5 ações que pagam bons dividendos para investir em maio: Vale (VALE3) desbanca Engie (EGIE3) e lidera lista

BB Seguridade, Copel, CPFL e Telefônica deixam lista das mais recomendadas; Petrobras deve ter retorno em dividendos superior a 20%

Katherine Rivas

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Ações de empresas de commmodities e distribuidoras de combustíveis ganharam espaço nas carteiras recomendadas de dividendos no mês de maio. A mineradora Vale (VALE3) recuperou a liderança absoluta entre as ações mais indicadas para estratégias de renda passiva, após ter perdido o pódio para Engie no mês passado.

Segundo levantamento realizado pelo InfoMoney, no mês de maio cinco ações são as mais recomendadas como boas pagadoras de proventos.

Pela primeira vez desde que o levantamento começou, em outubro de 2021, a Vale lidera sozinha. A mineradora começou a ganhar destaque em fevereiro, quando dividiu a liderança pela primeira vez com a Taesa (TAEE11).

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Em março, a Vale passou a dividir o pódio com a Engie. Em abril, ela perdeu a liderança para a elétrica e ficou na segunda posição.

No mês de maio, a Vale recuperou a liderança e pela primeira vez, isoladamente, é a ação mais recomendada para dividendos pelos analistas – com 7 indicações.

Empresas do segmento de energia, seguros e telecomunicações também perderam espaço na seleção deste mês. Saíram da lista BB Seguridade (BBSE3), Copel (CPLE6), CPFL Energia (CPFE3) e Telefônica Brasil (VIVT3).

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O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações de ações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco papéis mais citados. O número de indicações pode ser maior, se houver empate.

São consideradas as carteiras recomendadas de dividendos de dez corretoras. Confira as ações mais citadas em maio:

Empresa  Ticker Nº de recomendações Dividend Yield em 12 meses (%) Retorno em abril de 2022 (%) Retorno em 2022 (%) Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 7 16,92% -12,88% 10,94% -10,70%
Engie EGIE3 6 6,14% -3,10% 11,21% 10,01%
Itaúsa ITSA4 4 5,76% -14,33% 5,67% 1,40%
Petrobras PETR4 4 25,77% -1,06% 16,33% 66,78%
Vibra Energia VBBR3 4 2,76% -9,18% -0,77% -3,87%

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica. Dados até 30/04/2022.

Vale (VALE3): disciplina na alocação de capital

A mineradora Vale foi a ação mais recomendada para o mês de maio, reunindo sete indicações entre as dez corretoras consultadas. A ação integra também as carteiras de dividendos de instituições como Santander, Guide, Genial, Ativa, BTG, Ágora e a corretora Elite.

Segundo os analistas do banco BTG Pactual, a administração da Vale tem uma forte disciplina na alocação de capital, priorizando na sua gestão um bom retorno de caixa aos acionistas. “A última recompra de 500 milhões de ações demonstra isso”, apontam em relatório. O montante representaria cerca de 10% do total de ações em circulação.

Além de estar focada em dar bom retorno aos seus investidores, a Vale ainda deve se beneficiar com a manutenção dos preços do minério de ferro no curto prazo.

Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, destaca que o minério negociado na China, saltou de US$ 100 no final de 2021 para cerca de US$ 137. A projeção da Santander Corretora é de que a commodity permaneça próximo dos US$ 120 a tonelada até o final do ano.

“Mantemos a nossa visão construtiva para o setor de mineração. Enxergamos empresas brasileiras como a Vale, como bem-posicionadas no mercado interno e externo, com fluxo de caixa fortes, endividamento controlado, e boas pagadoras de dividendos”, destaca Peretti.

Entre os motivos que devem continuar puxando o bom desempenho da ação, ele cita retomada da atividade industrial na China, manutenção dos preços do minério de ferro elevados e novas distribuições de dividendos ou recompra de ações.

A projeção da Santander Corretora é de que a Vale entregue um dividend yield (retorno em dividendos) de 11,66%. Já o BTG projeta um dividend yield de 10,4% para este ano.

Entre os pontos de atenção estão uma eventual redução significativa da produção de aço na China, provocando uma queda na demanda do minério de ferro. Além disso, os analistas também mencionam valorização do real, queda nos preços de níquel e cobre e o aumento significativo de passivos por conta dos problemas com Brumadinho – desastre ocorrido em 2019 que matou 270 pessoas.

Recentemente, a comissão reguladora de mercados dos Estados Unidos (SEC) apontou que a Vale violou as leis de valores mobiliários ao fazer divulgações falsas sobre a segurança de suas barragens. A mineradora pretende contestar as acusações.

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Engie (EGIE3): payout farto

A elétrica Engie ocupa a segunda posição no levantamento com seis recomendações entre as dez corretoras.

Segundo os estrategistas da XP investimentos Fernando Ferreira e Jennie Li e a analista Rebecca Nossig, a Engie deve continuar distribuindo 100% dos seus lucros em proventos em 2022. A projeção da XP é de que a Engie entregue um retorno em dividendos de 9,4% neste ano.

A Engie é uma empresa integrada, focada principalmente na geração de energia renovável, seja hidroelétrica, eólica, solar ou de biomassa, mas também atua na comercialização, transmissão e distribuição de energia. Outra das suas fontes de receita é o transporte de gás natural – por dez estados e 191 municípios.

Além de ter uma das melhores estratégias de comercialização de energia, os analistas da XP destacam a diversificação da sua receita, que favorece o pagamento de bons dividendos. Na sua política de dividendos, a Engie estabelece dividendo obrigatório mínimo de 30% do lucro líquido. Porém, na maioria das vezes, o mínimo observado tem sido 50%.

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Itaúsa (ITSA4): em busca de diversificação

Dividindo a terceira posição com Petrobras e Vibra Energia, está a holding Itaúsa que reúne quatro recomendações entre as dez corretoras.

Segundo os analistas da Ágora, a Itaúsa pode ser uma boa alternativa ao banco Itaú, por conta da forte exposição a instituição financeira no seu portfólio. A Itaúsa tem uma participação acionária de 37% no Itaú, mas está investindo cada vez mais na diversificação da sua receita com a exploração em outros segmentos, como gás e saneamento.

“A Itaúsa vem estudando investimentos em distribuição de energia e agronegócio. Mantemos nossa recomendação de compra para a ação, que permanece com um desconto atraente”, destacam em relatório.

A projeção da corretora Ágora é que a Itaúsa entregue um dividend yield de 11,6% neste ano.

Os analistas da corretora Elite destacam que investir em Itaúsa é a forma mais barata de investir no Itaú, dado que a ação da holding está com um desconto de 22%.

Eles vêm com bons olhos a estratégia de diversificação de portfólio da companhia, com a aquisição de 8,5% da Aegea Saneamento – um setor que definem em expansão inédita no Brasil. “A carteira de leilões de saneamento continua a crescer e deve gerar a primeira leva de projetos estruturados após a nova lei do setor”, apontam.

No entanto, entre os pontos de atenção, a corretora Elite destaca a possível degradação de ativos do banco Itaú (ITUB4), com aumento da inadimplência e provisões para devedores duvidosos.

“Acreditamos na melhora no lucro da Itaúsa via banco Itaú, apesar do payout (parcela do lucro líquido da companhia destinado ao pagamento de proventos) baixo. A melhor remuneração dos seus acionistas poderá vir via lucro na alienação da posição da holding na XP e na capitalização das reservas via bonificação”, destacam.

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Petrobras (PETR4): dividendos acima de 20%

A Petrobras também recebeu quatro recomendações entre as dez corretoras do levantamento.

A petrolífera deve pagar um dos maiores dividendos de 2022. Segundo a XP Investimentos, a projeção é de um dividend yield de 26,8%, muito superior à Selic, taxa básica de juros.

Na corretora Ativa, por exemplo, a projeção é de um retorno em dividendos de 20,4% e no BB Investimentos, de 28,1%.

Na Guide, a expectativa é de um retorno em dividendos de 24%. Ao InfoMoney, o analista Rodrigo Crespi, apontou que com o preço do petróleo em alta e o dólar subindo, a Petrobras garante uma forte geração de caixa e lucro. A venda de ativos como parte do seu plano estratégico também acaba otimizando a alocação do capital e gerando mais recursos para proventos.

Além de ser uma boa pagadora de dividendos, a Petrobras também é considera uma ação barata, segundo levantamento do InfoMoney – na verdade, “barata demais para ser ignorada”, na visão da XP. Contudo, o investidor deve levar em conta os riscos políticos – em outras palavras, a possibilidade de interferência do governo (acionista controlador) na sua gestão.

“Em um cenário mais estressado, que inclui 15% de desconto nos preços de paridade internacional para derivados de petróleo, chegamos a um preço justo de R$ 47,80 para as ações PETR3 e PETR4, mostrando que muito de um potencial cenário negativo já está embutido nos preços atuais”, destacam. Atualmente os papéis negociam no patamar próximo a R$ 30.

Crespi destaca que a Petrobras segue apresentando bons volumes de produção e redução do seu custo de extração com maior participação das operações do pré-sal no seu portfólio. “Esperamos a entrada em operação de novos poços a médio prazo, contribuindo com o aumento na produção”, diz.

O desinvestimento das refinarias e venda de novos ativos estratégicos devem favorecer a Petrobras, segundo o analista.

Vibra (VBBR3): na procura da transição energética

Integrando a lista de mais recomendadas para estratégias de dividendos, as ações da Vibra tiveram também quatro indicações.

A antiga BR Distribuidora está trabalhando em outras frentes, que vão muito além dos combustíveis com o intuito de crescer e diversificar a sua receita no longo prazo.

Segundo os analistas da corretora Ágora, embora a Vibra dependa da economia doméstica, seu foco na eficiência deve preservar a rentabilidade do negócio. Os analistas destacam como avenidas de crescimento, oportunidades com fusões e aquisições que auxiliem a acelerar a mudança de matriz energética da companhia.

Um exemplo disso seria a joint venture (parceria) com a Comerc – uma das maiores empresas de comercialização de energia do Brasil e com projetos de geração renovável.

“A Vibra aposta em várias frentes de transição, mas com foco no futuro da eletrificação”, destacam. A projeção da corretora é de que a Vibra entregue um retorno em dividendos de 6,3% neste ano.

Para a Santander Corretora e a BB Investimentos a expectativa é de um dividend yield de 4,52% e 5,8%, respectivamente.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.