Tesouro Direto: taxas de títulos atrelados à inflação recuam em dia de reajuste no preço dos combustíveis

Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, apresentou alta, de 5 pontos-base

Wellington Carvalho

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Após a pausa para o feriado de Corpus Christi, as negociações do Tesouro Direto foram retomadas nesta sexta-feira (17) e as taxas dos títulos atrelados à inflação recuaram de 2 a 9 pontos-base. O dia foi marcado pelo reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras (PETR4).

No caso da gasolina, o reajuste foi de 5,18%, enquanto para o diesel atingiu 14,26%. A estatal manteve os preços do GLP (gás de cozinha). Em nota, a Petrobras reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado.

O anúncio colocou mais fervura na relação entre o comando da estatal e a classe política a menos de quatro meses das eleições gerais. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a atacar a gestão da estatal, reverberando o incômodo de parlamentares dos mais distintos campos ideológicos com a alta dos preços dos combustíveis.

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Economistas também projetam impacto do aumento no valor dos combustíveis no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A inflação oficial do País pode chegar a 9,2% em 2022 com o reajuste, calcula André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV – Ibre).

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia um retorno anual de 12,64%, inferior aos 12,74% da sessão anterior.

Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 12,96% às 15h30, acima dos 12,90% de quarta-feira (15).

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Nos títulos atrelados à inflação, a queda nas taxas variou entre 2 e 9 pontos-base. Apenas a taxa do Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, apresentou alta, de 5 pontos-base, oferecendo ganho real de 5,82%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta sexta-feira (17): 

Fonte: Tesouro Direto

Radar externo

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, reiterou nesta sexta-feira, 17, que a autoridade monetária está “agudamente focada” em retornar à inflação dos Estados Unidos à meta de 2%. O dirigente discursou na abertura da conferência sobre a dominância global do dólar, em Washington D.C.

Durante o pronunciamento, Powell ressaltou que o “forte compromisso” do Fed com a estabilidade de preços contribui para a generalizada confiança no dólar como reserva de valor.

Segundo ele, o comprometimento do BC americano com o mandato duplo e com a estabilidade financeira encoraja a comunidade internacional a manter e usar a moeda dos EUA.

O Banco do Japão (BoJ) decidiu deixar seus juros ultrabaixos inalterados, confirmando que não seguirá outros grandes bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed), dos EUA, e o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), no aperto da política monetária.

Na tarde desta quarta-feira (15), O Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) elevou os juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 1,5% a 1,75%, como passou a ser majoritariamente esperado pelo mercado desde que os dados de inflação ao consumidor de maio surpreenderam o mercado na sexta-feira passada. Este foi o primeiro aumento dessa magnitude – e também o maior – desde 1994.

Ainda nesta sexta-feira, (17), o BC japonês manteve sua taxa de juros para depósitos em -0,1% e a meta para o rendimento do bônus do governo do Japão (JGB) de dez anos em torno de 0%. Na expectativa do BoJ, os juros de curto e longo prazos irão se manter nos níveis atuais ou menores.

A moeda japonesa, o iene, vem operando perto dos menores níveis desde 1998, em meio à divergência das políticas monetárias do Japão e dos EUA.

Na zona do euro, a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) atingiu nova máxima histórica de 8,1% em maio, ao acelerar de 7,4% em abril, segundo dados finais divulgados nesta sexta-feira pela agência de estatísticas da União Europeia, a Eurostat. O resultado de maio confirmou a leitura preliminar e veio em linha com a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal.

O CPI recorde, que segue influenciado pelos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia, pressiona o Banco Central Europeu (BCE) a apertar sua política monetária.

A meta de inflação do BCE é de 2%. Na semana passada, o BCE preparou o terreno para começar a elevar juros a partir de julho.

Em relação a abril, o CPI da zona do euro avançou 0,8% em maio, em linha com o consenso do mercado.

Rescaldo do Copom

Nesta quarta-feira (15), o Copom elevou, a taxa Selic em um 0,5 ponto percentual, passando de 12,75% para 13,25%. Com isso, a taxa básica de juros atingiu o seu maior patamar desde dezembro de 2016 e com uma alta pela 11ª vez seguida.

A decisão da instituição monetária brasileira foi em linha com as projeções do mercado, que precificava uma alta desta magnitude em meio ao ambiente inflacionário ainda desafiador.

Na avaliação de Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações de renda variável da Ação Brasil, o mais importante a observar é que o Copom deixou a porta aberta para novas altas mais “suaves”, não ignorando os riscos iminentes da inflação elevada.

Para ele, é difícil imaginar que o problema da inflação seja resolvido no curto prazo e sem a geração de uma recessão nos próximos semestres.

“Temos o custo do desemprego, atividade econômica deprimida, inflação galopante, o que pode levar a um período maior de reajustes, ainda que mais suaves”, reflete.

Segundo Alves, os títulos prefixados passam a ficar interessantes nesse cenário, pois a inclinação da curva de juros futuros mostra que o mercado já está precificando potencial queda da taxa Selic no curto prazo.

Na visão do analista, os títulos indexados à inflação não estão menos interessantes. Ele explica que, à medida que a inflação caminhe para o centro da meta, a tendência é que as boas taxas de hoje comecem a reduzir.

“Assim como os títulos prefixados, os papéis indexados à inflação mostram taxas bem relevantes para a construção de patrimônio”, finaliza.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.