Administrar o próprio dinheiro, ter controle sobre o que se gasta e o que se arrecada, evitar compras supérfluas, manter uma reserva de emergência para situações inesperadas, economizar todos os meses para conseguir fazer uma viagem nas férias ou adquirir um imóvel. Muita gente não sabe, mas todas essas medidas fazem parte do que se convencionou chamar de planejamento financeiro — considerado fundamental para a saúde financeira de um indivíduo, de uma família ou mesmo de uma empresa. 

Embora a necessidade de cuidar do orçamento apareça invariavelmente no topo da lista de preocupações dos brasileiros, independentemente de sua faixa salarial ou condição social, grande parte da população não tem conhecimento mais aprofundado sobre educação financeira. Essas pessoas muitas vezes acabam implicadas em situações difíceis, com dívidas acumuladas ou juros estratosféricos a pagar, que poderiam ser evitadas se fossem colocadas em prática algumas noções básicas a respeito da melhor forma de se planejar financeiramente.

Neste guia produzido pelo InfoMoney, detalhamos o que é planejamento financeiro, qual é sua importância e como ele deve ser feito para trazer resultados efetivos. Você saberá quais são as vantagens e principais características desse modelo, os diferentes tipos de planejamento e as melhores dicas para que seus objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo sejam atingidos com segurança e sem sustos.    

O que é planejamento financeiro

O planejamento financeiro é uma importante ferramenta que permite aos indivíduos administrarem suas finanças de forma mais organizada, eficiente e sustentável. Trata-se, em linhas gerais, de um conjunto de medidas que formam uma camada de proteção à saúde financeira das pessoas, de modo que elas tenham condições de suprir as necessidades básicas do dia a dia, por um lado, mas também alcançar metas e realizar sonhos — como uma viagem ao exterior, a compra de um carro ou de um imóvel —, pensando no médio e no longo prazo. 

Um bom planejamento financeiro, que identifique necessidades presentes e futuras, serve como bússola cotidiana para evitar a drenagem de recursos e o desperdício. Ele também é um passo decisivo para que a tão sonhada independência financeira se torne realidade, proporcionando bem-estar e maior qualidade de vida. 

Ao se planejar financeiramente, o indivíduo define o passo a passo que terá de seguir em busca de seus objetivos pessoais ou profissionais e qual é o caminho mais eficiente para ser bem-sucedido nessa jornada. Entre os atributos indispensáveis para isso, estão disciplina, paciência e resiliência. Pode parecer fácil à primeira vista, mas não é tão simples assim. 

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Como fazer um planejamento financeiro

O planejamento financeiro prevê, basicamente, a administração racional da arrecadação e das despesas, de forma que o orçamento não estoure e a sustentabilidade econômica seja preservada. É importante ressaltar que a organização das finanças não deve ser um ato emergencial. Ela só será efetiva se implementada permanentemente. O foco do planejamento financeiro é, por natureza, voltado ao longo prazo.

Um dos “segredos” está em buscar certo equilíbrio entre as necessidades imediatas e futuras — o que exige extrema disciplina e um apurado senso de organização. Também é preciso elaborar uma estratégia, fazendo um diagnóstico detalhado da situação financeira atual, identificando gargalos e projetando eventuais mudanças de rota.

Inicialmente, pelo menos cinco medidas devem ser tomadas para uma boa organização das finanças: 

  • Fazer uma radiografia completa do orçamento, com o detalhamento de todas as receitas e despesas;
  • Monitorar com total atenção as despesas e cortar gastos supérfluos;
  • Diversificar as fontes de renda de origem passiva, como aluguéis, investimentos e rendimentos em aplicações;
  • Estipular (e cumprir) metas para gastos e investimentos mensais, com base no que realmente é necessário e sem extravagâncias; 
  • Manter uma reserva de emergência à qual se possa recorrer em situações imprevistas ou momentos de maior dificuldade econômica. 

Esses cinco passos iniciais são importantes, mas é apenas o começo. Além deles, para que um planejamento financeiro saia do papel e se torne factível, outros seis itens devem ser colocados em prática. São eles:

Organize suas contas

É importante separar e classificar todas as contas, gastos e notas fiscais. Outra boa dica é definir a mesma data para o pagamento dos boletos (ou, pelo menos, que seja em períodos próximos). Por fim, deve ser definido um limite mensal de gastos para despesas pessoais. 

Acompanhe a movimentação financeira

Não basta organizar as contas e diminuir os gastos. É imprescindível acompanhar diariamente (ou pelo menos uma vez por semana) todas as movimentações financeiras. Esse monitoramento deve fazer parte da rotina. 

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Mantenha o controle financeiro e monitore os investimentos

Manter o controle sobre finanças e investimentos é primordial para regular a rotina de gastos e ter maior clareza sobre o que fazer para alcançar os objetivos. No caso dos investimentos, por exemplo, o monitoramento deve ser contínuo para que se tenha a garantia de que eles não extrapolem o orçamento e sigam dentro do planejamento inicial.  

Busque conhecimento

Educação financeira requer preparo, inclusive teórico. Se não for possível fazer cursos sobre o tema, uma boa alternativa é assistir a vídeos disponíveis na internet ou ler livros especializados — desde que as fontes sejam confiáveis, é claro. Hoje não faltam no mercado publicações sobre o assunto ou bons profissionais que dão dicas e ensinam sobre finanças de modo didático e divertido. 

Economize

O planejamento financeiro só será eficaz se houver o compromisso de redução de gastos. Parece óbvio, e é. Fechar o bolso e não gastar mais nada? Não. Mas gastar de acordo com aquilo que o orçamento permite. 

Conheça e aceite sua realidade financeira

Qualquer planejamento financeiro deve estar atrelado à real condição econômica naquele momento. É a partir dela que serão definidas as estratégias e traçados os objetivos. Se uma pessoa recebe atualmente um salário mínimo e tem dívidas a quitar, não é prudente que defina como meta fazer uma viagem de um mês pela Europa nas férias, antes de sair do vermelho. 

Importância de se planejar

Um bom planejamento traz inúmeras vantagens, a começar pela probabilidade maior de se chegar a um determinado objetivo financeiro.  Com as finanças mais bem organizadas, há menos espaço para sustos ou imprevistos — que, se acontecerem, terão potencial bem menor de causar danos. As chances de endividamento ou falência são remotas, quase inexistentes. 

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Entre as principais vantagens do planejamento financeiro, estão:

  • Previsibilidade: saber quanto se ganha, quanto se gasta e quanto se deve economizar leva o indivíduo à posição de controle absoluto de sua vida financeira. Previsibilidade gera confiança, e confiança gera tranquilidade. 
  • Racionalidade: com o maior controle de suas despesas, as pessoas deixam de gastar com produtos e serviços desnecessários. A racionalidade financeira traz responsabilidade, evitando desperdício com aquilo que não é indispensável. 
  • Facilidade para investir: economizar permite que se invista com regularidade. Aplicar em fundos ou ações com dividendos, por exemplo, pode gerar aumento de renda no longo prazo, por meio dos rendimentos. 
  • Construção de patrimônio: em geral, a estabilidade gerada pelo planejamento financeiro permite que o indivíduo se preocupe menos com o retorno imediato e mais com a independência financeira que pode ser alcançada no médio e longo prazo. Finanças mais bem organizadas e com fluxo racional aumentam consideravelmente as chances de construção de um patrimônio mais sólido. 

Planejamento financeiro (pessoal, familiar e empresarial): quais as diferenças?

Há pelo menos três tipos de planejamento financeiro: pessoal, familiar e empresarial. A seguir, você fica sabendo quais as peculiaridades de cada um deles. 

Pessoal

Como vimos anteriormente, o planejamento financeiro é a definição de metas de forma organizada, racional e sistemática, para que as pessoas tenham mais condições de levar adiante seus projetos e realizar sonhos. Quando esse planejamento é executado por um indivíduo, de acordo com suas próprias necessidades e objetivos, se trata de um planejamento financeiro pessoal. 

Familiar

Ao contrário do planejamento pessoal, neste caso, a administração dos gastos e a organização das finanças têm um foco mais abrangente — envolvem a situação econômica de uma família ou de um grupo de indivíduos que vivem juntos, mesmo que não necessariamente sejam do mesmo núcleo familiar. Aqui os objetivos são definidos conjuntamente, os interesses são mais amplos e as medidas adotadas devem tomar como base o interesse coletivo. Nesse tipo de planejamento, os gastos e as receitas são agrupados em sua totalidade. 

Empresarial

Assim como os indivíduos e as famílias, as empresas também recorrem ao planejamento financeiro para programar suas atividades ao longo de determinado período. As companhias também definem metas e objetivos de curto, médio e longo prazo — e de que forma eles podem ser cumpridos sem comprometer o orçamento. O planejamento financeiro de uma empresa é o mapa que orienta a direção, mostrando a situação atual do negócio e o ponto em que se quer chegar. 

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Como fazer uma planilha de planejamento financeiro

A forma mais eficiente de não se perder em meio a tantos números relacionados à vida financeira é organizar os dados em uma planilha. Ela pode ser elaborada de forma automática ou manual. 

Nela devem ser inseridas todas as informações a respeito de suas finanças, como gastos com moradia, lazer, alimentação, transporte e educação, além de rendimentos de aplicações, por exemplo. É possível agrupar os dados por cada mês ou ano de sua escolha, o que facilita a compreensão do quadro geral. 

Uma boa dica é listar todas as fontes de renda: uma coluna para cada categoria de rendimento, como salário, aluguel, pró-labore, dividendos, investimentos, entre outros. Também é útil dividir os gastos por categoria, criando uma outra tabela dentro da mesma planilha. Nesse ponto, é recomendável diferenciar os gastos fixos (como aluguel, escola, água, luz, IPTU etc.) dos gastos variáveis (alimentação, transporte, lazer etc.). 

A visualização mais amigável e o detalhamento dos números por categorias tornam a organização financeira mais prática, economizando tempo e gerando menos estresse. 

Neste link, o InfoMoney oferece gratuitamente um modelo de planilha de gastos em Excel para quem quiser dar o primeiro passo rumo a uma vida financeira mais organizada e saudável.

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Planilha Gratuita
Gastos Pessoais
Baixe de graça uma planilha de controle financeiro para monitorar seus gastos mensais e acompanhar a evolução do seu orçamento ao longo do ano

A planilha de controle financeiro foi elaborada por Lauro Araújo, mestre em finanças internacionais, assessor de investimentos e autor de livros como Guia de Investimentos e Saúde Financeira, Fique Rico e Viva Feliz e Opções do Tradicional ao Exótico.

Além de organizar o orçamento mensal, a planilha traz um resumo financeiro, com todas as entradas e saídas de cada mês, mostrando em quais períodos as contas fecharam no azul ou no vermelho.

Uma frase que se tornou célebre, atribuída ao físico irlandês William Thomson, diz: “Aquilo que não se pode medir, não se pode melhorar”. Começar um planejamento financeiro colocando os principais dados e informações “na ponta do lápis” — e contando com a ajuda da tecnologia para isso — é a maneira mais segura de organizar as finanças.

Vale a pena fazer planejamento financeiro de curto prazo?

Geralmente, são considerados planejamentos financeiros de curto prazo aqueles cujas metas devem ser concluídas em um período de 3 a 12 meses. 

Um exemplo simples de entender: após as festas de fim de ano, muitas pessoas estabelecem um planejamento financeiro para o ano seguinte. O objetivo é acertar as contas e ter renda suficiente para chegar ao próximo Natal e Réveillon no azul. As empresas também costumam definir metas de curto prazo, com validade de um ano, e depois rediscutem o orçamento para o período subsequente de 12 meses. 

Já o planejamento financeiro de longo prazo começa a ser feito ao menos 3 anos antes de seu período de concretização. A compra de um imóvel, a abertura de um negócio ou a aposentadoria em determinada idade são alguns exemplos.  

Em ambos os casos, é essencial elaborar um cronograma de planejamento desde o início até a data final, estipulando o quanto se pode gastar por mês e o quanto será economizado. 

Não só vale a pena fazer um planejamento financeiro de curto prazo como ele é extremamente importante, pois se trata do ponto de partida para o equilíbrio financeiro de um indivíduo ou de uma família. É por meio da maior organização gerada pelo planejamento de curto prazo que as contas básicas do dia a dia, como água, luz e telefone, devidamente monitoradas e estimadas de forma racional, passam a caber no orçamento. 

Dicas de planejamento financeiro

Antes de terminar a leitura deste guia do InfoMoney, você receberá algumas dicas importantes para que desenvolva um planejamento financeiro prático, efetivo e seguro. São atitudes simples que podem ser tomadas por qualquer pessoa interessada em racionalizar suas finanças. 

Siga cada uma delas com atenção e disciplina e prepare-se para ter uma vida mais estável, com menos aflições financeiras e maior previsibilidade:

  1. Anote diariamente todas as despesas e receitas. Tenha controle dos seus gastos. Não deixe de anotar até mesmo os gastos que parecerem desimportantes, como o sorvete que você comprou na padaria. Anotar todas as entradas e saídas fará com que você descubra quais são seus “pontos fracos” e onde é necessário cortar. 
  1. Reveja suas metas periodicamente. Definir objetivos é um passo fundamental, mas é preciso ter flexibilidade e se adequar a diferentes momentos. As metas devem ser analisadas e revisadas de forma periódica, e alguns ajustes eventualmente serão feitos. 
  1. Use o cartão de crédito com inteligência e moderação. Parcelar uma compra pode ser interessante, especialmente quando o estabelecimento comercial não cobra juros pelo parcelamento. Também há vantagens como ganhar pontos para a compra de passagens aéreas e descontos em shows. Entretanto, como em praticamente tudo na vida, o excesso não é recomendado. Abusar do cartão de crédito, utilizando-o mesmo quando não for vantajoso, é um tiro no pé. Uma boa regrinha é: quando houver desconto no pagamento à vista, deixe o cartão de lado. 
  1. Gaste menos do que você ganha. Esta é uma das leis do mundo das finanças — aparentemente tão simples e banal, mas que muita gente não consegue colocar em prática. Basicamente, você deve gastar todos os meses um valor inferior ao seu salário. O que sobrar, guarde. Com o tempo, sua reserva de segurança ficará robusta, o que será útil para situações não previstas — como desemprego, doença, cirurgia etc. 
  1. Invista. Mesmo com pouco dinheiro, invista. Seja de perfil conservador ou mais arrojado, invista. De pouco em pouco todos os meses, seu dinheiro vai render, e a tendência é que haja bons resultados mais adiante.
  1. Pense no futuro. A premissa básica do planejamento financeiro é organizar as finanças para alcançar objetivos mais à frente. É esse olhar para o futuro que determina o que se fará, quando e de que forma. Pensar apenas no momento presente, viver intensamente como se não houvesse amanhã, pode funcionar em novelas ou filmes de ficção, mas na vida real é necessário se preparar minimamente para o que está por vir. Pés no chão e olho nas finanças.