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O futuro do carro é elétrico – Parte 3: na Europa, ele já é o presente

Na Europa, existe incentivo governamental para o consumidor fazer a migração para o veículo elétrico. E também há incentivo à construção/investimento de toda a infraestrutura necessária. Enquanto isso, no Brasil...
Por  Raphael Galante -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Caros leitores, digníssimas leitoras,

No final desta nossa trilogia, vamos mostrar que o mercado de carros elétricos já é uma realidade na Europa. E sabe aquela realidade (verdade) que doí? Então… os carros elétricos (ou eletrificados) estão vindo como um trator!

O primeiro ponto que vale a ressalva é que, no mês de setembro, o carro mais vendido lá na Europa foi o cobiçadíssimo Model 3 da Tesla. Gente… só aqui existem “n” pontos para se discutir.

Como, por exemplo: foi a primeira vez na história que o carro mais vendido foi um veículo elétrico; foi a primeira vez na história que uma marca “não europeia” cravou a marca de carro mais vendido na Europa. E, além disso, não estamos falando de um carro “popular”.

Em Portugal, por exemplo, 1 em cada 4 veículos vendidos foi um carro eletrificado, reforçando a tese de que o carro elétrico não é mais o futuro: ele já é o presente!

Na verdade, a ascensão dos carros elétricos na Europa era uma questão de “Estado”. Afinal de contas, o meu objetivo como Estado é tentar diminuir a dependência de energia daquele país mais ao leste… Isso sem contar a questão ambiental.

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E como eles conseguiram isso? O que eles fizeram?

Vou dar o exemplo de Portugal:

O primeiro ponto é que há um benefício de € 3.000 para pessoas físicas comprarem veículos de passageiros para uso particular, e de € 6.000 para a compra de veículos comerciais (aqui vale para pessoas físicas e jurídicas).

Além disso, existe isenção do IVA, ISV e do IUC, fora alguns outros benefícios, como locais de estacionamento. Se for empresa, também rola uma “depreciação acelerada”, como já fizemos por aqui, no segmento de caminhões.

Esse dinheiro vem do chamando Fundo Ambiental, que também existe em vários países europeus.

Na Espanha, existe o “Plan Moves”, que é basicamente a mesma coisa que acontece em Portugal, mas escrito em espanhol. Outra diferença é que o benefício dado lá na Espanha pode chegar até € 7.000. Dentro desses fundos também existem “incentivos” para a compra de motos e bicicletas elétricas.

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Voltando para o nosso exemplo lusitano: ou seja, imagine um carro de € 34.500 com uma dedução do IVA de € 6.450. Logo, ele vai custar “apenas” € 28.000.

Nada de muito anormal, já fizemos isso aqui em paragens tupiniquins. Lá por volta de 1993/94, o glorioso presidente Itamar Franco tinha “praticamente” zerado o IPI dos carros populares para alavancar a indústria.

O que os europeus estão fazendo é a mesma coisa. A diferença é que, naquela época do Itamar, ele estava ressuscitando o Fusca… enfim, cada um tem o que merece!

Voltando à nossa saga elétrica…

Se a nossa economia não vai bem das pernas, por lá a situação é a mesma. E o custo de rodagem dos carros é um dos fatores que abala a todos (basta ver a nossa gasolina a quase R$ 7). Pois bem, lá em Portugal tem um estudo que aponta que para você rodar 100 km com um carro elétrico, vai precisar gastar € 2,55 para carregar o carro nos postos de abastecimentos. Se o carro for a diesel, a conta para rodar 100 km é de € 7,69. Na gasolina, o custo chega a € 8,60.

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Estimativas apontam para um ganho financeiro do carro elétrico sobre o movido à gasolina na ordem de uns € 4.500 após oito anos (quando acaba a garantia das baterias por lá).

Esse é um dos fatores de sucesso do carro elétrico por lá.

Aí, você vai me dizer: “Ok, você está quase me convencendo a ter um carro elétrico”. Mas, então, entramos no “crássico” dilema de Tostines: “compro um carro elétrico pois terei postos de carregamento ou existem postos de carregamentos, logo, comprarei um carro elétrico?”

Sobre os postos de carregamento: na real, elas só começaram a dar uma de Gremlins após uma certa solidificação do mercado de carros elétricos.

A Shell, por exemplo, acabou de arrematar duas empresas (uma americana e outra holandesa) que fazem a recarga dos veículos elétricos. Esses novos “postos” terão a nova identidade (da Shell) agora no começo de 2022, mas eles já contam com 57 mil pontos de recarga nos EUA e 250 mil na Europa. A meta deles é ter 500 mil pontos até 2025 e 2,5 milhões de pontos em 2030.

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Tá bom? Tem mais:

A Repsol fará um investimento de € 42,5 milhões para a instalação de 610 carregadores rápidos e ultrarrápidos na Península Ibérica. Isso tudo graças ao dinheiro do Plan Moves.

E ainda tem mais…

A China, maior mercado de carros elétricos do mundo, anunciou recentemente que acabou de ultrapassar a marca de 1 milhão de pontos de carregamento acessíveis ao público. Além disso, eles informam que existe quase 1,2 milhão de pontos privados, totalizando 2,223 milhões de pontos de carregamento no país.

Quando pegamos a Península Ibérica mais a França, nota-se que pontos de carregamento não faltam! Seja pelos novos pontos da Shell ou então os da Galp, Repsol ou da Total (na França), todas elas distribuidoras de derivados de petróleo que já se adequaram à nova realidade do mercado e já estão ofertando (e faturando com) seus serviços.

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O ponto aqui é que existe incentivo governamental para o consumidor fazer a migração para o veículo elétrico. E também há incentivo à construção/investimento de toda a infraestrutura necessária.

O que achamos interessante é que o benefício vai direto para o consumidor. Aqui em terras tupiniquins é um pouco ao contrário: eu dou benefício para as montadoras montarem uma “mini fábrica da moeda” e retiro (ou dificulto/não atualizo) os benefícios fiscais que as Pessoas com Deficiência (PcD) tinham para comprar um carro, por exemplo. Enfim… isso é “Brazil”.

Mas, finalizando: lá na Europa o carro elétrico não é o futuro. Ele já é o presente – e faz tempo…

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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