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Números de fechamento

Ibovespa devolve alta da véspera, cai 2,55%, e fecha semana no zero a zero: o que explica tanta volatilidade?

Já o dólar fechou a sessão em forte alta de 1,89% e encerrou a semana com valorização de 0,65%

Por  Mitchel Diniz -

O sentimento de alívio durou pouco e o Ibovespa voltou a cair forte nos negócios desta sexta-feira (25), praticamente zerando a pontuação que havia obtido na sessão de ontem. O dia foi, novamente, de volume reduzido de negociações. Depois do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, as Bolsas em Wall Street reabriram hoje, mas em horário reduzido. Com a agenda externa esvaziada de indicadores ou notícias de grande relevância, a política voltou a pesar sobre a Bolsa brasileira.

“É o resultado de uma maior preocupação com o cenário interno, muitas incertezas sobre quem vai ser o ministro da Economia, de como vai ficar a situação fiscal. O Brasil precisa definir uma série de coisas, suas âncoras fiscais. Enquanto isso não for resolvido, o mercado vai colocar prêmio, tanto na Bolsa, como nos juros e no dólar, não tem jeito”, diz João Abdouni, analista da Inv.

Fernando Haddad, apontado como possível substituto de Paulo Guedes na Economia, participou hoje de evento na Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Leia mais: Haddad ganha força como possível ministro da Fazenda de Lula

No encontro, Haddad não falou sobre Teto de Gastos, mas citou missões para o governo sobre o Orçamento de 2023. “Melhorar a qualidade da receita, por meio da reforma tributária – numa primeira etapa, em relação aos impostos indiretos -, e melhorar a qualidade do gasto, com um choque de gestão”, disse.

Na saída do evento, Haddad se esquivou das perguntas sobre assumir o Ministério da Economia. “Deixa o Lula escalar”, disse, comparando à situação a da escalação da Seleção Brasileira de futebol, que deve ficar a cargo do comandante.

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Em condição de anonimato, uma fonte disse ao InfoMoney que, apesar de Haddad ser o favorito para a posição, o martelo ainda não foi batido por Lula. Segundo ele, o encontro com o setor bancário serviu como um teste para Haddad e que o presidente eleito ainda estaria à procura do nome ideal: um economista heterodoxo que não assuste o mercado.

“Na minha visão, a impressão que ficou é que não se falou muito claramente da trajetória das contas públicas e também não se deu pista concreta a respeito dos próximos passos da política fiscal, que é o que todo mundo quer saber. A falta de notícias sobre isso gera ainda mais incerteza”, diz Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital.

Assim, o Ibovespa fechou em queda de 2,55%, aos 108.976 pontos. O giro financeiro da sessão foi um pouco maior que o de ontem, de R$ 20,1 bilhões. Na semana, o índice acumulou ligeira alta de 0,1%. Cabe destacar que, na véspera, o Ibovespa tinha saltado 2,75% com rumores sobre uma dobradinha entre Haddad e Persio Arida na economia, em uma sessão também de volume menor pelo feriado nos EUA, o que adiciona volatilidade ao índice. E se ontem, as ações tiveram um forte dia de ânimo, hoje o movimento foi contrário.

Apenas CSN (CSNA3) conseguiu fechar o dia em alta – todas as outras carteiras do índice caíram hoje. CVC (CVCB3), Via (VIIA3), Natura (NTCO3) e Lojas Renner (LREN3) ficaram entre as maiores baixas do dia.

Em plena Black Friday, as ações voltadas à economia interna, e sobretudo o consumo, tombaram com mais uma disparada dos juros futuros. Os contratos de maior liquidez chegaram a avançar mais de 20 pontos-base.

E o dólar voltou ao patamar de R$ 5,40 com a aversão ao risco nos mercados. O dólar comercial fechou em alta de 1,89%, a R$ 5,410 na compra e R$ 5,411 na venda. Na semana, a moeda americana avançou 0,65%.

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“O mercado não está enxergando com bom olhos essa possível ida do Fernando Haddad para a pasta econômica”, diz Gustavo Guimarães, especialista em câmbio da SVN Investimentos.

As Bolsas dos Estados Unidos, que funcionaram pouco mais de três horas hoje, fecharam mistas. O Dow Jones avançou 0,45%, enquanto o S&P 500 e a Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,03% e 0,52%. Os investidores observaram as vendas da Black Friday e o aumento de casos de Covid-19 na China.

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