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Melhores do ano: MOTOCICLETAS!

Quando falamos em preferência na aquisição de veículo automotor, a motocicleta aparece como veículo preferido em 21 dos 27 estados brasileiros
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: apesar do automóvel ser a preferência no sonho de consumo de boa parte dos consumidores brasileiros, essa não é a realidade para grande parte dos estados do Brasil.

Quando falamos em preferência na aquisição de veículo automotor, a motocicleta aparece como veículo preferido em 21 dos 27 estados brasileiros.

Sim, caro leitor… apesar do Volkswagen Polo ser o carro mais vendido do Brasil (até novembro), a “CGzinha” da Honda está dando show!

A razão atual é de: para cada Polo vendido da VW, vendem-se 4 CG da Honda.

O mercado de motocicletas se descolou completamente do mercado de autos. Se nos últimos três anos as vendas de carros vêm andando de lado (crescimento de apenas 6% em três anos), o setor de motocicleta registará alta de quase 75% em 3 anos. E (se tudo correr bem), o setor de motocicletas irá, em 2024, dobrar de tamanho sobre o ano de 2020.

Gráfico indica a evolução na venda de veículos no brasil entre diversos modais

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Se a gente verificar um período maior (10 anos por exemplo), para o setor de motocicletas, o pessoal acabou se recuperando de toda turbulência dos últimos anos e deverá encerrar o ano de 2023 com alta de quase 5% sobre 2013. Já o pessoal de automóveis deverá vender em 2023, 44% a menos sobre o resultado de 2013. Tombo mais que feio!

O ponto é que o mercado brasileiro está caminhando para termos um mercado onde vendemos mais motocicletas do que automóveis.

Hoje, de todo veículo automotor vendido (automóvel + motocicleta), temos uma razão de 52:100 para autos e de 48:100 para motocicletas.

Gráfico indica a evolução na venda de veículos no brasil entre diversos modais

Mas essa é a média Brasil! E, como toda média, ela é burra!

Quando a gente faz uma inferência neste Brasil continental, a realidade é bem diferente. Em geral, nós que vivemos em grandes centros (tipo São Paulo) não percebemos a realidade deste Brasilzão!

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Se a razão de motocicleta é de 48:100; na região Norte esse percentual salta para 76:100. No estado do Pará, por exemplo, de cada 100 veículos vendidos (auto + moto), 81 é de motocicletas e 19, carros. O Pará, terra do tacacá, é o estado onde proporcionalmente mais se vende motocicletas.

Se em todos os estados da região Norte se vende mais motocicletas do que um automóvel, essa também é uma verdade para a região Nordeste.

Enquanto no Norte a razão é de 76:100; no Nordeste ela é um pouco menor: 69:100.

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O que percebemos é que o produto motocicleta é praticamente o primeiro veículo (de fácil acesso) para os consumidores do Norte; Nordeste e Centro-Oeste, também! Quando adentrarmos nos dados lá da terra do Agro, a motocicleta também é o veículo mais consumido.

Mas, aí, caro leitor, você vai ver que este vil estagiário errou! No Distrito Federal se vende mais carro do que motocicleta! E é verdade! Mas o Distrito Federal é tipo Nárnia; terra da fantasia; onde o PIB per capita é mais que o dobro da média nacional, numa terra onde nada se produz!

Se excluirmos a Disneyland dos políticos brasileiros (DF), a grande realidade é que motocicleta é o veículo automotor mais consumido em todo Norte; Nordeste e Centro-Oeste.

Mas, onde é que a porca começa a torcer o rabo?

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No famigerado eixo Sul-Sudeste.

Na região Sul, a razão de automóvel é de 66:100. Se o Pará é o nosso estado líder na razão de moto por veículo vendido, no Rio Grande do Sul é o nosso estado líder da região na razão de venda de carro. No Pará a razão da venda de carro é de 18:100. No Rio Grande do Sul, 71:100.

Vários fatores explicam o Sul ser totalmente diferente do resto do Brasil. O clima mais frio/chuvoso (diferente das regiões tropicais do Norte e Nordeste) é um grande fator. A população ter um poder aquisitivo maior e melhor (índice de Gini) é outro! Por exemplo, o PIB per capita do Rio Grande do Sul é por volta de R$ 51 mil, no Pará não chega nem a R$ 30 mil.

Deixa-me ver se eu entendi… até agora você apontou os dados de 23 unidades da federação e somente 4 possuem uma demanda maior na venda de carros, do que motocicletas. Quais são os estados que invertem essa lógica?

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Eles estão – logicamente – na região Sudeste. Mas, se você pensou que é São Paulo que inverte a lógica, você errou feito!

Dos quatro estados da região Sudeste, a demanda de motocicletas é maior do que a de automóveis nos estados de Espírito Santo e Rio de Janeiro.

São Paulo possui uma razão 60% automóvel e 40% motocicleta.

E o nosso estado campeão é Minas Gerais. A razão da venda de carro é de 77:100.

Nuu… uai, sô! O que Minas tem de especial assim?

Nada demais… só as locadoras. Elas distorcem os dados do estado e da média Nacional. Se a gente, por curiosidade, excluísse as compras das locadoras, tudo mudaria. Não teríamos uma razão de 52-48 para carros e motocicletas. A nova razão seria 46/54, onde poderíamos definitivamente afirmar que o Brasil é o país da motocicleta!

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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