BB quer atrair público que nunca investiu em nova fase do Open Finance

Etapa focada no compartilhamento de dados de investimentos começa a partir de 29 de setembro

Jamille Niero

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O Banco do Brasil diz estar pronto para a nova fase do Open Finance (ecossistema aberto de compartilhamento autorizado de dados de clientes entre instituições financeiras), que vai permitir a partir de 29 de setembro o compartilhamento de dados de investimentos.

O BB acredita que o principal chamariz para a população será a oferta de assessoria de investimentos, hoje mais restrita aos clientes de alta renda. Para a instituição, além de permitir uma visão integral do cliente, a novidade também poderá ajudar na captação de recursos.

A nova etapa da iniciativa criada pelo Banco Central para aumentar a competição e reduzir custos no sistema financeiro vai incluir a partilha de informações de aplicações dos clientes, sob consentimento, em renda fixa, tanto de produtos bancários quanto do Tesouro Direto, renda variável e fundos de investimento.

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“O Open Investment deve democratizar o acesso a esse tipo de solução, depois do Open Finance democratizar o acesso a produtos. Para nós, o grande valor é ter uma visão mais global do cliente, para conseguir fazer ofertas mais aderentes às suas necessidades. Vai permitir uma comunicação e um relacionamento mais próximo e atingir a principalidade não só na gestão, mas também no assessoramento de clientes”, destacou Eduardo Villela, executivo de alocação e produtos de investimentos do BB.

Na avaliação de Villela, a curadoria de investimentos é fundamental após a abertura do mercado, com a oferta realizada em plataformas, a “commoditização de produtos”, o crescimento de investidores e o aumento de conteúdos sobre o assunto.

Com o Open Investment, o objetivo é atrair novos públicos que não foram sensibilizados na etapa anterior pelas vantagens do compartilhamento de dados bancários. Eram clientes mais interessados em obter mais crédito e melhores taxas em empréstimos, na avaliação de Karen Machado, executiva responsável pelo Open Finance no banco.

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Segundo Villela, uma pesquisa da Anbima mostra que 9 milhões de pessoas devem fazer o primeiro investimento da vida em 2023 – o que mostra o potencial de crescimento do mercado. “Estamos começando um trabalho que é menos de topo e mais de base e meio da pirâmide, das pessoas que estão começando a investir, que não se veem como investidores. O Open Investment vai impulsionar esse movimento.”

Ainda de acordo com Villela, a instituição vem desenvolvendo ações para ensinar esse público que nunca investiu a entender como iniciar (por meio de vídeos educativos no YouTube, por exemplo) e os debates nesse sentido também estão evoluindo. “Um tempo atrás discutíamos se criptomoeda era investimento ou não e hoje estamos discutindo se essas ‘bets’ são investimento, porque para muitas pessoas isso é investimento. Porque ela coloca um dinheiro ali e tem um retorno”, pontua.

Outro estudo, da idwall, destacado pela executiva responsável pelo Open Finance no banco para evidenciar o potencial a ser explorado para a captação de recursos com a novidade, aponta que em 2022 o número de contas por pessoa no país chegou a uma média de 5,2 (alta anual de 25,5%). “Contas podem ter sido abertas [pelos consumidores] em diferentes bancos por motivos diferentes: uma pra ter cartão sem anuidade, outra pra ter cashback”, exemplifica Villela.

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Villela conta ainda que, no assessor de investimentos do banco pelo Whatsapp, o BB conseguiu renovar um montante de R$ 1,5 bilhão em LCA e LCI, em quatro meses, com uma ação simples: avisar o cliente que o investimento venceria em breve, sugerindo uma opção para reagendá-lo. “Agora vamos saber com certa antecedência quando as aplicações vão vencer em concorrentes, sabendo o momento certo de fazer uma oferta”, completa Machado.

No Open Banking, voltado a atividades bancárias, o BB é reconhecido por ser uma das instituições financeiras que saíram na dianteira no desenvolvimento e na execução de produtos inovadores. O banco, por exemplo, foi pioneiro no mundo ao permitir que seus clientes fizessem transferências via Pix de outras instituições financeiras para a conta do BB por meio do canal da instituição no WhatsApp. Também inovou ao possibilitar aplicações em fundos de investimento BB por meio de recursos mantidos em instituições concorrentes. Essa ferramenta, inclusive, deve ganhar nova vida com o início do Open Investment, pontua Machado.

Desde o início do compartilhamento de dados bancários, iniciada em agosto de 2021, o BB já estava explorando vantagens para a área de investimentos, usando as informações sobre recursos na poupança, com resultados promissores. Houve uma análise para avaliar se o cliente usava a aplicação para investimento ou se era utilizado no fluxo mensal de gastos.

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Na fase de compartilhamento de dados bancários, 2 milhões de clientes únicos já compartilharam suas informações financeiras com o BB, atingindo 3,4 milhões de consentimentos. No total, a última informação do BC é de que os consentimentos ativos em todo o país já ultrapassaram 37 milhões (e mais de 154 milhões de usuários únicos).

Segundo Machado, agora, para ter acesso aos dados de investimento, será preciso reavalidar essa autorização. A executiva explica que o consentimento dará acesso à toda cesta de investimentos atual do cliente, assim como a novas aplicações que forem feitas durante o período de compartilhamento.

Ciro Calaça, gerente-executivo da Diretoria de Clientes do banco público, afirma que os gerentes de relacionamento do BB já têm as ferramentas necessárias para oferecer os produtos de investimento aos clientes. “Os dados externos vão ajudar com a questão de segmentação. Posso alocar esse cliente no modelo de investimento mais adequado, antes mesmo de ele trazer os recursos para o banco.”

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O executivo conta que nas etapas anteriores ao Open Investment o banco utilizava um modelo de atendimento inadequado para atrair os investidores que ainda não eram clientes do banco por não conseguir identificá-lo adequadamente, o que foi revisado para esta nova fase. Villela acrescenta que a iniciativa vai dar algum espaço para a personalização de taxas, mesmo com a “commoditização” dos produtos de investimento.

Jamille Niero

Jornalista especializada no mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e saúde suplementar, com passagem por mídia segmentada e comunicação corporativa.