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O início da retomada da indústria automotiva. Retomada?

O processo de recuperação do setor já se iniciou. Mas não será na velocidade/tamanho como a maioria espera
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras: trazemos boas notícias do front!

Após um período mais do que turbulento na indústria automotiva, percebe-se que o movimento nas lojas/concessionárias vem crescendo gradativamente.

Nestes primeiros quinze dias do mês de junho, com a volta “quase normal” das atividades do setor automotivo, temos quase 40 mil veículos vendidos. O número representa um crescimento de 66% sobre a primeira quinzena de maio, quando tivemos apenas 15,8 mil carros emplacados.

A grande expectativa da indústria é que – talvez – neste mês conseguiremos atingir um volume de 100 mil carros vendidos.

Um resumo das vendas por semana útil neste ano segue a seguinte trajetória:

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Aqui podemos ter várias interpretações.

Naquela visão do “copo meio vazio”, a situação continua uma desgraça! Percebemos um pico de vendas de quase 12 mil carros/dia – hoje não vende-se nem metade disso.

Já na visão do “copo meio cheio”, saímos da situação crítica de 2 mil carros/dia para um volume de 5,5 mil carros/dia, uma “baita” evolução de 175%.

E ambas as visões estão certas!

Mas o setor automotivo já se encontra em processo de retomada? Ainda é cedo para fazer qualquer afirmação.

Temos que levar alguns pontos em consideração. O grande volume deste mês pode ser (e com certeza é) relacionado aos veículos que foram vendidos nos meses anteriores e tiveram postergados os prazos para o emplacamento.

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Só vamos conseguir entender isso com mais detalhes quando tivermos mais informações sobre o crédito.

Segundo o pessoal da B3, no mês de maio, de todos os carros novos emplacados, quase 75% foram financiados. O que não é verdade… já que a média fica por volta de 50%.

O que aconteceu é que, só neste mês, devemos ter tido uns 30 mil carros que “flutuaram”. Ou seja, foram vendidos (financiados) mas não emplacados.

O meu vizinho/colunista aqui do Infomoney (o Alê Schwartsman), na semana passada fez uma matéria bem interessante tratando sobre a questão do desemprego, que você pode ler aqui.

Em linhas gerais o que ele disse é: “… taxa de desemprego ainda deve continuar elevada, senão mais alta, no pós-pandemia…”.

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O que o estagiário acredita?

Que existe um bolo de carros que foram vendidos, mas não emplacados, que devem começar a entrar nas estatísticas oficiais neste período.
Logo, um crescimento nas vendas como este (da primeira quinzena de 66%) não condiz com a “real” realidade do setor.

Que, assim como o Alê, acreditamos que possivelmente teremos um “senhor” acréscimo nas taxas de desemprego nos próximos meses, provavelmente entre agosto e setembro.

Mas o lado positivo é que existia uma “ideia” de que o setor entraria num processo de “terra arrasada” por causa desta pandemia. E, FELIZMENTE, isso não ocorrerá.

Um dos pontos que eu admiro nos participantes do setor é a resiliência. A forma como eles conseguem se adaptar às dificuldades é de se tirar o chapéu.

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O processo deles se reinventarem é enorme. O ato em si, do pessoal poder abrir as suas lojas, já deu uma dinâmica melhor em toda a indústria.

Acreditamos sim, que o processo de recuperação do setor já se iniciou. Mas não será na velocidade/tamanho como a maioria espera e como veremos nas próximas notícias dos mais diversos canais de comunicação.

Outro ponto é que, provavelmente “nunca antes neste país”, todos (montadoras, bancos, concessionárias, entre outros) se reuniram, sentaram-se lado-a-lado e traçaram planos que fossem o mais indolor para todos.

A moral da história é que o copo não está meio cheio ou meio vazio: ele está na metade, simples assim!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui. Ou me segue lá no Facebook, Instagram, Linkedin e Twitter.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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