BC planeja integrar Pix, Open Finance e Real Digital no Brasil: entenda os benefícios disso

Autoridade monetária não compartilhou datas sobre as integrações

Giovanna Sutto

(Getty Images)
(Getty Images)

O Banco Central planeja integrar Pix, Open Finance e Real Digital para desenvolver uma economia digital no país por mais eficiência e segurança nas transações. Open Finance é o ecossistema de dados compartilhados, e o Real Digital, uma espécie de apresentação virtual do dinheiro.

A integração dos sistemas foi compartilhada por Otávio Damaso, diretor de regulação do BC, no workshop promovido pela autoridade monetária nesta terça-feira (16). Ele substituiu Roberto Campos Neto, que cancelou a agenda da semana por problemas de saúde, no painel intitulado “Inovação e Economia Digital”.

“O que está acontecendo no mundo digital? Há um movimento para buscar representação digital de algo que tenha valor. Estamos falando de extrair valor de um ativo na forma digital”, afirma Damaso.

Damaso entende que a inovação do sistema financeiro passa pela convergência entre os players que atuam dentro e fora do perímetro regulatório e também da agenda de inovação que essa gestão do BC vem trabalhando há algum tempo.

Integração

Na visão do diretor do BC, esta agenda já caminha na direção da democratização no acesso ao dinheiro.

“O Pix foi trazido com bases democráticas: assumimos como BC a tarefa e fornecemos de forma igualitária as oportunidades. Toda instituição participa nas mesmas condições e [o Pix] alcançou milhões de pessoas”. Segundo Damaso, 33 milhões de pessoas que não faziam transferências eletrônicas antes do Pix, agora usam o recurso de forma regular e constante. Hoje são mais de 147 milhões de usuários. 

“Do lado do Open Finance [antigo Open Banking] estamos fazendo uma transformação: se antes, a informação era restrita a uma instituição financeira, agora damos a oportunidade da informação ser do cliente, que pode transacionar seus dados como quiser entre as instituições”. Ele admite que o BC tem uma agenda desafiadora, mas ressaltou que o ecossistema alcançou a marca de 31 milhões de permissões de usuários para compartilhar dados, desde que foi lançado em fevereiro de 2021.

“Por fim, estamos agora introduzindo a inovação na moeda, com o nosso CBDC, o Real Digital. Esses conceitos juntos nos levam à moeda digital que vai nos trazer: simplificação, internacionalização e conversibilidade”, explica Damaso.

Imagem, abaixo, resume como será a integração dos sistemas:

(Reprodução BC/Slide da apresentação do BC no workshop do Real Digital)

Agenda de integração

Sem cravar datas, o diretor do BC compartilhou em sua apresentação uma espécie de agenda da integração dos sistemas: Pix, Open Finance e Real Digital. Ele ressaltou que o BC pode adaptar essas etapas conforme for necessário, mas já mapeou os primeiros passos. Veja:

O InfoMoney procurou o Banco Central para saber sobre as datas em que as integrações deverão acontecer, mas, até esta publicação, não houve retorno por parte da instituição.

Agregador financeiro e carteira digital?

Em relação ao agregador financeiro e à carteira digital, o BC quer que o usuário tenha acesso a aplicativos que ofereçam toda a gestão financeira e união de contas em um mesmo local, o que vai gerar uma competição por canal entre as instituições. Quem oferecer a conveniência de centralizar toda a vida financeira do cliente em seu app, vai largar na frente dos demais.

Esse conceito já funciona no âmbito do Open Finance, com algumas instituições oferecendo agregadores e tentando evoluir para integrar mais e mais contas, como Banco do Brasil e PicPay. O InfoMoney já mostrou os principais produtos disponíveis a partir do compartilhamento de dados.

Hoje, o BC fomenta o ecossistema para que as instituições desenvolvam seus produtos, como os agregadores. E também estimula a evolução desses processos para o sistema financeiro ser cada vez mais competitivo. Mas uma das críticas ao Open Finance é justamente a demora de processo entre o conceito do produto e a chegada ao cliente final. 

O InfoMoney também aguarda o BC sobre as intenções em adicionar agregadores e carteiras digitais nessa agenda, mas enquanto não há confirmações sobre isso, uma suposição é especulada: as carteiras digitais, por exemplo, poderiam permitir usar o Pix, compartilhar dados e transacionar o Real Digital tudo no mesmo ambiente? Seria um “super app”, onde o usuário poderia administrar tudo de um único local.

Damaso mencionou o “super app” em sua apresentação, que também é um conceito atrelado ao Open Finance. “Cada vez mais o objetivo é a conveniência ao cliente. A criação de um ‘super app’ vai permitir que toda a vida financeira seja transacionada nele, integrando questões financeiras e transações com investimentos, seguros, pagamentos, etc“.

Enquanto não há respostas concretas, o consumidor brasileiro precisará esperar para começar a sentir mais efeitos práticos dessas integrações.

Giovanna Sutto

Jornalista com mais de 6 anos de experiência na cobertura de finanças pessoais, meios de pagamentos, economia e carreira. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.