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Venda de carros avança 10% no 1º trimestre

Mas o destaque do período vai para um outro tópico que não é muito falado na mídia: o mercado de motocicletas
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Encerramos o primeiro trimestre do ano e, neste dia 1º de abril (parece até mentira), o setor automotivo vem mostrando resultados além do esperado!

Mas, como assim?

As vendas de veículos (automóveis e comerciais leves) estão com excelentes taxas de crescimento!

Encerramos o 1º trimestre com 484 mil veículos vendidos contra 437 mil no 1º trimestre de 2023, uma alta de 10,7%.

É lógico que o segmento ainda sofre com as consequências da Covid-19, que mudou toda a dinâmica do setor automotivo (e das demais atividades). Neste ano, vendemos 100 mil carros a menos do que no 1º trimestre de 2019, antes da pandemia. E estamos com um gap de 300 mil carros sobre o 1º trimestre de 2013, quando atingimos nosso ápice em vendas!

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Mas devemos comemorar o salto de mais de 100 mil carros entre 2022 e 2024! No setor automotivo, são sempre os “baby steps” que levam para um caminho de crescimento contínuo, e estamos indo nessa pegada!

E qual é grande sacada deste ano?

Você, caro leitor, se lembra do “Princípio de Pareto” que aprendeu na faculdade? Se não lembra, vamos a uma breve explicação: ele afirma que 80% de seu resultado é gerado por 20% das causas.

E, neste ano, o “Princípio de Pareto” explica o excelente desempenho do setor!

No 1º trimestre do ano passado, tivemos oito marcas (10% do mercado) que venderam 46 mil carros. Neste ano, as mesmas marcas venderam 89 mil carros, uma alta de 96%, e que hoje correspondem a 19% do mercado.

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E são marcas que estão do meio para baixo no ranking das que mais vendem: Nissan (+31%); Honda (+20%); BYD (+2.058%); Caoa-Chery (+170%); Ford (+47%); Ram (+206%); GWM (+4.025%); e Mitsubishi (+30%).

Já aquelas marcas que estão no pelotão da frente (o nosso top 7), que representavam 83% do mercado, viram sua participação despencar para 76%. Essas marcas (Fiat; VW; GM; Toyota; Hyundai; Renault; e Jeep), que venderam 364 mil veículos no 1º trimestre do ano passado, tiveram suas vendas aumentadas em apenas 0,7%, alcançando a cifra de 367 mil carros vendidos neste ano.

E se eu te falar que as vendas só da VW aumentaram quase 30% neste trimestre? Você, caro leitor, poderá imaginar como foi a carnificina para as demais marcas!

E, quando a situação está boa, tudo fica ótimo! Registramos também crescimento nas vendas de veículos usados. Neste ano, foram 2,65 milhões de automóveis usados vendidos contra 2,47 milhões do 1º trimestre de 2023, alta de 7,6%.

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Em resumo, as vendas de carros usados neste 1º trimestre estão praticamente iguais ao resultado do ano de 2021, quando tivemos o nosso recorde histórico!

E por que as vendas de carros usados são importantes?

Pois elas são a principal moeda de troca para a compra de um carro novo – um mercado de usados aquecido reflete positivamente no mercado de carros novos.

Mas este ano no setor automotivo está sendo BEM diferente!

Poderia falar para vocês que, neste ano, o VW Polo está (momentaneamente) desbancando a Fiat Strada como carro mais vendido. Foram 27,3 mil Polo vendidos contra 26,6 mil Strada. Que o Hyundai Creta continua sendo o SUV mais vendido. Que o tamanho do mercado de picapes já é de 20%, quase desbancando o mercado de hatches pequenos, que representa 23%. Que o crédito automotivo voltou à toda. Enfim… vários fatores!

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Mas abordarei um outro tópico que não é muito falado na mídia.

O mercado de motocicletas.

Se, no começo deste texto, exaltei o crescimento do setor de carros. no mercado de motos cravamos 21% de alta. Tivemos neste 1º trimestre 432 mil motos vendidas contra 357 mil sobre o 1º trimestre de 2023.

E tem mais: se em automóveis vendemos 100 mil veículos a menos do que 2019 (ano pré-pandemia), ou -17%, em motocicletas estamos com alta de 67%, ou 170 mil motocicletas a mais. De fato, o ano de 2024 tem tudo para ser um novo recorde de vendas para o setor. O resultado deste 1º trimestre de 2024 é menor que o recorde histórico (1º trimestre de 2012) em apenas 10 mil motos.

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Quer mais?

Se a gente fizer uma comparação entre as vendas de motocicletas frente às vendas de automóveis (excluindo os veículos comerciais, tipo furgões e afins), o mercado automotivo brasileiro registrou a marca de que, neste 1º trimestre, se vendeu mais motocicletas novas do que automóveis.

Mas não foi coisa pouca não…

Estamos falando das 432 mil motocicletas vendidas neste ano contra 377 mil automóveis. Uma diferença de 55 mil motocicletas a mais. E, nestes três primeiros meses do ano, em todos os meses vendeu-se mais motos do que automóveis.

No gráfico acima percebe-se que, entre 2010 e 2020, vendia-se 83% mais automóveis do que motocicletas. Já no período de 2021 até 2024, essa diferença caiu para 15%, sendo que, neste ano, a comercialização de motocicletas já é maior do que a de automóveis em 14%.

Foi como mencionei no começo deste texto. O setor automotivo teria que ser divido agora em duas partes: AP e DP (antes da pandemia e depois da pandemia). Houve uma guinada total na economia que vem “batendo de frente” (positivamente) nas vendas de autos e motocicletas, seja devido ao surgimento/crescimento dos serviços de motofrete e afins (tipo iFood), o uso das motocicletas como meio de transporte individual para fugir do trânsito (ganhando tempo). Fora a disparada dos preços dos carros novos e mais um monte de “paranauês”.

Quer mais uma para finalizarmos?

É muito mais (mas tipo: muito mais nível hard) rentável vender uma motocicleta do que automóvel!

É… o que não faltará para este vil estagiário serão pautas falar sobre o setor!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

Ou me segue lá (onde sou menos perdido) no Facebook, Instagram, LinkedIn e Twitter.

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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