O nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) ganhou força e hoje é visto como favorito na disputa pelo comando do Ministério da Fazenda no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad não é o predileto de agentes econômicos, sobretudo do mercado financeiro, mas conta com ampla confiança de Lula.
Além disso, ele se enquadra no perfil político, e não de figura eminentemente técnica, desejado pelo mandatário para a posição – embora no mundo político também haja ceticismo sobre sua capacidade de articulação no Congresso Nacional.
Haddad cresceu ainda mais nos bancos de aposta na semana passada, quando viajou com o presidente eleito para o Egito, onde os dois participaram da COP 27, a conferência do clima das Nações Unidas, e para Portugal.
Nos últimos dias, surgiram especulações sobre uma possível “dobradinha” no próximo governo Lula, com Haddad ocupando a Fazenda e Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Caso o cenário se confirme, uma ideia que circula seria de anunciar os dois nomes ao mesmo tempo, de modo a evitar uma reação do mercado financeiro, já que Pérsio Arida guarda estima entre investidores e gestores pelo perfil fiscalista e o por carregar no currículo o título de um dos pais do Plano Real.
Arida foi trazido pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para o grupo de trabalho da Economia da equipe de transição de governo. Os trabalhos na área são divididos com os economistas André Lara Resende, Guilherme Mello e Nelson Barbosa.
Pressionado a anunciar o nome da equipe econômica de seu governo para negociar a PEC da Transição, Lula decidiu indicar Fernando Haddad para substituí-lo no almoço anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que ocorre nesta sexta-feira (25), em São Paulo. O presidente eleito se recupera de uma cirurgia na garganta realizado no fim da semana passada.
A expectativa é que Haddad faça um discurso após abertura de Isaac Sidney, presidente da Febraban, e de exposição de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
Ontem (24), o senador Jaques Wagner (PT-BA), outro nome de confiança de Lula, escalado para auxiliar nas negociações em torno da PEC da Transição, afirmou que a definição de um nome para o Ministério da Fazenda para o próximo governo poderia ajudar no avanço da matéria.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) é tida como fundamental para garantir o pagamento do Bolsa Família (programa que será retomada no lugar do Auxílio Brasil) no valor de R$ 600,00 mensais e de um adicional de R$ 150,00 a famílias com crianças de até seis anos, além de outras promessas feitas por Lula durante a campanha eleitoral.