Luiz Barsi compra ações e já detém mais de 1,5% do IRB; investidor sugere Schvartsman, ex-Vale, como novo CEO

Para Barsi, um dos maiores investidores individuais da Bolsa brasileira, o IRB passou por uma "reestruturação sem precedentes"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Ainda alvo de muito ceticismo entre os analistas de mercado, a tese de reconstrução do IRB (IRBR3) após a forte turbulência em 2020 conquistou um importante apoiador: Luiz Barsi Filho, um dos maiores investidores individuais da Bolsa brasileira.

Barsi, através de aquisições de ações feitas a mercado, montou recentemente exposição em papéis da companhia e chegou a uma participação superior a 1,5% no capital social da resseguradora.

Em documento obtido com exclusividade pelo InfoMoney, ele afirmou que as compras foram realizadas após “minuciosas análises estruturadas em fundamentos consistentes” e depois de um trabalho de reestruturação feita pelo ex-CEO, Antonio Cassio dos Santos. O executivo deixou o cargo em março de 2021, um ano após assumir o comando da resseguradora em meio a uma crise de confiança que abalou a empresa e fez o papel cair mais de 70% no ano passado.

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Em 2020, os papéis desabaram em meio a alegações da gestora Squadra de uma série de inconsistências no balanço da companhia, além da notícia enganosa de que Warren Buffett teria comprado ações da empresa, informação negada posteriormente pela Berkshire Hathaway, do megainvestidor americano, aumentando a uma crise de credibilidade para a companhia e levando à saída de importantes executivos.

De acordo com Barsi, desde então, Santos promoveu uma reestruturação sem precedentes na empresa, recolocando-a novamente na trajetória de resultados positivos.

Cabe ressaltar que, nesta quarta-feira, a companhia divulgou os seus dados referentes a maio, com um lucro líquido de R$ 7,5 milhões, revertendo prejuízo de R$ 202,1 milhões registrado um ano antes.

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Excluindo efeito dos negócios descontinuados (run-off) e dos eventos não recorrentes (one-offs), o lucro seria de R$ 51,4 milhões.

No quinto mês do ano, o prêmio emitido somou R$ 585,9 milhões, queda de 26,1% ano a ano, sendo R$ 388,2 milhões no Brasil (+33%) e R$ 197,7 milhões (-60,6%) no exterior. O prêmio ganho totalizou R$ 498,1 milhões, queda de 9%.

Segundo breve análise do Credit Suisse, os dados foram positivos e se comparam favoravelmente a abril, quando o IRB registrou prejuízo líquido de R$ 48,9 milhões, principalmente devido a uma melhora da sinistralidade.

O índice de sinistralidade caiu para 73,2% em maio, de 126,7% um ano antes. A despesa de sinistro caiu 47,4%, para R$ 364,4 milhões.

Os papéis IRBR3 chegaram a subir quase 6% durante a manhã na sessão desta quarta-feira (21) repercutindo os dados, a R$ 5,86. Os ganhos se intensificaram durante a tarde e os papéis fecharam com ganhos de 8,50%, a R$ 6.

Ao InfoMoney, Barsi ainda destacou que os papéis estão atrativos e que pode aumentar posição, tendo como um balizador o preço pago pelos principais acionistas Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Itaú (ITUB4) de R$ 6,93 por ativo IRBR3 por eles durante aumento de capital realizado ano passado. Para ele, o ceticismo ainda de boa parte dos analistas de mercado ocorre por uma visão “imediatista”, destacando ter uma visão mais de longo prazo para os papéis.

Ele ainda apontou que está “vibrando” com a forma em que as ações do IRB estão sendo pressionadas, já que possibilita a compra dos ativos por “preços bem vantajosos”. Para o investidor, “isso se deve ao fato da Bolsa permitir locações gigantescas, que são direcionadas para o mercado no sentido de pressionar os preços para permitir recompras vantajosas”, fazendo críticas assim às posições vendidas (que apostam na queda dos ativos) de investidores no mercado.

Para Barsi, o valor atual de mercado do IRB é de aproximadamente R$ 6,9 bilhões, bem menos do que o caixa disponível.

Sugestão de ex-Vale como novo CEO

O investidor ainda afirma que também está ciente, a exemplo dos principais acionistas, de que o IRB precisa eleger um novo presidente, que “seja experiente, competente, que atue com austeridade e que seja um vencedor”. Desde a saída de Santos, o vice-presidente Wilson Toneto comanda interinamente a presidência executiva da companhia.

A companhia informou na ocasião que havia contratado uma consultoria internacional especializada em executive search para a busca de um novo CEO.

Barsi apontou, contudo, a sugestão de um nome para novo CEO do IRB: o de Fabio Schvartsman, que já passou pela Ultrapar (UGPA3), Klabin (KLBN11) e Vale (VALE3). Schvartsman saiu da Vale em 2019 em meio à tragédia de Brumadinho, com o rompimento de uma barragem situada na Mina Córrego do Feijão, e causou devastação ambiental, destruição de comunidades e 270 mortos.

Porém, para Barsi, o executivo foi injustiçado no episódio, sendo “considerado o único responsável pelo acidente”.

“Indico o nome do Fábio uma vez que ele foi, entre muitos, eleito para dirigir e administrar todas as empresas que citei e sempre foi apreciado como um gestor honesto, experiente e competente, que é o que o IRB necessita no momento para iniciar a sua recuperação perante o mercado e seus acionistas”, afirma o megainvestidor.

Ele ainda complementa: “Como conheço e sei de suas qualidades de gestor de empresas e como detenho boa participação no capital do IRB, considera essa sugestão extremamente pertinente e oportuna, para que o IRB volte a reluzir no cenário econômico do país no setor de resseguros, onde atua há mais de 83 anos”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.