Na direção oposta à de Luiz Barsi, Aché, da Squadra, segue com posição vendida nas ações do IRB e avisa: “Vai cair mais”

Em live nesta quarta-feira (18), gestor disse que futuro ainda será muito difícil, diante dos níveis de sinistralidade esperados para os próximos anos

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – Conhecida por ter denunciado no início do ano passado as inconsistências nos números apresentados pela resseguradora IRB Brasil (IRBR3), a gestora de recursos Squadra Investimentos segue carregando posições vendidas (que ganham com a queda) nas ações da empresa, mesmo após a forte desvalorização já registrada pelos ativos ao longo dos últimos meses.

Durante participação em live do Grupo de Mercado Financeiro (GMF) da Unicamp na noite desta quarta-feira (18), Guilherme Aché, sócio fundador da Squadra, disse que ainda considera as ações da companhia caras e passou um recado para quem enxerga oportunidades no negócio frente aos preços atuais.

“Duvido que o Luiz Barsi conheça a IRB na profundidade que a gente conhece”, afirmou Aché, quando questionado sobre a recente aquisição de ações da resseguradora pelo investidor Luiz Barsi Filho. Um dos maiores investidores individuais da Bolsa brasileira, Barsi revelou em julho que havia comprado ações do IRB.

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Segundo o gestor da Squadra, o futuro da empresa em termos de rentabilidade “ainda vai ser muito difícil”, tomando como base as indicações quanto aos níveis de sinistralidade passados pela direção da resseguradora para os próximos anos.

Queda sem fim

Em um trabalho de reestruturação de seus quadros internos, governança e operações, o IRB divulgou na terça-feira (17) o balanço do segundo trimestre, tendo reportado prejuízo líquido de R$ 206,9 milhões no período.

Apesar de o resultado ter representado uma reversão ante o lucro líquido de R$ 50,8 milhões no primeiro trimestre, houve redução de quase 70% das perdas, em comparação com o prejuízo de R$ 656 milhões no mesmo intervalo de 2020.

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“Seguimos evoluindo para uma operação mais enxuta, eficiente e orientada ao cliente, aprimorando controles e a gestão de riscos para assegurar nossa liderança e a sustentabilidade econômico-financeira no longo prazo”, declarou Wilson Toneto, CEO interino e COO do IRB Brasil, na ocasião.

O discurso, contudo, não parece ter convencido muito os investidores. No dia da divulgação do balanço, os papéis da empresa chegaram a cair mais de 7% ao longo do pregão na B3, com os preços tendo encostado nas mínimas históricas.

No ano, até 18 de agosto, as ações da resseguradora têm desvalorização de 36%, depois de já terem amargado queda de 77% em 2020.

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Após os números, os analistas do Credit Suisse reiteraram a recomendação underperform (com uma perspectiva de desempenho inferior à média de mercado) para os papéis IRBR3, por avaliarem que eles continuam a ser negociados com um valuation injustificado.

“Essa ação ainda vai cair mais”, disse Aché ontem. O fundo Squadra Long Biased rende 4,8% em 2021, até 17 de agosto, com valorização de 16,2% em uma janela de 12 meses.

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Convicções testadas

Segundo Aché, empresas do setor financeiro, como bancos e seguradoras, têm um “poder de manipulação de balanço” maior do que negócios não financeiros. De todo modo, ele disse também que não era preciso ser um grande especialista no setor de resseguros para detectar que algo de “muito errado” estava acontecendo dentro da companhia.

Em fevereiro do ano passado, a Squadra divulgou um relatório ao mercado em que questionava a forma como o IRB vinha contabilizando seus resultados nos demonstrativos financeiros dos exercícios recentes.

O gestor da Squadra disse durante a live que, ao longo do trabalho para esmiuçar nos mínimos detalhes os números da resseguradora, embora já tivesse identificado graves inconsistências no balanço, se assustou quando surgiu a notícia de que o megainvestidor Warren Buffett estaria comprado ações do IRB, fato posteriormente desmentido pela própria Berskshire Hathaway.

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“Foi um momento em que eu congelei. O Buffett é o cara que mais conhece sobre resseguros no mundo”, recordou Aché.