Open Investments: nova etapa do Open Finance agora abarca os investidores; veja o que muda na prática

Clientes vão poder autorizar que instituições tenham acesso a investimentos mantidos em outras casas, incluindo ativos de renda fixa, variável e fundos

Giovanna Sutto

Compra e venda de ações das startups listadas serão feitas via home broker. Foto: Divulgação

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A partir desta quinta-feira (28), tem início uma nova fase do Open Finance no Brasil: o Open Investments, etapa que permite que clientes de instituições participantes do ecossistema compartilhem dados referentes a produtos e serviços relacionados a investimentos.

A data foi confirmada pelo Banco Central, fiscalizador do sistema, ao InfoMoney, mas na prática as instituições estão trabalhando com a sexta (29) como data para o pontapé inicial.

A premissa principal se mantém: centralizar no cliente a tomada de decisão sobre disponibilizar ou não suas informações. É ele quem compartilha o dado que quiser, escolhe a instituição e o tempo de compartilhamento — o período máximo é de 12 meses.

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Assim, a partir desta quinta os clientes vão poder autorizar que instituições financeiras tenham acesso a dados de investimentos mantidos em outras casas, incluindo ativos de renda fixa (CDBs, debêntures, CRA, CRI) e de renda variável (ações, ETFs, BDRs), além de fundos.

De um lado, o desenvolvimento dessa fase promete oferecer melhores serviços ao investidor que poderá, entre outras coisas, fazer comparação de produtos e taxas de serviços entre corretoras ou bancos, e ter mais poder de decisão para optar entre uma instituição e outra.

Do outro, vai trazer ainda mais competição para esse segmento que conta com bancos, corretoras independentes e gestoras na disputa pela retenção e pela captura de novos clientes. As instituições poderão também criar novos produtos e modelos de negócios a partir do uso autorizado de dados de clientes por conseguirem acessar informações que antes não tinham.

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Os grandes bancos são obrigados a entrar nesta fase, mas para bancos digitais e corretoras, por exemplo, a participação é voluntária. Então, o investidor deve ficar atento se sua instituição está participando ou não desta etapa.

Como vai funcionar?

Como todo o restante do Open Finance, a implementação da etapa do Open Investment será gradual. Aos poucos as instituições vão começar a ofertar produtos e serviços a partir do compartilhamento de dados relacionados aos investimentos.

“Nas próximas semanas os clientes já devem começar a ser abordados com solicitações de compartilhamento. E eles vão decidir se vão autorizar ou não”, explica Luana Soratto, coordenadora do comitê de Open Finance da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs) e membro da governança do ecossistema no País.

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Se o cliente já deu o consentimento para um banco acessar dados para uma verificação de aumento de crédito, por exemplo, precisará dar um novo consentimento para que a mesma instituição acesse suas informações sobre investimentos. São escopos diferentes de dados, portanto duas autorizações serão necessárias.

Segundo dados do BC, já são 39,6 milhões de consentimentos ativos, conforme os dados mais recentes de setembro, e o sistema conta com cerca de 800 instituições participantes.

A especialista da ABFintechs ressalta que o perfil do público investidor no País é diferente do observado nas primeiras fases do Open Finance: são menos pessoas e de renda mais alta. Portanto, as empresas precisarão atrair esses clientes com ofertas diferentes daquelas em que vêm apostando até agora.

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“Na média, são pessoas com mais educação financeira, que estão acompanhando seus investimentos e podem ter mais ferramentas para avaliar se a oferta é boa a ponto de autorizarem o compartilhamento de dados”, avalia.

Por outro lado, ela pontua que a curva de aprendizado das empresas deve ser mais rápida depois de quase três de anos de implementação do Open Finance no Brasil, o que pode acelerar casos de usos nesse segmento.

Entre as possibilidades dentro do ecossistema, os destaques são:

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A possibilidade de integração com investimentos foi liberada na fase 4 do Open Finance, em dezembro de 2021, mas o mercado enfrentou vários desafios para colocar a infraestrutura de pé, além de lidar com requisitos regulatórios e imprevistos da implementação pelo caminho.

Apesar disso, algumas instituições estão se adiantando nesta etapa, como o Banco do Brasil, que recentemente informou que se prepara para atrair público que nunca investiu para essa etapa do Open Finance.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.