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Na pior crise de sua história, Americanas vê na Black Friday chance de retomar relação com o cliente

Sob recuperação judicial, companhia aposta suas fichas no evento promocional para um momento de "reconstrução" do negócio

Giovanna Sutto

Loja da Americanas (AMER3) no shopping Market Place, na zona sul de São Paulo (Lucas Sampaio/InfoMoney)

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A Americanas (AMER3) aposta que a Black Friday 2023 será uma oportunidade para reconstruir sua reputação junto ao cliente, depois de um ano conturbado causado pelas fraude bilionária encontrada no balanço da empresa, que foram descobertas em janeiro e a levaram à recuperação judicial.

“Tivemos um começo de ano difícil. O desafio é reconstruir a empresa e transformá-la para atender o cliente da melhor forma possível. Estamos focados em melhorar a operação”, afirma Thiago Correia, diretor de logística, em entrevista ao IM Business. A reportagem encerra uma série sobre as estratégias logística das varejistas para a Black Friday deste ano.

A pressão, porém, segue elevada. Há alguns dias, a varejista revisou seus balanços de 2021 e 2022, após uma série de adiamentos e ajustes contábeis: o resultado de 2021 foi revisto de um lucro líquido de R$ 544 milhões para prejuízo de 6,2 bilhões, e o prejuízo de 2022 disparou para R$ 12,9 bilhões.

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Além disso, a Americanas perdeu o selo de Novo Mercado da B3 e 22 pessoas ligadas à companhia foram multadas em valores em até R$ 395 mil. Com tantas más notícias, bons resultados na Black Friday podem se tornar um alento.

Cliente é quem manda

A estratégia de reconquistar mercado passa por um objetivo: dar uma boa experiência ao cliente. “Para essa Black Friday, queremos uma jornada de conveniência, que entregue a compra ao cliente da maneira que ele preferir e da forma mais rápida possível. Esta é a vantagem de ser multicanal — online e offline”, conta Correia.

A Americanas diz que faz entregas entre 24h e 48h para algumas localidades do país, sem detalhar a quantidade e os nomes das cidades. O diretor de logística diz apenas que, para esta Black Friday, a empresa se preparou “para reduzir ao máximo o prazo de entrega”.

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Para o executivo, levar a melhor conveniência ao cliente nem sempre é entregar o produto de forma rápida. “Em alguns casos, mais importante do que ter velocidade é entregar o produto como o consumidor quiser com, envio agendado para chegar em determinado dia ou receber em um local que não é o padrão dele; Ou mesmo deixar o item em uma unidade física mais perto de sua residência”.

Correia diz também que, com as 1,7 mil lojas físicas e os 15 centros de distribuições, em todas as regiões do país, a Americanas tem tem uma “capilaridade significativa”. “Conseguimos alcançar locais de entrega fora dos grandes centros, além de oferecermos uma variedade de sortimentos muito ampla”.

No “esquenta” da Black Friday, período de promoções que antecedem a data oficial, na sexta-feira (24), a empresa está fazendo promoções com até 60% de desconto em várias categorias, como eletrônicos, itens para bebês e de higiene, livros e decoração.

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Seca no Norte

A situação da seca na região Norte vem afetando cada empresa de uma forma diferente, de acordo com a dependência da Zona Franca de Manaus, importante polo industrial de produção para o setor. O complexo funciona com uma logística majoritariamente fluvial e, com o baixo nível da água, o transporte de matérias-primas e produtos tende a ficar comprometido.

No caso da Americanas, Correia afirma que a empresa já vinha acompanhando a situação e possíveis consequências da estiagem na região, por isso a estratégia foi antecipar a produção de alguns itens e a alocação de produtos essenciais aos clientes, como higiene e alimentos, e que são estratégicos para a empresa na região porque são bastante demandados.

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“Direcionamos os produtos essenciais para o nosso centro logístico no Pará, além das lojas físicas localizada na região, para garantir que os clientes encontrem os produtos que mais consomem tanto nas lojas quanto no on-line”, afirma o diretor. Ele, no tanto, não especificou quais produtos são esses.

A empresa também vai contar com novos transportadores rodoviários na região, para usar a malha de parceiros e aumentar a eficiência na entrega. “Por isso, o consumidor não vai ter problemas de atraso de entrega ou falta de opções de produtos, porque conseguimos otimizar os processos e estamos prontos para a demanda na Black Friday”, afirma o executivo.

A Black Friday, no entanto, é o início de um calendário agitado: depois vem o Natal e os famosos saldões de começo do ano, que movimentam as vendas. Mesmo assim, Correia reforçou que o consumidor não terá nenhum problema em relação a prazos de entrega ou falta de produtos.

“O grande diferencial de uma boa logística é a capacidade de prever cenários, se antecipar e conseguir traçar alternativas para minimizar impactos em situações como essa da seca. E a inteligência artificial ajuda muito nisso. Através da IA embutida nos nossos sistemas, conseguimos prever picos de demanda, que é primordial para otimizar processo, incluindo movimentação de estoque, além de dados sobre o comportamento dos clientes para nos ajudar a sermos mais assertivos”, diz o executivo.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.