Fechar Ads

Vendas de veículos crescem 23% no primeiro bimestre

Vamos fazer uma análise das marcas seguindo o seguinte conceito: "Estou arrebentando"; "Estou indo bem"; "Sinal amarelo"; "Só G-zuis salva!"
Por  Raphael Galante
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

Eis que, enfim, depois daquele clássico recesso entre o Réveillon e o Carnaval, o Brasil voltou a funcionar!

E o setor automotivo vem fazendo seu papel no melhor estilo possível!

O que apuramos no final deste primeiro bimestre?

Que as vendas de veículos novos registram crescimento de quase 23% sobre o primeiro bimestre do ano passado.

Uau!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Neste ano, estamos com 307,1 mil carros novos vendidos contra 249,9 mil no mesmo período do ano passado.

E o “mais-melhor-de-bom” é que conseguimos notar quem está indo bem e quem irá sofrer!

Neste nosso ensaio, vamos fazer uma análise das marcas seguindo o seguinte conceito: “Estou arrebentando”; “Estou indo bem”; “Sinal amarelo”; “Só G-zuis salva!”

ESTOU ARREBENTANDO

Nesta primeira leva, temos cinco marcas que representam 10% do mercado e que estão com crescimento mais que dobrado sobre o mesmo período do ano passado.

Se elas possuem neste primeiro bimestre 10% de share, no ano passado era de 3%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Neste primeiro momento, temos como grande destaque três marcas chinesas! A campeã absoluta desta primeira análise é a BYD, que saiu de um share de quase 0,2% para quase 3% neste ano, caminhando a passos largos para manter o ritmo. Ok, ela pesou a mão no lançamento do “golfinho”, o carro novo dela? Pesou! Mas ainda tem muito espaço de crescimento. Estão com rede de concessionárias em expansão (só com grupos bons/capitalizados) e ainda nem começaram a produzir localmente.

Assim como a BYD, mas num ritmo um pouco mais lento, a GWM é outra que já abocanhou 1,3% do mercado de veículos.

O grande ponto interessante das duas marcas é que elas estão chegando com ótimos produtos com qualidade de ponta. O diferencial de uma para a outra é a velocidade (planejamento) de crescimento. Mas, independentemente, se uma vai chegar primeiro que a outra – as duas irão chegar! E, hoje, aposto um picolé de limão que daqui a um/dois anos, falaremos que as duas possuem 10% do mercado, e não os 4% atuais.

A terceira marca chinesa (pero no mucho) é a Caoa-Chery! O que percebemos é que a questão genética favoreceu (e muito) o atual dono/presidente da marca, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, que parece ter conseguido herdar o “toque de midas” do pai.

A Caoa-Chery está com crescimento de 159% nas vendas, saindo de uma venda de 2,6 mil unidades no primeiro bimestre para 6,8 mil neste ano. O share da marca dobrou, saindo de 1,05% para 2,21%.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

E tem mais!

Ele teve o desplante/ousadia de derrubar o preço dos carros, como o Tiggo 7, em R$ 35 mil, tornando assim um dos SUVs médio mais TOP e baratos no mercado.

Ou seja, o Carlinhos “tacou fogo no parquinho”. Afinal de contas, uma medida dessas gera um desdobramento terrível no mercado (para as outras marcas).

Saindo das chinesas, as outras duas marcas que reforçam o nosso top 5 de “Estou arrebentando” são as marcas americanas Ram e Ford.

A Ram registra crescimento de 285% nas vendas, enquanto a Ford reportou 98%. As marcas estadunidenses estão com produtos focados no mercado de picapes, seja a eterna Ranger da Ford ou a nova Rampage da Ram.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O mercado de picapes é um mercado que está em ascensão – e elas estão surfando na onda!

ESTOU INDO BEM

Nesta segunda leva “ESTOU INDO BEM” de marcas, vamos também fazer o nosso top 5. Quatro delas vêm do leste asiático! Do Japão temos Honda, Mitsubishi e Nissan com crescimento médio de 40% nas vendas, seguidos de perto pela Hyundai e a única fora do leste asiático, a Peugeot.

Em relação às marcas japonesas, o conceito é “praticamente” o mesmo. Elas penaram nos últimos tempos com falta de produto/produção. E as marcas japonesas têm um certo tempo para “resolver os problemas”. Se falta agilidade para resolver os pepinos no curto prazo, sobra planejamento para se perpetuar no longo prazo.

E é isso que está acontecendo agora! Nissan com +43%, Honda +42% e Mitsubishi +31% de crescimento são reflexo de novos produtos que chegaram, como a nova L200 da Mitsubishi.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Além disso, desde o ano passado elas já vêm anunciando seus novos planos, como a Nissan em novembro, quando o presidente da marca veio até o Rio para anunciar investimentos de quase R$ 3 bilhões em novos produtos e melhorias da fábrica.

Saindo do Japão e descendo para a Coréia do Sul, temos a Hyundai com crescimento nas vendas de quase 30%. O ponto positivo para o crescimento e evolução futura da marca, foi que Hyundai e CAOA resolveram nesta quinta (29) uma pendência que se arrastava por anos. Agora, os coreanos da Hyundai serão responsáveis por toda produção/distribuição dos produtos Hyundai, além da CAOA “ceder” a operação fabril. Ou seja, é como se eu estivesse aumentando a minha capacidade fabril do dia para a noite, o que será extremamente benéfico para a marca e, consequentemente, para os consumidores.

Saindo do leste asiático e indo para a Europa, temos a Peugeot, com evolução nas vendas de 36%. O ponto central para a marca do leãozinho é que ela no mercado brasileiro foi a que mais cresceu desde a fusão entre PSA e FCA. A entrada dos italianos da FCA na condução administrativa/comercial da operação da Peugeot foi a melhor coisa que aconteceu para marca, que “desburocratizou” todo seu processo!

SINAL AMARELO

No nosso top 5 de marcas que ligaram o sinal amarelo, temos Fiat, VW, Toyota, Renault e Citroen. Essas cinco marcas possuem 52% de share contra quase 54% do ano passado.

Essas marcas não estão indo mal… mas também não estão tão bem assim!

O ponto aqui é que existe uma questão de perspectiva futura das marcas. No caso da Renault, ela tem o seu novo SUV pintando no pedaço. A Citroen acabou de lançar uma nova versão do C3 para 7 lugares, que vai pegar um nicho de mercado altamente carente. E também existe o burburinho da chegada do novo “Yaris Cross” da Toyota.

Ou seja, o segundo semestre deste ano vai ser do tipo: “o império contra-ataca”.

Além disso, como são marcas lá no topo da pirâmide (tirando a Citroen), elas sempre são os alvos!

SÓ G-ZUIS SALVA

Neste ano, foram poucas marcas que registraram queda nas vendas. Com um mercado crescendo 23%, você tem que ser “muito bom” para ir na contramão dele! Tanto que não existe um Top 5 dessas marcas, mas apenas um Top 3: GM, Jeep e Volvo, que possuíam 24% de share no primeiro bimestre do ano passado e viram sua participação despencar para 17% neste ano. Elas (praticamente a GM) perderam 7 pontos percentuais de share.

No caso da Volvo, que apostou desde o início na eletrificação dos seus produtos – independentemente de estarem certos ou errados, o grande ponto aqui é que a marca foi uma das que tomaram aquela pedrada no meio da testa do (des)governo federal, que decidiu aumentar o Imposto de Importação do carro eletrificado em 35%. Por mais que a marca vá trazer o seu novo carro de entrada (tipo um Ecosport, mas com padrão Volvo) 100% elétrico, isso não deverá ser suficiente para rever o seu volume de vendas. Por isso, a marca amarga perda de 25% neste começo de ano.

A Jeep, com um lineup cansado/antigo e com inúmeros problemas nos seus produtos reportados continuamente pelos clientes, é outra que está sofrendo e registrando perda de 5%.

Mas aqui a gente dá um desconto para a marca. O grupo Stellantis está com: Ram +285%; Peugeot + 36%; Fiat +18%; Citroen +11% e Jeep -5%. Assim, na média, o grupo registra crescimento de 17%. E, afinal de contas, não tem como ganhar todas!

A GM, diferentemente dos seus brothers americanos, registra queda de 14% nas vendas. Ela viu o seu share despencar de 17% para 12%.

Qual o problema da marca?

Sabe aquele conceito de “menos é mais”?

No setor automotivo (onde a escala é necessária) isso é uma verdade mais que absoluta. A marca possui 13 produtos no seu portifólio. Ela tem o Hatch Pequeno (Onix); Sedan Pequeno (Onix Sedan); Hatch Médio (Cruze); Sedan médio (Cruze Sedan); Crossover (Spin); SUV (Tracker; Equinox e Trailblazer); Picape pequena (Montana); Picape média (S10); Picape grande (Silverado); Esportivo (Camaro); Elétrico (Bolt).

Em resumo… sou tudo e nada ao mesmo tempo!

Sou pífio no mercado de carro eletrificado; o meu esportivo fica a anos-luz de uma Mercedes, Audi ou qualquer outra marca de luxo; estou lá atrás no mercado de picapes (exemplo: em fevereiro, a GM vendeu 124 Silverados contra mais de 2,1 mil unidades da Rampage da Ram); insisto em atuar no mercado de sedan médio, onde “só” o Toyota Corolla é quase 65% do mercado (GM mal chega a 5%); tem a Spin com transtorno de personalidade (Sou um SUV? Sou uma Minivan? Sou um crossover? O que sou?); mas pelo menos está na disputa do mercado de Hatch e Sedan pequeno (graças às locadoras que – geralmente – compram na bacia das almas).

É… esse ano começou bem animado para o setor!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

Ou me segue lá (onde sou menos perdido) no Facebook, Instagram, LinkedIn e Twitter.

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

Compartilhe
Mais sobre

Mais de O mundo sobre muitas rodas