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Para Casas Bahia, seca na região Norte pode gerar desabastecimento após a Black Friday

Empresa já ressalta risco de falta de produtos e alta no preço se situação não melhorar

Giovanna Sutto

Loja da Casas Bahia em shopping (Shutterstock)
Loja da Casas Bahia em shopping (Shutterstock)

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A Black Friday das Casas Bahia (BHIA3) está blindada de eventuais problemas logísticos, como atraso nas entregas, falta de produtos e consequente aumento de preços, mas não há garantias que o cliente não sofra algum desses impactos nas compras de Natais e começo do ano, segundo o que Fernando Gasparini, diretor executivo de logística do Grupo Casas Bahia, afirmou em entrevista ao IM Business.

O estoque de itens importantes para compras de fim de ano, como ar-condicionado, televisões, peças para telefonia, micro-ondas, entre outros, pode ficar comprometido pela dificuldade de movimentar itens até lá e vice e versa. A consequência de uma eventual falta de produtos é a alta no preço, um risco que vem sendo monitorado pela companhia.

“Se a situação permanecer do jeito que está é possível que falte produtos e o preço vai subir. É lei da oferta e demanda. Podemos esperar um efeito mais forte [no abastecimento de estoque] mais para frente”, explica Gasparini, admitindo um grau de incerteza sobre os próximos meses. Esta reportagem faz parte de um série sobre os planos logísticos das varejistas no maior evento promocional do ano.

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Ele defende que a situação está controlada para a Black Friday — e que o consumidor não deve ter transtornos — porque a empresa antecipou seu planejamento e produção e estruturou sua operação logística juntamente com um upgrade de sistemas que ajuda garantir que os itens produzidos na região sejam estocados para a demanda da data, além de suporte extra no transporte.

“Nossos sistemas estão mais automatizados e afinados para equilibrar a entrega com o recurso disponível neste ano. Usamos algoritmos na alocação de recursos. O meu sistema automaticamente me ajudou a garantir que terei capacidade logística e produtos para entregar ao cliente e mais rápido na Black Friday”, explica o executivo.

Na prática, os sistemas, que contam com inteligência artificial embarcada, ajudam saber do nível de estoque dos produtos, estimam as melhores rotas de entregas e cruzar dados com a demanda do cliente para ser mais assertivo no envio quando a compra for feita.

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Diante dos desafios desta edição, a empresa vai utilizar toda sua estrutura de 29 centros de distribuição espalhados pelo país, além das 1.095 lojas físicas e parceiros de transporte com a promessa de garantir envio das compras ao cliente o mais rápido possível. A Casas Bahia consegue enviar produtos para todas as 5.565 cidades do Brasil, segundo o executivo.

Do total de entregas que a empresa fez no ano até agora 43% delas foram feitas em até 24h e 15% delas no mesmo dia. Questionado sobre melhora de prazos, Gasparini pondera que a entrega rápida é um atributo importante, mas que é preciso fazer escolhas.

“Ser rápido não é barato. Muitas vezes a escolha é entre ser lento ou ser barato, não dá para ter os dois. E não somos só nós, qualquer um no varejo precisa escolher onde será rápido. Por exemplo, se temos concentração grande em determinada região, devemos ter mais pedidos, portanto, carros sempre cheios e prazos menores”, afirma o executivo.

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Por que a região Norte é importante?

A região abriga a Zona Franca de Manaus, importante polo industrial de produção para o varejo e que conta com uma logística majoritariamente fluvial. Com o baixo nível da água, o transporte de produtos e matérias-primas fica comprometido, já que é preciso buscar alternativas pelas rodovias ou no transporte aéreo.

A produção de algumas categorias é feita na região, o que exige uma complexa estrutura logística para o envio de parte do material até lá, para a produção em si e também para a transferência do produto acabado para um centro de distribuição em outra área — de onde e feita a entrega para o consumidor.

Esse contexto deve frustrar a expectativa do mercado de que haveria uma Black Friday “normal” em 2023, após três edições marcadas pelo impacto da pandemia, eleições e Copa do Mundo.

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“Neste ano temos essa ressalva da seca na região Norte: não é uma Black normal”, diz o executivo.

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Cliente com menos dinheiro

Com quase 77% das famílias do país endividadas neste ano, Gasparini acrescenta que esta Black Friday pode contar com um cliente mais “ressabiado” em virtude das contas no vermelho e crédito mais curto.

Diante disso, Gasparini explica que a empresa, que já é conhecida pelo parcelamento maior com o seu carnê, por exemplo, vai apostar também em facilitar os meios de pagamentos.

“Fechamos parcerias com bancos para oferecer crédito e vamos personalizar as opções para o cliente porque sabemos que muitas pessoas estão com essa restrição. Nossas campanhas terão promoções, que ainda são decisivos para os clientes, mas também frete grátis, montagem grátis, garantia estendida com desconto, sempre a depender do perfil do consumidor”, afirma.

Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.