A Via Varejo agora vende carros de luxo. Quer pagar quanto?

Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: que o setor automotivo entrou em um período de bonança, é mais que sabido por todo mundo!

Mas o que queremos apontar aqui, neste vil espaço? A transformação do mercado automotivo.

Temos as montadoras, que cada vez mais querem entrar em outros espaços, como: trabalhar com conceitos de mobilidade (como o grupo Peugeot-Citroen com o seu Free 2 Move, ou a Toyota, tentando emplacar a sua locadora. Falando em locadoras, essas estão mesmo tendo um papel cada vez mais importante no mercado automotivo – você pode ver aqui e aqui.

Mas o que mais vem nos chamando a atenção nos últimos tempos é o crescimento de alguns grupos de concessionárias que atingiram patamares surpreendentes.

O que fizemos?

Fomos até o site do Valor Econômico, onde é publicado o ranking com as 1000 maiores empresas.

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A nossa curiosidade maior sempre é para o setor que trabalhamos (o automotivo). E um dos pontos que percebemos foi a entrada de cada vez mais grupos de concessionárias neste Top 1000.

Para a nossa surpresa, esse número é crescente! Se em 2012 havia apenas 05 grupos, esse número chegou a 11 em 2018 (e tenderá a ser maior na edição deste ano com dados de 2019).

E são os grupos mais variáveis possíveis. Desde um tradicional grupo brasileiro (Caltabiano) que, por uma tragédia maior se fundiu com um centenário grupo americano (McLarty); ser um concessionário Honda (apesar dos produtos defasados) mostra que o negócio é M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O, já que nesse TOP 1000 existem dois grupos onde o foco central é revender os produtos da marca (DAITAN e SP JAPAN – ambos em São Paulo); trabalhar com caminhões (apesar do governo atrapalhar mais do que ajudar) é rentável para todas as marcas, seja um revendedor M. Benz (Rodobens) ou Volvo (grupo Suécia) e, “o mais melhor de bom” é saber como anda um dos maiores grupos (que está no anuário): o grupo SAGA!

O Valor 1000 ranqueou o grupo SAGA como sendo o 119º maior do Brasil, ficando na frente de varejistas como a Fast Shop; Lojas Marisa e até mesmo do “méqui”.

A receita liquida do grupo SAGA foi de R$ 5,044 bilhões contra R$ 4,916 do “méqui”, ou seja, o Ronald Mc Donald’s terá que vender muito mais Big Mac, para poder ter um “méqui dia feliz”.

Mas esse “farol de Alexandria” que vos lhe escreve vai contar um segredo: não, o grupo Saga não é o maior grupo de concessionárias do Brasil. Eu o colocaria em um TOP 3 numa briga de foice com os grupos CAOA e Parvi. E, provavelmente, eles ficariam com a medalha de bronze.

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Mas, voltando ao nosso ranqueamento, o que conseguimos tirar do site do Valor foi que a rentabilidade média (Ebtida sobre Receita Líquida) do setor voltou a crescer.

E, logicamente, quando trabalhamos com média – é mais do que sabido – de que toda média é burra!

Segundo o Valor, a média das concessionárias em 2018 foi de 3,74%. A estimativa que fizemos é que, no ano passado, o resultado dos grupos analisados chegará a um Ebtida médio de quase 4,67%.

ebitda sobre receitas líquidas
(Raphael Galante)

Apesar de – na média – termos um Ebtida por volta de 4,7% (em 2019), esse valor é MUITO MAIOR quando apurarmos em grupo e/ou revenda menores, chegando – em alguns casos – a resultados que variam entre 7% a 11%.

Isso ocorreu devido à presença de fundos de investimentos; grupos de concessionárias estrangeiras e outros tipos de investidores; que estão “ciscando” cada vez mais nesse setor.

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Como aqui no Brasil, ter informações precisas de alguns setores é uma tarefa “herculana”, vamos nos socorrer no que encontramos no mercado americano. O resultado financeiro que as concessionárias lá da “Trumplândia” produzem chegam a ser (na média) 80% maior do que o resultado do S&P 500, por exemplo.

Tanto é, que hoje, no setor automotivo, houve o surgimento de empresas que atuam nesta área de compra e venda de concessionárias.

Apenas como exemplo, o pessoal da Via Varejo (VVAR3) em 2018 apresentou um Ebitda 36% menor do que o povo das concessionárias. O Ebitda deles em 2018 foi de 2,40% contra 3,74% das concessionárias.

E qual o motivo para mencionarmos o pessoal que detém a marca Casas Bahia?

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É que eles são um dos investidores (de fora do mercado automotivo) que entraram na “gloriosa” arte de revender carros. Em 2016, eles abriram uma revenda Mercedes Benz e, no final de 2018 (começo de 2019), assumiram algumas revendas da marca Jaguar/Land Rover, que era do grupo SHC.

O mais legal de tudo é que o pessoal das Casas Bahia trocou o “carnezão” para vender carros de luxo, de altíssimo valor agregado!

Será que a máxima: “quer pagar quanto?” vale nas concessionárias deles?

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui. Ou me segue lá no Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter.

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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