DJIA.

O índice permite ainda comparar o comportamento do mercado em diferentes momentos de importância histórica, como a pandemia de covid-19, a crise financeira internacional de 2008, o estouro da bolha das empresas “ponto com” no início dos anos 2000, o fim da Guerra do Vietnã, a chegada do homem à Lua, o fim da 2a Guerra Mundial e a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929.

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“Seu longo histórico de medições em tempo real é útil para quem quer contextualizar movimentos do mercado. É possível comparar diferentes eventos históricos”, explicou Preston.

O DJIA mostra um recorte importante do mercado americano. Grosso modo, ele reúne as empresas mais relevantes entre as maiores dos Estados Unidos e monitora grandes tendências setoriais.

“É um índice usado para acompanhar a economia mais tradicional dos EUA”, comentou Pietra Guerra. Às vezes, o termo usado é “velha economia”.

O DJIA muda pouco. A última alteração de fato ocorreu em junho de 2018, quando a General Electric deu lugar à Walgreens, uma rede de drogarias. “É um índice muito antigo que tem como característica refletir mais as empresas de ‘valor’, consolidadas e líderes em seus mercados”, acrescentou Guerra.

Conforme a analista, empresas de “valor” são grandes, consolidadas, mais estáveis e dominam os segmentos em que atuam. Existem também companhias de “crescimento”, geralmente mais novas e que ainda têm muito espaço para expandir seus negócios.

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Em momentos de inflação alta e avanço dos juros, por exemplo, empresas de crescimento tendem a sofrer mais, pois não têm geração de caixa suficiente para financiar sua expansão e precisam captar dinheiro no mercado, pagando taxas elevadas.

Companhias de tecnologia, principalmente as mais recentes, costumam se enquadrar neste perfil, embora nem todas.

Por outro lado, empresas de valor habitualmente se saem melhor no mesmo cenário. Como são consolidadas, não têm necessidade de tomar dinheiro emprestado para financiar seu crescimento. Além disso, têm peso suficiente no mercado para conseguir repassar aumentos de custos para seus produtos.

São conceitos que influenciam estratégias de investimentos em diferentes ambientes macroeconômicos.

Como investir no Dow Jones

Não é possível investir em índices diretamente, mas eles servem como referência para diferentes tipos de investimentos.

Índices são carteiras teóricas de ações. Nesse sentido, um investidor independente pode comprar nas bolsas americanas os papéis que compõem o DJIA, na proporção que cada um tem no indicador. No Brasil, é possível comprar BDRs de ações dos EUA, recibos de papéis negociados lá fora.

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É possível também investir em ETFs, sigla para “Exchange Traded Funds”, ou “Fundos Negociados em Bolsa”, mais conhecidos no Brasil como “fundos de índice”. Estes fundos têm por objetivo seguir determinado indicador e aderir ao máximo ao seu desempenho. Assim como no caso das ações, existem BDRs de ETFs, recibos de cotas de fundos estrangeiros. No entanto, não há na B3 produtos atrelados ao DJIA.

O Dow Jones e outros índices podem servir também para referenciar fundos de ações de gestão ativa, cujo objetivo é superar o desempenho do indicador.

De acordo com Preston, os ativos referenciados ou indexados ao DJIA ao redor do mundo somam US$ 36 bilhões.

Quais empresas compõe o Dow Jones

As companhias que faziam parte do índice em agosto de 2022 eram, em ordem decrescente de peso:

  • UnitedHealth Group
  • Goldman Sachs, Home Depot
  • Microsoft
  • McDonald’s, Amgen
  • Visa, Honeywell
  • Caterpillar
  • Salesforce
  • Apple
  • Travelers Companies
  • Boeing
  • Johnson & Johnson
  • American Express
  • Chevron
  • Procter & Gamble
  • 3M
  • IBM
  • Walmart
  • Disney
  • JP Morgan Chase
  • Nike
  • Merck
  • Coca-Cola
  • Dow
  • Cisco
  • Verizon
  • Walgreens
  • Intel.

A representação setorial era a seguinte: saúde (21,1%), tecnologias da informação (21,1%), finanças (15,3%), bens e serviços industriais (13,9%), bens de consumo discricionário (13,6%), bens de consumo essenciais (7,5%), energia (3,3%), serviços de comunicação (3,1%) e matérias-primas e semimanufaturados (1,1%).

A definição dos setores segue o Padrão Global de Classificação Industrial (Gics, na sigla em inglês), utilizado nos Estados Unidos.

O que é a teoria de Dow

É uma teoria financeira formulada por Charles Dow, o criador do DJIA, utilizada em análise técnica para monitorar tendências do mercado. Ela é baseada em análise gráfica, também chamada de “chartista”. O conceito foi publicado por Dow em editoriais do Wall Street Journal.

Em resumo, a teoria diz que o mercado está em tendência de alta se uma de suas “médias” sobe acima de um pico relevante anterior e é acompanhada de forma semelhante por outra “média”. As “médias” são os índices Dow Jones Industrial Average e Dow Jones Transportation Average, existentes à época. “Average” é a palavra em inglês para “média”.

A teoria é fundamentada em seis princípios:

01) Os índices já descontam tudo: os preços das ações incorporam todas as informações, como notícias econômicas e dados corporativos.

02) Há três tendências principais no mercado: a primária consiste nos movimentos de longo prazo de alta ou de baixa, com duração de um ano ou mais, e é a mais relevante; a secundária é marcada por fenômenos de médio prazo, que duram semanas ou meses, e geralmente contrariam a primeira, como uma forte queda num período de avanço da bolsa ou uma alta significativa em meio a uma temporada de mercado deprimido; e a terciária é configurada por oscilações de curto prazo, diárias, e tem menor importância.

03) A tendência primária tem três fases: quando o mercado está em alta há a “acumulação”, fase de entrada de quem está mais bem informado; a “participação pública”, quando a tendência e a compra de ativos se disseminam; e a fase de “excesso”, quando a valorização chega ao máximo e é hora de vender. Na outra mão, com tendência de baixa, as fases são de “distribuição”, “participação pública” e “pânico”. A nomenclatura varia de acordo com a fonte consultada.

04) Os índices precisam confirmar uns aos outros: os sinais apontados por um indicador devem coincidir com os apresentados por outro para que uma tendência primária de alta ou baixa se configure.

05) Os volumes devem confirmar a tendência: o volume financeiro deve crescer para confirmar uma tendência primária, o que mostra engajamento dos investidores com o movimento. Volume baixo significa fragilidade da tendência. Numa onda de alta, o volume deve aumentar conforme os preços avançam. Caso ocorram quedas esporádicas no período, secundárias, o volume deve cair nestes momentos. O aumento do volume durante uma baixa secundária pode ser indício de reversão da tendência, pois mostra que muitos investidores estão apostando contra ela.

06) A tendência se mantém até que sinais claros de reversão se confirmem: a reversão de uma tendência primária pode ser confundida como uma tendência secundária. É difícil determinar, por exemplo, se uma alta durante um período de queda indica uma mudança de rumo ou é apenas um movimento de curto prazo, que pode ser seguido por baixas subsequentes. A teoria recomenta cautela e a busca por sinais claros.

  • Leia mais sobre a Teoria de Dow aqui e aqui (em inglês).

Como o Dow Jones é calculado

O DJIA é composto por ações de 30 das maiores empresas dos EUA. Elas têm que ser domiciliadas no país e boa parte das receitas têm que vir do mercado nacional. Todas fazem parte do S&P 500, principal índice de ações de companhias de grande capitalização dos Estados Unidos. Não entram negócios das áreas de transporte e serviços de utilidade pública.

A escolha das ações do indicador não é quantitativa. A seleção é feita por um Comitê de Índice e três critérios são usualmente observados para inclusão de uma empresa: excelente reputação, crescimento sustentado e interesse por parte um grande número de investidores.

O peso das ações no índice é determinado pelo valor delas, quanto mais alto, mais representativo é o papel. Nesse sentido, o comitê avalia o preço da ação ao considerar uma companhia para inclusão. Monitora também se o papel mais caro do indicador tem valor superior a mais de dez vezes o do mais barato.

O órgão busca ainda manter uma representação setorial adequada no processo de seleção de uma empresa. O comitê é composto por três representantes da S&P Dow Jones e dois do Wall Street Journal.

Mudanças no DJIA são realizadas quando há necessidade. Não há periodicidade programada. Elas ocorrem em resposta a ações das empresas que tenham impacto no preço dos papéis e a acontecimentos do mercado. São anunciadas de um a cinco dias antes de sua implementação. O índice muda pouco.

O desempenho do DJIA é atualizado em tempo real.

Histórico do Índice Dow Jones

Nos últimos dez anos, o DJIA teve as seguintes taxas de retorno total: 20,95% (2021), 9,72% (2020), 25,34% (2019), -3,48% (2018), 28,11% (2017), 16,5% (2016), 0,21% (2015), 10,04% (2014), 29,65% (2013) e 10,24% (2012).

Para ver gráficos de desempenho do índice em diferentes períodos, clique aqui. Para assistir a um vídeo que mostra a performance do indicador ao longo de sua história, pontuando eventos de grade importância, clique aqui (em inglês).

Diferença entre Dow Jones e S&P 500

Ambos os índices são medidos pela mesma empresa, a S&P Dow Jones Indices, e representam empresas norte-americanas de grande porte. O universo do S&P 500, no entanto, é bem maior. O índice inclui mais de 500 companhias, enquanto o DJIA reúne 30.

A metodologia é diferente. No S&P 500, o peso no indicador é definido pela capitalização de mercado das empresas, ou seja, o número de ações em circulação multiplicado pelo preço delas. No DJIA, o critério é somente o preço das ações.

O S&P 500 inclui companhias de todos os 11 setores definidos pelo Padrão Global de Classificação Industrial. O DJIA exclui as áreas de transportes e serviços de interesse púbico. O peso dos setores também é diferente.

O S&P fixa uma série de requisitos formais para inclusão de uma ação, como histórico positivo de ganhos recentes, liquidez e outros. O DJIA tem critérios mais subjetivos, como boa reputação, crescimento sustentado e interesse de um grande número de investidores.

Os comitês de índices dos dois indicadores são diferentes, mas todas as empresas do DJIA fazem parte também do S&P 500. Ou seja, para entrar no Dow Jones, a companhia precisa atender aos fatores de elegibilidade do S&P 500.

Eventuais mudanças no S&P 500 são realizadas trimestralmente. No DJIA, as modificações ocorrem quando há necessidade e não existe um cronograma previamente estabelecido.

De acordo com artigo publicado pela S&P Dow Jones, ambos têm risco/retorno de longo prazo parecido. No período de 30 anos encerrado em 30 de abril de 2021, o DJIA teve um retorno médio anual de 11,16%, e o S&P 500, de 10,6%.

Em períodos específicos, no entanto, os índices têm comportamentos diferentes. Conforme explicado acima, o DJIA reflete mais atividades econômicas tradicionais, enquanto que o S&P 500 têm maior exposição à chamada “nova economia”. O segmento de tecnologia, por exemplo, tem mais peso no último do que no primeiro.

Quando houve o estouro da bolha de empresas ponto com, de 2000 a 2003, a performance do S&P 500 ficou abaixo da do DJIA. Ou seja, os diferentes pesos atribuídos por cada índice às empresas e aos setores faz com que eles tenham desempenho diferentes dependendo do cenário econômico.

Como o Dow Jones pode afetar os investimentos no Brasil

O índice por si só não afeta os investimentos no Brasil, a não ser que o investidor brasileiro tenha algum investimento diretamente atrelado ao índice, como um ETF. O DJIA é um indicador das bolsas norte-americanas e, como o S&P 500, não tem influência direta na bolsa brasileira.

No entanto, os eventos que afetam o DJIA podem influenciar o mercado brasileiro, dada a importância da economia norte-americana. O cenário macroeconômico dos EUA afeta o Brasil.