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O conflito Bolsonaro vs. PSL e suas consequências

As pautas econômica e do ministro Sergio Moro são consenso interno, mas pontos com menos apelo servirão para dar recados ao governo
Por  XP Política -
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* por XP Política

Há uma semana, o presidente Jair Bolsonaro e seu próprio partido, o PSL, vivem uma guerra dentro e fora do partido do qual ele próprio e dois de seus filhos fazem parte.

A situação, que a princípio parecia mais favorável a Bolsonaro, se igualou. Mostrando força no embate contra Bolsonaro e com controle dos fundos partidário e eleitoral, que reúnem cifra milionária, o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), ganhou aliados internos e mais poder na disputa.

Alguns apoiadores fiéis de Bolsonaro no Congresso Nacional preferiram não se manifestar publicamente para não escolher um lado — e não correr os riscos de retaliações da cúpula da sigla.

O tamanho da ala bolsonarista varia conforme a pessoa com quem se fala e o momento. Estimativas hoje no Congresso são de 15 a 20 deputados fiéis ao presidente dentro da bancada de 54 deputados.

O que há por trás da briga?
O comando do partido. Bolsonaro externou ao público o descontentamento em uma tentativa de jogar seus apoiadores contra Luciano Bivar.

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O efeito não foi o esperado, já que boa parte da bancada de deputados se solidarizou com o chefe do partido — afinal, Bivar é quem comandará o fundo partidário e o eleitoral no ano que vem.

Publicamente, o presidente nega, mas seus aliados no Congresso dizem que ele quer “repaginar” a sigla — o que pode ser compreendido como uma tentativa de tomar o controle e fazer os ajustes que ele julga necessários.

Quais impactos pode provocar?
O mais drástico seria uma ruptura entre Bolsonaro + apoiadores e o PSL. Outro cenário possível é que Bolsonaro se acomode e considere o assunto uma batalha perdida. Uma vitória interna de Bolsonaro no partido parece, no momento, improvável nos moldes pretendidos pelo presidente desde o início.

Os aliados de Bivar não parecem dispostos a cessar fogo agora. Eles preparam uma série de retaliações à ala bolsonarista. Hoje, na imprensa, foram vazadas informações sobre pagamentos feitos à advogada Karina Kufa, que hoje presta serviços ao presidente da República.

Uma ruptura poderia fragilizar a base de apoio ao governo e a articulação já debilitada do Planalto no Congresso. Isso porque o grupo “bivarista” poderia se distanciar do governo e, mesmo se declarando fiel às pautas de Bolsonaro, se aproximar do Centrão no jogo de barganha contra o Palácio do Planalto.

Em caso de distanciamento de Bolsonaro da sigla, como fica a instrução para voto da bancada?
O PSL continua sendo um partido fiel ao presidente e às principais pautas do governo e, mesmo no cenário de ruptura, não representaria uma grande rebelião contra os interesses do Palácio do Planalto no Congresso.

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A divisão “bivaristas” e bolsonaristas não é nova. Remete ao início da legislatura e já podia ser identificada com mais facilidade há algumas semanas, quando o Congresso votou um projeto que mudava regras de funcionamento dos partidos e do sistema eleitoral.

A ala “bivarista” se aliou aos partidos de centro e esquerda para aprovar as alterações, inclusive no que diz respeito ao fundo eleitoral. O setor “lavajatista” da Câmara, no qual são incluídos Podemos, Cidadania e Novo, principalmente, se uniu à ala bolsonarista para protestar, principalmente por meio das redes sociais, contra as mudanças pretendidas.

Esse caso é emblemático, porque simboliza um dos pontos em que as duas alas divergem. Pauta econômica e do ministro Sergio Moro são consenso interno — por mais que uma ruptura possa impor dificuldades em eventuais destaques nas votações importantes e, com isso, dificultar a vida do governo.

Outros pontos com menos apelo popular e mais função administrativa –como foi o da MP 886 ontem — servirão para mandar recados ao governo.

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