Banco do Brasil (BBAS3) impressiona investidor, mas não tira favoritismo do Itaú (ITUB4); entenda o motivo

BB apresentou resultados mais sólidos que o banco privado, mas Itaú continua sendo "top pick" da maioria das casas

Mitchel Diniz

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De um lado, o maior banco privado da América Latina, com uma carteira de crédito que terminou o terceiro trimestre de 2022 (3T22) em R$ 1,1 trilhão. Do outro, um banco de sociedade mista, controlado pela União Federal, que conseguiu bater a rentabilidade de seus pares privados no mesmo período.

Dentre os “bancões” listados na B3, Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil ([ativo=BBSA3]) são os mais bem avaliados do momento pelos analistas e receberam elogios parecidos ao longo da temporada de balanços. Mas ainda que o banco estatal tenha sido considerado a maior surpresa positiva do período, ainda não é a primeira escolha da maioria das casas de análise. Por muito pouco.

O BB foi o penúltimo dos grandes bancos a divulgar números do terceiro trimestre. E o mercado ficou admirado com o retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 21,8% que a instituição financeira entregou, o maior da temporada.

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A euforia com os números foi ainda maior porque os resultados divulgados até aquele momento, de Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), foram considerados decepcionantes e impactaram negativamente as ações dos dois bancos.

“O Banco do Brasil vem sendo o maior beneficiado pelos juros altos no seu resultado de tesouraria, além de ter uma carteira de crédito que está conseguindo surfar o ótimo momento de desenvolvimento e expansão do crédito agrícola no sistema
financeiro nacional”, diz análise da Levante Ideia de Investimentos.

Segurança de banco privado beneficia Itaú

O Itaú pode não ter tido um ROE tão bom quanto o do BB (um pouco abaixo, de 21%), mas foi outro resultado tão celebrado pelo mercado quanto o do banco estatal – ainda que não tenha surpreendido da mesma forma.

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“Como os resultados dos últimos trimestres comprovaram, o Itaú é o banco privado mais rentável da Bolsa, sempre apresentando números robustos em suas principais linhas e adotando uma postura mais conservadora em períodos de incerteza”, escreveu a mesma equipe da Levante, que rasgou elogios ao Banco do Brasil.

Os analistas, por fim, concluíram que ITUB4 é o melhor banco para se ter na carteira, levando em conta o cenário econômico projetado para o próximo ano, os riscos e as oportunidades que podem afetar o desempenho do setor.

“Em 2022, o Banco do Brasil tem conseguido reportar resultados ainda mais impressionantes do que os do Itaú, mas vale lembrar que a atual conjuntura favorece o banco estatal. Além disso, diante da mudança de governo no próximo ano, o ideal é esperar para ver quais serão os planos do novo presidente para o BB antes de investir em suas ações”, conclui o relatório da Levante.

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Para a XP, os dois nomes têm tendências positivas de resultados e estão descontados em termos de valuation. Porém, ITUB4 é a principal escolha da casa. O Credit Suisse, por sua vez, aparenta tratar ambos os papéis em pé de igualdade, classificando ambos como top pick.

De acordo com a Refinitiv, das 17 casas que analisam o papel BBAS3, duas tem forte recomendação de compra, doze de compra e três com recomendação neutra. A média de preço-alvo é de R$ 55,88.

ITUB4, por sua vez, tem cobertura de 16 casas, com duas recomendações fortes de compra, 10 de compra e quatro neutras. A média de preço-alvo é R$ 33,23.

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Uma das casas com avaliação neutra sobre Banco do Brasil é a Eleven Financial, mesmo vendo o papel como o mais descontado do setor. Carlos Daltozo, head de research, elogia os fundamentos do BB, mas explica que não há indicação de como deve ser a gestão do banco no próximo governo.

“O Banco do Brasil apresentou resultados fortes, superior ao que se esperava, mas o direcionamento estratégico do banco não está claro”, afirma.

Daltozo explica que o BB conseguiu recuperar a perda de rentabilidade da época em que financiava empresas como Sete Brasil e Odebrecht, fechando o gap em relação a seus pares privados. Mas o uso dos bancos públicos na próxima gestão de Lula é uma incógnita.

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“Se tivéssemos certeza de que a estratégias de boas práticas do banco será mantida e, principalmente, o mix da carteira, que vem apresentando uma melhora, provavelmente a nossa visão seria diferente”, conclui Daltozo.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados